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Serei um smart! - Pensamentos

Diz o ditado: "Quanto maior for a subida, maior é a queda."

Não sei se estas são as palavras exactas, mas penso que anda à volta disto. Isto é aplicável ao actual estado do pro wrestling, ou melhor, às duas actuais maiores companhias que acompanhamos semanalmente, a WWE e a TNA.

Os elogios não param, o cinzentismo, ou pessimismo "geral", aparenta ter dissipado, e tudo aponta que iremos viver momentos de ouro nos próximos meses, mas cuidado, que a ressaca é do pior que existe. Não falo de um ressaca a longo prazo, que é por isso que temos passado nos últimos anos, ou seja, a ressaca das Monday Nigth Wars, ou da Attitude Era. Essas foram indiscutivelmente as eras de ouro para qualquer fã. Grandes feuds, combates inovadores, surpresas atrás de surpresas, com duas empresas a um nível muito elevado a gladiarem-se para tomarem o poder, e assim, a dar cada (ou a tentar) cada vez mais espectáculo aos fãs.

Acabados esses tempos, entrámos numa era em que uma única empresa domina o pro wrestling, altera não só o seu nome (por questões legais) para entretenimento, mas igualmente os seus conteúdos. Não é que anteriormente o wrestling não o fosse, mas é indiscutível que agora o produto é diferente, mais soft, mais familiar e menos underground, virado para um público infantil/adolescente, em vez do anterior adolescente/adulto. (Ou então, fui eu, nós para alguns, que crescemos e vemos isto com outros olhos? Grande questão que dá para uma crónica. O que dizem?)

Uma larga maioria dos fãs nacionais, não acompanharam a Era dourada com a regularidade e atenção que o fazem agora. Não havia um desenvolvimento tão grande da Internet e não havia transmissão em canais nacionais. Os poucos que o conseguíram, fizeram-no através de canais estrangeiros, através da parabólica. Os canais DSF e a Sky (mais raro), foram autenticas maravilhas para alguns.

Mas não foi por isso que hoje, alguns dessa maioria que ficou impedida de acompanhar o fenómeno, e mesmo aqueles que só agora o fazem, desde que o wrestling regressou em força à TV nacional e à Internet (com esta maravilha que é o blogger, sites de alojamentos de vídeos, de torrets, etc.), que não tomaram conhecimento das mesmas, não sabem o que foram esses eras, e a sua espectacularidade.

Por isso, mas não só, o actual produto, até à poucas semanas, não tinha valor. Era difícil te-lo. O ponto de comparação era muito grande, e qualquer promo do Rock, mesmo num vídeo alojado no YouTube ou no DailyMotion, era e é, bem melhor que uma de Cena. Um PPV, visto igualmente de maneira igual, ou sacado de um qualquer local, era e é bem melhor, do que muitos daqueles com que hoje somos brindados. O produto actualmente já não apresenta a mesma qualidade, mas é difícil competir com a anterior. Os níveis, dificilmente voltarão a ser o que foram, até porque, mas não só, o efeito surpresa que caracterizou e muito as anteriores Eras, hoje é muito mais difícil manter e/ou ter. Existem momentos excepcionais, como por exemplo, o regresso de HBK após lesão, a seguir ao No Mercy. Mas na maioria dos casos, é difícil conseguir o que se conseguiu anteriormente. Os meios à disposição dos fãs não o permitem, a informação corre hoje a uma velocidade estonteante. Dando um exemplo algo ridículo, se Cena, que foi lisonjeiro para com a TNA, aplica-se um valente murro num qualquer detractor seu no meio da rua (nos US), passadas poucas horas (tanto tempo), já o saberíamos neste lado do Atlântico, e aposto que alguém, nem que fosse com um telemóvel, captava o momento para o colocar no YouTube.

Este fim do efeito surpresa, reflecte-se em tudo, especialmente nas audiências. A última RAW é exemplo do mesmo. Naturalmente que a WWE não pretendeu criar esse tal feito surpresa, senão não apresentavam as promos que antecederam a chegada do suposto salvador. Poderiam tentar esconder os dados, e de um momento para o outro, como fizeram com HBK, apresentariam Y2J e a casa ia abaixo (não é que não tenha ido). Mas talvez, sabendo que isso seria difícil, senão impossível, com tantas fugas de informação existentes, com o anuncio da Dixie Carter a afirmar que Jericho havia assinado com a WWE, com os jornalistas/especialistas/fãs a "apertarem "com o wrestler nas sucessivas aparições e entrevistas, os responsáveis optaram por outra estratégia. Em vez da surpresa, criaram a expectativa, apresentaram os dados todos de forma codificada, obrigando os fãs a pensarem. Depois a esperarem, a seguir desesperarem, e só mais tarde, a ligarem o televisor à hora que queriam/pretendiam, e então, "tomem lá o que estavam à espera à tanto tempo".

