O brilho de Emelianenko diminui após a terceira derrota consecutiva
Dave Meltzer em artigo publicado no Yahoo Sports aborda a terceira derrota consecutiva de Fedor Emelianenko às mãos de Dan Henderson e do modo como o lutador perdeu a sua aura de melhor de sempre. Foco ainda para as implicações que o futuro poderá ter uma vez que quer Fedor quer Henderson estão fora do Strikeforce. Aqui fica, o brilho de Emelianenko diminui após a terceira derrota consecutiva....
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Durante o longo reinado de Fedor Emelianenko entre os melhores lutadores de MMA do mundo, era comum dizer em jeito de brincadeira que Fedor era uma espécie de cyborg impossível de ser derrotado. E parte da sua mística vinha do facto de nas poucas vezes em que ele esteve quase a ser derrotado, ele simplesmente carregava num botão e o lutador que o estava a sovar era finalizado numa submissão alguns segundos depois.
Na noite de Sábado na Sears Centre Arena, Fedor foi “Fedorizado” por Dan Henderson na sua terceira derrota consecutiva. Essa série de derrotas surge depois de uma inacreditável série de vinte e oito combates invicto durante cerca de nove anos.
Quando a derrota do russo por TKO ainda no primeiro round já estava consumada foi impossível não lembrar de alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira. Como uma noite em 2004, quando ele sofreu um suplex de cabeça aplicado por Kevin Randleman, sendo este finalizado com um kimura alguns segundos depois ou uma noite de 2003 quando Kazuyuki Fujita aplicou-lhe vários socos que o deixaram literalmente a abanar e mais rápido do que vocês dizerem três vezes o seu nome, Fujita foi finalizado com um choke. Ficou claro que esses momentos mágicos da carreira de Fedor ficaram para trás num desporto que mudou e evoluiu rápido demais.
Mesmo tendo em consideração que Emelianenko (31-4, 1 no-contest) e Henderson (28-8) tiveram um dos melhores combates da história do Strikeforce diante de uma assistência de 8.311 pessoas, as regras normais de um combate de Fedor foram invertidas. Emelianenko derrubou Henderson e estava a castiga-lo no final do primeiro round, faltando apenas alguns segundos para terminar o round, mas Henderson encontrou uma saída e acertou um uppercut no queixo de Fedor. Emelianenko balançou e após o soco seguinte de Henderson o seu corpo parecia ter perdido o controlo dos movimentos. Henderson meteu mais alguns socos e o árbitro Herb Dean terminaria o combate aos 4:12min do primeiro round.
“Eu não sou uma máquina. Eu não sou um robô” afirmou Emelianenko através do seu tradutor. “Existem os bons e os maus momentos e este foi um dos que acabaram de acontecer”.
Emelianenko, que é costume nunca reclamar, disse que considerou a interrupção prematura. A primeira regra de MMA é quando um lutador ficar meio desacordado o árbitro interrompe o combate. Geralmente o lutador que recupera desse estado, não percebe que ficou inconsciente e voltou. Emelianenko começou a recuperar quando o combate já tinha sido interrompido.
“Para mim parece que sim, objectivamente eu estava pronto para continuar o combate, portanto minha resposta é sim” afirmou Emelianenko através de um tradutor sobre se considerava que a interrupção do combate foi prematura.
Apesar de Emelianenko estar entre os lutadores mais adorados e respeitados do mundo pela sua base de fãs e continuar a ser um lutador competitivo e empolgante, ele não é mais um dos pesos-pesados de topo.
Quando ele perdeu para Fabrício Werdum ainda no primeiro round por finalização em Junho de 2010, a sua primeira derrota clara na carreira, muitos disseram que tinha sido um infeliz acaso. Quando ele perdeu para Antonio Silva em Fevereiro, a derrota foi atribuída ao facto de ter desvantagem de quase 22 quilos.
