MMA: UFC on Fuel TV: Struve vs. Miocic - Antevisão + Pesagens

O octógono do UFC atravessa o Oceano Atlântico e desembarca hoje pela décima primeira vez na Inglaterra. A Capital FM Arena, na cidade de Nottingham, será palco do UFC On FUEL TV 5, evento que terá a disputa entre os pesos pesados Stefan Struve e Stipe Miocic como luta principal....

Nos outros dois combates de fundo, o favorito do público da casa Dan Hardy medirá forças com o americano Amir Sadollah, enquanto os pesos galos Brad Pickett e Yves Jabouin prometem fazer uma guerra com muita movimentação.

O card principal, que terá seis lutas, comportará ainda a disputa entre os leves Paul Sass, o rei do triângulo, e Matt Wiman, além dos combates válidos pela divisão dos meio-médios entre os ingleses John Hathaway e John Maguire, e Che Mills contra o americano Duane Ludwig.

No card preliminar e em eventos em Inglaterra o destaque, como de costume vai para atletas da casa. O meio-pesado inglês Jimi Manuwa estreia no UFC contra Kyle Kingsbury, enquanto o médio Tom Watson, outro veterano de eventos locais, enfrenta Brad Tavares. Na divisão dos penas, dois combates promissores: um duelo entre atletas das duas últimas edições do TUF, o inglês Andy Ogle e o sueco Akira Corassani, e o combate em que o local Jason Young recebe Robbie Peralta. Em uma luta de peso combinado de 79,4 quilos, DaMarques Johnson dá as boas-vindas ao islandês Gunnar Nelson.

O card completo do UFC On FUEL TV 5 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado (até 120,2kg) :Stefan Struve x Stipe Miocic
Peso meio-médio (até 77,1 kg): Dan Hardy x Amir Sadollah
Peso-Galo (até 61,2kg): Brad Pickett  x Yves Jabouin
Peso-leve (até 70,3kg): Paul Sass x Matt Wiman
Peso-meio-médio (até 77,1kg): John Hathaway x John Maguire
Peso-meio-médio (até 77,1kg): Che Mills x Duane Ludwig

CARD PRELIMINAR

Peso-meio-pesado (até 93kg): Kyle Kingsbury x Jimi Minuwa
Peso-pena (até 65,8kg): Andy Ogle x Akira Corassani
Peso-médio (até 83,9kg): Tom Watsonx Brad Tavares
Peso-combinado* (até 79,4kg): DaMarques Johnsonx Gunnar Nelson
Peso-pena (até 65,8kg): Jason Young x Robert Peralta

------------------------------------------- Countdown -------------------------------------------

-------------------------------------------Antevisão -------------------------------------------

Card Preliminar

Kyle Kingsbury (EUA) vs Jimi Manuwa (ING)

Kyle Kingsbury teve no TUF 8 sua primeira chance no UFC após fazer um cartel de 7-1 (com uma luta sem resultado) em pequenos eventos americanos. Sua passagem pelo reality show organizado pela Zuffa configurou-se em um fiasco: foi derrotado por Ryan Bader na primeira etapa, conseguiu uma vaga em substituição a um atleta lesionado e voltou a ser derrotado por Krzysztof Soszynski. De quebra, na noite do TUF Finale, perdeu para o fanfarrão Tom Lawlor. Por nunca fugir dos combates e sempre entregar toda sua energia no octógono, ganhou mais uma chance no evento e a agarrou: venceu as quatro lutas seguintes, com bónus de “luta da noite” nas vitórias sobre Jared Hermman e Fábio Maldonado. Voltou ao tempo das vacas magras ao enfrentar dois atletas experientes e mais qualificados na luta agarrada, Stephan Bonnar e Glover Teixeira, que não lhe deram a menor chance.

Alto, pesado e destemido, “Kingsbu” tem no kickboxing agressivo e na resistência às pancadas suas características mais marcantes. Ele tem 30 anos, 1,93m de altura, cartel de 11-4 (1NC), treina actualmente na AKA e de novo está na bola da vez com os patrões, precisando de uma vitória para garantir sua tranquilidade.

