Free Thoughts XIII - A promessa incompatível?

Discrepâncias e semelhanças...

O que têm em comum tão distintos indivíduos como El Generico, Bryan Danielson, Jay Briscoe e Mark Briscoe? Todos eles apresentam grandes níveis de técnica e de mobilidade dentro de ringue. Todos possuem uma carreira relativamente sólida, construída em federações independentes e, como fruto da qualidade que evidenciam dentro do círculo quadrado, todos são aclamados como alguns dos mais reminiscentes talentos da actualidade.
Todavia, devido ao facto de nenhum deles possuir um porte físico particularmente imponente, todos eles estarão, muito provavelmente, condenados a remeter as suas sublimes actuações, enquanto wrestlers profissionais, aos humildes palcos das federações independentes Norte-Americanas.

Contrariamente a estes casos acima expostos, que semelhanças evidenciam tão discrepantes identidades como: Batista, Hulk Hogan e Ultimate Warrior? Todos eles, em determinado momento da sua existência, estiveram envolvidos no mundo do body-building, o que lhes confere um fisico intransponível. Nenhum deles tinha como aspiração vir a ser wrestler profissional. Para além disso, nenhum dos individuos anteriormente mencionados, pode afirmar ser o detentor de uma qualidade técnica “in-ring”, propriamente, irrepreensível.
No entanto, é-me possivel proclamar que, em todos estes sujeitos, Vince descortinou algo capaz de cativar as caprichosas massas de multidões e, portanto, a todos eles, ainda que em contextos e situações diferentes, o lider da WWE, ofereceu descomunais "pushes", de modo a assim obter avultado lucros monetários.

Nas indys...

Quando procuramos pela internet, ou por qualquer outra fonte de informação, dvd’s que contenham eventos de uma determinada companhia independente, como por exemplo a Roh, que aguardamos nós encontrar? Combates rápidos, revestidos com spot-fests e contendas articuladas, nas quais os seus participantes, demonstram possuir uma gigantesca qualidade técnica dentro de ringue.

Tendo em vista os factores anteriormente referidos, usualmente, nas promotoras de natureza independente, é dada primazia aos wrestlers que apresentam ring-skills de grande qualidade e grande mobilidade/agilidade dentro de ringue, mesmo que isso acarrete, em grande parte das situações, que os wrestlers que aí figuram apresentem uma fisionomia fisica um pouco mais débil, quando comparados com um wrestler da WWE.

Na WWE...

Como evidentemente todos sabem, a WWE, foi ganhando reputação ao longo da sua mediática história, justamente por relegar a acção “in-ring” para segundo plano, de modo a assim converter o seu produto em algo capaz de entreter milhares.

Para além disso, se há aspecto que é valorizado no seio desta credenciada companhia, esse aspecto é o porte fisico de um wrestler e, sendo assim, nesta promotora, usualmente, apenas figuram as colossais montanhas de músculos, que, devido à sua falta de mobilidade, normalmente, acabam por nos proporcionar combates lentos e enfadonhos, quando comparados com aqueles que ocorrem numa indy comum.

Uma promessa...

Em meados de 2005, uma valorosa promessa de seu nome Phil Brooks, jovem que desde tenra idade havia evidenciado uma grande predisposição para a prática de wrestling profissional, quer com as suas prestações em federações de backyard, quer com as suas performances em promotoras independentes, assina, finalmente, e para o completo regozijo de grande parte dos fãs, com a WWE.

Após alguns meses na OVW, que era então um território de desenvolvimento da promotora da família McMahon, Vince constata que o jovem aqui em foco, estava mais do que preparado para ser induzido nos quadros principais da sua companhia e, portanto, o líder supremo da WWE, introduziu Phil Brooks na recém-reencarnada Ecw.

Segundo as promos de introdução que então passavam, Cm Punk, era um wrestler disciplinado, que não consumia drogas, álcool ou tabaco e que predispunha de preciosos ensinamentos em diversos campos das artes marciais. O sucesso do rapaz oriundo de Chicago, nas humildes noites de terça-feira, foi instantâneo e a sua onda invicta prolongou-se por meses a fio.

Há sensivelmente um ano atrás, Punk já tinha conseguido, com relativo sucesso, monopolizar por completo as atenções de que dispunha na Ecw, de forma a assim se tornar campeão supremo desta marca. Por mais uma ocasião, a direcção da promotora sedeada no Connecticut demonstrou confiar plenamente neste jovem e presenteou-o com um soberbo triunfo no prestigiado MITB match.

Infelizmente, e talvez como malogrado fruto de um mau booking, o reinado do qual Cm gozou enquanto campeão mundial revelou-se um fiasco e as tentativas de estabilizar este jovem no main event foram totalmente inglórias, sendo que, pouco tempo após a perca do título mundial que este, outrora, empunhava, o seu destino foi descer, novamente, até à pouco dignificante condição de upper mid-carder.

Estamos em Abril de 2009 e no domingo anterior, durante o decorrer da 25ª edição do maior palco de todos, a direcção da WWE, ofereceu-nos, por mais uma ocasião, provas inequívocas de confiar plenamente em Cm Punk, presenteando-o, pela segunda vez na sua tenra carreira, com a premonitória mala de mr. MITB.

Terá este rapaz condições para singrar na World Wrestling Enterteinment?

Para cima ou para baixo?

Há coisa de uma semana, deparei-me com uma breve informação que foi, em grande parte, a responsável pela redacção deste texto de hoje. Ora, ao que consta, o Chicago Made Boy tem tremendas dificuldades em cimentar com os super-pesos-pesados que se pavoneiam pela WWE, uma contenda, articulada, coerente, metódica e credível.

Em adição a este agourento factor, posso, indubitavelmente, garantir-vos que com o seu ingresso na companhia da família McMahon, e graças às politicas com vista a garantir a segurança dos wrestlers no interior dos ringues que aí imperam, o jovem Punk foi forçado a abdicar de muitas das empolgantes manobras que lhe haviam dado fama de tenaz competidor, durante o decorrer dos seus tempo áureos nas federações independentes.

Por fim, quando observo Cm atentamente, constato com relativa facilidade que o físico deste wrestler oriundo da região de Chicago, não é propriamente aquele que, na mente visionária de Vince, compõem o main eventer credível, capaz de atrair em seu torno avultadas receitas monetárias.

Se bem se recordam, no inicio deste texto, expus algumas das principais discrepâncias e incompatibilidades entre wrestlers pertencentes a federações independentes e wrestlers que figuram na WWE...

Após a conclusão de todo este trabalho de pesquisa, vejo-me forçado a aceder ao facto de que o perfil de Cm Punk, enquanto wrestler profissional, se enquadra muito mais naquele que, usualmente, está patente numa indy (wrestlers mais pequenos e mais técnicos), do que naquele que impera na empresa de Vincent Kennedy McMahon (wrestlers com um maior porte físico e, normalmente, com menos qualidade “in-ring”).

Tendo em conta estas evidências, uma incessante dúvida impera: irá Cm Punk conseguir adaptar-se à WWE, transpôr as adversidades que se avizinham e cumprir a promessa que o profetiza como o futuro da companhia da família McMahon? Ou será que, daqui a uns tempos, Vince limitar-se-á a constatar que, afinal, Punk não tem o perfil requerido para figurar na WWE e, consequentemente, irá colocar um termo ao acentuado push de que este jovem talento é alvo?

Os prognósticos em relação ao brilhante futuro de Phil Brooks, parecendo que não, estão reservados, aguardemos...