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Historically Speaking - Revisitando a Câmara (v2.0)

By Mark Allen

“A História frequentemente não se trata do que realmente aconteceu, mas do que ficou gravado como tal.” – Henry L. Stimson


O capítulo de Abertura

Em Março de 2007 eu entrei como cronista para este maravilhoso website que é o Pulse Wrestling, sendo-me dada a oportunidade de escrever esta “coluna” sobre a história do nosso pseudo-desporto favorito. O meu artigo, o que me valeu este trabalho no PW, era um recapitular das cinco anteriores Elimination Chambers da WWE.
Fazendo um forward desde essa altura até Fevereiro de 2008, e temos um par de combates deste tipo no horizonte, já que o pay-per-view deste mês terá reservada uma Chamber para as duas principais brands da WWE, RAW e Smackdown!. Os vencedores de cada um destes combates irão à Wrestlemania e desafiarão os respectivos campeões pelos títulos.
Assim sendo, e nos espírito destes últimos desenvolvimentos, esta semana irei incluír um re-post actualizado do meu artigo sobre a Chamber escrito há um ano atrás.

O Inicio

O primeiro destes históricos combates estava incluído no card do Survivor Series de 2002, que tomou lugar em Nova Iorque. Triple H entrou na estrutura para defender o seu título World Heavyweight contra os antigos campeões da WWE, Kane e Shawn Michaels, o primeiro campeão incontestável de sempre, Chris Jericho, o detentor de 5 reinados como campeão da WCW, Booker T, e o constante pretendente ao título, Rob Van Dam. Triple H já tinha derrotado Kane e RVD em pay-per-views anteriores, estando na altura envolvido numa longa rivalidade com HBK.
O combate correu bem, tendo em conta que foi a sua estreia. O combate acabou por recaír em Michaels e Trips, o que correspondeu ao panorama principal da RAW na altura. No fim, Michaels deitou o seu rival por terra com o seu Sweet Chin Music, ganhando o título, o seu primeiro título mundial em mais de quatro anos e meio.
Esta vitória levou à continuação da rivalidade entre ambos, incluíndo o combate “Three Stages of Hell” no Armageddon, onde Helmsley recuperou o título. Jericho e Booker continuaram a combater entre si nas divisões de tag team, até que Jericho entrou numa rivalidade com Michaels que levou a um combate fenomenal na Wrestlemania desse ano, enquanto Booker T iría desafia Triple H pelo título nessa mesma Wrestlemania. Kane e Rob tornaram-se parceiros de tag team pouco depois desse combate, acabando por se tornarem campeões mundiais de tag team. A dupla acabaria por separar-se após Kane ser derrotado num combate de título vs máscara por Triple H.

A ascensão de Goldberg

A segunda Elimination Chamber foi realizada no main event do SummerSlam de 2003 em Phoenix, Arizona. Muitos dos mesmos intervenientes da primeira repetiram a dose, Triple H estava de volta, defendendo novamente o título, assim como Jericho e Shawn Michaels que eram pretendentes constantes ao título. Os estreantes na câmara eram Kevin Nash, acabadinho de saír de uma rivalidade com Triple H e feudando na altura com Y2J, Goldberg que estava em rota de colisão com HHH, e finalmente Randy Orton, que tinha andado a atormentar Michaels antes da Chamber. Este foi o combate que marcou a passagem de Orton para main-eventer. De fora tinham ficado Van Dam e Kane, que protagonizavam uma amarga rivalidade na altura, e ainda Booker T que andava ocupado a defender o seu título Intercontinental.
Este combate poderar-se-á resumir à ascensão de Goldberg que parecia capaz de vencer tudo e todos ao eliminar Orton, HBK e Jericho sucessivamente. Na parte final HHH acabaria por usar a sua marreta para derrotar Goldberg, arruinando a grandiosa vitória final que o esperava.
De qualquer forma, isto levou ao embate entre Triple H e Goldberg na Unforgiven, onde Goldberg acabou por conquistar o título. Ele apenas o guardou para Hunter até Dezembro, quando The Game o conquistou de volta num combate triple-threat que também envolvia Kane. Michaels e Orton também se defrontaram no Unforgiven desse ano, saíndo Orton por cima com a vitória que o ajudou a solidificar o seu estatuto de heel de topo.