Jimi “The Poster Boy” Manuwa nasceu na Nigéria e mudou-se para a Inglaterra aos dez anos de idade. Na ilha, envolveu-se em brigas, confusões e com o crime. Chegou a ser preso em 2002 por assalto e, quando livre, começou a praticar MMA ao assistir a uma luta de um amigo. Fez carreira no evento UCMMA, onde liquidou oito adversários e montou boa parte de seu cartel perfeito de onze vitórias (todas podem ser consideradas nocaute, já que em sua única submissão, o juiz interrompeu antes de Manuwa apertar a guilhotina, pois o oponente já estava entregue).

Dono de punhos pesadíssimos, Jimi é daqueles que podem derrubar qualquer lutador da categoria com uma mãozada bem encaixada. Treina jiu-jítsu na equipe Nova Força, de Ricardo Silva, mas não há nada a se dizer sobre sua luta de solo, visto que só foi ao chão em sua carreira para terminar algum serviço de envio de oponente às profundezas da vala, anteriormente iniciado em pé. Pode não dar em nada no UFC, visto que seus adversários até agora não tinham nenhum gabarito para se tirar conclusão – e no maior evento do mundo o buraco é mais em baixo -, mas certamente é um atleta que desperta muita curiosidade e merece a chance. Jimi tem 32 anos, 1,88m de altura e cartel de 11-0.

Duelo casado para fornecer ao público um espectáculo de pancadaria desenfreada. Como já se sabe que Kingsbury é um atleta que não vai a lugar nenhum, a aposta e a esperança é que o inglês consiga a vitória e a afirmação no evento.

Andy Ogle (ING) vs Akira Corassani (SUE)

Andy Ogle começou sua carreira em pequenos eventos britânicos e construiu um cartel de 8-1, com dois nocautes e três submissões. Foi chamado para fazer parte do elenco da 15ª edição do “The Ultimate Fighter” e venceu a selectiva para entrar na casa do programa contra Brendan Weafer na decisão dos árbitros. Último escolhido por Urijah Faber, Andy enfrentou o favorito Mike Rio na sua segunda luta, quando conseguiu uma surpreendente vitória por submissão. Na semifinal, contra o excelente Al Iaquinta, foi nocauteado ainda no primeiro round e ainda levou uma suspensão médica preventiva pela comissão atlética por conta dos golpes que sofreu nesse combate, o que o impediu de se apresentar no dia da final do programa. Somente agora, diante de seus compatriotas, este jovem kickboxer de apenas 23 anos, perigosíssimo nas submissões, fará sua estreia oficial pelo UFC.

Seu oponente será o sueco de origem iraniana Akira Corassani, especialista em karatê e com razoável base de wrestling e jiu-jítsu. Akira participou do TUF 14, onde tentou chamar a atenção sendo a mala do programa, mas nem isso conseguiu e, após duas vitórias interessantes, acabou dormindo em uma guilhotina de Dennis Bermudez na semifinal. Assim como seu oponente deste sábado, Akira estava escalado para lutar no dia da final do TUF, mas uma lesão no treinamento o fez desistir do compromisso. Aluno de Renzo Gracie em Nova Iorque, o sueco também fará sua estreia oficial pelo UFC neste evento. Tem 30 anos, 1,73m de altura e possui um cartel de 9-3, com uma luta sem resultado.

A tendência é que este combate se desenvolva na trocação, onde o sueco parece ser mais talentoso, mas o inglês pode levar a luta para o solo e buscar uma finalização, fazendo uso de sua vantagem física. Luta equilibrada, mas a aposta é em uma vitória de Corassani na decisão

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Tom Watson (ING) vs Brad Tavares (EUA)

Tom Watson é um experiente atleta de 30 anos e cartel de 15-4 construído em sólidas organizações inglesas como o Cage Rage, o UCMMA e o BAMMA, ostentando inclusive, o cinturão dos médios dos dois últimos. Possui vitórias importantes sobre John Maguire, Matt Horwich e Murilo Ninja, sempre com seu estilo de trocação agressiva, mão pesada e uma técnica correta, porém pouco sofisticada. Ficou conhecido quando aplicou um lindo nocaute em Travis Galbraith no evento canadense MFC, o que mostra seu potencial na trocação. Possui graduação em boxe e muay thai, anda treinando jiu-jítsu e luta olímpica para melhorar o nível de luta agarrada e, há pouco tempo, mudou-se para Albuquerque e juntou-se à premiada equipe de Greg Jackson. 

