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Chapter II - A bola de cristal

Cá estamos para mais um capítulo deste espaço.

Hoje vou fazer por momentos o papel do dito “olheiro”, conhecidos principalmente do mundo do futebol, basquetebol, futebol americano e derivados. Os olheiros como devem saber têm como principal objectivo, e simplificando um bom bocado o conceito, descobrir a “next big thing” do dito desporto. Vou dividir esta crónica em duas, ou três, não necessariamente seguidas. Vou primeiramente falar das indys, e na outra, ou outras, da WWE e TNA. Nas indys como é óbvio não vou falar de gajos que apareceram este ano, mas sim de gajos que podem a qualquer momento dar o salto (vou abster de comentar wrestlers japoneses, nomeadamente gajos da Dragon Gate USA, porque acho que não teriam um interesse acrescido para nenhuma das empresas ditas grandes). No que diz respeito a TNA e WWE falamos na altura, mas como é mais ou menos óbvio, não vou falar apenas dos chamados “rookies” deste ano, mas também de gajos que entraram recentemente para a empresa.

Indys:

Claudio Castagnoli & Chris Hero.

Sozinhos, ou juntos como Kings of Wrestling, estes dois são amor por todo o lado.

Antes de mais, tem um aspecto físico que agrada as grandes empresas, factor que por vezes é determinante na passagem (principalmente o Castagnoli que se apresenta sempre em grande forma, mas também o Chris Hero com aquele estilo desleixado, cheio de carisma, um pouco à imagem do Edge).

Ambos são bastante acima da média em ringue, cada um a seu estilo: o Castagnoli mais powerhouse sem descuidar a parte mais atlética, e o Hero num estilo mais técnico e brawler. Em equipa complementam-se bastante bem e, para mim, são uma das boas equipas que se podem encontrar no circuito indy.

Também no micro não são nenhuns pecos. O Hero melhor que o Castagnoli, mas ambos se safam bastante bem. Neste último ponto gostava ainda de referir o “manager” do Hero na ROH, Larry Sweeney, que se não é o melhor actor secundário do wrestling hoje em dia anda por lá perto. As promos deste senhor são praticamente perfeitas e seriam um bónus fantástico no caso dos Kings of Wrestling se estrearem, por exemplo, na WWE.

No caso de darem o salto, e acredito que poderá acontecer, acho que se enquadrariam melhor na WWE do que na TNA, por tudo o que já falei.

Jimmy Jacobs & Tyler Black.

Embora já não estando juntos estes dois, nos tempos da Age of the Fall, eram algo de fantástico. Sozinhos são wrestlers que aprecio bastante, principalmente o Jacobs.

O aspecto físico. Aqui poderá surgir o primeiro problema. O Tyler Black em princípio não teria grandes problemas (está em grande forma, tem um look mais ou menos consumível pelas grandes massas e tem algum carisma). Já com o Jimmy Jacobs a história é outra. É pequenino e apesar de estar em forma (mas nada que se compare com o Tyler) continua a parecer uma pessoa mais ou menos normal, que não exagera, mas que também não vai ao ginásio. Tem um ponto a seu favor neste capítulo ao qual quase nenhum wrestler no capítulo indy lhe consegue chegar: carisma. Quilos e Quilos de carisma.

No ringue o Tyler é um gajo que cumpre, exagerando um pouco demais nos spots por vezes (nada que não se corrija com um bom professor e calo de palco nas empresas grandes). O Jimmy aposta num wrestling mais técnico, mais trabalho. É um excelente brawler e cai que nem mel em combates hardcore. Adoro toda a psicologia e história que o Jimmy trás para cada combate, tornando-o em algo “recordável”.

Em mic skills. O Tyler é aquele gajo que eu não colocaria em frente a um microfone, mas se tivesse mesmo de ser, sabia que ele não iria comprometer por aí além. Com o Jimmy a história é exactamente o contrário. É um deus no micro. Para mim, a seguir ao Punk, é, de longe, o melhor gajo no micro das indys. Dêem-lhe o micro para a mão que ele faz magia.

Se derem o salto, e estes já não tenho a certeza absoluta que alguém os vá buscar (com muita pena minha), via-os em qualquer uma das grandes. São estilos que se adaptam as duas realidades perfeitamente.

Austin Aries.

Sim, este senhor já teve a sua oportunidade na TNA (Austin Starr se não me engano). Está de volta à ROH, é o campeão, e quanto a mim tem tudo para ser uma figura de proa em qualquer companhia.

No capítulo do aspecto físico é muito semelhante ao CM Punk, não é muito alto e não é aquele gajo tipo Batista, super-hiper-mega musculado. De qualquer das formas tem um aspecto bastante “pop” que pode ser facilmente “vendido” às massas. Tem um carisma muito próprio e que não é, nem de perto nem de longe, comum.

