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As Crónicas de Lance Storm IV

Sejam bem vindos a mais uma crónica do Lance Storm onde desta vez aborda o tema da reforma do Ric Flair, onde nos conta como o conheceu e como trabalhou com ele. Sinceramente este Lance Storm é um belo contador de histórias dá para ter uma ligeira sensação e imaginar do modo como as coisas funcionam no "backstage", gosto bastante de traduzir e ler as suas crónicas/histórias, espero que vocês também. Comentem e critiquem. Até para a semana.


Ric Flair


24 De Março de 2008







Este será provavelmente o último artigo que escrevo, durante a carreira activa do Ric Flair. Se as coisas correrem como todos esperamos, o Ric Flair terá o seu último combate domingo próximo na Wrestlemania XXIV. Ainda não tinha pensado muito sobre isto até ouvir o Dave Meltzer no programa “Bryan Alvaraez’s Figure 4 Daily”, mas depois deste domingo o Ric Flair não estará incluído, no negócio do wrestling, como lutador activo. Tem havido muitos nomes grandes do wrestling que se têm retirado mas nenhum deles o fez de uma forma tão monumental como o Ric.

O Ric Flair luta desde 1972, o que significa que está no activo há mais de 35 anos e isso é incrível. Eu tinha 3 anos quando o Ric começou a sua carreira de wrestler e tinha apenas 8 quando ganhou o seu primeiro título importante (NWA United States Championship a 29 de Julho de 1977). A 17 de Setembro de 1981, o Ric Flair tornou-se NWA World HeavyWeight Champion e desde esse momento que tem estado no topo do mundo do wrestling. O Ric Flair faz parte deste negócio há mais de 35 anos e é umas das suas principais figuras há mais de 30. Se houvesse uma votação para eleger qual foi o melhor performer de todos os tempos, eu aposto que o seu nome se sobressairia mais do que qualquer outro. No que diz respeito ao pró-wrestling o Ric Flair é o “The Man” e se todos os rumores forem verdadeiros, depois deste domingo, o mundo wrestling não terá o Ric Flair como performer.

Por um lado domingo será um dia muito triste, mas por outro será um dia de celebração. Sábado à noite o Ric Flair será induzido para o Corredor da Fama da WWE, uma indução merecida mais do que qualquer outra e no domingo ele e o Shawn Michaels terão um dos combates mais emocionantes e calorosos da história do wrestling. Com uma carreira recheada de sucessos é difícil imaginar um fim ideal, mas o fim-de-semana da Wrestlemania servirá exactamente para isso. Certamente correrão muitas lágrimas na sala das induções para o Corredor da Fama e não tenho dúvidas que domingo à noite, no maior palco de todos, o Ric Flair receberá a ovação de uma vida, demonstrando-lhe o respeito que merece.

Eu realmente vou encomendar a Wrestlemania este ano com o único propósito de ver o último combate do Ric Flair. Ele para mim é wrestling. Eu nunca conheci um negócio de wrestling que não incluísse o “Nature Boy”, e agora que penso nisso, não conseguiria imaginar o wrestling sem ele. Quando me tornei um fã de wrestling (1983-1984) o Ric Flair combatia com o Harley Race pelo NWA World HeavyWeight Title. 7 anos depois, quando entrei para o negócio do wrestling (Outubro de 1990) ele combatia novamente pelo título de campeão, desta vez contra o Sting. Entretanto tive uma carreira de 17 anos bem sucedida e à medida que eu vou escrevendo isto sentado em casa, como lutador reformado, o Ric Flair está só agora a terminar a sua excelente carreira com pró-wrestler. Ele é o “Homem de Ferro” desta indústria.

Eu tive a felicidade, na minha carreira, de ter conhecido o “Nature Boy” e só tenho a dizer grandes coisas sobre o homem. Conheci-o na WCW e ele é uma das pessoas mais graciosas e apreciadas que alguma vez conheci. Tive a honra e o privilégio de trabalhar com Ric Flair durante a minha carreira e pensei que seria fixe em partilhar uma das minhas experiência com o Ric Flair.

