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Free Thoughts XVII - O derradeiro campeão de transição

Quando o domínio da era “old shcool” intrínseca ao wrestling profissional findou, ele esteve lá...quando Hulk Hogan se assumiu como mais proeminente figura da WWF, ele esteve lá: O derradeiro campeão de transição...

Khosrow Ali Vaziri é, nos dias transactos, um louco que vagueia por um mundo simplesmente imperceptível. A sua figura é alvo de comentários jocosos. Os “media” sensacionalistas, esses, aproveitam cada calinada sua para o ridicularizar completamente e, como tal, o, outrora, reputado wrestler, usualmente conhecido por Iron Sheik, tornou-se num mero objecto de escárnio social.

Todavia, tal como já referi, noutros tempos mais saudosos da sua carreira, o céu avizinhava-se para si como o limite e a sua passagem pela soberba indústria do pro-wrestling colhia ventos benevolentes que lhe permitiam adquirir um papel de grande preponderância na promotora de Vincent Kennedy McMahon.

Para o comum Iraniano, viver em território Norte-Americano é um árduo desafio a superar, visto que, há que lidar diariamente com o estereótipo, com o preconceito e com as nefastas repercussões da discriminação. Contudo, para Ali Vaziri, viria justamente a ser a sua nacionalidade Islâmica, o factor chave que lhe permitiu uma sublime ascensão na hierarquia da WWF, de modo a assim se tornar num dos mais repudiados heels dos finais da década de 70 e primórdios da década de 80.

Em 1983, a WWF reconvertia por completo a sua estrutura e tornava-se numa promotora que tinha como propósito cobrir o território Norte-Americano na sua totalidade, algo que ia contra as limitações a uma determinada região, que caracterizavam as companhias de wrestling profissional da época.

No rescaldo destas acções de reconversão de produto, preconizadas por Vince McMahon, Vaziri assina, novamente (o wrestler já havia estado na empresa durante a sua fase regional de WWWF), um contrato com aquela que é, nos dias transeuntes, a maior difusora de pro-wrestling no planeta.

Graças à facilidade com que este caricato sujeito oriundo do Médio-Oriente, fomentava ódios latentes na plateia, a sua ascensão na hierarquia da empresa foi (como já mencionei) extremamente rápida e, ainda antes de 1983 findar, Khosrow derrotava Bob Buckland, de maneira a assim se tornar campeão mundial da WWF, pela primeira e única ocasião na sua carreira.

Durante os tempos que precederam este triunfo, Vaziri defrontou e derrotou tão reputados expoentes do “old school” wrestling como: Bob Buckland, Pat Patterson e Chief Jay Strongbow; consolidando assim numa grande escala a sua personagem de voraz inimigo dos Estados Unidos da América.

As semanas continuaram a decorrer e com estas, a raiva para com Iron Sheik incrementou-se no coração Americano. O Árabe era então um vilão genuinamente odiado e quem quer que tivesse a felicidade de o fazer sucumbir, veria a sua popularidade aumentar vertiginosamente, pois tão valoroso individuo, capaz de derrotar o terrível “Infiel Vaziri”, teria de ser, com toda a certeza, um íntegro herói Americano.

O tão requerido Messias, acabaria por irromper no panorama da World Wrestling Federation envolto numa intensa onda de polémica, tudo isto porque, Verne Gagne, indivíduo que era então o proprietário da promotora AWA, havia levado muito a peito a saída de Hulk Hogan da sua companhia.

A 23 de Janeiro de 1984, ocorre, imbuída em controvérsia (segundo consta, Verne ofereceu a Vaziri uma avultada quantia monetária, para que este partisse uma perna a Hogan) e expectativa, no mítico Madison Square Garden, uma das mais determinantes contendas da história, não só WWF/E, como também de todo o pro-wrestling – No término dessa, Hulk Hogan terminava com o reinado de, sensivelmente, 4 semanas do heel Iraniano e empunhava pela primeira ocasião na sua prestigiada carreira o título mundial da WWF. Como repercussão de tal situação, despoletava aqui recheado em pleno triunfo o muito apregoado fenómeno apelidado por “Hulkamania”.

