As Crónicas de Lance Storm X
Boas noites!!!Sejam bem vindos a décima edição (marco histórico) das crónicas do nosso caro amigo Lance Storm. Esta semana apresento uma crónica que o Lance escreveu o ano passado (a crónica que ele publicou recentemente não era muito interessante e resolvi recorrer ao seu arquivo) e vem no seguimento das que venho publicando, sobre as diversas companhias por onde ele passou. Desta vez o nosso amigo faz um breve apanhado sobre a sua passagem pela WCW, mais uma crónica de fácil leitura e vem dentro do que tenho apresentado. Desfrutem. Até para a semana.
WCW
Vou para as “Principais Ligas” nas crónicas às Promoções, o que me coloca num lugar um pouco estranho. Enquanto trabalhei para a WCW, quase 1 ano, não tinha a mínima ideia a quem tratar por promotor. As pessoas associam sempre o Ted Turner à WCW mas pouco teve a ver com a companhia, na altura, e na verdade não tive interacção com ele e duvido que me escolheria para um “plantel ideal” se lhe perguntassem. Fui contratado durante o regime Russo-Bischoff e conheci ambos quando estava a negociar o meu contrato com a WCW.
Penso que na altura o Russo trabalhava mais na parte criativa e foi com o Eric que negociei o meu contrato e considerei-o o meu chefe a maior parte do tempo em que estive lá. Disse a maior parte porque houve alturas, enquanto lá trabalhei, em que penso que o Eric já não estava no comando, mas como disse anteriormente, na generalidade era difícil dizer quem estava à frente da WCW no meu tempo.
Na verdade até tivemos um debate, durante uma tournée internacional, sobre quem estava de facto no comando da WCW. Penso que eu e o Kevin Nash finalmente decidimos que era a Diana Myers (Chefe do Departamento Jurídico) que estava na realidade à frente da WCW, porque quando existia um conflito entre os escritórios e o plantel, ela era a única a ser chamada. Ela “puxava” do contracto da pessoa em causa e tomava as decisões caso houvesse motivo para tal. Deduzimos que esse tipo de acções fez dela a chefe. Era um local de trabalho muito estranho.
Pelo bem desta crónica vou considerar que o Eric Bischoff foi o meu patrão durante os tempos que estive na WCW, já que me contratou e a maior parte dos negócios tratei com ele. Ao contrário da experiência de muita gente (particularmente pessoas do meu estatuto e com o mesmo lugar no “card”) não tenho nada a não ser boas experiências quando lidei com o Eric. Ele era muito frontal e de fácil lidação quando negociámos o meu contrato e pareceu ter sempre um sorriso genuíno na cara quando cruzávamos caminhos no trabalho. Inicialmente, após me ter contratado, não tinha muitos negócios a tratar com ele, por isso não posso dizer mais sobre ele a não ser que sempre foi uma pessoa simpática e acessível.
Na parte criativa lidei com o Vince Russo ou com o Ed Ferrara. Nunca estive cara-a-cara com o Russo nem sequer me preocupo muito com o homem, baseando-me no pouco que conheço da sua pessoa. Contudo, o Ed era muito mais simpático de se lidar, apesar de não ter estado muitas vezes, cara-a-cara, com ele. Graças a Deus o Johnny Ace foi o meu agente durante a maior do tempo que estive na WCW e demo-nos sempre bem, por isso recorri sempre que possível à sua pessoa nos assuntos que tinha com o escritórios e com a parte criativa.
Por muito longe que a Promoção fosse actuar, adorei os tempos que passei na WCW. Tinha um calendário muito acessível, o escritório marcava todas as minhas viagens, e ganhava extremamente bem. Figurava em quase todos os PPV’s e trabalhava a maior parte do tempo com pessoas excelentes. Combati muitas vezes com tipos como o Kidman e o Rey Mysterio, ocasionalmente trabalhava com as estrelas de topo como o Sting e o Booker T. Aprendi muito, também, com os agentes como são os casos do Dave Finlay, Johnny Ace e do Arn Anderson. A WCW foi uma experiência maravilhosa e ficaria feliz em acabar lá a minha carreira caso a companhia continuasse.
Agora a parte engraçada, a WCW devia-me dinheiro quando abandonei a companhia? Vocês pensarão que sendo a WCW uma grande companhia e com reputação de serem uma mina de ouro, de que não tive qualquer problema de dinheiro com eles. Afinal de tudo estava amarrado a um contrato perfeitamente legal para uma companhia cheia de dinheiro. Bem… adivinhem lá… penso que a WCW devia-me, ou deve-me, dinheiro. Não era relativo ao ordenado, recebia o meu cheque de 2 em 2 semanas, como um relógio suíço, e os bónus eram pagos na totalidade. Onde, possivelmente, houve problemas com o dinheiro foi com os direitos de imagem.
No meu contrato estava estipulado que tinha direito a uma percentagem sobre venda de “merchandise” em que figurasse. Só estive na WCW 11 meses por isso não devo ter vendido muito “merchandise”, mas vendi algum. Penso que eles produziram 12 dúzias da T-shirt Lance Storm, a qual esgotou na primeira hora em que foram colocadas à venda (no PPV NBR em Vancouver) e nunca mais a fabricaram. Figurei também (pelo menos foi o que me disseram) num videojogo da WCW. Colocaram o Back Stage Assault à venda em 2000 e disseram-me que era um personagem escondido no jogo. Nunca cheguei a receber os direitos de imagem desse jogo, e se de facto figurava nele, ou em outro jogo da WCW, tecnicamente a WCW deve-me dinheiro relativo a direitos de imagem.
Isto não me afecta de forma alguma. Imagino que o que tinha direito não devia ser grande coisa, e foi por isso que nunca me importei muito com esse facto. Sei que alguns dos lutadores de topo avançaram com processos em tribunal, após o fim da WCW, por causa dos direitos de imagem, mas pela pequena parte a que tinha direito, certamente sair-me-ia mais caro os custos com o processo do que o que tinha direito. Assim sendo, posso incluir a WCW na longa lista de Promotoras onde trabalhei e que me devem algum dinheiro.
Lance Storm