Mas nesta última, ele foi superado ainda no primeiro round por um light-heavyweight que está apenas a algumas semanas de completar 41 anos e que nos momentos que antecederam a pesagem, bebia desesperadamente água para chegar aos 93 quilos e que a comissão atlética pudesse sancionar o combate como sendo dos pesos-pesados.
Mas aqui, a questão lógica para ambos os lutadores é uma só: E agora, o que vai acontecer? Este foi o último combate do contrato de Henderson e Emelianenko com o Strikeforce. Em privado, os executivos da Zuffa sentem que o Strikeforce gastou muito dinheiro com os dois quando assinou o contrato com eles.
Mas Henderson transformou-se novamente num dos nomes mais importantes das MMA com esta vitória e é também o campeão light-heavyweight do Strikeforce. Com a companhia a perder o campeão da categoria welterweight Nick Diaz para o UFC e tendo despedido o actual campeão dos pesos-pesados, Alistair Overeem, de um modo geral se outro campeão saísse, a sobrevivência da companhia ficaria em jogo aos olhos de muitos fãs.
Emelianenko é outra história. O presidente do UFC, Dana White nem sequer apareceu para assistir o evento, já que a visão dos vários banners da M1-Global (a promotora dos eventos de Fedor e dos quais ele próprio é um dos proprietários) espalhados por todo o evento que agora a sua empresa está a financiar, certamente iria-o consumir.
Durante o show o apresentador Jimmy Lennon Jr, em diversas ocasiões leu o que parecia ser um anúncio público das virtudes da M1-Global. Ouvir isso durante um evento da Zuffa é ainda mais surreal do que Emelianenko ser derrotado do mesmo modo que ele derrotava os seus adversários.
Emelianenko deu as mesmas respostas de sempre quando perguntado sobre a continuidade da sua carreira, ao dizer que estava nas mãos de Deus, mas quando pressionado, Emelianenko respondeu que tem sido um atleta de elite durante toda a sua vida. Ele sempre esteve entre os melhores lutadores da Rússia tanto em Judo como em Sambo antes de entrar nas em 2000 e que não vai desistir agora. “Parte da minha juventude e durante toda a minha vida adulta eu só treinei, lutei e competi, é algo de que eu gosto e que vou continuar a fazer, pois só sei fazer isso” afirmou ele. “Mas hoje, em primeiro lugar vem a minha fé, depois a minha família, e depois o meu trabalho. Meu trabalho vem depois dessas duas coisas. A coisa mais importante para mim é ver as minhas filhas pois eu sinto muito a falta delas e gostaria de estar com elas”.
A pergunta que se coloca é onde Fedor poderá ter o seu próximo combate. Mesmo que ele continue a ser popular é no mínimo questionável se um lutador que custa 1.5 milhões de dólares por combate, se não mais, e que não é campeão nem tem um cinturão em vista continua a ser viável. Emelianenko ainda tem claramente uma grande base de fãs, mas a dúvida que fica é se o custo-benefício de mantê-lo numa organização dos EUA vai permanecer o mesmo do que quando ele tinha a aura de ser o melhor peso-pesado do mundo. Apesar de que um combate contra Brock Lesnar em 2012 pudesse provavelmente ser um grande sucesso em vendas de PPV, existem alguns motivos que impediriam esse combate de acontecer mas não existe mais nenhum lutador que pudesse enfrentar Emelianenko e que traria esse tipo de hype além de Lesnar.
Quando Fedor chegou para o combate com Henderson a reacção de vários fãs era como se eles estivessem a ver o Babe Ruth das MMA. E quando o combate acabou, a sensação ainda era a mesma, a única diferença é que eles estavam a ver o Babe nos seus últimos momentos de glória.
Quando Fedor chegou para o combate com Henderson a reacção de vários fãs era como se eles estivessem a ver o Babe Ruth das MMA. E quando o combate acabou, a sensação ainda era a mesma, a única diferença é que eles estavam a ver o Babe nos seus últimos momentos de glória.
Original de Dave Meltzer em Yahoo Sports sobe o tema de Emelianenko’s star dims after third straight loss com tradução e Wove