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Reflexões Partilhadas VII


Num ano em que o nosso País será varrido por uma mega campanha eleitoral, e onde uma grande franja da população irá ausentar-se do seu dever e direito cívico, como se verificou nas últimas eleições europeias, em especial as classes mais jovens. Classe esse que afirma não se interessar por política, por várias razões, é curioso verificar que a diferença entre política e wrestling não é assim tão grande. Ou melhor, o que não falta no pro wrestling, ou no wrestlig ao mais alto nível, é política.

Pegando em Aristóteles, que afirmou "O homem é um animal político", por mais que tentemos fugir dela, desligar-se, a política e a diplomacia está presente em muitos momentos da nossa vida. Desde o casal que discute/debate qual o programa de televisão a ver, ás negociações entre empresas, reuniões de condomínio, discussões sobre os nossos clubes, passando por aquilo que nos traz aqui, o wrestling. Existem discussões/debates entre fãs, assim como na política propriamente dita, jogadas de bastidores ao mais alto nível.

Todos sabemos que para um wrestlig chegar ao topo necessita de talento, no ringue e no micro, de esforço, dedicação e acima de tudo, vender bem a sua imagem, exterior e interiormente. Como na política, quem chega ao topo necessita de vender a sua imagem, seja aos eleitores, seja internamente nas suas organizações políticas, ou seja, partidos. Tal como um político, um wrestler tem de receber o maior apoio popular possível. Para isso, necessita de ser apresentado com uma boa imagem, bons desempenhos e igualmente, bem falante. Quantos wrestlers já se viram afastados do topo por não serem bons falantes. A história é fértil em casos desses, onde apesar de muita qualidade no seu desempenho, falta cativar o público através do micro. Caso esse vertente seja conseguida, passando uma imagem de sucesso, apelativa ao olhar dos fãs, o sucesso está garantido, independente de ser ou não um grande wrestler dentro das cordas. Hogan, é o exemplo máximo desse estilo. Dentro do ringue, Hogan era limitado comparado a outros nomes, mas conseguiu vender e foi vendida uma imagem, que o tornou simplesmente na maior referência mundial do pro wrestling. Quantos de nós não temos familiares (normalmente mais velhos) que não acompanham wrestling, e reconhecem Hulk Hogan?

No entanto, ter talento e imagem não chegam. Como já referi, o talento pode existir, e a imagem não, logo nunca passarás de um assessor de gabinete, longe das luzes da ribalta. Não serás o centro das atenções, nem o alvo do carinho ou de revolta popular, ou seja, o papel de heel ou face não será para ti. Observem o caso de Shelton Benjamim. O seu talento é indiscutível, é capaz de executar manobras ao alcance de poucos, mas como não consegue vender a sua imagem ou público, não passa do lugar onde está. O "ouro" não é para si. Vitórias em eleições populares não são o seu destino.

Contudo, tudo não depende só de uma pessoa. Nem todos são um Obama, um Mandela, que aliam talento natural, a uma boa máquina, conquistando o carinho popular em grandes massas, naturalmente de forma e em conjunturas diferentes. Ou seja, nem todos são um John Cena, vestindo o papel de Obama, adorado por uns, odiado por outros, nem mesmo de Ric Flair. Apesar de necessitarem de máquinas bem oleadas atrás de si, conseguem só por si, valerem muitos votos. Para muitos, a máquina necessita de os lançar, ou melhor, de empurrar de forma sustentada até ao topo. Isso não é nada mais do que aquilo que a maior empresa do pro wrestling mundial, a WWE fez ao longo dos anos, e tem tido dificuldades de fazer nos últimos tempos, criar estrelas. No caso político, nos últimos tempos os partidos também têm tido dificuldades em lançar imagens credíveis e sinais de esperança para o povo. Desse sentido, quando olhamos para o mapa político, quantas vezes não vemos o mesmo que temos assistido na WWE! Caras já gastas, desgastadas, e a necessidade de serem revelados outros nomes. O maior partido da oposição nacional que o diga.

A semelhança entre política e wrestling continua. Comparo o caso de Santana Lopes ao de um wrestling a necessitar de uma nova gimmick, de renovar o seu estatuto perante os fãs. Tal como Nicholas Theodore "Nick" Nemeth, com o final dos "Spirit Squad", passou por um período afastado dos grandes palcos. Assumiu uma nova gimmick, reapareceu com um ar fresco e renovado, e hoje está a construir um novo caminho para a ribalta.

Mas no wrestling como na política, os sapos são grandes de engolir. As humilhações podem ser muitas, e as jogadas de bastidores, ainda mais. Como no wrestling, e na política, por vezes é bem melhor um bom jogo de bastidores e diplomacia, do que qualquer apoio popular. O caminho para o sucesso não depende apenas de um indivíduo e da sua capacidade. O caso de Triple H é disso evidente. Triple H tem capacidades acima da média, mas será que essas capacidades estão ao nível da sua carreira e do seu currículo. Já venceu tudo o que havia a vencer, em doses bem elevadas. Para isso, muito beneficiou da aproximação aos membros do topo da empresa. Foi construindo o seu legado, e contestado ou não, ninguém o poderá apagar. Tal como no wrestling na política, bons conhecimentos e jogadas de bastidores valem ouro. Cargos importantes e boas remunerações.

Deste modo é simples observar que wrestling e política não estão muito longe uma da outra, seja em que situação for. Tanto na vertente democrática, ou num regime ditatorial (não é Vince).
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