As Crónicas de Lance Storm XXV - Muito sensível
Lance Storm no seu mais recente artigo aborda o despedimento de Fit Finlay da WWE e faz uma longa exposição sobre o modo como a arte do wrestling poderá se desenvolver num mundo crescente de moralidade e do politicamente correcto que transforma a arte de conseguir heat numa utopia. Uma leitura aconselhada!...
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Muito sensível
28 de Abril de 2011
28 de Abril de 2011
Já pretendia escrever este artigo á algum tempo, pois isto já está a consumir-me desde que soube que Fit Finlay foi despedido da WWE. Para aqueles que não souberam da história, a um mês ou dois atrás Fit (um agente da WWE) foi despedido da companhia após uma série de gueixas feitas pelas National Guard sobre um evento que estavam a assistir. Pelo que percebi, a Nacional Guard é um dos grandes patrocinadores da WWE e os seus membros ficaram ofendidos quando nesse house-show viram The Miz interromper o hino nacional. A interrupção tinha como objectivo Miz obter heat. Mas parece que o heat que obteve foi outro e os membros da Nacional Guard consideraram inapropriada a forma como esse heat foi gerado e foram se queixar á WWE.
Sendo a Nacional Guard um grande patrocinador da WWE, esta nada pode fazer que não abaixar a cabeça e como Fit era o responsável pela organização do show e quem tomou a decisão de Miz interromper o hino, ele foi quem arcou com as responsabilidades e foi despedido. Não vou estar aqui a justificar se a decisão foi certa ou errada, só espero que Fit seja recontratado o mais rápido possível e o que quero discutir é que se neste Mundo onde toda a gente se mostra preocupada com o politicamente correcto, será ainda possível conseguir heat?
Neste negocio sempre houveram inúmeras formas de se conseguir heat, mas muitas delas já não podem fazer nos tempos que correm. Quando se olha para a história deste negócio, vê-se as mil e uma formas que os heels fizeram para conseguirem heat e gerar dinheiro que muitas delas agora seriam totalmente inaceitáveis numa corporação global como é a WWE. Que fique claro que não estou a culpar ninguém por isto, isto resulta da transformação que a sociedade sofreu e só tenho medo que ao modo como politicamente correcto avança faça com que o storytelling e a habilidade de mexer com as emoções se torne algo do passado.
Como é que podemos ter vilões no wrestling, se a esses vilões não lhes é permitido fazer ou eu possam dizer algo que perturbe alguém? A interrupção do hino é um grande exemplo. Quando fiz parte dos Anti-Americanos em 2002 conseguíamos muito heat com as nossas atitudes contra o nome e estância América sendo que uma altura interrompemos a Lilian Garcia quando estava a cantar a America the Beautiful. Nós mostrávamos desprezo de tal forma aos Estados Unidos que certa vez tentamos queimar a bandeira dos USA no Madison Square Garden. Era isto ofensivo? Claro que sim, mas esse era o objectivo, as pessoas tinham de se sentirem ofendidas de tal modo que o “The American Bad Ass” Undertaker, JBL, ou outro americano integro não suportasse mais os nossos actos e viesse defender o seu pais e nos fizesse parar, tornando-se então nos heróis aos olhos do público.
Onde estaria o Hall of Famer Jim Duggan se não tivesse havido Nikolai Volkoff ou o Iron Sheik? “Iran #1, Russia #1, USA haaatoo”.Estes dois últimos cuspiam nos Estados Unidos somente com o propósito de espicaçar os fãs patrióticos que eram a base de fãs de Duggan. Se olharmos com atenção a todos esses actos, angles como estes promovem e apelam ao patriotismo, algo que foi feito por Miz quando interrompeu o hino nacional.
Olhemos agora ao heel turn feio por R-Truth á duas semanas. Soube que a WWE recebeu queixas de um grupo antitabagismo por R-Truth ter fumando em frente ás câmaras, afirmando estes que isso promovia o tabagismo e que dava uma imagem de bad boy o que ria fazer com eu as crianças quisessem fumar.
Como é que uma industria como a nossa em que é suposto mexer com as emoções nos fãs irá conseguir isso se já não lhe permitem fazer isso? O que será da industria se se mantiver sempre limitada e cingida aos padrões morais actuais?
Hulk Hogan ficou over ao ser o patriótico americano que sovava o diabólico Iron Sheik. Será que isso seria permitido agora, ou será que iria haver receio que se criasse tensão na comunidade muçulmana?
Ric Rude não teria liberdade para chamar às pessoas “fat out of shape sweat hogs” porque estaria a insultar e a ofender as pessoas que sofrem de obesidade?
Como é que iriam bookar a rivalidade entre Ric Flair e Dusty Rhodes, se Ric Flair não pudessem insultar Dusty por ser um simples campónio e ele ser um rico que que andava de limusine e de avião? Não se poderia distinguir o rico do pobre já que seria descriminação?
Baron Von Raschke e Colonel DeBeers tinham heat por defendem a raça branca. Concerteza que nos tempos que correm não se poderia gerar heat com base no racismo, mas sendo assim também não se geraria heat com um russo a querer derrubar a democracia, com um vilão japonês pronto para um novo “Pearl Harbor”. Não haveria Skandor Akbar na World Class, não haveria Abu Wizal na Stampede, não haveriam os Wild Samoans, não haveria os Headshrinkers.
Como seria com Gorgeous George e Adrian Street? Seriam considerados anti-gays por se promoveram como heels extravagantes?
Não estou a dizer que deveríamos promover o racismo ou atacar os gays ou quem quer que seja somente para se gerar heat. O que quero dizer é que personagens ofensivas como estas se forem trabalhadas correctamente, podem transmitir uma boa mensagem e as pessoas deviam relaxar e falar somente quando a história estiver toda contada.
