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Diaries of a Jobber #2

Diary of a Jobber

Bem-vindos à segunda edição de "Diaries of a Jobber". Gostava de começar por responder a algumas questões que foram colocadas pela Jane Ross nos comentários ao meu primeiro artigo.

"... O Quão perigoso é na realidade? Quer dizer, se fores realmente bom, mantêm-te afastado de adversários que não sabem o que estão a fazer, ou juntam-vos na mesma? Ouvi algumas pessoas falarem sobre causarem lesões sem querer, às vezes... das más... e às vezes quase que soava que se estavam a gabar...o que me chateia um bocado. Achas que há alguma verdade nisso? Percebes o que estou a dizer... Não tenho problemas em meter-me em alguma coisa em que vou estar doente e embaraçada e continuar a fazê-lo e aguentar as quedas e merecer o meu lugar... mas por outro lado se alguém "botcha" um golpe e parte um dos meus membros porque não estava concentrado... percebes, é um pouco diferente. Existe risco na prática de qualquer desporto, claro, mas... è um grande risco? O quão grande?"

Primeiro que tudo, obrigado pela pergunta. È bastante perigoso. Não me interessa quantas vezes fazes os golpes, há tantos factores que podem correr mal no combate. As pessoas não pensam nisso, porque nunca o fizeram, mas estás a fazer coisas que a que o corpo humano não é suposto resistir com tanta frequência.

No que toca às promoções manterem-te afastado dos wrestlers que são "novatos" ainda verdes, tudo depende de como encararem o negócio. Uma promoção não arriscaria em ter um dos seus lutadores principais lesionado. Outras esforçam-se por colocar alguns veteranos no ringue com pessoas que não tem muita experiência só para aumentar o nivel e manter o show interessante. Também depende do wrestler. Ouvi histórias em que um wrestler não queria lutar com alguem que era demasiado verde. Mas se fizeres porcaria no ringue, quero dizer, magoar o outro tipo sem o lesionar gravemente, ele pode vingar-se de ti no ringue trabalhando de forma mais dura durante o resto do combate e tu tens que terminar o combate porque é o teu trabalho. Portanto aguentas-te e aguentas o que ele te fizer.

Para responder tambem à questão sobre partir membros do corpo, acontece imenso. Tudo depende da situação e de como o wrestler leva o golpe. Tudo o que tenho a dizer é que faz tudo parte do jogo. As coisas acontecem e depois de acontecerem está feito. Não há nada que possas fazer a não ser curares-te e esperar até poderes voltar ao ringue. È um risco enorme mas se adoras o que fazes, nada te pode impedir de o fazer. Obrigado novamente, Jane, pelas excelentes perguntas.

Eu sei que no primeiro artigo disse que ia falar da história do K.C Thunder e do Bobby Eaton mas tive uma ideia. Vou fazer uma pequena Q&A com eles, uma shoot-interview à maneira old school, para próximas edições. Falando de Shoot Interviews. Fiz a minha primeira com um grupo de amigos a semana passada. O que a tornou tão porreira foi o facto de praticamente nenhum deles ser fã de wrestling mas mesmo assim terem questões muito boas para eu responder. Gostava de partilhar um bocado disto com vocês.

"Como entraste no negócio do Wrestling?"

Bem, na verdade não começou quando eu entrei para a Smoky Mountain Championship Wrestling. Começou cerca de 7 anos antes. Eu tinha cerca de 14 anos e ouvi dizer que uma pequena promoção cujo dono era o Wahoo McDaniel vinha à minha cidade. Até essa altura em apenas tinha estado em shows de wrestling grandes (WCW e ECW). Nunca tinha experimentado um show independente por isso implorei à minha mãe que me deixasse ir. Lembro-me que quando cheguei lá a atmosfera não era o que eu estava à espera. Os wrestlers estavam a conviver com os fãs, estava a tocar boa musica (Hard Rock), e toda a gente sorria. Intrigou-me ver tanta gente a deixar-se absorver pelo espírito daquilo e a divertirem-se com wrestlers que nunca tinham visto antes. Naquela altura da minha vida eu só conhecia as promoções grandes (WWF, ECW e WCW). Espantou-me que uma audiencia pudesse estar tão excitada com pessoas sobre as quais não sabia nada. (Por favor perdoem a minha perspectiva. Naquela altura tinha recebido uma lavagem cerebral em relação ao que o wrestling devia ser. Tal como os fãs de hoje, na minha opinião). Durante o espectáculo fui ter com o Wahoo, tirei uma fotografia com ele e pedi-lhe um autógrafo. Disse-lhe, "Só queria dizer-te que és uma parte importante da história do pro-wrestling e eu agradeço-te por isso. Desde a grande feud com o Greg "The Hammer" Valentine até tu e o Mark Youngblood serem uma das minhas tag teams favoritas de sempre." E eu continuei infindávelmente. Quando terminei reparei numa lágrima que descia a sua bochecha. (Ou eu realmente o comovi ou alguém atirou um bocado de lixo para o chão... Ok, peço desculpa. Foi uma piada parva sobre índios mas teve piada, têm que admitir.)