Mas é necessário ter cuidado com a subida. Os tempos, agora aparentam ser de ouro. Pelo menos essa é a opinião de muitos. Os canadianos (sempre o Canadá a brindar-nos com grandes wrestlers) regressaram em grande. Edge na Smackdown, e Jericho na RAW.

Edge, para muitos (myself) é hoje um dos elementos mais importantes da WWE. A sua subida ao fim de alguns (muitos) anos ao Main Event foi muito bem conseguída pela WWE, e talvez, tenha sido uma das melhores, senão a melhor coisa que a WWE fez nos últimos dois/três anos. O wrestler ocupou um posto e uma posição bastante importante, e tornou-se no Top Heel da empresa. Luta bem, fala ainda melhor e consegue como poucos, mexer com o público. Edge foi no RAW a verdadeira estrela irreverente, que mexeu e muito com o show. Foi pena a feud RKO/DX ter sido tão curta, porque poderiam ter saído (se o Sr. dos H deixa-se) dali coisas ainda mais interessante. O destino assim não o quis, e Edge mudou-se para a Smackdown, numa altura em que a brand azul se encontrava com falta de Main Events.

A sua entrada foi logo de arromba, com a conquista do cinto de campeão, repetindo a formula que o levou ao Main Event, mas quando pareciam que as coisas iam embalar, mais um revés, com a grave lesão.

Agora que se deu o seu regresso, em conjunto com o de Taker a algumas semanas, eis que temos o cenário montado para grandes tempos, pelo menos a nível de Main Event, no Smackdown. Revelando aqui uma conversa de msn (de a alguns meses, penso que ainda antes do verão) com o meu colega de administração, o Deadman, nós "apostámos" num Edge vs Taker na Wrestlemania. O Deadman, disse que esse era o seu desejo, e que o próprio Edge havia afirmado numa entrevista, que adorava esse combate e essa feud. E eis que agora, a menos de seis meses (parece tanto tempo, não parece) do grande show, as coisas começam a tomar forma, e pessoalmente, penso que após uma breve luta a três pelo cinto, entre Edge vs Taker vs Batista, os dois homens vão-se encontrar no grande palco (caso não haja lesões, etc.), e brindar-nos com uma feud fabulosa, cheia de "mind games", à boa maneira de Taker e de ... Edge (e de Mourinho). Mas coloca-se uma questão (por mim, segundo a minha teoria): Quem perseguirá o cinto de Campeão, pertencente a Batista, caso este não esteja a ser discutido entre Edge e Taker, o que sinceramente não acredito. Será o vencedor da Rumble do próximo ano?

Em relação a estes cenário, e ao futuro da brand azul, pela qualidade dos intervenientes, e pelo facto de todos já serem conhecidos do público, poderemos estar descansados. A coisa tem de tudo para correr bem, caso não haja azares de maior, tais como lesões.

Já na RAW, a o cenário poderá ser diferente. Antes de começar a ser insultado e brindado com tomates e ovos podres, não quero, nem pretendo colocar em causa a qualidade dos intervenientes, e muito menos, do Salvador.

Jericho regressou, momento do ano na WWE em geral e na RAW em particular (para muitos ainda é a lesão de Cena.) Como referi anteriormente, a empresa no caso Jericho, não quis, nem sequer tentou criar o efeito surpresa, mas sim, o efeito expectativa. É aqui que se coloca a grande questão. Será que não foi criada uma expectativa demasiado elevada, tanto pela empresa, como, e principalmente, pelos fãs?

A empresa, ao criar este clima, deverá ter o mesmo sob controlo e os planos bem definidos para o tentar cumprir. Porque além do objectivo audiências, que aparentemente não foi tão conseguído, a mensagem indicando a chegada de um "Salvador" é demasiado séria para ser apresentada de animo leve. Penso que responsáveis, não o iriam fazer só porque sim, com o risco de o tiro sair pela culatra. Jericho a vir para salvar a RAW, tem de ter planos muito grandes para o rumo da sua personagem no futuro da brand vermelha, e acredito que o wrestler/cantor não tenha assinado novo contrato apenas por dinheiro. Deve-lhe ter sido prometido o "Ouro", e é isso que provavelmente irá ter. Por isso, mais cedo ou mais tarde, acredito que Jericho será novamente campeão. Tal aparenta ser inevitável. Não se promete um salvador para encher o panorama, mas, nunca se sabe o que vai pela cabeça da "equipa criativa".

