Free Thoughts XIX - O menino que não sabe o que quer
No mundo actual, a relação entre qualidade e sucesso é algo de extremamente complexo. De que vale ser-se inteligente, perspicaz, perserverante, responsável e integro, se ninguém reconhece o nosso valor e todos nos condenam ao mais turtuoso dos desprezos? De que vale possuir-se uma aptidão formidável para a prática de algo, se todos insistem em nos ignorar consecutivamente?
Após toda esta filosofia barata, apenas uma coisa podemos depreender: por mais individuais que nos orgulhemos de ser, a coexistência e a inter-dependência, são conceitos íntrinsecos a toda a nossa existência humana. Muito sinceramente, tal realidade, numa certa perspectiva, revolta-me.
Pode até ser triste, mas, nos tempos correntes, na maioria das situações, quem acaba por obter admiração, prestígio e mediatismo social, não são os sujeitos perspicazes, ponderados e dedicados a algo, mas sim os idiotas sem cabeça, que (se tomando por temíveis rebeldes de cabelos em pé, calças largas de estilo “extreme” e “piercings” protuberantes espetados na fronha) vagueam por aqui e por acolá, um pouco ao estilo pseudo-rebelde daqueles palhacitos com as hormonas aos saltos que nos assombram a televisão, graças a essa série de "formação social" conhecida por morangos com açúcar.
Após toda esta filosofia barata, apenas uma coisa podemos depreender: por mais individuais que nos orgulhemos de ser, a coexistência e a inter-dependência, são conceitos íntrinsecos a toda a nossa existência humana. Muito sinceramente, tal realidade, numa certa perspectiva, revolta-me.
Pode até ser triste, mas, nos tempos correntes, na maioria das situações, quem acaba por obter admiração, prestígio e mediatismo social, não são os sujeitos perspicazes, ponderados e dedicados a algo, mas sim os idiotas sem cabeça, que (se tomando por temíveis rebeldes de cabelos em pé, calças largas de estilo “extreme” e “piercings” protuberantes espetados na fronha) vagueam por aqui e por acolá, um pouco ao estilo pseudo-rebelde daqueles palhacitos com as hormonas aos saltos que nos assombram a televisão, graças a essa série de "formação social" conhecida por morangos com açúcar.

Não podemos fugir da transtornante realidade que nos circunda. A WWE é, acima de tudo, uma empresa e, como tal, esta apenas se preocupa com a gestação de avultados lucros. Quanto a questões como a integridade de um profissional ou a qualidade do produto oferecido, essas não passam de algo supérfulo e desnecessário. Voltando a frisá-lo com objectividade: apenas as receitas monetárias importam no frio e calculista prisma empresarial, no qual a companhia de Vinnie Mac se insere.
Muitos suam; definham; lutam na totalidade das suas carreiras, com todas as suas forças, por uma única chance para alcançarem o cúmulo do triunfo; mostram-se sempre dedicados, valorosos e perserverantes, nem por uma misera fracção de segundo se dão ao luxo de vacilar! Mas no entanto, essa tão desejada oportunidade por glória não chega e as suas carreiras acabam por se reduzir ao mais penoso dos esquecimentos.
Qual a razão do fracasso, em muitos destes casos? Simples, a incapacidade explicita, de diversos wrestlers profissionais, em traduzirem o seu talento fabuloso em reacção junto das multidões e, consequentemente, a tremenda dificuldade em gerar lucros monetários capazes de rechearem os cofres fundos dos McMahon.
Após uma breve análise a estes últimos parágrafos, espero que tenham alcançado comigo a seguinte conclusão: até podemos ser extremamente bons em algo (neste caso, na arte de construir um excelente combate de Wrestling), mas caso não tenhamos a capacidade de satisfazer os caprichos alheios e agitar o coração daqueles que nos rodeiam, estamos completamente lixados e iremos, concerteza, ser desprezados.

Depois existem os casos opostos a estes...Ou seja, a realidade daqueles índividuos que até nem têm as melhores atitudes, nem estão providos com um talento propriamente assinalável, mas que, contudo (e transpondo novamente o meu raciocinio para o panorama da WWE), têm essa invejável capacidade de agradar aos espectadores e contribuir para aumentar o descomunal número de zeros presente na conta de Vincent Kennedy McMahon.
E é aqui, quando me deparo com estes casos, que eu grito embalado pela mais profunda das revoltas e decepções - o raio da vida é injusta!
Jeff Hardy, não é de maneira nenhuma um wrestler que se possa caracterizar como completo. As suas mic-skills deixam bastante a desejar; os seus combates, costumam pautar-se pelas leis do “spot-fest”, algo que se acaba por traduzir em contendas medíocres a nível de psicologia; por fim, deparamo-nos com a personalidade turbulenta e imprivisivel do “Charismatic Enigma”, que o leva a tão depressa ambicionar alcançar o topo da Wwe, como a, imediatamente de seguida, desejar abandonar a empresa ou, quem sabe, envolver-se com substâncias ílicitas, comprometendo assim o bom nome da promotora que o alberga/albergou.
Como é evidente, caso um wrestler menos dotado nessa subtil arte de escoar “merchandise” dos armazéns, proporcionasse a Vince as encrencas preconizadas pelo irmão de Matt, esse vir-se-ia instantaneamente no centro de desemprego mais próximo da sua área de residência...Mas como o mais novo dos irmãos Hardy é um credenciado perito, nessa tarefa de gerar largas receitas monetárias, bem que se pode dar ao luxo de, subitamente, questionar o sentido da sua estadia na Wwe, desrespeitando todo o push que lhe foi incutido, no decorrer dos últimos meses e a colossal prova de confiança que lhe foi prestada (pela direcção da Wwe) com a atribuição do título de campeão mundial à sua pessoa, em dezembro do ano anterior.

Enfim, hoje acordei assim, revoltado e ultrajado com os meninos mimados que por aí se pavoneam. Milhares de índividuos lutam com todas as suas forças, batalham contra as indesejáveis adversidades sem vacilar, chegam mesmo a demonstrar um considerável talento... Porém, no término de tudo, acabam por nunca atingir o cúmulo do triunfo e tudo isso porque, infelizmente, não tiveram sucesso nessa hábil arte de cativar as exigentes multidões.
Em oposição a tão frustrante realidade, existem tipos como Jeff Hardy, que sonhou em miúdo tornar-se wrestler, protagonizou uns “spot fests” arriscados, envolveu-se com umas substâncias esquisitas pelo meio da sua existência e, no final, graças ao facto de conseguir captar as atenções dos espectadores, ainda vê, para regojizo geral, a sua “perserverança e paciência” (será que podemos empregar estes adjectivos?) recompensadas com a conquista de um título mundial.
Pessoalmente, considero que, para qualquer wrestler talentoso que, sem vacilar, tenha lutado toda a sua carreira profissional por uma hipótese de sucesso (que acabou por não obter devido ao facto de não possuir essa invejável capacidade de produzir avultados lucros) deve de ser deveras revoltante ver-se repetidamente suplantado por um menino estúpido que (bem ao estilo de Jeffrey Nero Hardy) não sabe o que quer, tudo porque esse tem essa soberba capacidade de impulsionar as vendas de “merchandise”.

Fiquem bem