Direito pelo título desocupado

Pela altura do Elimination Chamber seguinte que ocorreu em Janeiro de 2005 no New Year`s Revolution, muito tinha mudado. Randy Orton tinha recentemente sido expulso dos Evolution por ter ganho o título World Heavyweight. Após isso acabaria por perdê-lo para Triple H em Setembro antes de o título ter sido vacacionado após um combate em Dezembro de 2004 entre Benoit, Edge e Triple H, que acabou em controvérsia. Este combate de câmara foi assim usado para resolver a organizar as coisas, determinando um novo campeão. Todos os main-eventers da altura (Orton, Benoit, Edge e Triple H) estava envolvidos, tal como o animal dos Evolution, Batista, e Chris Jericho, presença habitual neste tipo de combate. Foi aqui feita a introdução de Batista ao main event e ao panorama do título. Shawn Michaels, recuperado recentemente de uma lesão, foi colocado na câmara como árbitro convidado.
O combate serviu para a revelação de Batista, sendo que este eliminou Benoit e Jericho, ficando na final a três entre ele, Triple H e Orton, os dois favoritos para vencer o combate. HHH acabou por obter a sua segunda vitória consecutiva numa Elimination Chamber após ter arrumado com Orton, mas as sementes para o que seria a feud entre Batista e Triple H haviam sido plantadas.
Tudo isto levou há vitória em um-para-um de Triple H sobre Orton que finalmente ocorreu na Royal Rumble, acabando com a pequena experiência “Orton como face”. A vitória na Rumble também foi um marco para Batista, que garantiu a presença no main event da Wrestlemania ao eliminar John Cena no final. A construção do cenário para o combate pelo título na Wrestlemania foi uma autêntica lição de como realizar uma face turn gradualmente, em oposição ao que acontecera com a mudança desorganizada de Orton. Quanto aos outros três, Edge continuou a desenvolver-se como um heel obcecado com o título, defrontando eventualmente Jericho e Benoit novamente no combate inaugural do Money in the Bank na Wrestlemania, um combate em que este saiu vitorioso, levando-o à hipótese de ter um combate pelo título em qualquer altura que ele desejasse durante um ano, o que acabou por levar-nos ao...

Money in the Bank

A câmara voltou ao New Year`s Revolution no mês de Janeiro seguinte. Nesta fase, John Cena tinha-se elevado, sendo campeão da WWE desde a Wrestlemania. A sua principal ameaça nos últimos meses tinha sido Kurt Angle, e esta parecia ser a sua última oportunidade pelo ouro. Também se incluíam neste combate os veteranos repetentes Kane e Shawn Michaels, e os novatos no panorama do main event, Carlito e Chris Masters. Isto era um teste para ver se Carlito e Master se aguentariam no main event e se conseguiriam esconder as suas fraquezas, devido à natureza do combate. Ao inserir Carlito e Masters no main event, fez com que algumas estrelas fossem destribuídas pelo card, sendo que o undercard nos apresentava Ric Flair defendendo o seu título Intercontinental contra Edge e o embate entre Triple H e Big Show.
O combate em si teve um booking interessante, já que Kurt Angle, o principal adversário de Cena até ao momento, foi o primeiro a ser eliminado. Foi depois tempo de Carlito e Masters brilharem ao aliarem as suas forças, proporcionando a Carlito o pin sobre Michaels e a Kane. Cena foi deixado sozinho com os dois novatos, mas conseguiu efectuar um roll-up a Carlito rapidamente após este ter traído Masters e o ter posto de fora do combate.
A parte mais interessante das história surgiu depois do combate. Enquanto Cena estava deitado no ringue, exausto após a sua vitória, Edge emergiu dos bastiadores e afirmou que iría cobrar o seu direito a um combate pelo título naquele momento. Apenas levou alguns momentos para que Edge se aproveita-se da exaustão do campeão, conquistando assim o seu primeiro título da WWE. Cena e Edge continuariam a rivalizar pelo título durante uma larga parte de 2006, com Cena finalmente a sair por cima após um combate TLC no Unforgiven em Setembro. Quanto aos outros, Carlito e Masters continuaram a actuar no mid-card, tentando melhorar e conquistar o seu espaço. Angle foi mudado para a Smackdown! e pouco depois recambiado para a renascida ECW, antes de finalmente ir parar à TNA, fazendo dele o primeiro homem a lutar nos quatro maiores shows de wrestling em apenas um ano. Kane continuou o seu papel, sendo um lutador do upper-mid card que pode ser um pretendente credível ao título se for necessário. HBK seguiu o seu trabalho no main event, o que levou a uma extensa rivalidade com os McMahons e à reunião dos DX.

