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Free Thoughts XI - Its all about the money

Bom, antes demais confesso que isto não estava de maneira alguma premeditado e que é com tremenda dificuldade que vos redijo este breve texto hoje, visto que, neste preciso momento (uma pacata tarde de quinta-feira), me encontro num, diga-se de passagem imundo, apartamento da deslumbrante estância balnear de Lloret Del Mar, a perscrutar o mar que se perde no horizonte, de forma a assim acumular a energia requerida para queimar, durante o noite que se avizinha, aqueles que são, infelizmente, os últimos e derradeiros cartuchos da minha viagem de finalistas.

Todavia, após ter lido mais uma óptima edição do “I´m Just Saying”, de Elvis Rock, ontem, aqui no WN, senti-me digamos que, desafiado (no sentido cordeal e fomentador do debate civilizado da palavra) a redigir uma simples e sintética “carta de resposta”, (para os que não tiveram a chance de ler o artigo mencionado, aconselho-vos a fazerem-no agora, clicando aqui, pois ajudar-vos-á a compreender melhor as bases do meu texto de hoje).


Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que, tal como o Elvis Rock, também eu considero um tanto ou quanto incongruente, para não afirmar mesmo quase desprovida de nexo, essa afirmação, constantemente preconizada pelos fãs, de que a WWE apenas procura satisfazer as predisposições dos “filhos da casa”, que é como quem diz os wrestlers naturais dos EUA.

Avançando agora de forma a debruçar-me sob a questão erguida ontem, que tem por base de sustentação William Regal...De facto, o prestigiado wrestler Britânico, tem tido ao longo da sua longa carreira atitudes e comportamentos reprováveis, nomeadamente, a ocasião em que tentou urinar em cima de uma hospedeira e, mais recentemente, a sua mediática suspensão devido a alegadas utilizações de substâncias ílicitas. Como é óbvio, tais comportamentos de risco, podem gerar um mau ambiente em torno da WWE e, tendo em conta este factor causador de consternação, quem quer que os preconize, deverá de ser severamente castigado pela direcção da empresa.

Todavia, homens como, a título do mais mero exemplo, Randy Orton, Jeff Hardy e Shawn Michaels, que nos dias trausentes ocupam posições deveras confortáveis na hierarquia da companhia, também, no seu passado algo tumultuoso, se viram embrenhados em situações tão, ou ainda mais, prejurativas para o nome da companhia, do que aquelas em que o wrestler Darren Mathews esteve inserido.

No entanto, e contrariamente a Regal, como certamente já todos constataram, não foi por causa dessas situações desagradáveis, de cariz disciplinar, em que estes wrestlers (por estes entendam-se Orton, Jeff e HBK) se envolveram que, nos tempos actuais, estes deixam de ser, tal como já referi, algumas das mais proeminentes e relevantes figuras da promotora sediada na região campestre do Connecticut...

Sendo assim, e tendo em conta que wrestlers, actualmente, bastante credenciados no seio da empresa de Vince (como por exemplo Randy Orton), tal como William Regal, também já se viram envolvidos em situações extremamente negativas para a imagem da WWE, o que foi diferente? O que eu no fundo prentendo descobrir com este texto é: qual a grande razão para o facto de Regal nunca ter ocupado uma conotação na companhia dos Mcmahon superior à de mid-carder?
Mau comportamento? Falta de profissionalismo? Não creio...será que um jovem Randy Orton, que em tempos nada saudosos dispendeu o seu tempo a vandalizar quartos de hotel; ou um Jeff Hardy que por diversas vezes foi suspenso devido aos seus consecutivos envolvimentos com drogas; ou mesmo um Shawn Michaels, que nos primórdios da sua incursão na WWE, era tudo menos um individuo de fácil trato, são (ou foram), em algum momento, profissionais muito mais bem-formados e empenhados do que William Regal?

A meu ver não! Ora sendo assim, qual é, afinal, o grande motivo pelo qual Vince perdoa (ou perdoou), sistematicamente, caprichos incompreensíveis e más-atitudes a índividuos como (volto por mais uma vez a frisar que estes nomes, dos quais já devem estar fartos de ver tantas vezes repetidos, não passam de meros exemplo): Jeff Hardy, Shawn Michaels e Randy Orton?

Numa simplória, medíocre e definitiva palavra: lucros!

Nesta desmesuradamente competitiva sociedade dos dias correntes, só uma coisa interessa ao errante ser-humano: dinheiro! Ora como é evidente, Vince não poderia, de forma alguma, abdicar dos sujeitos que mais dólares lhe proporcionam, a troco de um bando de wrestlers cuja única qualidade de que predispõe, é o seu comportamento exemplar.

