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Chapter VII - Revisitando o momento

Boa tarde.

Ontem assistimos a uma boa Wrestlemania. Estava para fazer um pequeno resumo ontem mas é sempre mais fácil deixar as emoções esvair por um tempo para se conseguir fazer uma avaliação um pouco mais objectiva. É isso mesmo que vou fazer hoje. Uma pequena avaliação à ‘Mania 26. Um pequeno resumo para que vocês possam nos comentários dizer da vossa justiça. Comecemos então:

Big Show & The Miz vs John Morrison & R-Truth

Foi um combate pequeno é verdade, mas não é menos verdade que teve tanto de pequeno como de bom. Primeiro ninguém queria um combate grande. Ninguém naquela plateia queria ver um combate com mais de 10 minutos porque sejamos justos, o interesse não era assim tanto. E assim foi. Pequeno e entretido, sem nunca perder o sentido. Aqueceu minimamente a plateia e cumpriu com aquilo que se propunha. Sinceramente gostei bastante. Tudo teve sentido e não tentaram nada de extravagante. Wrestling tag team simples e básico mas bom. No final ganhou quem devia, sem contestação. Venham os compadres do Bret.

Randy Orton vs Ted DiBiasi vs Cody Rhodes

Este foi sem dúvida nenhuma o combate que mais me surpreendeu. Não estava à espera de nada do outro planeta e no fim de contas foi um combate estupidamente bem construído, com o tempo certo e com tudo a fazer imenso sentido. Começou como se queria. O Orton a mostrar que se os Legacy não se juntassem estavam lixados. E assim foi. Os Legacy juntaram-se e lentamente dissecaram o Orton, devagar e com cinismo, tudo bem feito. Depois e como seria de esperar os dois jovens não se conseguiram entender quanto ao pin e esqueceram-se do Orton. Má ideia. O Cody ainda se apercebeu que deram tempo suficiente ao Orton para recuperar enquanto o Dibiasi o esmurrava, gesticulando em pânico na direcção de um Orton recuperado, mas era tarde de mais. A partir daqui foi o Orton a mostrar porque é o melhor wrestler da empresa neste momento. As expressões faciais do homem são das melhores de sempre e a maneira como visa o Cody antes de o “acabar” é sublime. Punt, RKO e acabou. Tudo bem feito mais uma vez.

Money in the Bank

Gente e mais gente. É como se pode começar a descrever este combate. Gente a mais para um ringue tão pequeno. Dez pessoas num combate que envolve escadotes e onde os spots se seguem um a seguir ao outro é má ideia. Muita confusão e muita botcharia. De qualquer das formas conseguiram fazer uma coisa minimamente decente. Pareceu-me que teve pouco tempo em relação ao dos outros anos mas mais tempo seria apenas continuar a confusão. No fim o resultado foi algo inesperado e espero para ver como vão promover o Swagger que não está nem de perto nem de longe ao nível dos top dogs da Raw. De realçar ainda alguns spots bastante engraçados que existiram. Aquela coisa do Kofi a usar as escadas como andarilhos foi completamente awesome.

HHH vs Sheamus

Outra boa surpresa da noite. Pena não terem seguido nenhuma história in-ring o que fez com que o combate fosse mais um festival de movez. De qualquer forma foi um festival engraçado e bem conseguido com o Sheamus a mostrar que consegue portar-se como um homem grande. Nota positiva também para o Hunter que carregou o combate perfeitamente e conseguiu por a ofensiva do Sheamus em alta. Não levou uma carga de porrada e apenas perdeu porque não foi logo para o cover depois do punt, querendo acabar o combate em grande. Gostei e espero mais destes dois, quem sabe até ao Extreme Rules. Uma estipulação mais hardcore pode fazer maravilhas ao hype do Sheamus.

CM Punk vs Rey Mysterio

O Punk é fenomenal, ponto final. Tem uns tiques de heel e de superior fantásticos, uma capacidade ao micro que é algo de extraordinário e sabe exactamente o que tem de fazer no ringue. A Straight Ege Society só torna tudo ainda melhor. O Rey é o Rey. Nada de novo. É dos melhores workers da WWE e um dos melhores, senão o melhor, cruserweight de sempre. Um combate entre eles só pode ser, no mínimo, bom. E foi isto. Um combate bom, muito pequeno, que com mais 10 minutos seria algo a ser relembrado. Assim fica para a história como um combate sólido, bem trabalhado e bem conseguido. Era difícil pedir mais com 6 minutos de combate. Espero um próximo confronto com muita, muita, ansiedade.

