The Trooper IX
Ora viva,
A longa caminhada de uma fustigante carreira, os erros cometidos e não revistos, a passagem de uma validade soberana para um arrastamento terminal. Podemos olhar para todos os lados, aperceber-nos de todos os momentos, mas no fundo procuramos sempre o mais cativante, o que apresenta uma maior frescura na subjectividade inerente à opinião. A alternativa tem de estar sempre presente, exista ou não uma concorrência. Numa simples estrada, com dois caminhos possíveis, procurando um rumo desconhecido. Qual será a nossa escolha? A espécie humana, por muito suspeita que possa ser em relação a conteúdos mais apetecíveis, opta quase sempre pelo produto mais seguro, por aquele que apresenta algo com mais alguma fiabilidade e que não parece mais uma proposta de segunda linha de mercado. Apesar de tudo isso, há que apontar as óbvias excepções à regra. Quem já não ouviu falar da rápida subida de uma falecida promotora de wrestling, a WCW? Apesar de ser um produto muito mais recente que a sua rival WWF, esta companhia conseguiu criar uma apresentação arrojada, apostando num mercado diferente, e obrigando a rival a enveredar por caminhos menos seguros. Quem beneficiou? O espectador, que podia mudar de canal a qualquer altura e ter a certeza que conseguia obter um espectáculo que o fosse entreter. No entanto, existiam “moldes” pré-definidos, alguns padrões, que teriam de ser respeitados. E foram.
“Monday Night Wars” foi o termo utilizado para caracterizar as “lutas” que existiam entre o programa RAW, por parte da WWF, e o Nitro, criado pela WCW. Foram anos de renhidas lutas pelos ratings com, surpresa das surpresas, a “principal” companhia a perder durante uns bons tempos. Uma luta pelo produto dominante, uma batalha pela supremacia. Quem venceu a guerra? Os suspeitos do costume. No entanto, e como qualquer moeda tem duas faces, muitos avisos foram feitos para a posteridade, tanto para a companhia de Stanford, bem como para todas aquelas que, hipoteticamente, tentassem “abrir fogo”. Analisando mais sucintamente os erros cometidos pela companhia criada por Ted Turner, podemos encontrar algumas situações gritantes. Desde combates “inserir objecto aqui” num poste, até um excessivo controlo do balneário por parte de muitas das vedetas que por lá andavam, podemos encontrar três pontos que foram preponderantes na queda de uma empresa. Em primeiro lugar temos o mau booking. Fingerpoke of doom é um dos nomes mais conhecidos pelos amantes da WCW e das MNW’s em geral. Claro que é só um exemplo, mas acho que o David Arquette não se pode queixar… E já lá vão dois! Crassos! Mas há mais pano para mangas. Em segundo lugar podíamos verificar uma insustentável situação financeira. Uma empresa com tantos gastos tinha de ter uma receita fantástica para conseguir equilibrar a balança. Quando se abriu o buraco no casco, o Titanic do Sports Entertainment revelou-se de uma vez por todas. Ainda assim, existe um elemento bem mais preponderante, já que foi directamente responsável pela perda de audiências (e não falo de “spoilar” a RAW). nWo?
Pois bem, todos nós conhecemos esta stable, ainda para mais quando ela foi talvez “o” factor para o crescimento de uma companhia. Aliás, depois da ida de Hulk Hogan para a WCW, depois de um Heel turn brilhantemente orquestrado, depois da transformação de um ícone americano num rebelde inconformado (as minhas palavras não devem ser sempre tomadas à letra), nada mais havia para fazer. Caimos na redundância, algo muito perigoso quando a balança pende para o nosso lado mas qualquer flutuação de peso pode inverter a situação. Depois de quatro anos a reciclar o nome, depois de muitas e ainda mais reencarnações/mutações desse mesmo nome, os fãs estavam fartos. Juntando a redundância a um booking que parecia mais ser feito cinco minutos antes do show, acrescentando o tempo do mesmo… E tínhamos a receita perfeita para o desastre. O nome colapsou mesmo diante dos nossos olhos, e tínhamos de novo um rei incontestado. “Trabalho” é capaz de ser a palavra mais correcta para designar o que os funcionários desta companhia tiveram ao longo dos anos. “Planeamento” é o literal: Foi isto que faltou à companhia para esta conseguir ir mais além, para subsistir num ramo onde apenas os melhores conseguem sequer atingir um pouco de reconhecimento. A alternativa (e líder, momentaneamente) não passou disso, e ficará relembrada como “Legado”.
Foram precisos cerca de nove anos para alguém sequer ousar mandar uma “alfinetada” ao império construído pela WWF/E (utilizarei, a partir deste momento, a designação actual da companhia). Sabem de quem estou a falar, certo? TNA, Total Nonstop Action Wrestling, uma promotora que tem causado algum alarido um pouco por todo o lado, ainda para mais com a ida do “immortal” Hulk Hogan para lá. Porque estou a trazer este nome ao lume? Muito simples. Depois de visualizar os mais recentes shows, depois de analisar alguns dos passos que estão a ser dados com mais cuidado, elaborei uma opinião bastante sincera sobre os conteúdos da mesma. Apesar de estarem a melhorar o produto, com um ênfase muito maior no storytelling e nos valores de produção, a verdade é que não consigo retirar aquele nome nostálgico da cabeça quando vejo o iMPACT. WCW? Sim, é o que parece. Até temos a milésima encarnação dos responsáveis pelo “crescimento/esmorecimento” da companhia supracitada. Será isso algo benéfico? Não, nunca. Apesar de o produto estar mais dentro dos trâmites do que pode ser considerado “old school wrestling”, não apresenta algo completamente fresco e novo. Apresenta apenas um reutilizar de conteúdos já muito familiares a Hulk Hogan e Eric Bischoff, algo que já deve ser entediante para eles (ou então não).
Espero que continuem a apostar neste produto mais “calmo” no que diz respeito a “spots”, mas que mudem o rumo das “estórias” por lá presentes. Já não falo em erros banais, pois encontramo-nos num período de transição. Refiro-me redundância. Peço desculpa pela minha semana de ausência, mas tem sido complicado estar mais que 5/10 minutos no computador para elaborar um texto coerente. Decerto que o contributo é dado via comentários, mas uma opinião pessoal é sempre algo mais preciso. Espero poder ser regular como, aliás, tem sido hábito (se descontarmos a semana passada). Fiquem bem, até para a semana!
Up the Irons |m|