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Free Thoughts XVI - Sem hipocrisias...

Sem entrar em hipocrisias desnecessárias: a WWE dispõe cada vez menos dessa, outrora, tão preponderante capacidade de desenvolver histórias particularmente adultas e complexas, uma vez que Vince McMahon, para nossa grande infelicidade, parece estar terminantemente decidido a vocacionar o seu produto para uma faixa etária menor. De modo a tornear esta constragedora situação, uma certa parcela de fãs tem, no decorrer dos últimos tempos, aderido com entusiasmo ao wrestling praticado na Total Nonstop Wrestling.
Por mais uma ocasião o friso, não vou entrar nos campos da hipocrisia. Posto isto, admito-o completamente desprovido de quaisquer pudores – não aprecio lá muito o produto Tna e, a meu ver, caso esta promotora mantenha as suas vincadas ideologias transactas, ser-lhe-á simplesmente impossível tornar-se numa alternativa credível à WWE . Todavia, como não gosto de entoar criticas infundamentadas. Ao longo do texto de hoje, tentarei evidenciar concisamente os factores que ditam o meu cepticismo, naquilo que concerne à companhia financiada por Dixie Carter.

-Muitos dissertam acerca da tão maravilhosa acção dentro de ringue que se promove na Tna – combates agitados, recheados com spots, estipulações originais, etc... – mas eu interrogo-me, não será o wrestling praticado nesta companhia um tanto ou quanto sobre-estimado? É inegável que a promotora, quando quer, até nos oferece contendas razoavelmente agradáveis. Contudo, bem mais usual do que isso, é observarmos a Tna a abusar dos gimmick macthes e, por conseguinte, a vulgarizar por completo os combates que ocorrem sob estipulações especiais, na sua programação.
Em adição a isto, muitos são aqueles que aclamam a X-division, todavia, se reparamos bem, o tipo de wrestling aí praticado acaba por ser um tanto ou quanto incongruente, visto que, nesta divisão os combates acabam por se pautar por uma falta de psicologia gritante e por um fraco “seeling” por parte dos wrestlers envolvidos, algo que nos remete, indubitavelmente para contendas carentes a nível de credibilidade.

-Passando agora à direcção da promotora. Por certas ocasiões, quando observo o main event da Tna, sinto uma pergunta bastante pertinente a brotar de dentro de mim: Será que Vince Russo, por alguma razão alheia ao meu conhecimento, parou no tempo? É que caso (tal como o “génio creativo” da promotora de Orlando), ainda não tenham constatado, o main event actual da companhia em foco neste texto tem uma esperança média de carreira um tanto ou quanto reduzida. Kevin Nash já mal se move no interior do ringue, Scott Steiner vai pelo mesmo caminho decadente, Booker T apresenta-se ainda em condições, apesar de também ele já ser um quarentão...mas Sting e Kurt Angle (os dois mais sonantes rostos da promotora actualmente), em grande parte devido às penosas lesões de que têm sido vitimas ao longo dos anos, também podem estar a viver os seus últimos dias de apogeu. Por fim, a prova inegável de que a direcção da Tna não se apercebe do facto de que as suas principais caras estão em término de carreira – Mick Foley é o campeão máximo da empresa. Viverá ainda Vince Russo nos tempos áureos da WCW? Parece-me que sim...
Esta situação anteriormente descrita transtorna-me. Principalmente sendo eu conhecedor dos talentos que por lá vagueam, exemplos mais sonantes, Samoa Joe e Aj Styles. Não sei o que julgam, mas, no meu parecer, caso a Tna queira manter viva a sua chama nos anos vindouros, é-lhe imperativo que inicie uma perseverante demanda pela credibilização dos jovens talentos que por lá deambulam e que, daqui a meia dúzia de anos, serão, indubitavelmente, os principais rostos da companhia.

