Estrelas e Cometas - Dançamos a dois?
Fruto do vosso constante apoio e feedback a “gerência” do W.N. convidou-me para juntar-me à equipa do blog. Pensei apenas duas vezes por medo de não poder cumprir os compromissos que ser um “titular” na equipa acarreta. Mais responsabilidades do que quando se mandava “postas de pescada” espontâneas, portanto.
Não querendo revelar muito quem sou por detrás desta “máscara” apelidada de “Comet”, confesso que este novo desafio que agora se pôs a minha frente é irónico, no mínimo. Porquê? Simples, há 10 anos era um crítico de cinema regular de um site de Cinema que não será aqui referenciado. O tempo passou, e fiz mais algumas coisas na área, mas nunca pensei que voltaria a escrever de forma activa para um site.
Se fui para frente com esta decisão foi, como disse antes, porque senti que estava a ajudar a C.W.O., estimulando o diálogo sobre esta bela arte a que chamam “Pro Wrestling”, e que todos amamos. E senti isso dos vossos comentários, sempre com um feedback presente, seja ele positivo ou negativo, mas sempre construtivo.
Continuarei agora futuramente com dois objectivos:
--> Continuarmos a trabalhar para que o wrestling não morra em Portugal, mas também cresça!
--> Tentar entreter-vos com estes simples textos, enquanto vocês os lêem desse lado do monitor, estando no centro barulhento de Lisboa ou Porto...ou numa aldeia qualquer perdida sem electricidade no meio das Beiras, onde só para nos lerem têm que gastar o precioso gerador que vai fazer com fiquem com pés gelados durante a noite por não terem com que se aquecerem!...Também por isso agradecemos a preferência (porra, nesse caso ainda mais!).
Obrigado.
Creio que a melhor maneira de iniciarmos esta crónica é com uma pergunta:
O que é uma 'tag team division'?
É isto que me proponho a descobrir...bem, não isto exactamente, mas se a WWE de momento tem uma. E para tal temos que dar um passo ou dois atrás, e ver o que se qualifica por 'tag team division'. E o que é ela, então? Podemos se calhar incluir algumas ideias e depois juntá-las sobre uma hipótese final:
--> Títulos prestigiados: ser campeão de equipas tem de ser algo importante, no seio da equipa. Exemplo disso são os combate entre os Hardys, Edge & Christian e os Dudleys/3D em Summerslams, Wrestlemanias, etc. E esses combates foram de tal maneira importantes que ainda hoje são vistos e revistos pelos fãs. Talvez por isso que no PPV TLC, o combate do mesmo nome e o main event foi para as 'tag teams' – uma espécie de “piscar de olho” ao passado. Algo bem diferente do que aconteceu há um ano, na 'Mania, onde nem o 'match' pudemos ver.
--> Isto também implica que quem detém os títulos não pode ser qualquer pessoa. Tem que ser alguém que, por exemplo, não “jobbe” para o campeão mundial individual. O oposto aconteceu recentemente na TNA, onde Steiner “squashou” o campeão da X division, Amazing Red, e ainda mais metendo o título da X division ao barulho, no meio do referido 'squash'.
--> Colocar os títulos 'tag team' ao mesmo nível que os outros, quanto “à fome de o obter”. Vou dar mais um exemplo TNA, este positivo contudo. Recentemente houve um torneio onde os competidores lutavam por um 'title shot' (not that kind, ODB!) , *dentro das categorias que normalmente competiam*. Portanto Roode lutava por uma chance dos 'tag team titles', Suicide na X-Division, Wolfe no título mundial, e por aí fora. Isto prestigia pois coloca todos os títulos ao mesmo nível (às vezes a TNA até abusa disto, esquecendo o título mundial).
