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Serei eu um Smart ? - Audiência (Cont.)

Na passada segunda feira apresentei uma crónica, onde tentei abordar a questão das perdas de audiência por parte do wrestling, em particular da WWE, além da forma como hoje, os membros da blogosfera e "clientes" do meio, consomem o produto.

No entanto, após ser revelado um comunicado da USA Network, onde, a estação responsável pela transmissão da RAW, elogia as audiências da brand mais importante da WWE, e de uma visita à casa de banho, local onde surgem algumas das reflexões mais importantes de um indivíduo, eis que concluí que tinha abordado a questão de uma forma muito ligeira.

Os que já leram a crónica, sabem que apontei o excesso de entretenimento como a principal causa pela quebra registada nas audiências da WWE. Também indiquei o decréscimo da qualidade do produto, como outro, senão o ponto, mais importante para esta mesma descida. Mantenho estes dois pontos, mas como referi, após o comunicado da estação, coloca-se uma nova questão. Será que o produto WWE está mesmo em crise?

De um modo geral, poderá disser-se que sim. As audiências caíram bastante, alguns house shows não têm tantos espectadores, as vendas de licenças de PPV's caiem de ano para ano (excepção feita à Wrestlemania), e acima de tudo, a qualidade do produto apresentado, segundo os críticos, decaiu de forma abismal.

Em relação aos motivos para um decréscimo de adesão por parte do público Norte Americano, poderão ser enumerados uma série de pontos, que vão como referi, desde o excesso ou grande variedade de entretenimento a que hoje qualquer indivíduo acede de forma mais ou menos fácil, excesso ou superior oferta de wrestling (nos US existem centenas, senão milhares de pequenas federações) e desportos de luta, terminando como apontei na segunda feira, no boom que a Internet teve no últimos anos.

Neste ponto, a empresa acabou por ter em mãos uma espada de dois gumes. Por um lado, a Net ajudou e impulsionou o fenómeno a expandir-se a uma escala planetária sem precedentes até então, e por outro lado, como por exemplo, ocorreu na industria musical e cinematográfica, lesou a empresa, em especial, nas vendas de licenças de produtos exclusivos, ou de acesso pago, como por exemplo PPV's.
Os analistas, especialmente, os críticos do produto ao qual hoje temos acesso, indicam as quebras das vendas de PPV's, como um dos maiores reflexos da crise das equipas criativas. Contudo, pessoalmente, penso que apesar das quebras de vendas, acredito que hoje, os PPVs da empresa são seguídos por mais espectadores que anteriormente, e não só, no mercado Norte-Americano, mas em especial, a nível global. Hoje, qualquer fã, de qualquer parte do mundo, poderá em noite de PPV, assistir ao mesmo sem pagar qualquer taxa ou licença. Pela NET, correm as populares stream, e quem entra em salas de chat e foruns, apercebe-se das grandes concentrações de fãs, que se encontram a assistir ao evento por esse meio. Fora, as stream, nos dias seguintes, desde sites de partilha de ficheiros, a outros locais de download (e não só), muitas são as probabilidades, onde um mero cibernauta, com os mínimos conhecimentos de navegação e pesquisa, poderá encontrar e aceder ao produto "Premier".
Tal, não é só um "problema" da WWE, mas como referi, é um flagelo que atinge toda a industria cinematográfica e musical. A quebra de espectadores nas salas de cinema, do aluguer de DVD, da venda de CD, entre outros aspectos, são o reflexo do mesmo.

Mas como referi, se em parte a expansão da NET poderá ter lesado a empresa na venda dos produtos "premier", também a ajudou a expandir-se a nível planetário, estando hoje representada e acessível em locais bastantes distintos, muito dos quais, outrora, considerados impossíveis. A empresa têm uma plataforma internacional como nunca em outra altura da sua história, como muito gosta de afirmar. A comprovar isso, estão, tanto as transmissões dos seus shows em diversos países, em diversas línguas, assim como as constantes tournées, que por norma, são verdadeiras mina de ouro, reflexo das romarias dos fãs internacionais, havidos de ver ao vivo os ídolos que povoam o seu imaginário.
Nós, Portugal, somos um dos maiores exemplos, dessa mesma expansão. Após algumas transmissões realizados à mais de uma década na RTP, e de um house show em Cascais a ser o expoente máximo dessa febre que na época invadiu muitos dos lares nacionais, a WWE voltou em força, e para ficar como se pode verificar. No nosso País, temos hoje a transmissão semanal dos três shows da empresa, PPVs fornecidos de forma gratuita, vendas de todos o tipo de merchandising (que vão desde os cromos, à T-Shirt, passando pelos DVDs, etc.), e como cereja no topo do bolo, a realização de quatro shows na maior Arena Multimédia do País, totalmente esgotados, e o conhecimento da marcação de para já, mais um.