O adversário de “Kong” na estreia pelo UFC é mais uma cria do TUF: Brad Tavares, participante da 11ª edição do programa. Na primeira eliminatória, venceu Jordan Smith com uma bonita joelhada em um minuto de luta, depois passou por James Hammortree e Seth Baczynski (por desqualificação), até parar na semifinal, submetido pelo futuro campeão Court McGee. No dia da final, venceu novamente Baczynski, dessa vez por decisão. Recebeu em seguida, como presente, o quase-defunto Phil Baroni e passou certo sufoco até nocautear o exausto adversário ainda no round inicial. Conheceu sua primeira derrota profissional em luta chatíssima contra Aaron Simpson e voltou a vencer um adversário de acesso fácil, o sul-coreano Dongi Yang, em maio deste ano. Praticante de luta olímpica e boxe, alto (1,88m) e com poder de nocaute, Tavares faz parte da equipe que era liderada pelo falecido Shawn Tompkins e possui cartel de 8-1, com quatro nocautes e duas submissões.

Em luta que dificilmente chegará ao fim, com dois caras que gostam de bater firme, é provável que o inglês faça valer a força da torcida e consiga ser o primeiro a nocautear Tavares no MMA.

DaMarques Johnson (EUA) vs Gunnar Nelson (ISL)

Combate de peso combinado, por conta da contusão do alemão Pascal Krauss, o que forçou uma substituição com pouco tempo restante para a preparação.

DaMarques Johnson, como já extensamente debatido no MMA Brasil, é um atleta limitado que não foge do combate. Esta última característica garante seu emprego desde que participou do TUF 9, uma das piores edições do programa, quando perdeu a final para o também limitado James Wilks, já demitido do UFC após sequência de derrotas. Depois do programa, Johnson fez oito lutas, com quatro vitórias sobre ilustres desconhecidos e quatro derrotas para atletas mais consistentes, mas nenhum deles top 15 da categoria. Como parte para cima com sua trocação agressiva e jogo de solo desajeitado, mas ofensivo, tem certa condescendência por parte da organização. Aos 30 anos, apresenta cartel de 16-11, mede 1,85m e treina com o veterano Jeremy Horn na Elite Performance Gym.

Mais um estreante oriundo do BAMMA, o islandês Gunnar Nelson pode se aproveitar das falhas defensivas de DaMarques no jogo de solo, com seu jiu-jítsu de elite aprimorado por Renzo Gracie e que já lhe rendeu um vice-campeonato mundial, entre outras conquistas importantes na arte suave, com ou sem quimono. Além desta base importante, Nelson é faixa preta de karatê goju-ryu, o que torna seu jogo de trocação diferente da maioria dos lutadores. Tirando o empate na luta de estreia profissional no MMA, Gunnar finalizou todas os duelos seguintes, com três nocautes e seis submissões, com apenas um oponente passando do round inicial. Tem 24 anos, 1,80m de altura, cartel profissional de 9-0-1 e combina treinos no seu país natal com aparições na academia de Renzo, nos Estados Unidos.

Esta luta tem um panorama parecido com o duelo entre Kingsbury e Manuwa: um atleta experiente que já se sabe que não chegará a nenhum lugar contra um invicto novato que tem potencial, mas nunca teve competição em alto nível. A aposta é em uma vitória do islandês por submissão.

Jason Young (ING) vs Robert Peralta (EUA)

Jason Young é mais um inglês para fazer a alegria dos espectadores de Nottingham, tanto pela nacionalidade em comum quanto pelo estilo solto e ofensivo de luta. Baseado na trocação, costuma ter habilidade para combinar socos e chutes, mas já teve problemas na carreira quando precisou lutar no solo. Estreou no UFC em uma grande furada ao substituir um lesionado Rani Yahya contra o talentoso Dustin Poirier. Perdeu na decisão, assim como na luta seguinte contra o japonês Michihiro Omigawa, esta no seu país. Conseguiu a primeira vitória e a manutenção do emprego ao vencer Eric Wisely em abril, moldando seu cartel de 9-5. Jason tem 26 anos, 1,75m de altura e envergadura de 1,85m, muito boa para a categoria.

