A essência de ser um “heel” por JBL – Parte 2

JBL um dos maiores heels que a WWE já teve nas suas fileiras, escreveu um grande artigo onde fala da arte de ser heel e de todos os truques que envolve. JBL recorda vários episódios do passado e do modo como vivia a sua gimmick ao extremo. Uma leitura recomendada de um artigo cuja tradução aqui fica e será apresentada em duas partes.....
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Parte1
Parte1
Eu nunca fui de fazer promos para me mostrar ser superior. Eu ajudava todos os meus babyfaces nas suas promos, ou pelo menos tentava. Eu costuma dizer-lhes o que eu ia dizer para que assim não surpreendesse ninguém. Eu estava ali para os por overs e se eu fizesse o meu trabalho direito mais overs eles ficariam. A ideia de uma pessoa elevar outra pode ser divertida e por vezes fazia certas partidas, mas isso tem pode acontecer quando se pretende criar heat e ser levado a sério.
Lembro-me de uma vez em Portugal eu ir para o ringue e começar a cantar o God Bless America com o Chimel a circular com a bandeira em torno do ringue. A arena depressa me quis silenciar ao cantarem o hino deles. Fiz isso para os rapazes no backstage se riem com a gimmick do Nikolay Volkoff que cantava o hino nacional em diferentes linguagens para criar heat e eu nem acreditava na resposta que obtive do público português. A única coisa que me arrependo foi de não terem alterado o finisher. Eu não era o campeão e o combate que tive não era importante. Combati contra o meu velho amigo Bob Holly e como não estava em nenhum angle, não houve heat no combate e eu era suposto ficar over.
JBL em Portugal a cantar o God Bless America
Quando fiz a cover para vencer, senti que o Bob devia vencer e assim o local iria explodir literalmente. Eu devia por o Bob ver pois eu vencer seria um erro. Mais tarde, falei com o Bob e concordamos que devíamos ter feito um swerve e mandar toda a gente contente para casa. Assim eu sai com um heat enorme e nunca mais lá regressei devido a ter-me retirado, ma que foi um noite cheia de heat, lá isso foi.
Podia-vos contar muitas histórias de heat e de públicos mas não quero vos aborrecer e o objectivo do artigo é dizer o “o que faz um heel”, ser o alvo do ódio de todos.
Não podes evidenciar uma qualidade sequer, nem mesmo um sorriso, pois se um fã vos virem a sorrir vão pensar que são uma boa pessoa. Se querem ser odiados e fazerem o vosso trabalho como deve ser, vocês devem pensar tudo que façam.
Uma vez, estava eu sentado num ginásio em Nova Iorque e vi um tipo entrar com um casaco e uma toalha de volta do pescoço. Apeteceu-me esmurrá-lo pois aborreceu-me. Mas não o fiz e em vez disso, por ele me ter aborrecido, pensei que isso era o que o JBL devia fazer e a partir dai comecei a usar o casaco e a toalha.
Lembro-me de uma vez estar a combater no Japão contra o Eddie Guerrero, para além de termos uma grande química, éramos grandes amigos. No entanto naquela noite, as coisas não estavam a clicar e não sabia porquê. Mais tarde no backstage, o Eddie disse-me, “tu não pediste misericórdia”, ou seja que eu não mostrei covardia durante o combate.
Na noite seguinte, refiz o spot e com as mãos para o ar pedi misericórdia ao Eddie e era ver o heat a surgir. Tínhamos encontrado a peça do puzzle. O heel monstruoso não pode ficar assustado, pois ele perdendo, a sua invencibilidade perde-se e a sua personagem já não tem propósito. Os heels têm como último recurso serem covardes, pois as pessoas detestam covardes e os heels tem de ser o que as pessoas mais detestam.
Roaddogg era um bom heel. Uma vez estava ele a fazer a sua promo e os fãs começaram a falar em consonância com ele. De repente ele volta-se contra eles ao dizer, “isto não é uma canção para vocês cantarem com o Roaddogg” e pós o micro no chão. Para além de os ter parado, também não lhes deu o que eles queriam. Ele queira heat que é a essência de ser um heel.