Não podendo ter uma certeza, devido à falta de alguns dados para comparação, em especial da época considerada dourada em termos de produto, a Attitude Era, a facturação e os resultados líquidos da empresa, devem estar em níveis superiores, até porque hoje (e sempre), a WWE é mais do que uma mera empresa que apresenta algumas lutas em ringue. Como gosto de referir, a empresa dos McMahon é um autêntico mostro, que gere um negócio de milhões, para milhões.

Não quero, nem pretendo estar a justificar ou desculpar a empresa, já que sou como vocês, um mero fã, que se distingue, apenas pelo privilégio de ter acesso a um blog com algum sucesso para dar a conhecer as minhas opiniões. Partilho das opiniões da maioria, ou pelo menos, dos que percorrem a blogosfera, e criticam a WWE por uma falta de qualidade e empenho na apresentação do seu produto. Esse papel, de defender a dama, pertence a quem comanda o "monstro" e só esses poderão tomar as decisões para mudar o curso da história, caso ... pretendam. Mas mesmo aí, tem de ser analisada a diferente entre por exemplo, as opiniões dos fãs nacionais, ou melhor, da nossa blogosfera, e do público em geral, particularmente, aqueles que hoje deverão significar a maioria dos que acompanham o negócio. A serem verdadeiras, algumas das escolhas deste fim de semana do Cyber Sunday são o maior exemplo dessa mesma divergência de pontos de vista, com a eleição de Miz a ser o porta estandarte. Esta foi sem dúvida a decisão que levanta mais questões, e que por isso, poderá servir para se retirarem algumas importantes ilações.

Como foi referido nos comentários por um leitor, a escolha de Miz poderá ter ficado a dever-se a uma enorme quantidade de votos de Marks, especialmente, de uma faixa etária inferior, que se regem basicamente na velha questão da luta do bem contra o mal, e que a colocam acima da qualidade de um combate que dois intervenientes como Punk e Morrison poderiam apresentar. Ou então, não votaram Morrison, pelo facto de não se votar no mauzão, no impopular heel, que persegue o favorito do publico, Punk, e ao o enfrentar, poderia "roubar-lhe" o título.

Para resumir a questão da diferença entre a opinião, ou escolhas da maioria dos blogistas nacionais, e do publico em geral, basta assitir a um show da empresa com alguma atenção e ver a quantidade de famílias (em especial na Smackdown) e de crianças que enchem os pavilhões, e isto não ocorre só nos US. Por exemplo, no Atlântico, nos shows da Smackdown (não fui aos da RAW), havia uma grande quantidade de publico muito jovem nas bancadas, em conjunto com os respectivos acompanhantes. Esta é a realidade, e por isso, acredito que continuaremos no futuro a ter história de anões e gigantes a dominar o panorama na maior empresa de wrestling a nível Mundial.

No fundo, isto é a WWE, e se fizerem um exercício, apagando dos registos os anos dourados das Monday Nigth Wars e da Attitude Era, chegam à conclusão que o produto é em tudo muito idêntico, aquele que era apresentado antes das mesmas, apenas com algumas pequenas heranças das eras referidas atrás. Naturalmente que mudaram os protagonistas e houve uma adaptação ao mundo multimédia do século XXI, mas as bases são praticamente iguais.

Ps: Antes de ser atacado pela referências às stream, aos download, etc., sou o primeiro a admitir que sem isso, hoje não seríamos (blog) o que somos, e que também as utilizo, como qualquer outro fã, sem qualquer tipo de remorso.
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