No ringue é fantástico. Consegue ter bons combates com toda a gente, consegue adaptar o seu estilo a todos os adversários, mesclando o estilo high-flyer com um wrestling mais técnico de forma perfeita (neste ponto comparo-o um pouco ao Owen Hart ou ao Jushin Liger, com as devidas diferenças como é óbvio). Algo que admiro bastante neste senhor é que mesmo tendo um wrestling bastante atractivo, com bastantes manobras de alto impacto, consegue tornar tudo isto lógico e consegue contar uma história em ringue de forma perfeita (ver Samoa Joe vs Austin Aries na ROH).

Quanto às mic-skills são bastante acima da média. Sabe o que tem de fazer para chamar a atenção do público e consegue adaptar o discurso à sua gimmick, algo que nem todos os wrestlers conseguem fazer. Uma das promos dele, aquando do seu regresso à ROH, continua a ser uma das minhas preferidas na ROH, tal foi a intensidade e magia que conseguiu passar ao público.

Se der o salto, e eu gostava imenso que isso acontece, gostava imenso que fosse para a WWE. Na TNA já teve a sua oportunidade e não resultou (mais que não seja porque ia ser novamente recambiado para a X-Division, quando devia era lutar com gajos como o Wolfe, AJ ou Angle pelo título principal). Na WWE via-o a ter um percurso semelhante ao do Punk. Combates com o Punk, Undertaker ou Jericho eram mel.

Davey Richards.

Ahah, aqui é que começa a grande polémica. Nunca gostei do Davey Richards, mas neste último ano tem-me surpreendido imenso. Cresceu de uma forma bombástica.

Aspecto físico. Afirmativo. É pequenino, isso é certo, mas tem um físico estilo orangotango que é muito apreciado nas “grandes” companhias. Quanto ao carisma é um gajo lusco-fusco. Não é um gajo que dê nas vistas pelo carisma que passa para o público. Felizmente, ou infelizmente, ele sabe disso e tenta combate-lo com interacções a toda a hora com o dito cujo. O grande problema dele é que ao tentar fazer isto caí no exagero e torna-se ridículo (mais ou menos como o Angle na fase de espumar da boca para tentar passar a grande intensidade que queria nos seus combates. Exagerava tanto que só fazia figura de urso).

No capítulo do ringue o homem faz de tudo. High-Flying, wrestling mais técnico com muitas submissões ou combates mais stiff. Ele faz tudo e tecnicamente é irrepreensível. No capítulo da psicologia e de passagem do combate para o público é que estava tudo estragado. Não sabia interpretar a sua personagem heel (sacava manobras de alto impacto estupidamente baby-faces do nada, o que fazia com que o público ficasse baralhado. Rapaz, o objectivo do heel é por o face over, para que o público o apoie, não o contrário). Pelo que vi nos últimos tempos parece que o jovem amadureceu bastante e já consegue ter combates com pés e cabeça, que era o grande defeito deste homem.

Nas mic-skills não compromete mas, mais uma vez, não era um gajo que colocaria ao micro se tivesse outras alternativas.

Quanto à minha preferência no caso de dar o salto: TNA. Não tem grande carisma e, visto que na WWE os wrestlers não têm assim tantas hipóteses de se mostrarem pelo que fazem no ringue antes de mostrarem que conseguem criar uma grande empatia com o público, preferia que se afirmasse na TNA. Na X-Division, ou não, já é outro ponto. Provavelmente colocava-o na X-Division e caso se conseguisse destacar por aí além quem sabe. Daí para a divisão de tag-team era um saltinho. Já provou mais do que uma vez que é bastante bom em combates tag.

A crónica já vai longa, e uma vez que eu sou contra por imagens nos textos, acho que ficamos por aqui. Como devem ter reparado falei apenas de gajos da ROH, não só porque é a indy que conheço melhor, mas também porque, com mais ou menos veracidade, é para lá que vão os melhores wrestlers do circuito indy. Falei naqueles que penso que têm maior capacidade para dar o salto e vingar nas “grandes”, correndo o risco de muito provavelmente me esquecer de alguém.

Deixo ainda uma lista de vénias a alguns senhores que embora não tenha mencionado, por um motivo ou por outro, são óptimos wrestlers:

Delirious (TNA), Roderick Strong (TNA), Colt Cabana (TNA), Erick Stevens (WWE, mas tem muito que crescer), El Genérico (WWE) e The Briscoe Brothers (tanto faz. Este mereciam ser referidos no texto. Decidi não fazê-lo porque são logo os gajos que toda a gente pensa para dar o salto e porque acho que falta ali qualquer coisa para se conseguirem afirmar como top tag team na WWE. Na TNA teriam sem dúvida sucesso, mas corriam o risco de serem apenas mais uns).

O futuro, a eles pertence.

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