Se um heel tem algo que o público gosta de dizer com ele, então ele não está a fazer o seu trabalho conscientemente pois está a fazer eles ficarem contentes o que torna ainda mais difícil a tarefa do babyface. Tu só queres que o público apoie o babyface. Eu até podia começar o cântico “J-B-L” mas quando começavam a cantar eu depressa parava o cântico para enterrar as pessoas e assim buscar o heat.
Foram minhas ideias sofrer um chokeslam do Big Show por entre o ringue e sofrer um chokeslam do Undertaker para cima da minha limusine. Eu nunca queira vencer limpo e queria que os fãs pensassem que não merecia vencer e me odiassem. Durante a preparação do SummerSlam, o Undertaker como um verdadeiro profissional que é, queria pôr-me over de modo limpo. Eu recusei e disse que se vencesse alguém como ele de modo limpo, as pessoas iriam pensar que eu merecia ser campeão. Eu pretendia o contrário. Eu queria heat e assim por não vencer o Undertaker e manter o título eu iria ter o heat que queria.
Chokeslams a JBL
Até comecei uma guerra com a “Internet” na noite anterior ao PPV e até funcionou por um pouco mas quando eles viram que eu só queria criar heat, a brincadeira deixou de fazer sentido. Trabalhar smarts, raramente funciona mas não é o fim do mundo. Eles querem ver um trabalho que seja bom e árduo e que faça sentido. Trabalhá-los é duro, eu tentei mas mexer com quem percebe do negócio é difícil.
Para mim, os smarts não são muito importantes pois são uma percentagem pequena da base de fãs e só querem ver bom trabalho e boas storylines. Nunca é fácil trabalhá-los pois facilmente nos respondem.
O heat é difícil de conseguir e tentarem contar as coisas mais realistas (shoot) é duro, pois quando o combate começa e quando derrubas alguém na corda depressa se vê que não é shoot. É por isso que o heat tem de ser individual e não ser shoot. Assim tendo isto como base, a promo que CM Punk fez em Junho é espectacular.
O heat já não e como uma vez o Dick Murdoch disse: Eu insulto a tua irmã, tu insultas a minha mãe e temos uma briga”
Obter heat em promo não é assim muito simples. Se disserem “you suck”, os fãs irão apupar mas isso não é um heat real. Heat em promos é fazer as pessoas pensarem e chegarem a algo para vos odiarem. Para fazerem isso, precisam usar verdades envolvidas no objectivo da história.
Quando eu comecei a personagem JBL eu tive como modelo um discurso de Pat Buchanan, um comentador conservador. Eu vi a reacção que ele obtinha dos midia acerca dos seus comentários e eu retive palavra por palavra todo o seu discurso sobre imigração e usei-o quando pretendia heat quando trabalhei com o Eddie Guerrero. Eu trabalhei os sentimentos pessoais nas promos e isso para mim é a essência de ser um heel.
Por vezes o heat em demasia por ser mau. Quando eu estava a bater no Hornswoggle dentro de uma jaula eu achei que poderia criar um heat maciço contudo ao trabalhar assim quase me tornei um babyface, isto porquê as pessoas acharam divertido atirar um anão contra uma jaula e nós nem acreditávamos no que víamos. Assim tenham sempre um plano de recurso, é esta a moral da história do lançamento de anões.
No início da década de 90 falava eu com um smart sobre “Killer” Tim Brooks, e o fã queixava-se do quanto o odiava. Perguntei-lhe se gostava de ver o Stan Hansen o derrotar e se pagava para ver isso. O fã disse que adoraria. Eu só lhe respondi, eu achava que tu sabias que o Killer tinha heat.