Nunca poderiam fazer a Lista de Schindler sem haver vilões nazis. Não estou a comparar a história de Oskar Schindler com um angle de wrestling ou storyline, mas no fim é tudo uma história, seja ela real ou feita e para que haja super-heróis, também tem de haver super-vilões. Os patrocinadores e os fãs não deveriam criticar ou boicotar quem interpreta e tem acções de vilão na história e deviam deixar a história ser contada na totalidade, e no fim terá certamente o seu ponto positivo.
Sendo a Nacional Guard um grande patrocinador da WWE, esta nada pode fazer que não abaixar a cabeça e como Fit era o responsável pela organização do show e quem tomou a decisão de Miz interromper o hino, ele foi quem arcou com as responsabilidades e foi despedido. Não vou estar aqui a justificar se a decisão foi certa ou errada, só espero que Fit seja recontratado o mais rápido possível e o que quero discutir é que se neste Mundo onde toda a gente se mostra preocupada com o politicamente correcto, será ainda possível conseguir heat?
Neste negocio sempre houveram inúmeras formas de se conseguir heat, mas muitas delas já não podem fazer nos tempos que correm. Quando se olha para a história deste negócio, vê-se as mil e uma formas que os heels fizeram para conseguirem heat e gerar dinheiro que muitas delas agora seriam totalmente inaceitáveis numa corporação global como é a WWE. Que fique claro que não estou a culpar ninguém por isto, isto resulta da transformação que a sociedade sofreu e só tenho medo que ao modo como politicamente correcto avança faça com que o storytelling e a habilidade de mexer com as emoções se torne algo do passado.
Como é que podemos ter vilões no wrestling, se a esses vilões não lhes é permitido fazer ou eu possam dizer algo que perturbe alguém? A interrupção do hino é um grande exemplo. Quando fiz parte dos Anti-Americanos em 2002 conseguíamos muito heat com as nossas atitudes contra o nome e estância América sendo que uma altura interrompemos a Lilian Garcia quando estava a cantar a America the Beautiful. Nós mostrávamos desprezo de tal forma aos Estados Unidos que certa vez tentamos queimar a bandeira dos USA no Madison Square Garden. Era isto ofensivo? Claro que sim, mas esse era o objectivo, as pessoas tinham de se sentirem ofendidas de tal modo que o “The American Bad Ass” Undertaker, JBL, ou outro americano integro não suportasse mais os nossos actos e viesse defender o seu pais e nos fizesse parar, tornando-se então nos heróis aos olhos do público.Onde estaria o Hall of Famer Jim Duggan se não tivesse havido Nikolai Volkoff ou o Iron Sheik? “Iran #1, Russia #1, USA haaatoo”.Estes dois últimos cuspiam nos Estados Unidos somente com o propósito de espicaçar os fãs patrióticos que eram a base de fãs de Duggan. Se olharmos com atenção a todos esses actos, angles como estes promovem e apelam ao patriotismo, algo que foi feito por Miz quando interrompeu o hino nacional.
Olhemos agora ao heel turn feio por R-Truth á duas semanas. Soube que a WWE recebeu queixas de um grupo antitabagismo por R-Truth ter fumando em frente ás câmaras, afirmando estes que isso promovia o tabagismo e que dava uma imagem de bad boy o que ria fazer com eu as crianças quisessem fumar.
Como é que uma industria como a nossa em que é suposto mexer com as emoções nos fãs irá conseguir isso se já não lhe permitem fazer isso? O que será da industria se se mantiver sempre limitada e cingida aos padrões morais actuais?
Hulk Hogan ficou over ao ser o patriótico americano que sovava o diabólico Iron Sheik. Será que isso seria permitido agora, ou será que iria haver receio que se criasse tensão na comunidade muçulmana?
Ric Rude não teria liberdade para chamar às pessoas “fat out of shape sweat hogs” porque estaria a insultar e a ofender as pessoas que sofrem de obesidade?
Como é que iriam bookar a rivalidade entre Ric Flair e Dusty Rhodes, se Ric Flair não pudessem insultar Dusty por ser um simples campónio e ele ser um rico que que andava de limusine e de avião? Não se poderia distinguir o rico do pobre já que seria descriminação?Baron Von Raschke e Colonel DeBeers tinham heat por defendem a raça branca. Concerteza que nos tempos que correm não se poderia gerar heat com base no racismo, mas sendo assim também não se geraria heat com um russo a querer derrubar a democracia, com um vilão japonês pronto para um novo “Pearl Harbor”. Não haveria Skandor Akbar na World Class, não haveria Abu Wizal na Stampede, não haveriam os Wild Samoans, não haveria os Headshrinkers.
Como seria com Gorgeous George e Adrian Street? Seriam considerados anti-gays por se promoveram como heels extravagantes?
Não estou a dizer que deveríamos promover o racismo ou atacar os gays ou quem quer que seja somente para se gerar heat. O que quero dizer é que personagens ofensivas como estas se forem trabalhadas correctamente, podem transmitir uma boa mensagem e as pessoas deviam relaxar e falar somente quando a história estiver toda contada.
Nunca poderiam fazer a Lista de Schindler sem haver vilões nazis. Não estou a comparar a história de Oskar Schindler com um angle de wrestling ou storyline, mas no fim é tudo uma história, seja ela real ou feita e para que haja super-heróis, também tem de haver super-vilões. Os patrocinadores e os fãs não deveriam criticar ou boicotar quem interpreta e tem acções de vilão na história e deviam deixar a história ser contada na totalidade, e no fim terá certamente o seu ponto positivo.
Original de Lance Storm com tradução de Wolve