Robbie “Problems” Peralta será um grande desafio para Young, pois perdeu apenas uma de suas últimas quinze apresentações, com uma importante vitória sobre o ex-campeão do DREAM Hiroyuki Takaya em sua única luta pelo Strikeforce. O descendente de mexicanos também tem estilo baseado na trocação, com um poder de nocaute maior do que o seu adversário, mas terá desvantagem na altura (1,72m) e envergadura (1,77m). Estreou no UFC vencendo Mike Lullo na decisão dos juízes laterais e teve o nocaute sobre Mackens Semerzier convertido para “sem resultado” em razão de uma cabeçada acidental que iniciou a sequência que acabou com o combate. Também tem 26 anos e seu cartel é de 15-3 e o no contest contra Semerzier.

Apesar de ser um combate entre strikers, é provável que esta seja uma luta estudada, com Peralta esfriando o ritmo do adversário e da torcida, levando a vitória na decisão.

Card Principal

Stefan Struve (HOL) vs Stipe Miocic (EUA)

Depois de estrear no UFC ainda muito novo sofrendo um nocaute violento contra Junior Cigano, aos poucos o holandês foi se estabelecendo como um duro competidor na categoria dos pesados. Ele ainda tombou contra Roy Nelson e Travis Browne, mas bateu outros oito oponentes, três deles nas últimas apresentações, em finalizações belíssimas contra Pat Barry, Dave Herman e Lavar Johnson.

O gigantesco lutador de 2,11m de altura e 2,12m de envergadura fez sua fama baseado na habilidade adquirida pela faixa roxa de jiu-jítsu, bom de guarda ou jogando por cima, em conjunto com capacidade ímpar de absorver castigo e saber se virar em situações adversas, mesmo banhado de sangue. Porém, de uns tempos para cá ele vem valorizando seus compatriotas, evoluindo no kickboxing a ponto de trocar golpes sem medo e transformando seu enorme alcance em uma arma.

Ainda com 24 anos, o Arranha-céu tem cartel profissional de 24-5, com 8-3 no UFC. Destas vitórias, 16 foram por submissão (três delas valeram o bônus de melhor da noite), além de outros seis nocautes, um bonificado como o melhor do evento. Struve treina na Holanda com o ex-kickboxer Bob Schrijber e também integra a Topteam Beverwijk de sua cidade natal.

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Numa perspectiva optimista, Miocic fez três lutas no UFC e venceu todas de modo dominante. Pelo lado negativo, teve uma actuação ruim diante de Joey Beltran (justificada por ter aceitado a luta de última hora) e nocauteou o limitado Phil De Fries e Shane Del Rosario, que estava há mais de um ano sem lutar recuperando-se de lesão.

Como em toda história, sempre há a versão A, a B e a verdade. No caso do americano descendente de croatas, a verdade é que ele tem potencial para chegar ao posto de desafiante do cinturão de Junior Cigano. A base de Miocic é o pilar do MMA americano, mesclando o wrestling, modalidade em que competiu na Divisão I da NCAA com Ryan Bader e Mo Lawal, com o boxe, esporte que disputou competições  amadoras e conquistou o título da Golden Gloves. Ele completa o quadro com um condicionamento atlético acima da média para a categoria dos grandalhões, punhos de concreto e capacidade de receber pancada e seguir em frente. Estas características puderam ser vistas contra Del Rosario no UFC 146, quando Miocic superou fortes chutes na perna e no corpo antes de mesclar combinações de socos e quedas, levando o oponente ao solo e destruindo-o com um severo ground and pound de cotoveladas.

Miocic não sabe o que é perder em nove lutas como profissional, três delas no UFC. Beltran foi o único oponente que resistiu por quinze minutos – nenhum outro chegou sequer ao terceiro round. Foram oito vitórias por nocaute e a única submissão, que lhe rendeu o cinturão da NAAFS, foi conquistada à base de chutes na perna tão violentos que fizeram o oponente desistir. Lutando com um short no estilo de Mirko Cro Cop, Stipe tem 30 anos e treina na Strong Style MMA, equipe que tem parceria com a prestigiosa Brasa BJJ.

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Mais amadurecido, Struve é um teste difícil para qualquer lutador que pretenda integrar o top 5 dos pesos pesados. Apesar de seis anos mais jovem, ele fez oito lutas a mais que Miocic no UFC, tendo enfrentado inclusive o actual campeão da categoria.