Lembrem-se, heat não é verem um heel e pensarem que ele é bom mas algo de vocês disserem ”eu odeio este tipo e só me apetece partir-lhe a boca”. Eu entendo a ténue linha que separa o ódio a alguém com heat e odiar alguém que não tem qualidade no ringue. É uma pequena grande diferença que eu entendo. O que aconteceu com o Killer foi heat pois o fã odiava o seu carácter e queria que ele perde-se. Ele diz a toda gente o quanto o odiava e quanto queria que ele não tivesse nos shows e quanto ele pagaria para o ver perder e isso é a essência de ser um heel.
Lembro-me de uma vez em Portugal eu ir para o ringue e começar a cantar o God Bless America com o Chimel a circular com a bandeira em torno do ringue. A arena depressa me quis silenciar ao cantarem o hino deles. Fiz isso para os rapazes no backstage se riem com a gimmick do Nikolay Volkoff que cantava o hino nacional em diferentes linguagens para criar heat e eu nem acreditava na resposta que obtive do público português. A única coisa que me arrependo foi de não terem alterado o finisher. Eu não era o campeão e o combate que tive não era importante. Combati contra o meu velho amigo Bob Holly e como não estava em nenhum angle, não houve heat no combate e eu era suposto ficar over.
JBL em Portugal a cantar o God Bless America
Quando fiz a cover para vencer, senti que o Bob devia vencer e assim o local iria explodir literalmente. Eu devia por o Bob ver pois eu vencer seria um erro. Mais tarde, falei com o Bob e concordamos que devíamos ter feito um swerve e mandar toda a gente contente para casa. Assim eu sai com um heat enorme e nunca mais lá regressei devido a ter-me retirado, ma que foi um noite cheia de heat, lá isso foi.
Podia-vos contar muitas histórias de heat e de públicos mas não quero vos aborrecer e o objectivo do artigo é dizer o “o que faz um heel”, ser o alvo do ódio de todos.
Não podes evidenciar uma qualidade sequer, nem mesmo um sorriso, pois se um fã vos virem a sorrir vão pensar que são uma boa pessoa. Se querem ser odiados e fazerem o vosso trabalho como deve ser, vocês devem pensar tudo que façam.
Uma vez, estava eu sentado num ginásio em Nova Iorque e vi um tipo entrar com um casaco e uma toalha de volta do pescoço. Apeteceu-me esmurrá-lo pois aborreceu-me. Mas não o fiz e em vez disso, por ele me ter aborrecido, pensei que isso era o que o JBL devia fazer e a partir dai comecei a usar o casaco e a toalha.
Lembro-me de uma vez estar a combater no Japão contra o Eddie Guerrero, para além de termos uma grande química, éramos grandes amigos. No entanto naquela noite, as coisas não estavam a clicar e não sabia porquê. Mais tarde no backstage, o Eddie disse-me, “tu não pediste misericórdia”, ou seja que eu não mostrei covardia durante o combate.
Na noite seguinte, refiz o spot e com as mãos para o ar pedi misericórdia ao Eddie e era ver o heat a surgir. Tínhamos encontrado a peça do puzzle. O heel monstruoso não pode ficar assustado, pois ele perdendo, a sua invencibilidade perde-se e a sua personagem já não tem propósito. Os heels têm como último recurso serem covardes, pois as pessoas detestam covardes e os heels tem de ser o que as pessoas mais detestam.
Roaddogg era um bom heel. Uma vez estava ele a fazer a sua promo e os fãs começaram a falar em consonância com ele. De repente ele volta-se contra eles ao dizer, “isto não é uma canção para vocês cantarem com o Roaddogg” e pós o micro no chão. Para além de os ter parado, também não lhes deu o que eles queriam. Ele queira heat que é a essência de ser um heel.
Se um heel tem algo que o público gosta de dizer com ele, então ele não está a fazer o seu trabalho conscientemente pois está a fazer eles ficarem contentes o que torna ainda mais difícil a tarefa do babyface. Tu só queres que o público apoie o babyface. Eu até podia começar o cântico “J-B-L” mas quando começavam a cantar eu depressa parava o cântico para enterrar as pessoas e assim buscar o heat.