É Extremo!

Quando parecia que a câmara tinha encontrado a sua casa permanente no New Year`s Revolution, surgiu a ideia de a usar como um grande apelativo no primeiro pay-per-view exclusivo da ECW, December to Dismember. Apenas esta câmara seria “EXTREMA” como diria Paul Heyman. Extrema no sentido de quatro armas serem colocadas na câmara ao dispôr dos participantes. Em vez de estarem armas penduradas na jaula, um grupo de mesas e rolos de arame farpado pela câmara, estavam sim um mesa, um taco de baseball envolvido em arame farpado, uma barra de madeira e uma cadeira. Não eram nem de perto os elementos extremos que os fãs procuravam ver. Na teoria o combate parecia ter consistência. Este seria o culminar da perseguição feita por RVD ao campeão da ECW, Big Show, para recuperar o título. Também incluídos neste combate estaria o parceiro no crime de Big Show, Test, o “ECW original”, Sabu ( interpretando o papel de Chris Jericho, não tendo hipóteses de ganhar mas sendo suficientemente credível para o combate) e a jovem promessa da ECW, CM Punk. O sexto lugar foi posto à disposição por Heyman a qualquer homem das três marcas, sendo previsto que entrasse Hardcore Holly até que Bobby Lashley da Smackdown! aparecesse para arruinar esses planos, ocupando ele o lugar.
Na entrada para este combate havia o concenso que Show perderia o cinto, ficando apenas na dúvida para quem seria. Van Dam parecia a escolha mais óbvia, mas o medo que ele deitasse tudo a perder tal como tinha feito no seu reinado anterior diminuíam as suas hipóteses. Bobby Lashley parecia ser a melhor escolha por parte da gestão da empresa, enquanto os smarks e os fãs ansiavam por uma vitória de Punk, apesar do seu estatuto ainda ser relativamente baixo na altura.

Por fim o booking para o combate foi bastante estranho, deixando a maioria dos fãs insatisfeita com os resultados. Sabu foi retirado do combate antes que este sequer começasse num ângulo da treta em que ele se lesionava, ocupando Holly o seu lugar. RVD e Punk, de longe os melhores trabalhadores no combate e com o melhor desempenho foram os dois primeiros a serem eliminados. Test arrumou com Hardcore Holly, deixando um espaço morto no combate enquanto este esperava pela entrada de Lashley. Lashley despachou verdadeiramente Test, deixando outro espaço vazio no combate enquanto Big Show não entrava. Bobby rapidamente derrotou Show, tornando-se no novo líder da “Tribe of Extreme”.
Todo o pay-per-view foi criticado pela maioria dos fãs e considerado um dos piores PPVs de sempre, com um criminosamente curto combate na câmara e com um undercard subdesenvolvido. Depois desse show, Lashleu tornou-se o novo projecto de estimação de McMahon, ele tinha o fogete atado ao seu traseiro que o enviou directamente para a estratosfera do main event. O título da ECW tornou-se um troféu para Lashley até que trocou o título com Vince na Primavera de 2007. Quanto ao resto do roster que esteve no combate, Big Show fez uma pausa merecida, sendo falado o seu regresso à WWE num destes dias. Test viu-se outra vez sem emprego algum tempo depois, tomando um café com a TNA antes de lhe ser novamente mostrada a porta de saída. Aparentemente ele retirou-se do wrestling. Punk tornou-se na nova cara da ECW, continuando a ser o babyface de topo da companhia nos dias de hoje. Holly afastou-se devido a outra lesão, sendo neste momento um dos campeões da tag team na RAW. Van Dam ficou satisfeito por ver o seu contrato expirar neste Verão, gozando o seu tempo longe da ribalta. Sabu foi convidado a saír pouco após ter tido a sua participação na Wrestlemania.

