Tomos de Eternidade
Esta semana irei revelar uma opinião minha sobre um dado assunto.
Uma opinião que se revelará polémica certamente. Uma opinião que penso eu nunca terá sido dada na CWO.
O assunto do qual falarei nada mais é do que a remoção do título de Cruiserweights da WWE, o que ocorreu há um par de anos.
A opinião geral que ainda hoje se vê na CWO é que tal foi um erro de grande magnitude, pois removeu em grande medida uma divisão conhecida pelos seus combates de rápido paço e manobras excitantes, os quais eram visualmente muito impressionantes. Que tal retirou a muitos wrestlers algo porque lutar, convertendo muitos deles em jobbers.
E minha opinião diverge completamente desta. Eu não acho que retirar o título de Cruiserweights tenha sido uma decisão tão nefasta quanto isso. Claro que tem os seus contras, mas como não podia deixar de ser, também tem os seus prós.
Para fundamentar esta opinião, apresentarei argumentos de forro racional, bem como relacionados com os meus gostos pessoais.
Começando pela parte pessoal.
Eu já vi centenas de combates de Juniors (termo que usarei para definir os cruiserweights durante o resto da crónica, pois é-me mais familiar). Eu já vi bons combates de Juniors, eu já vi maus combates de Juniors, eu já vi excelentes combates de Juniors, eu já vi péssimos combates de Juniors, eu já até vi lendários combates de Juniors, bem como combates de Juniors que deveriam ser relegados ao esquecimento! Eu já vi combates de Juniors de todos os tipos possíveis e imaginários! E verdade seja dita, na actualidade cada vez se vê menos combates bons de Juniors (excelentes então nem se fala...), enquanto os maus combates de Juniors têm crescido de forma quase assustadora. Tal tem uma explicação bastante fácil de entender.
O facto da maior parte deste tipo de combates quase que inevitavelmente desaba em spotfests ridículos, onde ninguém se preocupa em vender a ofensiva, onde ninguém tenta contar uma história, onde ninguém tenta sequer ter uma personalidade!
O que interessa o número de MOVEZ!! que são capazes de mandar cá para fora, e o número de spots malucos que são capazes de realizar. Isto basicamente é recorrer ao valor de choque para fazer os combates. O problema aqui é que algo só é chocante quando é feito pela primeira vez, depois disso indiscutivelmente cai na rotina. Um exemplo perfeito é este spot do Kota Ibushi, o qual é utilizado em grande parte dos combates dele.
Á primeira vez é fantástico de ver, mas á medida que as repetições vão aumentando, o efeito choque desaparece, e aquele que era um spot fixe passa a tornar-se um signature move do wrestler, ficando a sua eficiência (a nível de reacção do público) dependente do timing da execução.
Tal leva a um outro problema. A necessidade de superar o spot anterior, tornando-o mais fixe, mais maluco, mais perigoso... até um ponto onde simplesmente já não é possível superá-lo, sem o wrestler pôr em risco a sua vida!
Há uns 10/15 anos para cá estabeleceu-se esta mentalidade de que os Juniors devem ser meros spot-monkeys, e que os seus combates apenas servem para puxar a adrenalina do público, mas a um ponto que quando o combate termina já ninguém se recorda do que viu. E este é um enorme erro, pois todos os históricos combates de Juniors tiveram um ponto em comum. Todos contaram uma história em ringue. E isto é algo que cada vez menos se vê na actualidade.
Por outro lado, eu cada vez mais gosto de ver combates entre Juniors e pesos-pesados. Duas razões por detrás deste gosto. Primeiro, os Juniors são obrigados a vender a ofensiva do homem maior; Segundo, estabelece-se sempre uma básica história David vs Golias, onde o Junior vai ter de pensar de forma criativa para derrubar o adversário muito maior do que ele. Isto leva a que este tipo de combates, quer seja individual, tag, 6-man tag, etc, seja para mim muito mais interessante do que qualquer combate apenas envolvendo Juniors.
E agora o forro Racional.
Não faz sentido para mim, que uma empresa como a WWE tenha um título de Juniors por uma razão muito simples. A WWE tem títulos intermédios.
Cintos como o Título Intercontinental, dos Estados Unidos e da ECW são para todos os efeitos openweight, o que quer dizer que o peso e tamanho do wrestler não têm qualquer relevância para os mesmos, podendo qualquer Junior combater por eles, algo que se tem verificado desde que o título de Cruiserweight foi retirado (Mysterio Campeão Intercontinental, Chavo Guerrero Campeão da ECW, Evan Bourne a competir pelo título da ECW e dos Estados Unidos, etc), o que obviamente não os impediu de terem grandes combates com adversários maiores (Rey Mysterio...).
