Tomos de Eternidade
Em consequência da crónica da semana anterior, uma análise ao main-event do Summerslam 2007, o meu colega Wolve pediu-me para fazer um trabalho semelhante com o combate de reforma do Ric Flair na WM 24.
Eu planeava fazê-lo, até ver a data de Domingo passado. Passavam exactamente nesse dia 11 anos desde o infame Montreal Screwjob.
Suponho que todos os leitores terão pelo menos uma ideia do que foi este acontecimentos, razão pela qual não me alongarei nos pormenores.
Passarei então a explicar o meu ponto de vista.
Geralmente neste acontecimento há sempre duas pessoas que são culpabilizadas pelo mesmo. Vince McMahon e Shawn Michaels. Por vezes o nome de HHH( que sugeriu a ideia) ou Earl Hebner( o árbitro do combate) também vêm ao de cima.
Contudo admira-me que um certo nome nunca seja responsabilizado.
Um nome que raramente está presente.
Uma pessoa, que á sua maneira, foi tão culpada pelos acontecimentos desse dia como o McMahon, o Michaels ou o HHH.
Bret “The Hitman” Hart.

Poderão perguntar-se; “ Mas o que está este a dizer?! O Bret foi a vítima!! Foi ele que foi lixado pelo malvado McMahon e pelo traiçoeiro Michaels!!! O que fez ele para merecer isto?!”.
Eu respondo: São precisos dois para dançar o Tango.
Eu respondo: 1ª Lei de Newton – Cada acção tem uma reacção equivalente.
O Bret teve a sua quota de culpa neste caso, uma vez que tudo podia ter sido evitado caso ele tivesse feito o job para o Michaels. O que, considerando a iminente saída deste para a WCW, era a coisa correcta a fazer.
Uma pequena convenção no wrestling, é que quando um wrestler sai duma promoção para outra, este faz um job para pôr outro wrestler over.
Podem ver o caso do Hulk Hogan, que perdeu o título da WWE para o Yokozuna, Kevin Nash que perdeu limpinho para o Undertaker e para o Michaels nos seus últimos PPVs, Scott Hall que perdeu para o Vader em PPV, alguns casos para vocês verem.
No caso do Bret ainda era mais sério, ele era o WWF World Champion, ele TINHA de perder o título. A WWE não se podia dar ao luxo de ter uma situação semelhante á da Madusa( Alundra Blaze) em 1996. Quando ela era a campeã Feminina da WWF e saltou para a WCW, levando com ela o cinto de campeã. Cinto que deitou no caixote de lixo durante uma emissão da Nitro.
Era por isso essencial que Bret largasse o título o mais cedo possível. O ideal seria o PPV seguinte, a Survivor Series, realizada em Montreal Canadá.
E aqui vem o primeiro problema. Na altura Bret e a Hart Foundation tinham criado uma gimmick anti-Americana, que fizera deles odiados heels nos Estados Unidos, mas grandes faces no Canadá e na Europa. Logo isto tornava uma mudança de campeão muito escaldante, e para além do mais, o próprio orgulho patriótico do Bret não o deixava perder o título no Canadá, onde ele era um herói( um papel que ele sempre adorou desempenhar. Embora ele fosse um excelente heel queixinhas).
E também havia outro problema, um problemazinho pequenino. A única pessoa que tinha a credibilidade necessária para ser campeão( a outra hipótese tinha sofrido uma lesão no pescoço, e regressava nesse mesmo PPV, já com combate marcado) era a pessoa que ele mais detestava, Shawn Michaels.
Estes eram, claramente, dois factores que tornavam extremamente adversa a decisão de largar o título para Bret Hart.
Tudo se resumia a um factor, o factor que desencadeou toda a situação, o orgulho de Bret Hart. O qual diga-se de passagem, não era particularmente pequeno. O Hart não era dos piores( o Shawn era, e ainda é terrível) mas ele não era nenhum anjinho.
Porque se formos a ver os argumentos do Hart, verifica-se que eles não são particularmente sólidos. A derrota podia vir por meio de interferência, com os DX a ajudarem Michaels, fazendo batota, Bret não sairia com a reputação manchada. Continuaria um herói no Canadá, ainda mais por ser “roubado” no combate.
