Slobber Knocker #17: Música para animar a malta
Olá a todos e enquanto esperamos ansiosamente pela melhoria
e regresso à forma do nosso amigo Wolve para que volte a administrar este
sítio, temos mais um Slobber Knocker. E esta semana decido dar-vos um pouco de
música para animar a coisa. E porque também é um factor importante no
wrestling.
Mais tarde ou mais cedo iria descair neste assunto, não só
porque é de certa forma a minha área – num outro blog meu que se encontra
actualmente parado – mas porque é um daqueles assuntos giros do negócio mas que
parece que nem muita gente se lembra de abordar.
Ora imaginemos que os lutadores se dirigem ao ringue em
silêncio. Dependendo apenas da reacção do público. E por falar nessa reacção,
imaginem que não havia nenhum tema cuja nota inicial causasse a reacção imediata.
Alguém regressa de surpresa, mas tínhamos que esperar para lhe ver o rosto e
não tínhamos aquele momento instantâneo que nos faz saltar da cadeira. Sem
precisar de ir muito longe, qualquer produto televisivo precisa de um genérico.
E nem todos se podem dar ao luxo de fazer passar o nome do programa no ecrã
brevemente para abrir, como é o caso por exemplo da série “Lost” – que mesmo
assim ainda tinha uma tremenda banda sonora.
Pois é, a música é aquela arte que está em todo o lado. E é
mesmo muito possível que as outras artes de entretenimento estejam dependentes
dela, encontra-se em todo o lado. Até na nossa cabeça, está sempre alguma
música a tocar em replay constante, seja aquela que adoramos e nos lembramos no
momento, seja uma que acabamos de ouvir, seja aquela irritante que odiamos mas
que tem um refrão tão pegajoso que é impossível não ficar na cabeça. A música
está mesmo em todo o lado e o wrestling não é excepção e até tem essa parte
muito bem acentuada.
Os temas do wrestling
Por vezes muito simples mas reconhecíveis e associáveis à
indústria. Quase que se pode dizer que o wrestling tem o seu próprio género. E
os louros para que tal aconteça devem-se a um homem de seu nome Jim Johnston.
Já a trabalhar na companhia desde 1985, qualquer pedaço de música que ouvimos
durante a programação da WWE é da sua autoria, enquanto não for associado a
alguma banda de Hard Rock genérico ou outra qualquer. Chegando mesmo a compor
as bandas sonoras de alguns dos vários filmes da WWE Studios, incluindo “The
Chaperone” ou o “Knucklehead”. É o músico da casa e o seu talento,
versatilidade e variação entre géneros diferentes e capacidade de composição de
inúmeros temas diferentes a contar com um currículo vasto fazem dele um músico
muito subvalorizado e desconhecido às bocas do mundo.
Antigamente os temas de wrestling eram quase exclusivos seus
e o seu trabalho em criar temas que se adequassem à personagem que levava o
tema ao ringue era impecável. Estilo próprio e reconhecível, alguns dos seus
temas eram atribuídos a lutadores mas sem nada de especial, temas que podiam
ser para qualquer um. Mas mesmo assim conseguia fazer músicas excelentes.
Abaixo fica um dos meus favoritos dessas suas músicas mais simples e que
pertencia a um lutador que actualmente já encontrou o seu tema representativo,
mesmo que com duas versões diferentes.
Mas no seu currículo não constam só desses temas simples. O
músico sempre teve a capacidade de criar temas intemporais e compor canções
para grandes estrelas do wrestling e conseguir elevá-las ao nível do próprio
lutador. Afinal de contas é graças a ele que sentimos arrepios pela espinha
abaixo quando entra Undertaker ao som da “Graveyard Symphony” – é certo que a
entrada em si tem muito que se lhe diga mas resultaria tão bem com outro tema?