E ainda mais, um título de Cruiserweights acabava por criar um “Glass Ceiling” para estes atletas, labelando-os perante o público como Cruiserweights, e nada mais acima disso. Tal levava a que o este título fosse considerado como a única coisa a que eles podiam aspirar. Tudo acima lhes estaria velado, pois eram títulos para classes mais pesadas, mesmo que o nome não incluísse uma divisão de peso. O público associava exclusivamente os wrestlers a esse título, e depois não considerava credível que eles desejassem outros prémios, pensava: “Eles já têm aquele título porque lutar, logo não precisam de mais nada!”
Claro que agora ainda seria necessário um enorme malabarismo para levar um atleta destes a um dos principais títulos, os quais ainda são indiscutivelmente associados a pesos pesados, mas tudo o resto (ECW, Intercontinental, USA, Tag) está aberto para eles, o que lhes permite singrar mais alto na companhia, uma vez que mesmo nos seus tempos áureos, o título de Cruiserweight era considerado o mais baixo em na escala hierárquica, destinado a ser disputado no show B (o antigo Velocity), ou no low-card da Smackdown e PPVs.
Se a WWE não tivesse títulos intermédios (como acontece em grande parte no Japão), fazia sentido existir um título de Juniors, pois doutra forma eles não teriam nenhum prémio porque lutar. Mas a partir do momento que existem títulos intermédios sem restrições de peso, então o título de Juniors torna-se redundante, e apenas serve como uma “prisão” para uma série de wrestlers que salvo raras excepções (Rey Mysterio outra vez) nunca poderão sair dali. Lutarem por títulos intermédios dá-lhes mais mobilidade.
E para aqueles que poderão pensar no título de Cruiserweights da WCW eu ponho esta questão. Que campeão de Juniors da WCW conseguiu depois nessa companhia sucesso de forma continuada (e não ganhar só porque era swerve) a combater por títulos acima, e se algum campeão alguma vez foi a razão por detrás do sucesso do programa televisivo, ou do PPV?
O que me leva á derradeira conclusão. Wrestling de Juniors nunca vendeu nos Estados Unidos!
Eles sempre foram tratados como uma atracção, uma vez que mesmo na WCW retirando um par de storylines (Eddie vs Mysterio e Malenko vs Jericho) nunca houve um feudo memorável envolvendo o cinto em 5 anos de existência, nem foi o main-event dum PPV!
Quero eu dizer que a WWE tomou uma boa decisão ao retirar o cinto?
Não necessariamente, pois podia ter havido um esforço para mostrar que certos Juniors tinham a capacidade, e a ambição necessária para competirem por títulos acima, mesmo existindo um título especificamente para eles. Mas sem dúvida que há boas coisas que se podem retirar daí, as quais já enumerei na crónica.
Vemo-nos para a semana!
manjiimortal
“ Death is merciless. But let me tell you... Not being able to die is crueller still.”
Uma opinião que se revelará polémica certamente. Uma opinião que penso eu nunca terá sido dada na CWO.
O assunto do qual falarei nada mais é do que a remoção do título de Cruiserweights da WWE, o que ocorreu há um par de anos.
A opinião geral que ainda hoje se vê na CWO é que tal foi um erro de grande magnitude, pois removeu em grande medida uma divisão conhecida pelos seus combates de rápido paço e manobras excitantes, os quais eram visualmente muito impressionantes. Que tal retirou a muitos wrestlers algo porque lutar, convertendo muitos deles em jobbers.

Para fundamentar esta opinião, apresentarei argumentos de forro racional, bem como relacionados com os meus gostos pessoais.
Começando pela parte pessoal.
Eu já vi centenas de combates de Juniors (termo que usarei para definir os cruiserweights durante o resto da crónica, pois é-me mais familiar). Eu já vi bons combates de Juniors, eu já vi maus combates de Juniors, eu já vi excelentes combates de Juniors, eu já vi péssimos combates de Juniors, eu já até vi lendários combates de Juniors, bem como combates de Juniors que deveriam ser relegados ao esquecimento! Eu já vi combates de Juniors de todos os tipos possíveis e imaginários! E verdade seja dita, na actualidade cada vez se vê menos combates bons de Juniors (excelentes então nem se fala...), enquanto os maus combates de Juniors têm crescido de forma quase assustadora. Tal tem uma explicação bastante fácil de entender.
O facto da maior parte deste tipo de combates quase que inevitavelmente desaba em spotfests ridículos, onde ninguém se preocupa em vender a ofensiva, onde ninguém tenta contar uma história, onde ninguém tenta sequer ter uma personalidade!
O que interessa o número de MOVEZ!! que são capazes de mandar cá para fora, e o número de spots malucos que são capazes de realizar. Isto basicamente é recorrer ao valor de choque para fazer os combates. O problema aqui é que algo só é chocante quando é feito pela primeira vez, depois disso indiscutivelmente cai na rotina. Um exemplo perfeito é este spot do Kota Ibushi, o qual é utilizado em grande parte dos combates dele.
Á primeira vez é fantástico de ver, mas á medida que as repetições vão aumentando, o efeito choque desaparece, e aquele que era um spot fixe passa a tornar-se um signature move do wrestler, ficando a sua eficiência (a nível de reacção do público) dependente do timing da execução.