--> 'Feuds' regulares com storylines que os fãs se possam interessar. Ou seja, nada de fazer os campeões desaparecer durante meses (Wilde & Sarita...cof...cof...), e é preciso criar mais que 'storylines' *dependentes* dos títulos, mas à volta dos mesmos. Ou eles até podem nem ser precisos (ver 'feud' Legacy Vs DX).
Não é só dizer que se tem uma divisão 'tag team', como vêem. É preciso trabalhar por isso. Creio que a WWE do que vimos até aqui, está a fazer algo parecido com a industria (?) cinematográfica Britânica: ela não existe (ao contrário do que vemos na França, Índia ou E.U.A.), mas faz-se de conta que sim e criam-se filmes para um mercado que pode (ou não) os aceitar. Às vezes resulta e temos êxitos não só “locais”, mas mundiais (Shaun of the Dead, Love Actually, The Descent), outras vezes não tanto.
A WWE já não tem 'feuds' fortíssimas com 'gimmick matches' inovadores com Hardys, M.N.M., Rated-RKO (saudades...), Evolution (mais sudades...), Dudley Boyz (aqui é só “mudar de canal”...), Brothers of Destruction, The APA, Edge & Christian (humm...espera aí), Rock N' Sock Connection (já nem digo nada...), Legion of Doom, Hart Foundation (“A” Hart Foundation, meus amigos)...como dantes tinha. Sim tinha de "correr" todas as grandes equipas, porque não? Uma pequena viagem pela “Memory Lane” nunca faz mal a nínguém.
Como tal desde há um ano que passámos a ter “Unified Tag Team Champions” (flashback Taker como Unified World Champ...e 'heel'...ui, mais saudades), e se começou mal (sem transmissão) e sem 'feuds' ou 'storylines' para nos entreterem. Melhorou um pouco com a entrada do sempre fantástico Chris Jericho e Edg...nope...Big Show. A partir daí sim: tivemos 'promos', os campeões “dançaram” entre os dois programas (até demasiado, lembrando os últimos meses). Entram em cena os cansativos mas lucrativos DX e desde então tivemos de levar com eles, em 'storylines' com os “Ex-champs”.
Parece estar a formar um padrão, portanto: ao contrário do passado onde os títulos eram usados para solidificar 'performers', agora acontece algo bastante diferente: temos um pouco como funciona a competição individual, onde tudo “gira à volta” do campeão, que por norma é Cena. Os restantes são 'jobbers' ou nem aparecem. E os campeões de equipas carregam assim com a “divisão”. Isto obriga claro a que sejam estrelas de nome além de serem capazes e com vontade de “saltar” entre os programas.
Começa então a fazer sentido porque já não vemos “Kendricks & Londons”, “Deuce N' Dominos”, ou “Cades & Murdoch” como campeões.
Duas lendas...wait for it...wait for it.............................sim: sarcasmo
Portanto os Colons foram mesmo só para transição e agora é só para 'main eventers'. E para quem dúvide disso veja se algum dos campeões pós-'Mania não esteve em 'world title scenarios': Big Show, Chris Jericho, Hunter (este? Alguma vez esteve lá?...), HBK, Edge. Hum...ok...mas isso não levanta uma ou duas questões pertinentes?
--> Não torna um pouco previsível quem serão os campeões? Alguém dúvida que os DX vão vencer Punk e o outro. Ou estão ver Luke Gallows (???) “passear-se” pelos programas ao mesmo nível dos que referi acima!? Só se ainda for mais no background do grandioso Punk, do que ele já está. Pode acenar mais umas vezes lá atrás, concordando com o que o Punk diz, para ganhar destaque. Tudo para não ouvir aquela vozinha de menina, que nem o Mike Knox tem.
--> É bom ter um número cada vez maior de 'jobbers' tag teams (sejam-no mais ou menos) nos 'rosters' das 'brands'? Obviamente que não.