Se por um lado, a empresa tem planos traçados, e objectivos definidos, já a expectativa gerada junto dos fãs poderá ser "perigosa". Digo isto, porque desde que surgiram as promos Save_Us 222, já li um pouco de tudo pela net. Desde os fãs incondicionais de Jericho, que levaram e levam à risca o regresso do mesmo como o de um "Salvador", os que nunca o viram, ou apenas o viram através dos vídeos YouTube e DailyMotion, e que o acham fenomenal, e outros que nem tanto, até aqueles, que não foram poucos, que afirmaram que se está a fazer demasiado ruído por este regresso, não tendo Jericho qualidade nem nível para tal. O tema não é consensual, como todos, e está a mexer com a comunidade. Entretanto, mais recentemente, já depois do regresso, têm surgido textos igualmente nos dois sentidos. Apesar de serem poucos, alguns continuam a indicar que esperavam mais ou algo diferente, e que Jericho não trará nada de novo, e outros, a maioria, a saudarem o regresso, o wrestler, e por vezes, até o defendendo.

Mas em alguns casos, está-se a entrar por uma via algo errada, o extremar do elogio (durante anos têm-se assistido ao inverso, o extremar da crítica). Jericho é bom, muito bom mesmo, é uma verdade. Têm talento em ringue, ainda mais no micro, e assumirá nos próximos tempos uma posição de destaque, provavelmente, o lugar de maior cara da empresa. Por isso, as luzes da ribalta estarão, e estão, focadas em si, e muitos fãs, se não mesmo uma maioria, estão à espera de coisas verdadeiramente fenomenais. Esse é um grande fardo que a própria empresa se encarregou de colocar sobre os ombros de Jericho, e é com esse mesmo fardo, pelo menos para já, que ele terá de viver.

Hoje em dia, a WWE realiza centenas de shows anualmente, incluindo um show televisionado por semana, e em média, mais coisa menos coisa, um PPV por mês. Durante todos esses shows, não se espera que Jericho, o suposto Salvador esteja sempre ao melhor nível, ou então, a um nível correspondente a esse título. Nesse sentido, irão surgir promos menos conseguídas e maus combates. Os fãs devem estar preparados para isso, senão a desilusão será grande, e a ressaca de tanta expectativa, ainda maior. Naturalmente que quando a poeira assentar, os palpitantes corações que ainda se sentem acelerados após tanto êxtase, irão acalmar, e o nível de exigência baixar. Mas cuidado, senão poderá ocorrer algo idêntico aquilo que se vive agora em torno de Scolari e da selecção nacional, fazendo apenas uma pequena comparação. A qualificação foi conseguída, mas sem o brilhantismo esperado, o que desiludiu muitos portugueses, que não queriam apenas o objectivo primário. Queriam-no juntar ao espectáculo, golos, e boas exibições, ou seja, um verdadeiro repasto, o que não se sucedeu.

Quanto à ECW, que não merece ser ignorada, a brand que deveria ser a mais extrema da WWE, teve direito nesta semana a um reforço de peso, Shelton Benjamin. Como já foi por diversas vezes dito, e é reconhecido, Benjamin tem em termos técnicos capacidades para ser um grande nome. No entanto, o wrestler não consegue obter grandes reacções do público. Por mais que se esforce (talvez ainda não o tenha feito a 100%), o seu destino parece traçado. O Main Event, apesar da sua reconhecida qualidade está bem longe, e com o passar dos anos, ainda pior.

Mas agora, a sua carreira poderá tomar um novo rumo. A velha ECW, era conhecida não só pelos combates "Extreme", mas também, pelo wrestling técnico que alguns dos seus elementos apresentavam. Jericho, Eddie, Benoit, Storm, só para enumerar alguns, eram verdadeiros portentos, que deliciavam os fãs com as suas capacidades. Será difícil à actual ECW voltar a ter esse nível. São eras diferentes, e produtos totalmente diferentes. Neste caso em particular, talvez seja onde se notam mais as diferenças entre as Eras douradas, e a actual Era entretenimento. Nunca mais haverá o velho espírito. Isso é um ponto bem assente e à muito reconhecido pelos fãs.