Focando-me novamente em Darren Mathews (William Regal), o estilo deste wrestler sempre se centrou na calma, na subtileza, na inteligência e na perspicácia. Infelizmente, tais características, vão pouco ao encontro da personalidade espalhafatosa do típico cidadão Norte-Americano, que, usualmente, tem muito mais predisposição para contemplar, com um olhar embevecido, um “gigante adamastor” , digno de marcar presença nos Lusíadas, dos moldes de Great Khali, que graças às suas proporções colossais, e apesar de ser um inegável cepo em ringue, já teve o privilégio de ser condecorado com um título mundial da WWE, algo que W. Regal, um wrestler extremamente engenhoso, nunca teve o prazer de vivenciar ao longo da sua sublime carreira.

Ou seja, William Regal, devido ao facto de ser demasiado metódico e subtil para o paladar do comum conterrâneo de Vince, nunca gozou de grande popularidade junto dos fãs e, consequentemente, nunca gerou grandes lucros, o que acabou por se traduzir na sua eterna permanência no mid-card da World Wrestling Enterteinment.


No meu humilde e sincero parecer, a WWE atingiu um ritmo lucrativo de tal forma frenético, que já nada importa a não ser manter elevadas as receitas. Infelizmente, nos dias trausentes, para se alcançar o cúmulo do sucesso na maior promotora de wrestling do mundo, já não basta apenas sermos índividuos dedicados, responsáveis e talentosos.

Nos tempos correntes, um outro e determinante factor é requerido a qualquer sujeito que pretenda tentar a sua sorte na prestigiada promotora da família McMahon: a capacidade de gerar avultadas quantias de lucros.

Em suma, concordo com o Elvis Rock, quando este afirma que a ideia de que a WWE protege os “filhos da casa” é simplesmente infundada, para não afirmar mesmo, falaciosa. Atenção! Não nego que certas entidades da empresa (Michael Heyes...cof...cof...) padeçam desse terrível mal que é o racismo...Contudo, se há defeito que, pelo menos na minha opinião, não figura em Vince, é a recorrência frequente a actos discriminatórios. Na verdade, quando o presidente da WWE vê um índividuo, mesmo que estrangeiro ou de outra cor (recordam-se de Bobby Lashley?), capaz de lhe proporcionar receitas chorudas, usualmente, pouco depois, esse wrestler em questão dá por si a ser presenteado com um agradável push.

Todavia, caros leitores, penso que, nos dias trausentes, o profissionalismo por parte dos wrestlers empregues na WWE, raramente é recompensado com apreço por parte dos “manda chuvas da empresa” e que o que comanda verdadeiramente a situação, de prestígio ou descrédito, de um lutador junto da direcção da companhia dos McMahon é, irrevogavelmente, a sua capacidade comprovada (ou não) de agitar o tenro coração dos fãs, de modo a assim fomentar os tão almejados lucros monetários astronómicos, que sustentam a faustosa existência do nosso ilustre e idolatrado “Tio Vinnie”.

Como consequência directa disto...

Para um tipo que, por acaso, até é cumpridor e responsável, mas ao qual, infelizmente, as grandes massas de audiências se recusam a render, o destino que, provavelmente, lhe está reservado, há primeira e ínfima falha de carácter, é um período de suspensão, ou então, em casos mais drásticos, incursões regulares ao centro de desemprego da sua área de residência.

Quanto aos meninos "formosinhos" capazes de fomentar avultados lucros, esses, até podem partir quartos de hotel e experimentarem umas substâncias ilegais, de quando em vez, que, (desde que ninguém se aperceba), Vince limita-se a compôr uma expressão paternal, afirmando peremptoriamente, querer apenas o melhor para eles, acabando por não os suspender ou lesar de alguma forma, para que possa assim, no futuro, continuar a servir-se da fama destes, de maneira rechear ainda mais os seus infindáveis cofres.

Concluíndo nas palavras do próprio génio, que, pelo menos no meu parecer, evidenciam qual o factor que dita o sucesso ou insucesso de um wrestler na WWE...


P.S: Tendo em conta que esta é uma questão deveras pertinente e suscitadora de discussão, agradecia bastante feedback da vossa parte.
Afinal de contas, na vossa opinião, os valores humanos louváveis (como a dedicação e o respeito) são prezados no seio da WWE, e os profissionais pacientes alcançam sempre a sua justa recompensa? Ou será que, para a direcção da companhia, tudo não passa de uma questão de lucros, na qual os valores morais (como o profissionalismo e a integridade) pouco interessam?

Fiquem bem

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