Como fruto desta tendência de iconização, idolatração e devoção desenfreada para com a figura de Terry Bolea, as concepções “old-school” em torno da WWF caíram em completo desuso e, consequentemente, iniciava-se a “Golden Age” da modalidade, ou seja, os mediáticos anos 80, nos quais o pro-wrestling, aliado aos ideais progressistas de Vince MacMahon e à ardilosa indústria do mercado de entretenimento, registou o seu “boom” de crescimento.

O popularizador da expressão “jabroni”, certamente mais conhecido pelo seu ring-name de Iron Sheik, pode ser, nos tempos correntes, um mero espectro daquilo que foi numa outrora mais saudosa...Um homem atingido pelo tortuoso infortúnio do assassinato de uma filha; um individuo interceptado pelas forças da autoridade, por posse de substâncias ilícitas; um bêbado totalmente desvairado que clama aos sete ventos por tudo o que é “talk-show” em que se envolve, não ter o menor dos problemas em enfiar pelo cu acima, um pouco de humildade a tão distintos sujeitos como: Brian Blair, Nikolai Volkoff, Michael Richards, Andre The Giant, Ultimate Warrior e, o inevitável, Hulk Hogan...

Porém, quando a temática em foco é este wrestler Iraniano, completamente desbocado, existe algo tremendamente importante que não podemos, de modo algum, esquecer ou ignorar...

Quando Vince McMahon decidiu colocar termo ao domínio do período “old school” no panorama do wrestling profissional Norte-Americano, Iron Sheik foi o individuo que, prontamente, lá esteve para, cuidadosamente, receber o título que então pertencia a Bob Buckland...Pouco depois desta mediática situação, quando Vincent Kennedy McMahon, decidiu, repleto no mais magnifico dos triunfos, dar inicio à mítica “Golden Age”, foi, Iron Sheik o homem que entregou o título a Hulk Hogan, servindo assim de alicerce ao principio da altamente credenciada carreira do “Real American”.

Em suma, muito possivelmente, Khosrow Ali Vaziri, foi o mais importante campeão de transição da história do wrestling profissional. Como tal, o lugar que este senhor totalmente lunático ocupa hoje no WWE Hall of Fame é absolutamente merecido e digno de respeito, pois quando o tema em foco é Iron Sheik, nunca poderemos ter obstante da nossa mente que estamos a dissertar sobre a derradeira ponte de ligação entre: geração “Old Shcool” – geração “Hulkamania”.

Notas Soltas...Partilhando uma descoberta...

Neste preciso momento, devem estar a interrogar-se sobre quem poderá ser o "bicho" presente na foto de cima. Nos últimos tempos, tenho realizado umas pequenas pesquisas acerca de puroresu e, durante o decorrer da última semana, descobri um wrestler que me impressionou de tal forma que não poderia deixar de o apresentar aqui. O seu nome é Daisuke Sekimoto e (na minha opinião de observador que dá os seus primeiros e, consequentemente, ingénuos passos por terras nipónicas) este é um atleta que consegue aliar um porte e uma força física majestosa, a uma mobilidade dentro de ringue simplesmente incrível!

Devo ainda acrescentar que, esta breve "Nota Solta" se vê inserida numa pequena ambiguidade, visto que, pretende, não só, alertar-vos para este wrestler que tanto me impressionou, pelo modo como combina poder e velocidade (podem consultar o seu perfil disponível no site da BJW, promotora onde este actualmente se encontra, clicando aqui), mas também para o excelente (e diga-se extremamente duro!) wrestling profissional praticado em territórios Asiáticos, que comprova existirem alternativas bastante dignas ao tipo de produto oriundo dos “States”. Para terminar, deixo-vos dois combates que, a meu ver, espelham bem o cariz "stiff" do puroresu e a capacidade atlética inerente a Sekimoto.

Daisuke Sekimoto vs. Sinjiro Otani
http://www.youtube.com/watch?v=fTm_yNPECxU

Daisuke Sekimoto vs. Masato Tanaka
http://www.youtube.com/watch?v=hBFYIVG8qQw&feature=related – parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=sniIqjgENdw&feature=related – parte 2

Fiquem bem
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