No entanto, a ECW como brand mais pequena, seja em número de fãs, seja de duração, com uma hora de show, pode ser a casa certa para as características de Benjamim. Como referiu o Manjiimortal num dos comentários, a não reacção ao wrestler não ocorre só nas suas promos, mas também, e é aqui que se encontra o problema, dentro do ringue. Por isso, com um show mais pequeno, Benjamin, assim como todo o restante roster, tem menos tempo para promos (ainda por cima com alguns elementos da Smackdown pelo meio), podendo e devendo concentrar-se no ringue. O número de espectadores também é mais reduzido que o RAW, e acredito que se o nível do wrestling apresentado for alto, com grandes duelos com Punk (por exemplo), esses espectadores serão filtrados, ou seja, (vou entrar num ponto que não gosto muito) serão mais smarts que o público da RAW, muito mais alargado e abrangente.

Benjamin não têm ar de vedeta ou de "sexy boy", como Orton e Cena. Ele é um atleta que sabe o que faz, e fá-lo bem. É assim que tem e deve ser visto e analisado. Por isso, com um público mais "intimista", Benjamin pode subir e finalmente encontrar um espaço para enquadrar o seu talento.

Quanto à TNA, abordo a empresa de Orlando, de maneira mais ligeira, até porque, não acompanho com tanta atenção o seu produto. Mas apesar disso, não é difícil chegar à conclusão que a TNA tem um plantel fortíssimo, seja em nomes, seja em talento, que é muito e diversificado.

No entanto, as suas audiências não disparam, e passam a corresponder à qualidade que por vezes é apresentada dentro de ringue. Para que isso não aconteça, existem uma série de factores, que vão desde a falta de reconhecimento junto de massas, de tradição, etc. Mas o facto da passagem para duas horas ser tão recente também contribui. O programa no anterior formato, estava a tornar-se asfixiante para tantas estrelas. Todos queriam o seu tempo de antena, e a muitos isso era um direito pelos pelos contratos assumidos. Assim, por vezes a salsada era tanta, que o show se tornava confuso, e com combates muito curtos.

No entanto, com a passagem para duas horas, parecia que as soluções para estes problemas estavam encontradas. Haveria (e há), mais tempo para promos, para mais e melhores combates. Contudo, tudo é muito recente, e como Cage indicou numa entrevista, as pessoas, sejam elas wrestlers, sejam bookers, ainda se estão a adaptar a esta nova realidade. Enquanto isso não acontecer, o produto final não pode ser o melhor. Tal, irá demorar mais algum tempo, e só daqui a alguns shows, depois de se definirem melhor as hierarquias, e sanarem-se (se alguma vez isso acontecer) conflitos de backstage, o comboio pode avançar a todo o vapor, sem pedras na engrenagem.

Claro que a direcção criativa da TNA tem tomado algumas opções menos boas, ou mesmo, más. A importância dada a alguns wrestlers, especialmente, ex-WWE é demasiado grande. Fatu é o mais recente exemplo. A sua passagem por Orlando é para esquecer, e deve (ou deveria) ser encarada como um exemplo a não seguir. A ser atribuída essa atenção a elementos que não a mereciam, retira-se tempo de antena precioso a outros elementos. E é aqui que a TNA poderá estar a sofrer pelo forte balneário que tem, especialmente a nível de nomes. Alguns desses nomes são wrestlers já com carreira feita, sem muita ambição, e com reconhecido mau feito. Misturando isso a jovens estrelas com talento e ambição, com Joe à cabeça, o resultado final pode não ser o melhor.

Os mais velhos, ou consagrados querem, e provavelmente exigem estar no Main Event. A equipa criativa, vendo neles um fórmula facilitada para chegar ao sucesso, pela associação dos seus nomes ao da empresa, corresponde ás solicitações. No entanto, assim é retirado lugar a alguns elementos mais jovens e com ambição. O show apesar de ser de duas horas, parece ser ainda assim pequeno para tantos egos, e desse modo, continua a ser apresentado ainda uma grande salada, com muita gente no Main Event, com vários combates Tag Teag, de quatro, seis ou mais homens. Deste modo, os egos dos mais velho parecem controlados, e aos mais novos, não resta senão alguma resignação. A questão é, até quando?

Por isso, refiro, a TNA necessita, e acredito que em breve irá fazê-lo, de definir melhor as hierarquias, mas isso só é possível com um maior clima de paz no backstage.

Ok, criei um monstro. E eu que disse que isso não era bom!! Mas à dias em que apetece "desabafar"!
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