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Stiff Words #19



Stiff Words #19

The power of 450!!!!

O que é o wrestling?

Numa visão abstracta e típica de Álvaro de Campos imagino o wrestling como sendo um balde de água preso num cabo de aço e que essa água pode ser levada a dois recipientes. O recipiente A é o chamado desporto e o recipiente B é o chamado entretenimento. Esses recipientes, por sua vez alimentam a sede dos que assistem e acompanham o wrestling, assim quando maior a fome de um maior a componente desse wrestling. Ou seja se a população alimentada pelo recipiente A, tiver muita sede então essa wrestling será um wrestling mais desportivo e atlético, se pelo contrário, for a população B a que tenha uma maior sede então o wrestling será mais de entretenimento.

Ou seja, esta treta que disse em cima serve para dizer que o wrestling está entre dois pontos, o desporto e o entretenimento e cabe a cada espectador definir a sua escala e o estilo de wrestling que mais aprecia.

A definição desta escala por vezes não é fácil e normalmente associa-se à evolução de um espectador e acompanhante de wrestling. Um fã quando se inicia no wrestling é normalmente um mark e para esse, a escala é quase uma escala uniponto e rege-se pelo entretenimento. A medida que os conhecimentos, experiencia e gostos do fã vão evoluindo, a escala tende a alargar-se para o carácter desportivo e o espectador pretende um wrestling mais desportivo e procura encontrar sentido nas coisas que num ringue vão acontecendo.

Na minha opinião um wrestler deve ser sobretudo um bom contador de histórias e para isso, deve recorrer a todos os seus meios e estes são muitos e vão desde às expressões corporais e faciais até ao seu move-set no ringue. Essa capacidade de contar algo é o que distingue os workers maus, dos médios, dos grandes e dos fenomenais. Um bom worker é aquele que sobretudo e independente do tempo que possui, consegue contar a história de modo a que todos a percebam e sobretudo não deixa o seu adversário fazer fraca figura, dai que muitas se vezes se diga que X ou Y carregou Z ou W no combate. Um bom worker é aquele que não consegue ter um mau combate, mesmo que combata contra uma vassoura.



A minha evolução no acompanhamento de wrestling, traduziu-se num gosto sobretudo para o wrestling pensado, com sentido e bem trabalhado e devido a isso o meu gosto pelo típico spotfest tendeu a ficar de lado, mas claro que já fui apreciador do típico spot, mas neste momento, nem por sombras posso com um spotfest e tendo a ganhar um ligeiro toque para criticar os ditos spotfetistas. Com isto, claro que nem preciso dizer que o wrestling que aprecio é um wrestling desportivo.

Com o PPV da semana passada, o Judgment Day fiquei com uma certeza algo curiosa e esta é que se a maioria dos fãs portugueses assiste-se com regularidade ao wrestling independente típico da Ring of Honor e afins, não faltariam por ai combates 5 estrelas e porquê hein?

No balanço do Judgment Day, todos se apressaram a elogiar e a definir o combate entre Shelton Benjamim e John Morrison como o embate da noite e os elogios a Nitro não se pouparam e este foi quase considerado o MVP do show, e porquê? Somente por uma manobra, uma springboard 450 feito de maneira precipitada por Morrison. Por um lado, critico a precipitação da manobra que se reparem bem até foi meio surpreendente para o Shelton e por outro lado, critico o timing da manobra pois foi sem sentido e muito adiantada no embate.

John Morrison é um wrestler típico que seque a cartilha da psicologia Chen, Cardinal e Ltd. Wrestler de excelente capacidade verbal e atlética mas que tende a entrar nos tiques de atleticismo exacerbado e de spots sem sentido. A meio do combate sem dar por isso lá ele saca uma 450 ou um corkscrew moonsault.

O objectivo digo que eu é para aquecer e prender o público, mas de pouco vale a Morrison pois é um wrestler sem a ponta de carisma. Desde a sua estreia na WWE e até ao presente, a excepção em que foi campeão da ECW e campeão Intercontinental, Morrison trabalhou principalmente em equipa, primeiro nos MNM onde fez parceria com o grande worker Joey Matthews e recentemente entrou numa parceria com Mike Mizanin. Quantos combates destas equipas forma de grande nível? Muitos. No tempo que Morrison lutou a solo, quantos combates teve de grande nível? Alguns e combates de escada e de jaula contra o Hardy mais novo não valem.

Pois é, os combates de equipas onde Morrison participou foram bons porque um combate de equipas tem essa premissa, disfarçar os defeitos individuais dos membros da equipa e mostrar um bloco forte e único, por sua vez, os combates individuais foram totalmente diferentes porque Morrison como disse é o típico wrestler que começa a trabalhar bem, mas que depois se perde em exageros e começa a sacar de manobras que apresentam espectacularidade ao combate, mas quebram a história e o sentido de um combate.



Neste panorama em que se encontra Morriosn, este pouco mais subirá no panorama WWE. 1º - É totalmente indiferente ao público, 2º - Não tem pontinha de carisma, 3º -Não vende camisolas. Não digo que as capacidades não estejam lá mas este tem de melhorar muito mais a forma de trabalhar e começar a reger-se pelo sentido, mas normalmente pau que nasce torto, nunca se endireita, mas claro há excepções e com trabalho e persistência tudo se consegue mudar.

A definição de worker na minha opinião, por vezes não se encaixa muito bem no motor WWE, pois na engrenagem há uns pequenos grãos de areia, como venda de merchandise e assim nem sempre o grande worker é o campeão mas aquele que vende mais. Jeff Hardy, Rey Mysterio são casos disso, mas neste momento os campeões da WWE são de facto grandes workers, mas isso já é uma história bem conhecida e bem discutida.

Se o wrestling fosse baseado em spotfest sem sentido, todos os wrestler independentes seriam a nata do wrestling e isso não é verdade e dai o wrestling bem trabalhado e com sentido é o que deve predominar e por isso que eu gosto de ver o John Cena, o Finlay e o Regal a darem no duro,
Esta mensagem deve ser entendida somente por 2% dos fãs de wrestling e a comprovar isso é que quando se requer a opinião para a nomeação de grande combate, um spotfest vem sempre à baila e aquele combate bem trabalhado raramente é referido e isso deve-se ao espectador e a sua definição da escala de wrestling por ele definida.

Ainda era para referir e falar/deitar abaixo o outro macaquinho do combate do PPV, mas da forma como ele foi defendido durante a semana, fiquei com medo das represálias e deixo alguns ficarem com a ilusão de daqui a uns anos verem o vosso novo campeão Mundial, Shelton “Spot” Benjamim.
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