Mesmo reconhecendo que vem melhorando na trocação e no uso da envergadura, Struve ainda não é capaz de encarar de igual para igual um boxeador como Miocic, que sabe controlar a distância e executar combinações mortais. Nas duas últimas lutas, o holandês chegou a ser perigosamente atingido. Neste sábado, contra um oponente mais técnico do que Lavar e Herman, este erro poderá ser fatal.

Como Stefan é capaz de lutar ofensivamente mesmo por baixo quando está no solo, o melhor caminho para ele será encurtar a distância rapidamente, partir para o clinch e forçar o jogo de chão. Supondo que o europeu não vá conseguir quedar um wrestler de Divisão I, o mais provável nesta situação é que Miocic caia por cima e tenha muito cuidado ao executar o ground and pound para não ser surpreendido por um triângulo. Porém, devemos ver o americano controlando o ritmo e as posições de luta, mantendo o holandês ocupado em pé até poder acertá-lo com uma direita, dando o mesmo fim que Cigano, Nelson e Browne o deram.

Dan Hardy (ING) vs Amir Sadollah (EUA)

Do céu ao inferno e de volta à Terra. O percurso descreve bem as últimas cinco lutas do pica-pau inglês. O improvável desafiante levou uma sova de Georges St-Pierre e entrou em fase negra. Foram quatro derrotas seguidas que só não lhe custaram o emprego por complacência dos patrões. No UFC 146, um gancho perfeito de esquerda em Duane Ludwig pôs fim ao drama e levou Hardy de volta às vitórias.

O “Fora-da-lei” é amado pelos torcedores e pelos donos do UFC por um motivo muito simples. Não importa se do outro lado do octógono está Rory Markham ou GSP, Hardy vai pro pau. Faixa preta de taekwondo, arte que começou a praticar aos seis anos, bom de boxe, com vivência em mosteiro Shaolin na China, ele prefere levar seus combates na trocação, muitas vezes escorando socos com o rosto, do jeito que o povão gosta. Mesmo ostentando uma faixa roxa de jiu-jítsu, o jogo de chão não é exactamente seu forte, apesar de ter resistido bravamente a uma chave de braço e uma americana de GSP que quase lhe causaram contusão séria – levá-lo para o solo é a principal tarefa de seus adversários.

Parceiro de treino de Ross Pearson na Team Rough House, Hardy passou também a integrar a Suffer Training Center de Frank Mir, onde tenta evoluir na luta agarrada. Com 1,83m de altura e 1,88m de envergadura, ele tem 30 anos e cartel profissional de 24-10, com uma luta sem resultado. Uma única vitória por submissão, ocorrida há cinco anos, esconde-se entre 15 nocautes e oito por decisão. Só foi nocauteado por Carlos Condit e sucumbiu a submissões em quatro oportunidades.

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Com a carreira inteira desenvolvida no UFC, Sadollah apareceu conquistando o TUF 7 como peso médio. A enorme expectativa criada em cima dele a partir de então acabou não se concretizando. Sem conseguir fazer uma série de três vitórias consecutivas, Amir lutou pouco nos últimos doze meses, perdendo para Duane Ludwig em agosto de 2011 e vencendo o limitado Jorge Lopez em luta apertada realizada em maio.

A esperança que os analistas e o próprio UFC nutriam em Sadollah tinha uma razão de ser. Ao estrear profissionalmente, ele tinha bagagem das mais diversas. O americano descendente de iranianos e irlandeses é mestre internacional de sambo, arte marcial que Fedor Emelianenko divulgou ao mundo, treinou muay thai na Holanda, modalidade em que conquistou um título americano amador, além de ostentar faixa roxa de jiu-jítsu. Ou seja, Amir tem bases de respeito nas três grandes vertentes do MMA (trocação, clinch e solo). Seu grande problema é não ser exactamente um primor intelectual dentro do octógono. Sofreu para bater o limitado Phil Baroni e foi espancado por Duane Ludwig e dominado por Dong Hyun Kim exactamente por ter dificuldade de variar o plano de jogo durante o combate.

Com 1,80m de altura, dez centímetros a mais de envergadura e 32 anos, Sadollah é integrante da Throwdown Training Center e hoje também treina na Xtreme Couture. Ele tem retrospecto profissional de 6-3, tendo conquistado quatro triunfos por decisão. Jamais nocauteou alguém nestas nove lutas, mas sucumbiu violentamente diante de Johny Hendricks em menos de trinta segundos.

