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As Crónicas de Lance Storm XIII

Boas Tardes!!!Após a semana passada o Lance Storm ter-nos brindado com uma excelente crónica sobre o Draft WWE e diga-se de passagem que acertou em cheio na mudança do HHH para a Smackdown, esta semana vi-me um pouco no deserto porque o nosso amigo não tinha assim nada de especial e por isso resolvi recorrer ao seu arquivo e tirar esta relíquia, mais uma crónica sobre mais uma companhia por onde passou (passou por muitas mais, um verdadeiro "globetrotter") e pela forma que escreveu sobre esta dá-me a sensação de foi uma das que mais o marcaram e onde foi mais feliz. Se quiserem saber mais já sabem é só ler e deixar comentário. Até para a semana, quem sabe antes.


WAR: Genichiro Tenryu

É altura de dar uma olhadela à parte da carreira que passei no Japão e o tempo que trabalhei na WAR para o Genichiro Tenryu. Trabalhei na WAR de Novembro de 1995 a Janeiro de 1998 o que dá um total de 24 digressões que fiz pelo país nesse tempo. Arranjei este trabalho na WAR através do Chris Jericho que trabalhou lá durante um ano e disse coisas boas sobre a minha pessoa (um dos muitos trabalhos que arranjei em que o Jericho teve a sua contribuição).

A minha primeira digressão foi em Novembro de 1995 como substituto do lesionado Onhara e depois disso “convocaram-me” para quase todas as digressões. Na altura o Ultimo Dragon era a estrela de topo “Junior Heavyweight” da WAR e devo muito do meu sucesso na WAR ao facto de o Dragon ter gostado de trabalhar comigo. Naquela altura da sua carreira, ele trabalhava que nem um maluco e acredito que se sentisse um pouco desgastado. Trabalhava quase a tempo inteiro no México e ainda fazia todas as digressões da WAR no Japão. No México tinha um horário muito preenchido e no Japão o estilo era muito intenso e penso que ele estava a desgastar-se com isso, por isso apreciou o facto de eu ter uma maneira fácil de trabalhar e de ter sido extremamente brando de acordo com as regras japonesas.

Havia na WAR uma data de tipos talentosos, por isso aprendi muita coisa durante o tempo que lá estive. Os meus favoritos, para trabalhar, eram o Chris Jericho (os fãs lembram-se da equipa que formava-mos e tinha-mos sempre um “heat” extra cada vez que nos defrontava-mos), o Jado e o Gedo (ambos maravilhosos trabalhadores) e como é óbvio o Dragon, com quem nunca se tinha um mau combate. Também tive muitas oportunidades únicas de combater com outros lutadores da WAR. Tive combates com o AbdullahThe Butcher”, combati com o original “Tiger Mask” o “Satoru Sayama”, trabalhei “shows” em conjunto com a New Japan Pró-Wrestling e defrontei tipos como o Jushin Thunder Liger. Foi um dos melhores tempos da minha carreira.

A minha primeira filha nasceu enquanto estava em digressão com a WAR e o Tenryu foi a primeira pessoa a felicitar-me pelo seu nascimento. O parto da minha mulher estava previsto para ser entre as digressões, mas devido a uma hipertensão foi necessário antecipar o seu nascimento. Telefonava todas as manhãs antes de entrar no autocarro da WAR, para saber se já era pai e todos os dias a primeira pessoa que via a subir as escadas para o autocarro era o Tenryu que perguntava-me sempre: “Hoje bebé nascer?” e em que respondia: “Ainda não!”. Na manhã em que finalmente recebi a notícia do seu nascimento, subi para o autocarro para lhe dar a nova: “O bebé já nasceu, é uma menina!”. O Tenryu foi a primeira pessoa a apertar-me a mão e a felicitar-me, e quando tirou a mão do bolso e ofereceu-me 1.000 dólares em dinheiro como sendo um bónus nem queria acreditar. Não era um homem rico naquela altura da minha carreira e nunca esquecerei a sua generosidade. Se isso não fosse o suficiente no ano seguinte, um pouco antes do primeiro aniversário da minha filha, o Tenryu pediu ao Uno (o árbitro) para me levar a comprar um presente para a minha filha com o dinheiro da companhia. Nunca fui tão bem tratado por nenhuma outra companhia onde trabalhei.

Agora, como é óbvio, vem a parte engraçada destas crónicas, o dinheiro. Será que a WAR ou o Genichiro Tenryu devem-me dinheiro? É CLARO QUE NÃO! Fui pago até ao último cêntimo e o Tenryu nunca me prometeu bónus, mas ainda cheguei-o a receber em algumas ocasiões. No Japão um homem é “medido” pela sua honra e o Tenryu é um grande, grande homem! Numa escala de 1 a 10, dou ao Tenryu um 11 e não consigo agradecer o suficiente por dois dos grandes anos da minha carreira.


Lance Storm
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