Como já mencionei eu conheci o Ric na WCW e os nossos caminhos voltaram a cruzar-se em 2001 quando ele voltou para a WWF logo após a WCW ter sido comprada. Eu e o Flair sempre tivemos uma espécie de ligação, penso que, parcialmente, devido a ter trabalhado no ringue de uma forma justa com o David Flair e o Ric apreciou a minha ajuda para com o filho. Este foi o ano em que em que os “bookings” construíram a “feud” Ric Flair Vs The Undertaker para a Wrestlemania 18 em Toronto. O Flair estava naquela altura da sua carreira, inactivo e penso que era do sentimento geral, a necessidade de se colocar novamente na sua melhor forma para a Wrestlemania e foi então que me perguntou se eu me importaria de trabalhar com ele no ringue ajudando-o a pôr-se em forma. Disse-me que precisava de alguém que fosse seguro e que cuidasse dele e pensou que eu seria provavelmente a melhor escolha.

Isto foi o melhor elogio da minha carreira e sem dúvida a pergunta mais estúpida que alguma vez me perguntaram. Se eu me importaria de trabalhar no ringue com o Ric Flair?! Isso é como perguntar a um fã de basket se gostaria de atirar umas bolas com o Michael Jordan ou perguntar ao Papa se ele gostaria de ir à igreja ao domingo. Não só como não me importei, como não pensei em outra coisa que quisesse fazer mais do que isto.

Então nas semanas que antecederam a Wrestlemania o Ric Flair e eu íamos para o local mais cedo, apertávamos as nossas botas e íamos para o ringue. A maior parte do tempo o Ric somente observou a melhor forma para tirar a ferrugem e de levar umas pancadas. Eu fiz-lhe uns “suplexes” e “backdrops” e fiz o meu melhor para cuidar dele enquanto, ao mesmo tempo, lhe dava umas valentes pancadas. Se isso não foi suficientemente grandioso, e acreditem em mim que se houve alguma altura da minha vida em que fui “mark” essa era a altura, o Ric perguntou-me se quando chegássemos a Toronto, estava disposto a combater com ele um par de vezes.

O Ric explicou-me que o ringue no Sky Dome deveria estar montado, toda a semana, enquanto estivéssemos lá, e se conseguisse arranjar acesso, perguntou-me se estava disposto a ir lá e ter uns combates com ele antes da Wrestlemania (outra pergunta absurda que nunca deveria ter sido feita). E aproveitei a oportunidade e concordei plenamente. Eu acho que nunca estive tão empolgado na minha vida. Mas que grande experiência e que história espectacular que isto iria ser. Eu iria realizar um ou dois combates, a sós, com o Ric Flair no vazio Sky Dome um dia ou dois antes da Wrestlemania.

Isto, infelizmente, é onde a história acaba, e é provavelmente o maior desgosto da minha carreira, se desgosto for a palavra correcta, é certamente a maior desilusão da minha carreira. O ringue não foi montado mais cedo, e nós nunca tivemos o nosso combate. Estávamos completamente ocupados com o “Fan Access” e não conseguimos arranjar um tempo para combater. Iria ser o maior combate (certamente o mais engraçado) da minha carreira e com uma certa ironia iria ser também o combate que ninguém veria. Iria ser somente eu e o “Nature Boy”. Eu sinto uma grande desilusão quando penso nisso. Pode parecer estúpido, mas eu continuo a imaginar na minha cabeça como um sonho. Teria sido tão fixe, eu e o Ric Flair no meio do ringue num Sky Dome vazio.

Mesmo sem o nosso combate de treino, o Ric teve um combate espectacular com o Undertaker na Wrestlemania. Eu acabei por ter o meu combate com o Ric Flair. Uns anos mais tarde, num evento ao vivo em Pittsburgh, eu e o Christian defendemos os World Tag Team Titles contra, todas as probabilidades, o Ric Flair e o Undertaker.

Parabéns Ric na provavelmente melhor carreira de todos os tempos. Reformado ou não sempre será o “THE MAN”!!! Foi um privilégio ser teu colega, uma honra ser teu amigo, e como milhões de outros, um prazer ser teu fã

Tudo de melhor meu amigo,
Lance Storm
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