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O andamento desta luta deveria ficar nas mãos de Sadollah, lutador mais completo do que Hardy. Porém, o britânico certamente vai pisar no acelerador ao ser motivado pela torcida de sua cidade natal. Como Sadollah tem um muay thai técnico e aguenta pancada, certamente ele vai aceitar a pancadaria em vez de tentar controlar o oponente no clinch e lançá-lo ao solo, onde poderia trabalhar suas cotoveladas sem se preocupar muito.

Isto posto, a luta deverá mesmo transcorrer na trocação. Como tem maior envergadura, Sadollah deve se manter longe da esquerda de Hardy e trabalhar a movimentação para vencer por decisão. Caso pare diante do adversário faminto e empolgado, provavelmente vai conhecer sua segunda derrota por nocaute.

Brad Pickett (ING) vs Yves Jabouin (HAI)

Como bem disse Diego Tintin, Pickett é um lutador nota 6,5 que só faz lutas nota 8,5. Isto fica claro ao percebermos que, desde o fim do WEC, ele fez dois combates no UFC, ambos premiados com o bónus de luta da noite. No antigo evento foram mais quatro combates, dois bónus e apenas uma derrota, a guerra contra Scott Jorgensen. O hoje campeão interino Renan Barão também precisou superar alguns duros minutos antes de finalizá-lo.

Campeão britânico no Cage Rage e Ultimate Challenge MMA antes de desembarcar na América, “One Punch” Pickett (apelido recebido do personagem One Punch Mickey de Brad Pitt, seu quase “xará fonético”) é um dos lutadores mais empolgantes do UFC em qualquer categoria. Ele recusa-se a recuar e encara qualquer um com quem divida o octógono na boa e velha troca de socos e chutes. Além de fazer jus ao apelido e apresentar poder de nocaute com um soco desenvolvido pela experiência no boxe, Pickett vem evoluindo na luta de solo graças aos treinamentos na American Top Team.

Aos 34 anos, talvez Pickett não mire mais o cinturão. Porém, é sempre um prazer enorme vê-lo em acção. Ele mede 1,68m de altura e 1,70m de envergadura. Seu cartel no MMA profissional é de 21-6, com dez vitórias por submissão e seis por nocaute. A única vez em que saiu de um ringue nocauteado foi há sete anos, em sua segunda luta.

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O haitiano radicado no Canadá é o adversário sob medida para deleitar os fãs ávidos por trocação. Campeão canadense amador de kickboxing, Jabouin tem um vasto repertório de socos, chutes e joelhadas voadoras e no clinch. Ele estreou no UFC após a extinção do WEC sendo pego por um triângulo voador de Pablo Garza. Após isso, três triunfos seguidos. Mas o que ninguém esquece foi a linda guerra travada com Mark Hominick no WEC, praticamente um brilhante duelo de K-1 no octógono.

Um ano mais novo que Pickett, Jabouin é um dos que podem surgir como desafiante do vencedor da luta de unificação entre Barão e Dominick Cruz. Caso vença Pickett com autoridade, provavelmente será ele o próximo na lista. Apelidado de Tigre, Yves treina na Tristar Gym em Montreal com Firas Zahabi e é parceiro de Georges St. Pierre. Ele já fez 25 lutas de MMA profissional e tem recorde de 18-7, com 11 vitórias por nocaute e seis por decisão. Sua pouca afeição à luta agarrada fica expressa nas três derrotas por submissão. Jabouin tem a mesma altura e envergadura de Pickett.

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Há uma chance de, em determinado momento, Pickett grudar e botar para baixo. Porém podemos praticamente descartar esta possibilidade. Enquanto Jabouin vai preferir lutar na longa distância, o inglês certamente vai querer imprimir seu ritmo alucinado e levar o combate para a troca violenta de golpes no infighting.

A melhor saída para Jabouin será chutar as pernas e o tronco de Pickett, algo que ele faz com maestria, inclusive. Mas desenvolver esta tática suportando a forte pressão do britânico é algo bastante desagradável. Por insistência, Pickett deve conseguir conduzir a luta no seu festival frenético e conquistar uma vitória por decisão, provavelmente premiada como a melhor luta da noite.