– foi ele que nos deu o electrizante tema de The Rock e se nos apetece partir
coisas quando Stone Cold vai ao ringue foi porque ele conseguiu capturar na
perfeição a atitude da personagem de Steve Austin e depositá-la no tema “I
Won’t Do What You Tell Me”. E nós impressionados por todas essas canções tão
diferentes, tão distintas terem vindo da mesma cabeça, e cabeça essa capaz de
criar montes mais de temas e tão diferentes.
Com o passar do tempo, mais e mais bandas foram cedendo também temas para lutadores. Note-se o exemplo do tema “The Game” do Triple H que actualmente é um tema mítico, dos mais reconhecíveis e dos favoritos do público. Interpretado pelos lendários Motorhead. E mesmo assim foi composta por Jim Johnston. Mais bandas foram dando do seu trabalho à WWE e dessa forma também conseguindo auto-promover-se um pouco mais. E outro tema cheio de garra e dos favoritos dos fãs e até de mim próprio é “Metalingus” dos Alter Bridge que ajudava a entrada de Edge a tornar-se ainda mais hiperactiva. As lendas do Stoner Rock, os Monster Magnet levavam Matt Hardy ao ringue com “Live for the Moment” e os genéricos “metálicos” juvenis Saliva pegaram no anterior tema de Batista por Johnston e criaram a sua “I Walk Alone”. Actualmente a plateia solta mais energia assim que buzina um clássico tema dos Living Colour na década de 80, “Cult of Personality”, utilizado de novo por CM Punk após este a ter trocado por uma dos Killswitch Engage, um grande nome do Metalcore.
Actualmente a banda que mais temas fornece ao painel de Superstars da WWE são os Downstait. Enquanto que vemos várias bandas por lá a constar, estes são os que se podem gabar de ter vários lutadores a utilizar a sua obra. Contam-se casos como “I Came to Play”, tema de Miz, “Say It to My Face” de Alex Riley e “Here to Show the World” de Dolph Ziggler, isto depois de já terem feito uma segunda versão do seu anterior tema “I Am Perfection”, originalmente da ainda mais obscura banda Cage9.
No entanto, apesar de a WWE agora se focar mais no factor comercial e muitos dos seus temas consistir em Rock/Metal genérico, acessível e juvenil, com as Divas a ficar com algumas das músicas mais atroz e com um ocasional Hip Hop se se adequar à personagem – o de Titus O’Neil e Darren Young ainda me vai dando riso – Jim Johnston ainda é um importante compositor na casa. E se vasculharem a parte mais baixa do card, ainda encontram muitos dos seus temas simples mas geniais ainda com o seu selo lá marcado. Actualmente uma canção que mais me faça sentir uma vibe mais à antiga, é o tema de Ryback ao qual chama “Meat” cujos riffs bem carregadinhos me lembram alguns temas antigos.
Os lançamentos
Para o bom coleccionador, existe já uma vasta discografia por parte da WWE com compilações oficiais de vários temas de entradas e genéricos. Uma grande parte desses trabalhos é assinada por Jim Johnston, sempre com integração de outras bandas e músicos. A discografia consiste em:
- - The Wrestling Album (1985)
- - Piledriver – The Wrestling Album 2 (1987)
- - Wrestlemania: The Album (1993)
- - WWF Full Metal (1996)
- - WWF The Music, Vol. 2 (1997)
- - WWF The Music, Vol. 3 (1998)
- - WWF The Music, Vol. 4 (1999)
- - WWF Aggression (2000)
- - WWF The Music, Vol. 5 (2001)
- - WWF Forceable Entry (2002)
- - WWE Anthology (2002)
- - WWE Originals (2004)
- - Themeaddict: WWE The Music Vol. 6 (2004)
- - WWE Wreckless Intent (2006)
- - WWE The Music, Vol. 7 (2007)
- - Raw Greatest Hits: The Music (2007)
- - WWE The Music, Vol. 8 (2008)
- - Voices: WWE The Music, Vol. 9 (2009)
- - WWE The Music: A New Day, Vol. 10 (2010)
A evolução dos genéricos
Deixando as músicas de entrada de parte. Outro local onde haja música é como genéricos e músicas oficiais dos programas ou dos PPV’s. E uma coisa que se nota bem é a sua evolução, caminhando a passos cada vez mais largos para o comercialismo. Note-se o Raw. Um dos seus mais míticos temas e que possivelmente seja dos favoritos do público e assinalou bem a era em que o wrestling pegou em Portugal é a “Across the Nation” dos The Union Underground, uma banda que mal conhecemos e que fez dinheiro à custa de uma música. Assim que remodelam a imagem, trazem os Papa Roach numa altura em que já estavam a morrer em relevância mas que ainda conseguiam puxar algo. Actualmente temos os desgraçados e apedrejados – literalmente até – Nickelback. Alías, olhando actualmente temos os Nickelback de um lado e os Green Day do outro, duas bandas que muito facilmente fazem torcer narizes.
