Free Thoughts VI

Antes demais, permitam-me alertar-vos, para uma situação que, embora possa parecer um pouco deslocada do actual contexto da maior promotora de wrestling do mundo, nos últimos tempos, me tem vindo a atormentar imenso.

Infelizmente, o mítico, e recheado de simbolismo, Royal Rumble match está, nos dias que correm, cada vez mais descredibilizado. Em oposição a esta situação nefasta, o ppv NWO que, antigamente, servia apenas para inflamar e agitar um pouco mais as feuds existentes, de maneira a, subtilmente, abrir o apetite do público para o maior palco de todos, ganha, nestes tempos atribulados, uma importância cada vez maior no calendário da empresa.

Em 2008, John Cena regressou, para estupefacção de milhares de fãs, na Rumble, de forma a vencer o combate e a, consequentemente, receber uma oportunidade por um título mundial à sua escolha na Wrestlemania. O rapper não aguentou a excitação e, no No Way Out, cobrou o seu combate pelo título da WWE. Como consequência, um dos ppv´s, habitualmente, menos surpreendentes do ano, transformou-se num belo e colorido espectáculo em que ainda tivemos o privilégio de assistir a duas câmaras de eliminação, em que os seus respectivos vencedores seriam presenteados com um lugar no main event da Wrestlemania.

Em 2009, após um ínicio de caminhada para o maior palco de todos bastante conturbado, em que Randy Orton saiu vencedor do Royal Rumble match, tivemos a chance de testemunhar, por mais uma vez, um No Way Out bastante agradável, que contou, novamente, com duas câmaras de eliminação. Porém, este ano a estipulação era diferente, os homens que figuravam nas elimination chambers, não se digladiavam por um mero lugar no main event da Mania, mas sim por um credenciado título mundial.

Quanto ao vencedor do RR Match de 2009, Randy Orton, esse teve um combate contra Shane “Rocky Balboa” Mcmahon. Curiosamente, desta vez, Shane O’mac, não foi capaz de dominar Orton, algo que considerei deveras estranho, tendo em conta que ,aqui há uns tempos, o filho de Vince, completamente só, destruiu o Legend Killer, os restantes membros dos Legacy e, no meio da barafunda, ainda esmurrou grande parte dos membros do plantel da Raw.

Na noite que precedeu o ppv No Way Out, Triple H, novo campeão da WWE, qual touro movido a ódio, desceu a rampa de entrada em ringue das noites de segunda-feira, de maneira a salvaguardar o bem-estar do seu cunhado e, mais importante, da sua esposa, que haviam sido, implacável e impiedosamente, atacados (kayfabe) pelo vencedor da edição de 2009 do Royal Rumble...

Adiante, (pois estou, finalmente, a chegar ao ponto que me interessa debater), neste momento a WWE está perante um traiçoeiro impasse, visto que, a “reconstrução” da rivalidade entre Paul Levesque e Randy Orton, embora interessante, não se está (pelo menos a meu ver) a dar da melhor maneira. Ora se de um lado temos um homem psicótico, cada vez mais violento, mais frio e mais concentrado, do outro, temos um nobre cavaleiro que arca sobre os seus ombros a responsabilidade de proteger o bom nome da família Mcmahon.

Até aqui tudo bem, sem dúvida de que estamos perante excelente material para se erguer uma épica storyline, digna de eclodir nas bodas de prata da Wrestlemania 25. No entanto, penso que, quando a equipa de booking começou a construir esta história e a lançar as suas pedras basilares, duas coisas ficaram, ainda que inadvertidamente, colocadas de parte: o título da WWE e a vitória de Orton na Royal Rumble.

Como se desenrolará esta história na Wrestlemania?

1- Triple H vence e, por conseguinte, acaba com a sua onda de derrotas no maior palco de todos, assegura que o bom nome dos Mcmahon permanece incólume e, por fim, o Game garante ainda que, o errante Randy Orton sofre as consequências das suas terríveis e atrozes acções. Contudo, caros leitores, não há bela sem senão e, caso o nosso amigo narigudo saia por cima na Wrestlemania, o longo e árduo trabalho de credibilização e de elevação a que a actual personagem robótica encarnada por Orton foi sujeita, vai por água abaixo. Para além disso, caso o King of Kings vença o embate na Mania, o Royal Rumble match perderá ainda mais importância e ver-se-á ainda mais descredibilizado, visto que, caso Randy não triunfe, será o segundo ano consecutivo em que o pretendente, oriundo do combate tradicional que inicia a caminhada até ao maior palco de todos, não consegue cobrar a sua oportunidade, por um título mundial, de forma bem sucedida.

2- Analisando agora a questão pelo outro lado, que é como quem diz caso o Legend Killer vença: este, obviamente, sairá campeão da WWE, enaltecerá o Royal Rumble match, credibilizará a sua gimmick de meio-homem meio-máquina, ajudará na elevação de Cody Rhodes e Ted Dibiase no card da empresa e tornar-se-á, indubitavelmente, no rosto principal da companhia de Vince. Por outro lado, com a vitória do jovem de Saint Louis, a família Mcmahon, verá o seu nome sair bastante descredibilizado, Triple H juntará ao seu currículo mais uma derrota na Wrestlemania (apesar de não ser nada de grave duvido muito de que Paul Levesque esteja com disposição para tal) e o título da WWE mudará de mãos, novamente, ao fim de apenas um mês de reinado, situação que, como é óbvio, não é nada prestigiante para um título daquela envergadura.

Em suma, a storyline que envolve Randy Orton, a família Mcmahon e Paul Levesque, apresenta graves problemas de estruturação que, num futuro próximo, podem mesmo vir a significar a descredibilização dos seus intervenientes, do título máximo da empresa e do mítico Royal Rumble match.

No entanto, e observando a questão de um ponto de vista mais positivista, podemos também constatar, que ambos os lados dispõem de fortes argumentos para saírem triunfantes do maior palco de todos e que, portanto, a batalha que irá ser travada no dia 5 de Abril de 2009 será, no mínimo, imprevísivel e emocionante.

Para concluir, questiono-vos, qual a vossa opinião sobre a feud travada entre Orton e Triple H e quais as vossas expectativas para o embate destes dois wrestlers de primeira instância na Wrestlemania 25?

Fiquem bem