Também há que ter em conta que Hart não pretendia largar o cinto para Michaels uma vez que este ainda não lhe tinha retribuído a derrota na Wrestlemania 12( a ideia original para a WM 13 era que eles se enfrentassem no Main-event, com Michaels a fazer o Job, mas ele lesionou-se em Fevereiro. Claro que Bret acreditava que Michaels forjara a lesão). Bret achava-se por isso no direito de recusar o job.
A meu ver há duas coisas contra.
Bret afirmou que poderia de facto perder o cinto para Michaels, desde que não fosse no Canadá, onde como já referi, era um herói. Como se isto não debilitasse desde logo o seu argumento, o uso de interferência acabaria por o destruir.
Temos também a lealdade que ele tinha á WWF e a Vince McMahon. A razão pela qual ele ia sair da organização era por Vince não poder cumprir com o contrato milionário de Bret, tendo por isso pedido-lhe para o rescindir. Logo, tendo isto em conta, largar o cinto seria a coisa certa a fazer.
Tal também serviria para provar a sua superioridade moral em relação a Michaels, o que facilmente mostraria qual dos dois era o melhor homem. Em vez disso Bret Hart desceu ao nível do seu detestado rival, tornou-se naquilo que tanto detestava.
Logo, eu posso dizer que foi o orgulho de um homem que desencadeou o acontecimento mais polémico da história moderna do wrestling. Que Bret Hart foi possivelmente o principal responsável pela sua própria queda.
Ele podia ter evitado tudo se tivesse dito: “Eu não gosto da ideia, eu não gosto do meu adversário, podia evitar perder, mas como sou um verdadeiro profissional eu vou fazer a coisa correcta, aquilo que o tipo que vi vencer nunca faria.”
Se ele tivesse engolido o seu orgulho talvez isto nunca se tivesse passado.
Não é o meu objectivo ilibar os restantes participantes desta pequena farsa, mas sim mostrar que o homem que foi lixado, Bret Hart, tinha todo o poder necessário para o evitar. E foi por causa de orgulho que não o fez.
Vince McMahon viu-se então obrigado a fazer, não o que era correcto( isso estava em poder do Hitman), mas o que era necessário.
E o wrestling mudou nessa noite.
manjiimortal
“ Death is merciless. But let me tell you... Not being able to die is crueller still.”
Eu planeava fazê-lo, até ver a data de Domingo passado. Passavam exactamente nesse dia 11 anos desde o infame Montreal Screwjob.
Suponho que todos os leitores terão pelo menos uma ideia do que foi este acontecimentos, razão pela qual não me alongarei nos pormenores.
Passarei então a explicar o meu ponto de vista.
Geralmente neste acontecimento há sempre duas pessoas que são culpabilizadas pelo mesmo. Vince McMahon e Shawn Michaels. Por vezes o nome de HHH( que sugeriu a ideia) ou Earl Hebner( o árbitro do combate) também vêm ao de cima.
Contudo admira-me que um certo nome nunca seja responsabilizado.
Um nome que raramente está presente.
Uma pessoa, que á sua maneira, foi tão culpada pelos acontecimentos desse dia como o McMahon, o Michaels ou o HHH.
Bret “The Hitman” Hart.

Poderão perguntar-se; “ Mas o que está este a dizer?! O Bret foi a vítima!! Foi ele que foi lixado pelo malvado McMahon e pelo traiçoeiro Michaels!!! O que fez ele para merecer isto?!”.
Eu respondo: São precisos dois para dançar o Tango.
Eu respondo: 1ª Lei de Newton – Cada acção tem uma reacção equivalente.
O Bret teve a sua quota de culpa neste caso, uma vez que tudo podia ter sido evitado caso ele tivesse feito o job para o Michaels. O que, considerando a iminente saída deste para a WCW, era a coisa correcta a fazer.
Uma pequena convenção no wrestling, é que quando um wrestler sai duma promoção para outra, este faz um job para pôr outro wrestler over.
Podem ver o caso do Hulk Hogan, que perdeu o título da WWE para o Yokozuna, Kevin Nash que perdeu limpinho para o Undertaker e para o Michaels nos seus últimos PPVs, Scott Hall que perdeu para o Vader em PPV, alguns casos para vocês verem.