--> Mais alarmante pergunta parece emergir de tudo isto: a pressa com que vemos agora novas caras serem “mandadas cá para fora” (Sheamus, Drew, etc...espera qual etc?), não esconde aquilo que se viu muito nos 'main events' RAW em PPV's de 2009. Que é isto: a WWE tem poucos 'main-eventers' com sabor a fresco. E se só 'main eventers' são 'tag champs' nestes dias, o que vai acontecer quando a WWE ficar sem equipas com 'main eventers' para dar os títulos? Algo para pensarem..
--> Isto contudo poderá ser bom, pois se estes títulos unificados deram alguma vida a uma divisão algo morta da WWE, poderá *obrigar* a mesma a criar novas estrelas.
--> Outra hipótese também muito sorridente é que pode juntar velhas estrelas, como é o caso de Edge & Christian, envolvidos na Era de Ouro das equipas. E com isto não preciso dizer mais para vos picar...
--> Mas digo mesmo: pode obrigar a empresa a criar novas equipas, e agora vou-me divertir, se mo permitirem: Morrison & MVP (timidez neles não seria um problema); Sheamus & McIntyre...e...e...estou com problemas para criar equipas.
Porque será? Será que não há wrestlers a um nível suficiente para que possam sequer estar nesse 'title picture'? Será que a WWE em si não está a fomentar a criação e “manutenção” dessas mesmas equipas? Vamos analisar como está a WWE nesse aspecto, de momento:
RAW
Legacy
DX
Mark Henry & MVP
SD!
O cada vez melhor CM Punk e Luke Gallows
Hart Dynasty
Cryme Tyme
Slam Master J e Jimmy Yang Yang
Charlie Haas & Mike Knox
Oito equipas, e muitas dessas vemos elas apenas uma vez por mês, se tanto.
Porque não compararmos com uma companhia que se diz que tem de facto uma tag team division, a TNA?
“Mornandez” - Morgan e Hernandez
British Invasion
Beer Money
Generation Me
Detroit City Machine guns
3D
Nasty Boys
Lethal Consequences
Raven & Dr. Stevie
Nash & Young
The Band
Claro que um poderia argumentar que a TNA tem um 'roster' demasiado grande (e tem) e logo a SD! ou a RAW vão sempre estar em desvantagem no que toca a “quantidade” de tag teams. Mas se repararmos nem todas (!) as 'brands' principais juntas da WWE perfazem um número suficiente de 'tag teams' igual ou maior do que há na TNA. E no caso da RAW são 3 equipas (2 delas regulares)...bem...sem palavras.
Deixo estes números e nomes (re-leiem alguns dos nomes WWE que referi...poucas equipas competitivas) falarem por si. Também não ajuda não ter uma Cruise weight division para as equipas mais "leves" não terem de "jobbar" sempre, ao contrário do que acontece na TNA (exemplo: Generation Me Vs Machine Guns)
Ter uma 'tag team division' não fica por aqui e não queria entrar muito no 'tag team titles' das Knockouts, pois isso seria outra crónica, mas apenas acrescento que esteja ou não a ser bem desenvolvidos, a verdade é que mais uma mensagem que a TNA dá “cá para fora”, que acredita nas tag teams, logo credibilizando as tag teams masculinas, indirectamente.
Para onde podemos ir futuramente?
Depois de muitos anos com Spirit Squads & “derivados”, a WWE para compensar o tempo perdido tem que começar ou a criar mais 'main eventers' para lidar com o “peso” acrescido desta união dos títulos, ou baixa o estatuto para incluir 'midcarders' ou vai ter ser criativa como foi com o “Jerishow”.
(eh lá, eu conheço o caramelo da direita...)
A resposta à pergunta no início desta crónica é simples. Dançamos a dois, sim...mas só de vez em quando. E se não te importas fazemos de conta que mais gente está a dançar conosco no nosso salão...quando de facto o salão está meio vazio. E atenção que não é qualquer um que vai dançar conosco...tem de ter um certo nível.
Obrigado uma vez mais pelo o vosso tempo,
Comet
