Free Thoughts V - Eu é que sei!

Eu é que sei! É esta a típica afirmação do ditador casmurro, arrogante e excessivamente intransigente. Terrível e extremamente prejurativa necessidade esta a do ser-humano de impingir nos outros a sua vontade. Graças a este maldito defeito inerente à nossa condição, quantos impérios já entraram em colapaso total, quantas comunidades já desabaram mergulhadas no mais profundo dos pânicos e quantas empresas já proferiram a irremediável declaração de falência?
Centenas ou, quem sabe, talvez mesmo milhares! Não sei o que me dizem, caros leitores, mas eu sou um adepto fervoroso da liberdade de expressão, de que outra forma poderíamos nós aconselhar os outros, exercer a nossa vontade própria e alargar os nossos horizontes para limites até então inimagináveis?
É óbvio que nunca existirá a unanimidade, antes pelo contrário, a relatividade dominará o mundo para toda a eternidade, mas mesmo assim, através de uma boa e saudável discussão, e perfeitamente possível chegar a um ponto favorável para todas as partes.

O nosso ditador predilecto, Vince Mcmahon, tem as suas ideias perfeitamente vincadas, ele é que sabe, ele é que decide, em suma, ele quer, pode e manda! E nós quem somos nós? Ninguém, apenas as meras e vulgares criaturas que dão lucros à sua empresa, mas o que tem isso de especial? Absolutamente nada...

Em Junho de 2007, a smackdown vivia tempos de desespero e aflição, faltava "star power" à marca. Edge, o então campeão mundial, estava lesionado, era urgentemente necessário escolher um novo homem para carregar a companhia às costas. Mas quem seria o escolhido? Bom, é óbvio que a opinião do público para nada conta, Vince estabeleceu a sua ideia. Era a altura de coroar o maior cepo das noites de sexta-feira com o título mundial. Nós gritámos, revoltámo-nos, indignámo-nos, mas em vão, para o dono da WWE o raio do Indiano era o campeão mundial perfeito! O chefe é que sabe o que o povo quer, nós não passamos de um monte de "bestas", completamente desprovidas de sensibilidade.

Ao que parece, meus amigos, há coisas que nunca mudam e a casmurrice do presidente da WWE é uma delas. Christian Cage saiu da maior promotora de wrestling do mundo pelo facto de as suas capacidades serem, sistematicamente, desaproveitadas e menozprezadas. Na pacata região de Orlando, na Florida, o Captain Charisma encontrou o seu porto seguro, ou seja, um local onde era aclamado e idolatrado pelo facto de ser um profissional empenhado, experiente, responsável e talentoso.

Passados alguns anos, Vince, decide trazer de volta à terra mãe este seu pródigo filho, porém, apenas uma semana depois da estreia do Instant Classic na Ecw, vem à luz uma notícia que pretende alertar o seu leitor para o facto de o nosso ilustre tio Vinnie não considerar Christian Cage uma estrela de topo.

Estranho...o popular Capitão Carisma é extremamente talentoso em ringue, é dedicado, responsável, experiente, eloquente com o microfone nas mãos e, o mais importante de tudo, consegue retirar do público óptimas reacções. Tendo em conta estes factores, anteriormente mencionados, porque é que Vince continua a negar a Cage o estatuto de main eventer que este, claramente, merece?

Que eu saiba, o objectivo principal de uma empresa é apresentar um produto atractivo, de forma a cativar as massas e, consequentemente, obter avultados lucros. Penso que a WWE, enquanto companhia composta por vários investidores, tem como finalidade apresentar lucro, de maneira a proporcionar riqueza aos seus accionistas.

Ora, a menos que eu esteja enganado, o consumidor do produto da World Wrestling Enterteinement, somos nós, os fãs. Sendo assim, o principal objectivo da companhia, deveria ser dar-nos aquilo que nós ambicionamos, de maneira a conseguirem assim aumentar os seus capitais.

Durante o decorrer das últimas semanas, todos os fãs e espectadores assíduos da modalidade, ansiaram sofregamente um retorno de Christian Cage embuído no mais claro e genuíno dos triunfos, mas infelizmente, Vince parece ser incapaz de aceitar esse mero facto, preferindo então, por mais uma vez, recorrer à tipica atitude do ditador arrogante, casmurro e tacanho: Eu é que sei!

Sou sincero, tenho imensa pena de que assim seja, penso que todos nós nos encontramos em perfeita saúde mental e que, por conseguinte, todos somos capazes de identificar claramente aquilo que queremos e apreciamos e aquilo que não queremos e não apreciamos.

Para o desenvolvimento saudável e plausível da companhia vulgarmente denominada por WWE, é necessário que os seus dirigentes supremos, desçam, por vezes, do seu pedestal banhado a ouro, de forma a ouvir os pedidos da simples plebe que vagueia pelo mundo.

Podemos não ser perfeitos, podemos até não ser inteligentes, perspicazes ou subtis, mas somos nós os fãs de wrestling profissional e portanto, caso Vince queira continuar a proliferar o sucesso na sua empresa é requerido que este deixe de nos impingir a sua vontade e comece a ouvir as nossas humildes ideias, pois afinal de contas, somos nós quem oferece aqueles esplendorosos lucros à maior promotora de wrestling do planeta.

Em suma, e para concluir, a meu ver, é de extrema importância para a WWE promover um maior contacto com os seus fãs, espalhados pelo mundo fora, de forma a manter-se actualizada e perfeitamente capaz de nos proporcionar o tipo de espectáculo que mais nos seduz.

Fiquem bem