No caso do Bret ainda era mais sério, ele era o WWF World Champion, ele TINHA de perder o título. A WWE não se podia dar ao luxo de ter uma situação semelhante á da Madusa( Alundra Blaze) em 1996. Quando ela era a campeã Feminina da WWF e saltou para a WCW, levando com ela o cinto de campeã. Cinto que deitou no caixote de lixo durante uma emissão da Nitro.
Era por isso essencial que Bret largasse o título o mais cedo possível. O ideal seria o PPV seguinte, a Survivor Series, realizada em Montreal Canadá.
E aqui vem o primeiro problema. Na altura Bret e a Hart Foundation tinham criado uma gimmick anti-Americana, que fizera deles odiados heels nos Estados Unidos, mas grandes faces no Canadá e na Europa. Logo isto tornava uma mudança de campeão muito escaldante, e para além do mais, o próprio orgulho patriótico do Bret não o deixava perder o título no Canadá, onde ele era um herói( um papel que ele sempre adorou desempenhar. Embora ele fosse um excelente heel queixinhas).
E também havia outro problema, um problemazinho pequenino. A única pessoa que tinha a credibilidade necessária para ser campeão( a outra hipótese tinha sofrido uma lesão no pescoço, e regressava nesse mesmo PPV, já com combate marcado) era a pessoa que ele mais detestava, Shawn Michaels.
Estes eram, claramente, dois factores que tornavam extremamente adversa a decisão de largar o título para Bret Hart.
Tudo se resumia a um factor, o factor que desencadeou toda a situação, o orgulho de Bret Hart. O qual diga-se de passagem, não era particularmente pequeno. O Hart não era dos piores( o Shawn era, e ainda é terrível) mas ele não era nenhum anjinho.
Porque se formos a ver os argumentos do Hart, verifica-se que eles não são particularmente sólidos. A derrota podia vir por meio de interferência, com os DX a ajudarem Michaels, fazendo batota, Bret não sairia com a reputação manchada. Continuaria um herói no Canadá, ainda mais por ser “roubado” no combate.
Também há que ter em conta que Hart não pretendia largar o cinto para Michaels uma vez que este ainda não lhe tinha retribuído a derrota na Wrestlemania 12( a ideia original para a WM 13 era que eles se enfrentassem no Main-event, com Michaels a fazer o Job, mas ele lesionou-se em Fevereiro. Claro que Bret acreditava que Michaels forjara a lesão). Bret achava-se por isso no direito de recusar o job.
A meu ver há duas coisas contra.
Bret afirmou que poderia de facto perder o cinto para Michaels, desde que não fosse no Canadá, onde como já referi, era um herói. Como se isto não debilitasse desde logo o seu argumento, o uso de interferência acabaria por o destruir.
Temos também a lealdade que ele tinha á WWF e a Vince McMahon. A razão pela qual ele ia sair da organização era por Vince não poder cumprir com o contrato milionário de Bret, tendo por isso pedido-lhe para o rescindir. Logo, tendo isto em conta, largar o cinto seria a coisa certa a fazer.
Tal também serviria para provar a sua superioridade moral em relação a Michaels, o que facilmente mostraria qual dos dois era o melhor homem. Em vez disso Bret Hart desceu ao nível do seu detestado rival, tornou-se naquilo que tanto detestava.
Logo, eu posso dizer que foi o orgulho de um homem que desencadeou o acontecimento mais polémico da história moderna do wrestling. Que Bret Hart foi possivelmente o principal responsável pela sua própria queda.
Ele podia ter evitado tudo se tivesse dito: “Eu não gosto da ideia, eu não gosto do meu adversário, podia evitar perder, mas como sou um verdadeiro profissional eu vou fazer a coisa correcta, aquilo que o tipo que vi vencer nunca faria.”
Se ele tivesse engolido o seu orgulho talvez isto nunca se tivesse passado.
Não é o meu objectivo ilibar os restantes participantes desta pequena farsa, mas sim mostrar que o homem que foi lixado, Bret Hart, tinha todo o poder necessário para o evitar. E foi por causa de orgulho que não o fez.
Vince McMahon viu-se então obrigado a fazer, não o que era correcto( isso estava em poder do Hitman), mas o que era necessário.
E o wrestling mudou nessa noite.
manjiimortal
“ Death is merciless. But let me tell you... Not being able to die is crueller still.”