-Mantendo-me ainda pelos sectores de gestão da Impact zone, exponho mais uma questão que me assombra: onde raio para o líder-nato? Ora aqui está mais um grave problema. Infelizmente, tal figura carismática, tenaz, intransigente e visionária não existe. Dixie pouco, ou mesmo nada, percebe de wrestling. Quanto aos Jarrett’s, estes pelo que veio a palco recentemente, encolhem-se perante os caprichos dos prestigiados main eventers da companhia, algo que, certamente, não é lá muito bom para o negócio, uma vez que a principal preocupação de uma empresa deverá sempre ser oferecer um produto apelativo e nunca satisfazer as ambições dos seus funcionários de alta patente, caso isso possa comprometer a qualidade apresentada.

- Debruço-me agora sobre o departamento de recursos humanos da promotora, e aí deparo-me com outro bicho de sete cabeças que, por mais uma ocasião, me leva a temer pela saúde mental (ou falta dela) dos dirigentes da, suposta, concorrente à WWE. Jimmy Rave, Sonjay Dutt e, sobretudo, Petey Williams; todos eles rapazes talentosos, eloquentes, razoavelmente responsáveis e com uma longa margem de progressão pela frente. Tendo em conta tais factores, penso ser inequivoco que, num futuro não muito distante, estes jovens wrestlers, muita coisa de positivo poderiam trazer à Impact Zone, porém a dura verdade é que foram despedidos...Contrariamente a esta realidade infeliz, no decorrer da última edição do Lockdown, Stevie Richards protagonizou a sua estreia na promotora de Carter.

Qual é, afinal, a imperceptível lógica disto? Stevie viu a sua carreira entrar em decadência aquando da queda da ECW original. Durante a sua passagem pela WWE, este nada de assinalável conquistou. Não seria preferível à Tna investir no seu produto caseiro (Williams, Dutt e Rave)? Para quê a contratação de Richards, quando é dado praticamente adquirido que este é um wrestler em final de carreira que nada de útil irá trazer à tona da Impact Zone? Numa simples justificação pessoal de toda esta situação – má gestão dos recursos humanos disponíveis.

-Adiante. O ponto que se segue na minha lista de observações, é a descoordenação que se regista nas edições semanais dos shows da Tna. O evento conhece o seu ínicio, dá-se um combate ligeiro, com o intuito de aquecer o público (até aqui tudo bem...). De seguida, uma promo ou um segmento de backstage...Nova contenda, mais um malogrado segmento de bastidores que, usualmente, se avizinha a algo de infindável e, infelizmente, passamos o serão todo nisto, o que acaba, obviamente, por se materializar numa abolia intensa para o espectador que, chega a um determinado ponto de transtorno, em que nada mais lhe resta a fazer do que desligar a televisão ou o computador pelo qual assistia ao evento.

-Para findar, apresento-vos aquele que é, na minha opinião, o maior calcanhar de Aquiles da Tna - Falta de consistência na qualidade do produto oferecido às massas de espectadores! Será mania da perseguição minha ou a empresa de Dixie Carter parece um termómetro regido aos meticulosos caprichos do mercúrio?

Por meados de Novembro de 2008, a Tna atravessava, sob o atento olhar de muitos, o mais resplandescente período da sua breve, mas intensa, história. Por volta de Janeiro de 2009, a opinião pública havia-se modificado drasticamente e então a grande maioria clamava que a Impact zone tinha, como errante fruto de más opções de booking, deteriorado por completo a (a principio) brilhante feud que opunha os Frontline aos Main Event Mafia. Nos tempos trausentes, incorremos nos primeiros aromas primaverais do mês de Maio e, novamente, uma considerável percentagem de fãs, volta a proclamar que a Tna está recheada de qualidade e que, a derradeira prova disso foi a edição de 2009 do Lockdown, ppv que, no parecer de grande parte dos acompanhantes assíduos de pro-wrestling, suplantou a WM25. Quanto a mim, nada mais me resta a fazer do que, por mais uma ocasião, me perder entre milhares de interrogações: como posso eu, enquanto amante da modalidade em trato neste texto, confiar numa empresa que não me oferece um produto embuído na tão requerida estabilidade e consistência? Aguardo respostas...
Atenção! Orgulho-me de ser um tipo ponderado e justo. Como tal, também sou perfeitamente capaz de admitir que a Tna, apesar de todas as suas evidentes debilidades, também tem os seus destacados pontos fortes, nomeadamente:

- wrestlers jovens e de qualidade (que caso sejam bem explorados muita coisa boa podem trazer à tona da empresa);

- wrestlers experientes (que na perspectiva animadora de serem utilizados na orientação da juventude podem auxiliar na formação de um conjunto de profissionais de grande calibre no seio da Tna);

- divisão feminina (contrariamente à WWE aqui temos lutadoras e não “louras burras”);

- divisão de tag-team (neste ponto o “Vinnie” bem que podia tirar umas notas);

- X-divison (sem margem para dúvidas de que para quem aprecia assistir com regularidade a spot fests isto é do melhor! Sei reconhecer isso);


Em suma...

...a promotora dos McMahon pode, nos tempos trausentes, com a sua aptência desmedida para satisfazer os voláteis caprichos de um público mais ingénuo estar a perder alguns dos seus fãs que prontamente se aclamam como assumidos apreciadores de um produto um pouco mais maduro e complexo. No entanto, não me venham cá com teses descabidas, nas quais clamam que a Tna é uma alternativa viável ou minimamente satisfatória à WWE. Para perscrutar, finalmente, a chegada desse tão almejado dia, Jarretts, Carter, Russo e companhia limitada ainda têm que suar MUITO, visto que, à promotora de Orlando, escasseam tão vitais condições para uma correcta implantação no mercado do entretenimento como: uma maior articulação entre as capacidades da juventude e a experiência dos veteranos presentes em Orlando; coordenação coerente dos seus shows, de forma a que estes não caiam em monotonia devido a segmentos exagerados; uma equipa de booking competente que perceba bem quais as necessidades actuais dos fãs de wrestling; e, sobretudo, um líder-nato, capaz de impor respeito e coesão nos bastidores. Enquanto estas condições básicas para a terna glória não forem providenciadas, a Tna não passa da decrépita cepa-torta a que se redime actualmente.

(Alerta! spoilers)

Breves notas sobre o Impact:

Acabei agora de ver a edição da Impact Zone desta semana, sendo assim, decidi acrescentar umas pequenas notas ao texto referentes a esse mesmo espectáculo. Bom, por mais uma ocasião, a descoordenação do show foi evidente. A sequência de combates foi muito quebrada por entrevistas e outros segmentos de backstage.
Em adição a isto, tivemos um combate entre Abyss e Cody Deaner, no qual apenas o último wrestler mencionado podia utilizar armas, e um “stretcher” match entre Awesome Kong e Madison Rayne. É certo que estes dois últimos combates ocorreram sob estipulações especiais. Contudo de que valeram essas estipulações? De rigorosamente nada! O Cody Deaner, fustigou o Abyss com um ou dois ataques com umas placas de metal. De seguida, o monstro, que havia permanecido impávido e sereno perante os ataques de que foi alvo, desrói Deaner por completo.

Quanto ao stretcher macth, o combate durou apenas meia dúzia de minutos, durante os quais Kong squashou por completo Rayne. Sinceramente, não percebo qual o propósito das estipulações especiais, num combate destes moldes.

Em relação ao main event, Booker T e (um quase paralizado) Kevin Nash levaram de vencida Samoa Joe e Aj Styles, no final do combate os dois últimos wrestlers envolveram-se em confrontos fisicos. Pessoalmente não percebo esta divergência entre Styles e Joe num momento destes. Não seria melhor para ambos, primeiro triunfarem sob os MEM, credibilizando-se assim no main event de Orlando e, então depois, entrarem em feud um com o outro, de maneira a descobrirem qual dos dois deveria de ser o mais proeminente rosto da Tna? Sinceramente, não consigo perceber o porquê deste apego por parte da direcção da promotora a wrestlers em final de carreira, principalmente, sabendo que isto significa a relegação da juventude que por lá paira para um segundo plano.

Fiquem bem

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