Podia ter sido apenas mais um vulgar jornalista a calcorrear o mundo em busca de notícias e de casos pertinentes para expôr ao público, mas não, a sua paixão por pro-wrestling levou-o até aos campos mais recônditos da modalidade.
Tudo começou com um mero ensaio, um simples texto apresentado à imperatriz da maior promotora de wrestling mundial, Linda McMahon. Porém, a senhora gostou do que leu e então decidiu efectuar ao jovem italo-americano uma proposta de trabalho, em regime de “free-lancer”, na popular WWE magazine.
Todos estamos sujeitos a criticas e a correcções, ninguém é perfeito, existe sempre algo a melhorar, por isso, penso que a humildade deve de ser sempre uma constante no nosso carácter, pois é esta, por vezes tão desprezada, qualidade, que nos leva a aprender com os sábios ensinamentos dos outros indíviduos que nos rodeiam e, por conseguinte, a alargar os nossos horizontes pessoais até campos inexplorados.
Hoje, caros leitores, redijo-vos uma pequena dissertação de cariz extremamente pessoal, acerca de uma entidade ligada ao wrestling profissional, que é, na minha mais sincera e genuína opinião, criticada em demasia, nos dias que correm.
A figura em questão, foi chamada aos quadros de booking da WWF, por Bill Watts, de forma a trocarem ideias e de maneira ao, naquela época, jovem rapaz adquirir alguma experiência na gerência da azáfama de bastidores, característica de uma grande companhia como a WWE (naqueles tempos já longínquos WWF).
A World Wrestling Federation vivia, por essa altura, tempos de crise e contenção, nunca as Monday Night Wars haviam estado tão mal paradas lá para os lados do Connecticut. Era de extrema urgência tomar medidas capazes de conter a gigantesca difusão da WCW.
O nosso ilustre e apreciado, mas por vezes casmurro, Vince Mcmahon, sabia o que fazer, era necessário inovar e introduzir um novo produto, diferente, arrojado, inovador e apelativo, foi aí que, de forma súbita e repentina, um nome surgiu na indefenida e ténue linha do horizonte, Vince Russo...
Desde logo Russo marcou impacto na companhia, este introduziu na WWF, o estilo controverso e irreverente, que acabou por servir de pedra basilar à Attitude Era. Foi este writer que criou, numa primeira instância, o príncipio das storylines de cariz violento, adulto, sexual, macabro e marginal.
Partiram deste homem, tão brilhantes rivalidades, como aquela que opôs Stone Cold a Vince Mcmahon ou, por exemplo, a feud que envolveu dois dos mais aclamados "irmãos" da empresa dos McMahon, estou a falar-vos de Kane e de Undertaker. Para além disso, Vince Russo, deu um precioso contributo na afirmação de The Rock enquanto “enterteiner” de luxo e na formação dos polémicos, mas adorados e idolatrados, DX.
Em 1999, Russo era aclamado como um controverso anti-herói, que com toda a sua capacidade de fomentar polémicas, havia catapultado a WWF novamente para a liderança das Monday Night Wars.
É então que algo de extremamente prejudicial para a WWF se dá, Russo assina com a WCW a 5 de Outubro de 1999, tudo porque Vince Mcmahon não acedeu às exigências de aumento que haviam sido protagonizadas pelo writer.
Na companhia de Atlanta, Russo desenvolveu “angles” contentores de sexualidade e delinquência explícita, apostou num maior número de segmentos de backstage e, tal como havia feito na WWF, maturou as storylines, de maneira a transformá-las em algo bastante mais complexo e subtil.
No entanto, a passagem de Russo na WCW acabaria por não ser abraçada pelo tão almejado sucesso. Para isso contribuiram certas ocorrências menos felizes como a conquista do titulo mundial da WCW por parte do actor David Arquette, diversas discussões que envolveram o writer e Jim Cornette e também o célebre spear de Goldberg que, ao que me consta involuntariamente, presenteou Russo com o título máximo da empresa.
Devido a todas as más decisões anteriormente mencionadas e a todos os infurtónios do destino, a WCW sucumbiu perante a esmagadora força da WWF. Mais tarde, Vince Russo viria a ser apontado como um dos principais responsáveis pela falência da empresa, aparecendo mesmo numa posição de grande destaque na capa do livro intitulado “A morte da WCW”.
Criticas e apenas criticas, nada mais bateu certo ou apresentou um ritmo coordenado na carreira de Russo, à sua pessoa apenas se dirigem duros insultos, sendo muito poucos aqueles que reconhecem as qualidades patentes na mente deste mal-afamado homem.
O writer ainda tentou um retorno à “terra mãe”, mas rapidamente se apercebeu que já não tinha nenhum recanto reservado para si nos domínios da imponente família Mcmahon.
O writer, naufragou perdido por esse turbulento oceano que é a indústria do pro-wrestling e acabou por se abrigar nas claras areias da Florida e, nos dias de hoje, Vince Russo, tem a seu cargo as dignificantes funções de booking na companhia de Orlando, sendo constantemente criticado pelas suas más opções.
O meu objectivo, com este texto, era dar-vos um parecer acerca deste homem, mas confesso-vos que após aprofundar os meus saberes sobre esta tão ímpar e controversa figura da modalidade, até eu me encontro baralhado.
Uma coisa para mim é certa, Russo foi, ainda que inadvertidamente, um dos mentores da épica Attitude Era e se algum dia fomos bafejados por tais momentos de brilhantismo, em parte, temos que o agradecer a este senhor.
Por outro lado, o writer em questão, demonstra grandes dificuldades em progredir e em alterar a sua linha de raciocinio. O wrestling profissional é, a meu ver, um meio em constante mutação, apenas alguém com uma enorme capacidade de adaptação ao imprevisto, pode triunfar nesta modalidade.
Em suma, na minha opinião, Vince Russo é uma das mais proeminentes e incontornáveis figuras da modalidade, contudo, o writer ficou paralisado no tempo e continua a recorrer, constantemente, a critérios dos tempos áureos da WCW e WWF, que hoje, claramente, se encontram em desuso.
De qualquer forma, peço-vos, a vocês fiéis leitores e espectadores assíduos de wrestling, que demonstrem, pelo menos, respeito por este homem, pois o seu único defeito é ser, tal como todos nós, um ser-humano imperfeito que nem sempre toma as decisões mais acertadas e coerentes.
Espero que o texto aqui exposto tenha sido do vosso agrado e que tenha também servido para desmistificar a figura de Vince Russo e silenciar alguns dos seus mais incessantes criticos, pois este writer deu um precioso contributo ao pro-wrestling e, sendo assim, seria tremendamente injusto o seu nome ficar ligado apenas a acontecimentos tão nefastos para a modalidade como o declínio da WCW e a falta de qualidade dos shows da TNA. Vince Russo é bem mais do que isso e, independentemente de todos os seus erros, fez muito pelo desenvolvimento sustentável, saudável e plausível da modalidade.
Fiquem bem
Free Thoughts IV - A ascensão e queda de Russo
Reviewed by edgehead
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