Free Thoughts XI - A metamorfose
Em suma, caros leitores, em certas ocasiões, um profissional conectado a esta caricata indústria denominada por pro-wrestling, deve de preconizar uma pequena pausa, de maneira a reflectir sobre a sua actual vida, para assim tentar compreender até que ponto a sua personagem (encarnada em ringue) lhe afecta e condiciona o pacato decorrer do dia-a-dia.

Uma relação de tão elevado grau de intimidade como o casamento exige respeito, amor, carinho, esforço, cooperação e compreensão. Talvez devido à falta de algum destes factores, nem tudo foram rosas no casamento de Eddie e Vickie. Estes chegaram mesmo a estar separados durante um período de tempo considerável, durante o qual o “Latino Heat” foi pai por mais uma ocasião.
Contudo, segundo as sensatas e sábias gírias populares, o amor tudo vence e sendo assim, também Vickie e Eddie transpuseram as suas divergências de modo a manterem coeso e estável o ilustre clã da família Guerrero.
Durante o decorrer da apelativa, e por sinal muito bem acolhida pelo público, rivalidade que opôs o Latino Heat a Rey Mysterio pela custódia do filho do último wrestler mencionado, Vickie converge pela primeira vez a um ringue da WWE, mais concretamente da Smackdown, durante o decorrer de um show. Com esta breve, mas nada discreta, aparição, Vickie Lynn auxilia o pequeno (grande) índividuo a alcançar o tão requerido triunfo, no excelente excelente ladder match que este travava com o então marido da actual paixão latente de Big Show, pela tutela de Dominic, criança da qual Mysterio é o progenitor.
A 13 de novembro de 2005, um rude golpe do destino, resultante dos abusos cometidos no passado, rouba de uma forma chocante a ainda tenra vida na qual o homem, que enalteceu o famoso lema “lie, cheat and steal”, estava embuído. O desespero e a agonia foram colossais e instalaram-se com todo o seu tipico desconforto. Todos choraram, todos recordaram embalados pela fúnebre nostalgia e pelo terno saudosismo os bons momentos da turbulenta e enérgica existência de Eddie Guerrero, índividuo que se havia redimido de todos os pecados preconizados no passado e que partiu cedo demais em direcção a um mundo que apenas existe nos recantos mais profundos e pessoais da nossa alma.
Quanto a Vickie, essa, ficou completamente destroçada e desanparada, agarrando-se desesperadamente aos últimos vestígios que a prendiam ao seu amor Eddie. Todavia, o apelido desta senhora ainda era Guerrero e, assim sendo, estava na hora de lhe fazer jûs de maneira a assim reconstruir a sua vida a partir das inconsoláveis cinzas deixadas pela mágoa de perder alguém.