Paul Sass (ING) vs Matthew Wiman (EUA)

É comum ouvirmos que lutadores unidimensionais não vão longe na carreira. Sass parece ter a intenção de reverter este quadro. Invicto em 13 lutas profissionais, ele abriu caminho com sete vitórias seguidas por finalização usando o triângulo. Após isto foram mais dois triunfos por chave de calcanhar, uma por decisão (a única da carreira) antes de chegar ao UFC. No maior evento do mundo, Sass bateu Michael Johnson por chave de calcanhar e finalizou Mark Holst e Jacob Volkmann como? Com triângulos, claro.

Tamanha afeição pela posição (ele inclusive treina simulações de trocação para emendar num triângulo voador) rendeu o apelido de Sassangle ao britânico, faixa marrom de jiu-jítsu e roxa de luta livre esportiva pelas mãos de Marcelo Brigadeiro. A facilidade em aplicar os triângulos vem das longas altura (1,80m), envergadura (1,90m) e pernas para um peso leve. Com 24 anos completados há um mês, Paul integra a Team Kaobon/RTF Inglaterra, onde treina com Terry Etim e Paul Taylor. Seu resumo tem 13-0, 12 vitórias por submissão, 11 no primeiro round, nove com triângulo.

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Wiman é mais um lutador interessante de se ver lutando que estará em acção neste sábado. Ele fez 12 lutas no UFC e um terço delas foi bonificada como a melhor da noite. Foi derrotado pelo alemão Dennis Siver em Julho do ano passado numa luta sangrenta e depois bateu o canadense Mac Danzig pela segunda vez três meses depois. Desde então, envolveu-se com contusões e viu o combate com Mark Bocek, que seria disputado em Abril, cair.

Integrante da Easton Brazilian Jiu-Jitsu, o “Handsome” (Bonito) não tem base universitária, mas começou na luta olímpica antes de migrar para os treinos de MMA (motivado pelas lutas iniciais do UFC e PRIDE, seu intuito sempre foi o MMA). Ele tem 29 anos e cartel profissional de 14-6 (8-4 no UFC). Mostrando sua versatilidade ofensiva, suas vitórias são divididas em quatro nocautes, quatro submissões e seis decisões. Além dos quatro bônus de melhor luta da noite, Wiman vem de quatro triunfos nas últimas cinco apresentações.

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A principal característica ofensiva de Wiman é quedar e controlar seus oponentes por cima. Nem é preciso lembrar o risco gigantesco que ele correrá se insistir nesta tática. Para não virar estatística, o americano deverá conduzir a luta na trocação, deixando Sass em situação desconfortável e testando seu queixo. Se o instinto de derrubar e trabalhar no ground and pound de Matt prevalecer, ele deverá tomar muito cuidado para não deixar um dos braços de bobeira. Para azar dele, isto deverá acontecer. Sass sairá do octógono com sua décima vitória por triângulo.

John Hathaway (ING) vs John Maguire (ING)

Depois de espancar Diego Sanchez em maio de 2010, Hathaway, na ocasião com 23 anos e cartel de 14-0, foi apontado como um dos principais prospectos entre os meio-médios. Seu próximo passo, cinco meses depois, foi contra Mike Pyle, que surpreendentemente o dominou por quinze minutos, murchando a empolgação sobre o jovem britânico. Após a inesperada derrota, Hathaway se viu envolvido com diversas contusões e pouco lutou desde então. Ele se enrolou para vencer o limitado Kris McCray em março de 2011 e passou pelo alemão Pascal Krauss em maio deste ano.

Recuperado fisicamente, é de se esperar que Hathaway volte aos trilhos que estavam o direcionando ao topo da divisão. Ele é mais um dos jovens que começaram diretamente no MMA, sem passar por uma arte marcial de base antes. Por este motivo, desenvolveu um jogo completo, bom na trocação, nas quedas, no ground and pound e nas tentativas de finalização.

Ex-jogador de rúgbi, Hathaway treina com Alexis Demtriades e Paul Ivens na London Shootfighters. Quando está nos Estados Unidos, faz parte da American Top Team e divide seu tempo na 10th Planet Jiu-Jitsu do polêmico e eficiente Eddie Bravo. Hoje comn 25 anos, o inglês nascido na cidade de Brighton tem cartel profissional de 16-1, com cinco vitórias por nocaute e quatro por submissão. Porém suas últimas seis lutas, incluindo a única derrota, foram decididas pelas papeletas dos juízes laterais.