Tal leva a um outro problema. A necessidade de superar o spot anterior, tornando-o mais fixe, mais maluco, mais perigoso... até um ponto onde simplesmente já não é possível superá-lo, sem o wrestler pôr em risco a sua vida!
Há uns 10/15 anos para cá estabeleceu-se esta mentalidade de que os Juniors devem ser meros spot-monkeys, e que os seus combates apenas servem para puxar a adrenalina do público, mas a um ponto que quando o combate termina já ninguém se recorda do que viu. E este é um enorme erro, pois todos os históricos combates de Juniors tiveram um ponto em comum. Todos contaram uma história em ringue. E isto é algo que cada vez menos se vê na actualidade.
Por outro lado, eu cada vez mais gosto de ver combates entre Juniors e pesos-pesados. Duas razões por detrás deste gosto. Primeiro, os Juniors são obrigados a vender a ofensiva do homem maior; Segundo, estabelece-se sempre uma básica história David vs Golias, onde o Junior vai ter de pensar de forma criativa para derrubar o adversário muito maior do que ele. Isto leva a que este tipo de combates, quer seja individual, tag, 6-man tag, etc, seja para mim muito mais interessante do que qualquer combate apenas envolvendo Juniors.
E agora o forro Racional.
Não faz sentido para mim, que uma empresa como a WWE tenha um título de Juniors por uma razão muito simples. A WWE tem títulos intermédios.
Cintos como o Título Intercontinental, dos Estados Unidos e da ECW são para todos os efeitos openweight, o que quer dizer que o peso e tamanho do wrestler não têm qualquer relevância para os mesmos, podendo qualquer Junior combater por eles, algo que se tem verificado desde que o título de Cruiserweight foi retirado (Mysterio Campeão Intercontinental, Chavo Guerrero Campeão da ECW, Evan Bourne a competir pelo título da ECW e dos Estados Unidos, etc), o que obviamente não os impediu de terem grandes combates com adversários maiores (Rey Mysterio...).
E ainda mais, um título de Cruiserweights acabava por criar um “Glass Ceiling” para estes atletas, labelando-os perante o público como Cruiserweights, e nada mais acima disso. Tal levava a que o este título fosse considerado como a única coisa a que eles podiam aspirar. Tudo acima lhes estaria velado, pois eram títulos para classes mais pesadas, mesmo que o nome não incluísse uma divisão de peso. O público associava exclusivamente os wrestlers a esse título, e depois não considerava credível que eles desejassem outros prémios, pensava: “Eles já têm aquele título porque lutar, logo não precisam de mais nada!”
Claro que agora ainda seria necessário um enorme malabarismo para levar um atleta destes a um dos principais títulos, os quais ainda são indiscutivelmente associados a pesos pesados, mas tudo o resto (ECW, Intercontinental, USA, Tag) está aberto para eles, o que lhes permite singrar mais alto na companhia, uma vez que mesmo nos seus tempos áureos, o título de Cruiserweight era considerado o mais baixo em na escala hierárquica, destinado a ser disputado no show B (o antigo Velocity), ou no low-card da Smackdown e PPVs.
Se a WWE não tivesse títulos intermédios (como acontece em grande parte no Japão), fazia sentido existir um título de Juniors, pois doutra forma eles não teriam nenhum prémio porque lutar. Mas a partir do momento que existem títulos intermédios sem restrições de peso, então o título de Juniors torna-se redundante, e apenas serve como uma “prisão” para uma série de wrestlers que salvo raras excepções (Rey Mysterio outra vez) nunca poderão sair dali. Lutarem por títulos intermédios dá-lhes mais mobilidade.
E para aqueles que poderão pensar no título de Cruiserweights da WCW eu ponho esta questão. Que campeão de Juniors da WCW conseguiu depois nessa companhia sucesso de forma continuada (e não ganhar só porque era swerve) a combater por títulos acima, e se algum campeão alguma vez foi a razão por detrás do sucesso do programa televisivo, ou do PPV?
O que me leva á derradeira conclusão. Wrestling de Juniors nunca vendeu nos Estados Unidos!
Eles sempre foram tratados como uma atracção, uma vez que mesmo na WCW retirando um par de storylines (Eddie vs Mysterio e Malenko vs Jericho) nunca houve um feudo memorável envolvendo o cinto em 5 anos de existência, nem foi o main-event dum PPV!
Quero eu dizer que a WWE tomou uma boa decisão ao retirar o cinto?
Não necessariamente, pois podia ter havido um esforço para mostrar que certos Juniors tinham a capacidade, e a ambição necessária para competirem por títulos acima, mesmo existindo um título especificamente para eles. Mas sem dúvida que há boas coisas que se podem retirar daí, as quais já enumerei na crónica.
Vemo-nos para a semana!
manjiimortal
“ Death is merciless. But let me tell you... Not being able to die is crueller still.”