Wahoo McDaniel

Agora que olho para trás fico perplexo por ter feito uma verdadeira lenda deste desporto chorar abertamente só porque um miúdo de 14 anos se lembrava dele e o admirava por tudo o que ele tinha feito. Acho que significou muito para ele porque essa é a recompensa mais importante neste negócio. Não o dinheiro mas as memórias que deixas para trás é que são importantes. O Dinheiro vem e vai mas as memórias duram para sempre. O Wahoo perguntou-me como é que sabia tanto sobre ele. Eu disse-lhe que era um geek de wrestling e que via mais coisas "old school" do que recentes. Acho que ele se apaixonou por mim porque depois do show levou-me para o ringue e começou a ensinar-me alguns golpes de wrestling. Ele fez isso comigo sempre que eu fui aos shows. Às vezes a ring crew tinha que esperar que nós acabássemos para poderem levar o ringue.

Mas não durou muito. Os problemas financeiros do Wahoo tornaram-se piores quando a sua saúde começou a deteriorar. Os shows pararam e eu nunca vi o Wahoo outra vez antes da sua morte. Tenho que acrescentar mais uma coisa sobre o Wahoo. Com todo o respeito por Ric Flair, o Wahoo dava os melhores chops de sempre na história deste desporto. Eu cometi o erro de lhe pedir para me dar um e um mês depois a marca ainda estava no meu peito.

Anos e anos passam. Eu vejo wrestling novamente como espectador. Até há cerca de 5 meses atrás. Vi um anuncio a uma promoção local chamada Blue Ridge Championship Wrestling que ia dar um espectáculo mais à frente nesse mês. Eu não ia a um show independente desde a promoção do Wahoo portanto tinha que ir. Para resumir uma história longa, o show foi fraco mas quando acabou eu fui falar com o dono para saber como poderia entrar. Ele disse-me que naquela promoção não treinavam mas tinha um amigo que ia abrir uma promoção em Asheville. O Resto é história. Em edições futuras vou dar mais detalhes sobre as minhas primeiras semanas de treinos.

Outra boa pergunta que os meus amigos me fizeram foi "Qual foi o gimmick mais marado que já viste?"


Na verdade, foi no espéctaculo da promoção Blue Ridge que eu vi um personagem que realmente ultrapassou os limites. Esqueci-me do nome dele mas o gimmick era o de um wrestler Nazi. Fez a sua entrada com a bandeira Nazi e o uniforme, e fez a saudação. A audiência estava silenciosa. As pessoas estavam a olhar em volta e a abanar as cabeças. Mas ele intrepretou o seu personagem. Eu achei que era um personagem excelente. Agora, eu não apoio o que os Nazis representam mas tens que admitir que não podes ter um personagem mais heel que um Nazi, mesmo nos dias de hoje. Quando o sino tocou os espectadores começaram a expressar-se. Sempre que ele ficava com vantagem sobre o baby-face ele levantava-se e fazia a saudação. As pessoas queriam come-lo vivo. Não gostaram do gimmick dele mas ele foi bem sucedido simplesmente por essa razão. Eu tenho uma mente aberta e adoro coisas que são taboo. Eu admiro realmente o que ele disse para levar as coisas mais longe e conseguir tanto heat do publico.

Antes de acabar gostava de dizer algumas palavras. Gostava de agradecer a cada um de vocês pela grande reacção que o meu primeiro artigo teve. Continuem a postar comentários e sejam honestos. Eu gostava de ouvir a vossa opinião porque vocês são a razão pela qual estou a fazer isto. Tenho treinos amanhã e prometo manter-vos a todos no meu coração e mente. O Apoio de todos vocês está a tornar tudo mais fácil para mim. [NT : Este parágrafo aplica-se também aos leitores do WN, visto que faço o vosso feedback chegar ao Bryan.]

E mais uma vez, "para as centenas" *O publico canta "E CENTENAS"* de fãs do Bryan... Obrigado a todos. Tenham uma grande semana.

Bryan "The God" Todd.


Peço desculpa pelo pequeno atraso na postagem da tradução desta semana. Para a semana há mais. Todos os interessados podem ler o artigo original aqui.




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