As Crónicas de Lance Storm XVII

Boas tardes caros leitores, desta vez resolvi ir à arca dos tesourinhos do Lance Storm e no seguimento da rubrica "Opinião do Leitor" de segunda em que a questão era o que consideravam ser um wrestler completo, trago-vos esta tradução que aborda o que o nosso amigo Lance mais odeia no mundo do wrestling e que é... o conceito de um heel ser considerado fixe. Uma crónica que dá que pensar e tem o seu quê de razão, mas depende do prisma de cada um. Até para a semana.


Heels Fixes


Esta semana inspirei-me numa pergunta que o Claudio Castagnoli me fez no espectáculo do ROH em Detroit, Michigan. O Claudio colocou-me várias questões nessa noite mas houve uma em particular que achei muito interessante e há primeira vista parecia ser de resposta difícil. Respirei fundo para pensar na questão mas para minha surpresa a resposta saiu-me rapidamente.

A pergunta foi a seguinte: “O que é que mais odeias no wrestling?”. Existem várias coisas neste negócio que me põem maluco, daí o porquê de achar que seria difícil dizer o que mais odeio, mas não foi. O que mais odeio no mundo do wrestling são os heels fixes.

Odeio absolutamente o conceito de heels fixes, porque isso não existe, apesar de muitas pessoas o tentarem ser. O termo Heel Fixe é um perfeito (…), estas duas palavras são mutuamente exclusivas na sua totalidade. Se fores fixe, não és heel, mesmo se professares ser um. Quando se conta uma história, precisas de um antagonista e de um protagonista, o antagonista é o heel e o protagonista é o baby face. O baby face é a personagem que as pessoas gostam, ou se associam ou gostariam de ser, o heel é a personagem que confronta o baby face e os fãs querem vê-lo a ser derrotado no final. O papel de heel serve para realçar o papel de baby face e verdade seja dita isto faz todo o sentido. O papel de heel não deve brilhar mais ou ser mais popular que o do baby face. Se um heel estiver a ser fixe, a melhor maneira de o descrever seria a de um heel sem “heat” ou o de um babe face que simplesmente infringe as regras, caso contrário os seus adversários baby face estão “acabados”.

Se fores a uma festa e existem 2 pessoas com quem podes sair e uma delas é fixe ou no mínimo mais fixe que o outro, é com essa pessoa que vais sair ou com quem queres sair, logo o baby face. Ao considerá-lo fixe fazes com que a outra pessoa seja menos apelativa para uma saída sendo assim o derrotado. Nunca se pode ser um tipo fixe e o heel ao mesmo tempo.

Neste negócio são necessárias duas pessoas para “dançar o tango” e todos devem estar dispostos a fazer o seu respectivo trabalho. Os heels devem ser desinteressados e devem estar dispostos a ser inferiores. O papel de heel é o de fazer com que os fãs achem o baby face fixe, não o contrário. Se fores incapaz ou não estiveres disposto a isso, necessitas de te tornares em baby face ou melhor ainda procurares uma nova profissão

Heels que tentam ser fixes são, na minha opinião, os trabalhadores menos profissionais que existem. Não só não estão a fazer o seu trabalho de heel bem como, na verdade, estão a sobressair-se às custas do seu adversário, em que na minha opinião considero o pecado cardeal do wrestling. Quando o papel é bem desempenhado ambas as partes sobressaem-se e se tiver que se sacrificar alguém, quase sempre é o heel o sacrificado. Os baby faces “sacam” a maior parte do dinheiro neste negócio e necessitam de ser protegidos ao máximo. Assim que o público perde a fé no baby face este “morre na praia”. Um heel pode sempre efectuar um acto vil para recuperar o seu “heat” mas um baby face que esteja etiquetado como sendo uma seca ou um derrotado é quase impossível de se sobressair outra vez.

É tudo esta semana e estou ansioso por todos os mails a perguntarem-me sobre os DX.

Lance Storm

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