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“Faixa rosa de gypsy jiu-jitsu”. Assim Maguire se apresentou após estrear no UFC vencendo Justin Edwards. Palhaço? Nem tanto. “O Cara” mostrou que realmente pode ser perigoso no chão ao aplicar uma chave de braço belíssima em DaMarques Johnson na luta seguinte, que lhe rendeu o bônus de submissão da noite.

Depois de colecionar cinturões em eventos menores na Inglaterra, Maguire teve uma dura passagem pelo BAMMA, onde perdeu para Simeon Thoresen e Tom Watson, ambos lutadores do UFC atualmente. Venceu cinco lutas seguidas e foi para o UFC, onde ostenta retrospecto de 2-0. Tem na luta agarrada sua maior virtude, tendo conseguido dez de suas 18 vitórias por submissão, principalmente com os perigosos e ágeis mata-leão e kimura (que ele chama de Johnmura). Seu cartel é completado por mais cinco vitórias por decisão e três nocautes, apesar de ser limitado na trocação. Saiu derrotado em três ocasiões e jamais foi finalizado.

Aos 29 anos, o inglês de Peterborough tem 1,75m de altura e 1,80m de envergadura. Largou a escola aos 13 anos devido à vida de cigano, educando-se com a família.

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Apesar da boa fase e da confiança, dificilmente Maguire sairá vitorioso do octógono. Hathaway é muito mais habilidoso na trocação e na transição para o solo. Provavelmente o cigano será alvejado por diversas combinações em pé, derrubado algumas vezes e maltratado no ground and pound até o fim dos quinze minutos.

Antevisão original de MMA-Brasil e Globo.com

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Numa pesagem tranquila e marcada por respeito, quase todos os lutadores do evento deste sábado bateram o peso regulamentar e estão liberados para o duelo dentro do octógono. A luta principal será entre os pesos-pesados Stefan Struve e o invicto Stipe Miocic, que pesaram 113,85kg e 108,41kg, respectivamente.

O único que enfrentou problemas na batalha contra a balança foi DaMarques Johnson. O americano pesou 83,1kg e não bateu o peso combinado para sua luta diante de Gunnar Nelson, que era de 79,4kg. Após descer da balança, Johnson se desculpou com seu oponente, que alcançou o peso estipulado. O americano teria de perder 4kg em uma hora, mas não conseguiu e perderá 20% de sua bolsa para Gunnar, que concordou em manter o duelo mesmo com a grande diferença de peso.

Em sua cidade natal, o meio-médio Dan Hardy foi o atleta mais aplaudido pela pouco barulhenta torcida de Nottingham. O lutador britânico nunca perdeu na arena da cidade, mas sua última vitória no país foi há três anos. Ele e seu oponente, Amir Sadollah, bateram 76,66kg na balança.

O destaque entre as encaradas ficou com o americano Kyle Kingsbury. Após subir na balança com uma cueca pequena, o meio-pesado encarou o rival Kimi Minuwa com uma pochete cor-de-rosa na cintura, boina e um cachimbo, arrancando risadas da torcida.

Eis os resultados completos da pesagem:

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado (até 120,2kg) :Stefan Struve (113,85kg) x Stipe Miocic (108,41kg)
Peso meio-médio (até 77,1 kg): Dan Hardy (76,66kg ) x Amir Sadollah (76,66kg)
Peso-Galo (até 61,2kg): Brad Pickett  (61,24kg) x Yves Jabouin (61,69kg)
Peso-leve (até 70,3kg): Paul Sass (70,76kg) x Matt Wiman (70,76kg)
Peso-meio-médio (até 77,1kg): John Hathaway (76,66kg) x John Maguire (76,66kg)
Peso-meio-médio (até 77,1kg): Che Mills (77,11kg) x Duane Ludwig (76,66kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-meio-pesado (até 93kg): Kyle Kingsbury (92,53kg) x Jimi Minuwa (92,53kg)
Peso-pena (até 65,8kg): Andy Ogle (65,32kg) x Akira Corassani (65,32kg)
Peso-médio (até 83,9kg): Tom Watson (84,37kg) x Brad Tavares (83,9kg)
Peso-combinado* (até 79,4kg): DaMarques Johnson (83,1kg) x Gunnar Nelson (79,38kg)
Peso-pena (até 65,8kg): Jason Young (65,8kg) x Robert Peralta (65,32kg)

*DaMarques Johnson não bateu o peso combinado.