Mas não é só aí que se nota esse caminhar em direcção mais abrangente ou mainstream. Nos PPV’s também já tivemos temas bem mais potentes. Ao longo deste ano pudemos contar com alguns temas mais simples que incluíam algumas bandas menos conhecidas, mais Nickelback, Switchfoot ou os criticamente divididos Shinedown. Repetindo uma expressão que já utilizei para voltar a descrever: Rock semi-pesado genérico e acessível. Mas porque é que temos pastiche Pop/Dance na Wrestlemania? Ou no Summer Slam? Ou no Survivor Series? Não é coincidência que sejam os “grandes” da companhia e que esta queira que sejam vendidos para além da população do wrestling e se há maneira de dar as boas-vindas de braços abertos a gente comum exterior é atraindo-os com uma musiquinha adolescente que pode passar em qualquer rádio menos criativa para que os faça sentir-se mais familiarizados. É a evolução natural e tem que se pegar no que ande pela moda para render mesmo que não agrade a todos – isso a mim por acaso mais depressa me espanta para longe do que atrai.
O principal senão: antigamente tínhamos os Motorhead a tocar
ao vivo na Wrestlemania para uma épica entrada. Mais recentemente bem que nos
contentámos com o Flo Rida e o MGK a cantar por cima de gravações e a dar um
espectáculo com prazo de validade lá selado. É pena mas também é outra história
sobre a qual nem queria aprofundar muito. No entanto, fiquem com a performance
ao vivo dos Motorhead que vale muito mais a pena.
Dentro do seio dos wrestlers
Existem assim umas pérolas dentro do wrestling como o fantástico álbum de Hulk Hogan com a “Wrestling Boot Band”. Já tive o prazer de descrever esse álbum que realmente é tão ridículo que quase consegue dar a volta inteira e tornar-se bom pela piada. Não nos podemos esquecer também do álbum de rap do Randy Savage que apesar de também ser uma pérola mas não pelas boas razões, hoje deixa muitos cépticos a notar que Savage era melhor rapper que alguns que andam por aí actualmente – até diria o Lil’ Wayne, mas quem é que NÃO é melhor que o Lil’ Wayne? Mais recentemente apercebemo-nos que a febre Cena era coisa séria quando saiu o seu CD de rap/hip hop “You Can’t See Me” com Cena a auto-superar-se em gangster – o tema “Don’t Wanna Fuck with Us” não é nada PG por acaso…
Mas com esses de lado também existem coisas mais sérias. Tem-se
vindo a falar muito no Raw, mas os mais atentos já conheciam. E até foi a razão
para a suspensão de uma das estrelas de topo na companhia. Os Fozzy. Chris
Jericho não é bom só no ringue, subindo ao palco também sabe cantar e fornecer
umas malhas bem decentes de Heavy Metal tradicional traçado com os tons
alternativos de um Heavy Metal mais moderno. E se apanharem alguém distraído
ainda pensam que é o Ozzy que está a cantar, devido às semelhanças de vozes – o
nome Fozzy não é por acaso, ao início era mesmo uma banda de tributo ao “Prince
of Darkness”. Ainda ouvi o “Chasing the Grail” quando descobri a banda e
comecei a ouvir ainda inconsciente de que aquela é que era a tal banda de
Jericho e gostei muito. Vale a pena espreitar.