Câmaras Duplas

Mais de um ano após a abismal Elimination Chamber “Extrema”, as estrutura está de volta para uma dupla oportunidade no No Way Out. Pela primeira vez, haverão dois combates deste tipo na mesma noite. Apesar de se puder achar um exagero, o facto de a companhia a usar tão separadamente no passado não retira aquele sentimento especial e aquele apelo que nos surge.
Tradicionalmente o vencedor da Royal Rumble usa a sua vitória para assegurar o seu lugar no main event da Wrestlemania, mas o vencedor da Rumble de 2008, John Cena, antecipou o seu direito e vai cobrar o seu combate pelo título já no No Way Out. Cena acabou de saír de uma lesão e quer a vingança frente ao seu velho adversário Randy Orton, o actual campeão da WWE. Como resultado disso, tanto a RAW como a Smackdown! terão uma Elimination Chamber para determinar os respectivos pretendentes aos títulos para o grande evento no fim de Março.
Os participantes na câmara da RAW são um verdadeiro quem é quem dos currentes wrestlers da WWE. Umaga, com uma gimmick arcaica de selvagem, tornou-se num dos heels mais credíveis durante este último ano e meio. Jeff Hardy, uma presença constante na WWE na última década, tornando-se parte do main event nos meses mais recentes após outros falhanços passados. Pode verdadeiramente tornar-se o campeão da WWE em devido tempo. John Bradshaw Layfield é um antigo campeão da WWE, e regressou recentemente de uma lesão de ano e meio. E os outros três participantes são tudo menos estranhos para com o panorama do main event ou com a câmara em si.
Na SD! os participantes constituem uma mistura muito mais eclética. Os concorrentes incluem antigos campeões mundias como Batista e Undertaker. Eles têm lutado entre si constatemente pelo título durante o último ano, continuando aqui a sua rivalidade. Finlay é o wrestler veterano que apenas regressou ao activo no início de 2006, tornando-se numa figura de destaque na marca azul, sempre capaz de proporcionar bons combates e de manter as coisas a funcionar da forma como devem num combate. Montel Vontavious Porter entrou em cena no fim de 2006, melhorando rapidamente as suas qualidades neste último ano. A Elimination Chamber será uma espécie de boas vindas a MVP ao panorama do main event, muito como foi com Orton, Batista e Carlito no passado. Este será um bom barómetro para ver como MVP se aguenta no topo do card. Os outros dois participantes são dois gigantes na plena ascensão da palavra, o indiano Khali, antigo campeão World Heavyweight por direito próprio, e o “monstro” Big Daddy V. Big Daddy V, antigo Viscera, tem trabalhado de uma forma algo constante pela WWE desde 1993 e já teve uma grande variedade de nomes e gimmicks. Esta parece ser a altura de maior sucesso para o Big V desde o seu tempo como King Mabel em 1995.

A perspectiva

A Elimination Chamber beneficia pelo facto de não ter sido demasiado usada até ao momento, ao contrário de outros combates de gimmick da WWE como combates de escada ou o Hell in a Cell. A câmara carrega em si credibilidade suficiente para teoréticamente vender pay-per-views por si só. Penso que será assim que eles conseguirão escapar, mesmo colocando Viscera numa delas.
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