Posto isto, dava-se ínicio a um dos maiores momentos de exploração indecente e inumana de uma querida figura ligada ao pro-wrestling. À conta da triste situação de que Eddie Guerrero foi vitima, anões foram coroados campeões mundias, mostrando assim que os sonhos se realizam (mesmo que por vezes seja necessário falecer alguém). Jovens arrogantes sairam credibilizados, evidenciando, pelo menos a meu ver, que, neste lunático planeta em que coexistimos, existem limites para tudo, até para o intransponível kayfabe pelo qual a WWE se rege (quem esquecerá as altamente ofensivas promos de Orton em relação a Guerrero?). Lucros astronómicos entraram nos bolsos de Vince. A WWE (pelo menos nos primórdios desta maldita história) ganhou a reputação de uma companhia digna sempre pronta a prestar uma última vassalagem para com um dos seus leais empregados. Chavo Guerrero gozou pouco depois de um dos períodos mais positivos da sua carreira, pelo menos no que concerne aos últimos 4 ou 5 anos da sua estadia pela companhia do Connecticut. E por último, mas certamente não menos obstante de importância ou revolta (aliás, no meu parecer, a ocorrência que será exposta de seguida é, sem dúvida alguma, a situação que melhor explicita que, por vezes, a realidade do dia-a-dia não se deve de misturar com o volátil mundo do pro-wrestling) Vickie Guerrero, alegadamente, em louvor ao bravo nome do seu valoroso marido, decide tentar a sua sorte no caprichoso e ardiloso mundo do wrestling profissional.
Com o calmo e ditoso decorrer dos tempos, a metamorfose iniciou-se e, tal como o meu colega Wolve referiu num dos seus textos semanais aqui há uns tempos atrás (podem consultar o artigo em questão aqui), Vickie “pôs-se a jeito”, para ser utilizada e reciclada de acordo com as caprichosas vontades e predisposições da WWE.
No príncipio desta asquerosa mutação, nada de especial, apenas leves índicios de mau gosto que poderiam perfeitamente não passar de meras casualidades transfiguradas em algo mais pela prodigiosa, e por vezes perversa, imaginação dos fãs. Mas depois, com o errante desferir de uma cadeirada em Rey Mysterio, a maldita criatura havia mostrado as suas descomunais garras e as lágrimas vertidas em memória de Eddie Guerrero tinham finalmente secado.
Nos longos meses que precederam o heel turn da senhora Guerrero, muitas foram as situações desconfortáveis que envolveram o nome do defuncto Eddie. Aliás, segundo o que me consta, muitas dessas nefastas e altamente desrespituosas ocorrências acabaram mesmo por resultar no fim de relações pessoais entre a viúva e a família do seu falecido marido...

Nos dias trausentes, Vickie Guerrero refutou por completo a pose de viúva carente e remeteu Eddie para o mais terrível e incongruente dos esquecimentos, de forma a transformar-se num ser-humano vil, cruel, mesquinho e premeditado.
Após alguns meses em que me limitei a refugiar-me num profundo estado de introspecção sobre toda esta mediática situação, sinto-me finalmente com capacidade para dar sobre ela o meu parecer definitivo e coerente, ora assim sendo, tenho de, indubitavelmente, o admitir: estás coberto com a mais lúcida e singela das razões Wolve, a Vickie “pôs-se ( e verdade seja proferida, custe o que custar, ainda se põe) a jeito”.
Ontem, um relacionamento afectivo com Edge, em que esta era manipulada a torto e a direito. Hoje, um triângulo amoroso dominado pelos caprichos da malograda madame Guerrero, que já adiciona à meticulosa lista de paixões irreflectidas desta jovem roliça, um amor incompreensível por um índividuo de proporções gigantescas. Segundo o que agora vem a palco, Vickie, em conjunto com os bookers da WWE, decidiu ir ainda mais longe e, pelo menos ao que me consta, a partir daqui teremos a aterradora chance de testemunharmos o decorrer de uma suposta gravidez da viúva do saudoso Eddie (Bom, que há a proclamar sobre tal caso bizarro? Tentando encarar a questão de um modo positivo, com aquela bariga proeminente, não deverá de ser muito trabalhoso vender o raio do angle!).

Agora sou forçado a questionar-me a mim e a vocês, caros leitores: como vai, afinal, ser o dia de amanhã, da mediática existência desta senhora? Teremos a transtornante chance de assistirmos a cenas de sexo escaldante (num menagé-a-trois) entre Vickie, Edge e Big Show, num ringue situado próximo de nós? Será que iremos presenciar a aparição de um “Edgezinho” ou de um “Little Show”, em directo, via ppv? Ou iremos, simplesmente, ter a perturbante oportunidade de vislumbrar fotos da viúva numa revista pornográfica de 6ª ou 7ª categoria, na secção de fetiches injustificáveis?
Considero deveras louvável, para não dizer mesmo comovente, o profissionalismo da senhora focada no texto de hoje, mas não seria já o momento de esta parar de preconizar figuras de rameira na WWE, de maneira a assim passar a respeitar um pouco mais a memória do seu defuncto marido? Existem limites para tudo, até para as acções desenroladas dentro de um ringue de wrestling profissional.
Peço-vos a maior das desculpas por tão extenso texto para, no seu término, caracterizar a actual pessoa que se oculta por detrás da avantajada silhueta de Vickie Guerrero numa única e simplória palavra: deplorável.