As Crónicas de Lance Storm XV
WTF
1 de Setembro de 2008

Penso que nunca vi um tão fraco, ou uma enorme carência de “booking” em toda a minha vida. Só existem 2 combates dos próximos PPV’s que me chamam a atenção, em toda a TNA e os 3 programas da WWE. Esses combates são o Chris Jericho Vs Shawn Michaels e o Angelina Love Vs Taylor Wilde.
A “feud” entre o Michaels e o Jericho tem sido espectacular e o combate das Knockouts interessa-me, primeiramente, porque sou um grande fã da Angelina Love. Fui parte importante quando a WWE a contratou e fiquei bastante desapontado quando foi dispensada sem sequer lhe terem dado uma oportunidade. Quando assinou pela TNA fiquei muito contente por ela e estou deslumbrado pelo seu sucesso actual na TNA. Infelizmente o meu interesse no produto da WWE e da TNA quase que acaba aqui, principalmente quando olho para o “Main Event”.

Deixem-me começar pela WWE, porque as criticas que tenho a fazer sobre o seu produto actual são aquelas que tenho feito à TNA há anos. O cenário actual sobre os Títulos Mundiais é terrível. Vamos a caminho do Unforgiven e os 3 títulos mundiais vão ser disputados num conceito de combate que me faz lembrar algo usado pela TNA.
Comparo o conceito do “Scramble Match” da WWE com o “King of the Mountain Match” da TNA. Acima de tudo é um combate complexo que requer um ecrã ou um tipo de grafismo que explique as regras e por norma é um combate que nem por sombras determina quem é o mais forte e recompensa essa pessoa com um título. Tenho vindo a criticar a TNA há anos por usar uma fórmula que não tem vingado em PPV e agora por alguma razão a WWE vem copiá-la.
Se o conceito deste combate não é mau demais, o “booking” actual não dá qualquer tipo de credibilidade aos participantes e ao próprio combate. Somente abordarei a RAW e a Smackdown já que não tenho acompanhado a ECW e para ser honesto a RAW e a SD são aqueles que têm maior peso no PPV. No SummerSlam (considerado o 2º maior PPV do ano) ambos os combates pelos “World Titles” trabalharam no “Undercard”. Houve 2 combates de “Main Event” no PPV e nenhum deles foi pelos World Titles. É um mau presságio para a credibilidade dos títulos.
No combate “Scramble” da RAW, o Punk enfrenta Kane, Rey Mysterio, JBL e o Batista. Destes 4 lutadores o Dave Batista é o único pretendente que merece a hipótese de combater pelo título. O “Big Dave” derrotou de forma limpa o John Cena num dos “Main Event” do SummerSlam e definitivamente merece a oportunidade pelo título. O JBL perdeu 2 ou 3 vezes contra o campeão CM Punk durante os últimos tempos, o Kane, que eu saiba, não ganhou um único combate significativo desde que chegou ao RAW via “Draft” e o Rey Mysterio tem estado inactivo por aproximadamente 6 meses e tirando uma mísera vitória sobre o Santino Marella, ele nunca chegou a combater no RAW. Sei que o Rey foi um substituto de última hora e talvez a melhor escolha para substituir o lesionado John Cena mas até o próprio John teria ido para este combate pelo World Title após ter perdido de forma limpa nos últimos PPV’s.
O “Scramble” da Smackdown encontra-se ainda em pior estado. O campeão HHH defrontará Shelton Benjamin, Jeff Hardy, The Brian Kendrick e MVP. Enquanto no caso anterior um dos rapazes merecia uma oportunidade pelo título, neste caso todos eles ou enganaram, ou obtiveram ajuda para se qualificarem para o “Scramble Match”. O Shelton derrotou o Finlay, com uma ajuda do Mike Knox que distraiu o Finlay, o MVP ganhou de forma pouco convincente ao Festus através de “count out”, o Jeff Hardy derrotou o Great Khali depois do HHH acertar-lhe com uma cadeira e o Brian Kendrick fez batota para vencer o Battle Royal. A juntar à vitória pouco convincente na Battle Royal, o facto de estrelas de topo da SD como o Funaki, o Super Crazy, o Ryan Braddock e o Scotty Goldman terem participado nela. É caso para dizer, “Mas que mer… é esta?”.

Passemos, agora, uma olhadela sobre a TNA, onde me vou focar num ângulo em particular. O grande ângulo do Impact durante o tempo que estive fora foi o bastão preto do Sting. O bastão preto do Sting foi continuadamente usado pelos “heels” para pôr os “faces” KO e toda a gente assumiu que tinha de ser o Sting a fornecer o bastão. Ninguém considerou o facto de que outras pessoas para além do Sting pudessem usar um bastão preto, era um dado praticamente adquirido de que o Sting estava por detrás deste esquema vil e que de certeza se teria tornado “heel”.
Tinha um pouco de fé de que não fosse o Sting a fazer isto, mas esta semana no Impact este fez um grande discurso e admitiu que de facto era ele quem estava por detrás destas acções e depois explicou o porquê de o ter feito e enumerou algumas coisas desrespeitáveis que o AJ Styles e o Samoa Joe lhe fizeram, o que motivou o seu “heel turn”. Tudo isto corria muito bem excepto um monstruoso buraco nesta conspiração. Todas as acções que o Sting enumerou ocorreram após o primeiro ataque com o bastão preto. Talvez o Sting tem vindo a estudar com o “Professor Bamba” durante o seu tempo livre, porque preventivamente tornou-se “heel” em resposta a eventos que ainda não tinham ocorrido. Boa maneira de começar Stinger, ou então, boa jogada Russo!
A somar aos novos poderes psíquicos do Sting, o embate entre ele e o AJ Styles que fechou o Impact desta semana, teve fãs a apoiar o novo “heel” Sting e a vaiar o “baby face” AJ Styles. A equipa criativa da TNA realizou um ângulo ilógico que produziu a reacção completamente contrária do que aquela que desejavam. Verdadeiramente espectacular!
Alguém precisa de começar uma espécie de sistema de desenvolvimento para “bookers” porque novos “bookers” é o que este negócio precisa.
Lance Storm