Bret Hart vs Vince McMahon

A história até foi bem pensada e o angle foi bem conseguido, mas para quem estava à espera de um combate, como eu, só pode sentir-se desiludido. De qualquer das formas acho que devemos olhar para este “combate” não como um combate mas como um segmento. E se o considerarmos um segmento foi óptimo. O Bret espancou o Vince como gente grande e a forma lenta e deliberada como espancou o chairman só tornou tudo ainda melhor. As sucessivas “idas” para o sharpshooter para depois voltar atrás e arrear o Vince com a cadeira como à muito não víamos foi óptimo. É impossível não nos sentirmos felizes pelo Hart. Afinal é o sonho de toda a gente arrear num patrão que nos trata ou tratou abaixo de cão. O único senão deste segmento foi mesmo o público. Se o público já estava a ser um monte de esterco até aqui isto só serviu para os matar ainda mais. É pena. Um fã a sério teria compreendido o significado do espancamento do Vince, ainda para mais às mãos do Bret com ajuda da sua família. Outro ponto positivo foi o push à Tag Hart que pode agora lançar-se na conquista dos títulos de equipas.

Edge vs Jericho

Eu estava à espera de um grande combate de wrestling. Não fiquei de todo desiludido, mas queria mais. O Edge está em péssima forma, está gordo e lento. Bem precisa de mais uns tempinhos para se meter em forma. O Jericho esteve ao nível normal, sem deslumbrar. O combate em si teve duas fases. Uma primeira completamente desinteressante, com o público estupidamente morto, e uma segunda rápida, com alguma emotividade e bem disputada. O Jericho ganhou no fim e acho que se aceita perfeitamente. Os últimos minutos foram de alto nível com o Edge a vender a lesão de forma estrondosa e por fim uma spear completamente sick pela barricada que promete mais um grande combate entre estes dois. Resumindo um combate bom que viveu principalmente do grande selling do Edge sem no entanto deslumbrar.

Dave Batista vs John Cena

Aqui é que foi a desilusão total. Não que o combate tenha sido mau. O combate até foi bom, ao nível do disputado no Summerslam, mas para uma Wrestlemania e para um combate que foi vendido como um novo The Rock vs Steve Austin deixou bastante a desejar. Um dos grandes factores que contribui para isto foi aquele público. Que nódoa. Era suposto estarem a vibrar durante todo o combate, aos berros com cada soco. Não. Estiveram a maior parte do tempo calados e quando abriram a boca foi para dizer merda. Estragaram o ambiente todo e num combate deste tipo o ambiente é tudo. Faltou também o bom e velho JR. Ninguém consegue passar tanta emoção num comentário como ele. Por fim faltou tempo. Este combate precisava de ser bastante grande para ser pensado devagar e ir sendo saboreado e digerido com calma. Desilusão, ou não, está feito e o que ficou foi um combate bom mas sem aquele toque especial que se pedia.

The Undertaker vs Shawn Michaels

O que todos querem saber é: foi melhor que o do ano passado? Sim. Foi melhor combate de wrestling? Não. Parece contraditório, mas não é. Em termos de wrestling em ringue propriamente dito o deste ano foi de facto pior que o do ano passado. O do ano passado teve um wrestling quase perfeito embora cristalino. Faltou a emoção e a emotividade. Mais que isso faltou a grande história e a importância do deste ano. No domingo assistimos a uma história em ringue muito melhor contada com duas performances dignas de um oscar. O combate foi mais lento e mais pensado. Mais emotivo sobretudo. E isto só pode dar pontos a um combate já de si muito acima da média. O clímax foi mesmo o final. O segmento final foi de um nível fantástico, digno dos melhores. O respeito do Undertaker por um Michaels desfeito foi comovente. Mais ainda seria o que viria a seguir. O Michaels sabia que tinha perdido… como ele próprio tinha dito “se não te consigo vencer, então, não tenho carreira” e por isso queria acabar em glória. Final fantástico. Restava apenas o público, mais uma vez, portar-se ao mesmo nível e recompensar as lágrimas do Michaels com a maior ovação que este já ouvira. Não aconteceu. Mais uma vez o público falhou. Dos dois do ringue não se podem queixar.

E está feito. Digam da vossa justiça. Fica aqui a primeira revisão de uma boa Wrestlemania que falhou em alguns pontos mas que foi no geral bastante satisfatória.

Abraço.

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