Numa veia diferente, também Maria Kanellis após se retirar da WWE teve a oportunidade de se tentar singrar nessa indústria através de um simples Pop Rock mais dançável e sentimental. Não teve muita ambição e limitou-se a um EP de quatro temas intitulado “Sevin Sins” lançado em 2010, onde aproveitou o fim da sua relação com CM Punk para a escrita das letras. Para já ainda se ficou por aí. Outra ex-Diva que aproveitou a sua saída para tentar alguma sorte nesse campo foi Mickie James que também em 2010 lançou-se à música country com o seu disco de estreia “Strangers & Angels”. Essa sua faceta foi aproveitada para a sua nova gimmick na TNA, onde aproveitou o seu single “Hardcore Country” para tema de entrada. Espera-se, em princípio, um novo álbum este ano. A última ex-Diva de quem me lembro do trabalho é uma mais radical que estas duas e é nada mais nada menos que Lita que formou a sua banda Punk, os The Luchagors em 2006, onde é a vocalista com o seu nome autêntico Amy Dumas. Também existe para já apenas um álbum auto-intitulado lançado em 2007, mas a ex-Women’s Champion já anunciou também os planos para o sucessor ainda este ano.
Estes são os lutadores que me lembro que tenham integrado a música e encarado tal como uma carreira secundária mais séria. Se conhecerem mais algum que é possível que eu desconheça ou me tenha esquecido, convido-vos a acrescentá-los nos comentários.
De sons trocados
E para concluir, apenas uma parte mais dedicada às
curiosidades. Muitas das vezes lutadores mudam de tema, mas nem sempre se atina
com algo que combine logo à primeira. E experimentam-se coisas que nem sempre
correm bem. Muito recentemente vimos os Prime Time Players a entrar com uma
outra música por uma ou duas semanas, mas ninguém engoliu aquilo e sinceramente
nem me lembro como era, logo rapidamente mudaram de volta para a cómica “Move
(Get It In)”. Mas há casos mais drásticos.
Por exemplo, alguém se lembra de ver o Randy Orton a entrar
com a “This Fire Burns” dos Killswitch Engage? É verdade, antes desse tema ser
cedido para CM Punk a quem acabou por ficar associado, Randy Orton chegou a
utilizar esse tema para entrada por uma noite. Mas não convenceu ninguém, logo
aguentou com o mesmo por mais um bocado até se instalar com a nova “Voices”.
Imaginariam o Randy Orton actualmente a entrar ao som dos Killswitch Engage? E
que música traria CM Punk?
Outro caso mais recente é o de Justin Gabriel que após uma fase à procura de um tema para se estabelecer e antes de conseguir ficar com o actual tema alegre e juvenil, chegou a passar por um breve tempo com o tema “All About the Power” que semanas mais tarde foi ouvido de novo mas em David Otunga e Michael McGillicutty e mais tarde apenas em Otunga. Pergunto de novo, imaginariam Gabriel a entrar com este tema até então?
E assim como deixo essas perguntas também deixo as perguntas habituais, como deixo sempre quando concluo o meu artigo: Quais as vossas músicas preferidas da WWE? São fãs do estilo próprio de música de wrestling ou do estilo que as bandas que lá se encontram praticam? Em PPV’s preferem as músicas de agora ou antes? Conhecem os CD’s?
Podem responder a tudo isso e muito mais que queiram
observar nos comentários e espero que tenham gostado deste tema. Despeço-me
como sempre com cumprimentos e de novo com desejos de rápidas melhoras e forte
regresso do nosso administrador Wolve.
Cumprimentos,
Chris JRM