Foram minhas ideias sofrer um chokeslam do Big Show por entre o ringue e sofrer um chokeslam do Undertaker para cima da minha limusine. Eu nunca queira vencer limpo e queria que os fãs pensassem que não merecia vencer e me odiassem. Durante a preparação do SummerSlam, o Undertaker como um verdadeiro profissional que é, queria pôr-me over de modo limpo. Eu recusei e disse que se vencesse alguém como ele de modo limpo, as pessoas iriam pensar que eu merecia ser campeão. Eu pretendia o contrário. Eu queria heat e assim por não vencer o Undertaker e manter o título eu iria ter o heat que queria.
Chokeslams a JBL
Até comecei uma guerra com a “Internet” na noite anterior ao PPV e até funcionou por um pouco mas quando eles viram que eu só queria criar heat, a brincadeira deixou de fazer sentido. Trabalhar smarts, raramente funciona mas não é o fim do mundo. Eles querem ver um trabalho que seja bom e árduo e que faça sentido. Trabalhá-los é duro, eu tentei mas mexer com quem percebe do negócio é difícil.
Para mim, os smarts não são muito importantes pois são uma percentagem pequena da base de fãs e só querem ver bom trabalho e boas storylines. Nunca é fácil trabalhá-los pois facilmente nos respondem.
O heat é difícil de conseguir e tentarem contar as coisas mais realistas (shoot) é duro, pois quando o combate começa e quando derrubas alguém na corda depressa se vê que não é shoot. É por isso que o heat tem de ser individual e não ser shoot. Assim tendo isto como base, a promo que CM Punk fez em Junho é espectacular.
O heat já não e como uma vez o Dick Murdoch disse: Eu insulto a tua irmã, tu insultas a minha mãe e temos uma briga”
Obter heat em promo não é assim muito simples. Se disserem “you suck”, os fãs irão apupar mas isso não é um heat real. Heat em promos é fazer as pessoas pensarem e chegarem a algo para vos odiarem. Para fazerem isso, precisam usar verdades envolvidas no objectivo da história.
Quando eu comecei a personagem JBL eu tive como modelo um discurso de Pat Buchanan, um comentador conservador. Eu vi a reacção que ele obtinha dos midia acerca dos seus comentários e eu retive palavra por palavra todo o seu discurso sobre imigração e usei-o quando pretendia heat quando trabalhei com o Eddie Guerrero. Eu trabalhei os sentimentos pessoais nas promos e isso para mim é a essência de ser um heel.
Por vezes o heat em demasia por ser mau. Quando eu estava a bater no Hornswoggle dentro de uma jaula eu achei que poderia criar um heat maciço contudo ao trabalhar assim quase me tornei um babyface, isto porquê as pessoas acharam divertido atirar um anão contra uma jaula e nós nem acreditávamos no que víamos. Assim tenham sempre um plano de recurso, é esta a moral da história do lançamento de anões.
No início da década de 90 falava eu com um smart sobre “Killer” Tim Brooks, e o fã queixava-se do quanto o odiava. Perguntei-lhe se gostava de ver o Stan Hansen o derrotar e se pagava para ver isso. O fã disse que adoraria. Eu só lhe respondi, eu achava que tu sabias que o Killer tinha heat.
Lembrem-se, heat não é verem um heel e pensarem que ele é bom mas algo de vocês disserem ”eu odeio este tipo e só me apetece partir-lhe a boca”. Eu entendo a ténue linha que separa o ódio a alguém com heat e odiar alguém que não tem qualidade no ringue. É uma pequena grande diferença que eu entendo. O que aconteceu com o Killer foi heat pois o fã odiava o seu carácter e queria que ele perde-se. Ele diz a toda gente o quanto o odiava e quanto queria que ele não tivesse nos shows e quanto ele pagaria para o ver perder e isso é a essência de ser um heel.