Ex-membro da equipa creativa da WWE fala do funcionamento interno da WWE e sobre vários lutadores e storylines (Leitura obrigatória para qualquer fã)
Durante a semana foi publicado no blog de Scott Keith um artigo onde um ex-membro da equipa criativa da WWE abordou vários temas da companhia. A história é a seguinte: houve uma pessoa que postou num fórum, o GameFaqs.com, dizendo ter sido assistente para a equipa de escritores (de Setembro a Dezembro do ano passado), uma série de revelações sobre os trabalhos diários do processo de escrita e algumas curiosidades sobre estrelas e personalidades..... Parece legítimo, visto que a informação é bastante detalhada. Postou fotografias e tudo. Houve outra pessoa que reuniu as melhores partes, que é isto que vos trago. A leitura pode ser longa, mas é muito interessante. Acompanhem-me, por favor.
Os seus deveres:“Principalmente, tirar notas e actualizar muitos dos documentos que ajudavam os escritores fazer o seu trabalho. Havia um documento que tinha os últimos 6 episódios de Raw e SmackDown detalhadamente descritos por segmento. Outro tinha uma lista das “Últimas 5 Vezes” que alguma coisa foi feita (por exemplo, o uso do título como ‘arma’, o uso de cadeiras ou interferência em combates). Essa lista tinha de estar actualizada semanalmente, de modo a que os escritores a pudessem referir sempre que necessário.
Havia basicamente um monte de processamento de palavras. Todas as semanas, para escrever os programas, tínhamos de escrever do número 1 ao 11 num quadro (que correspondiam aos segmentos) e simplesmente discutir as histórias e onde pôr certas e determinadas coisas. Depois, eu ou outro assistente criávamos uma espécie de “placa única”, como uma espécie de “best of” das outras placas. Basicamente, listávamos cada segmento e alguns pontos-chave sobre em que é que consistiam. Os escritores depois usavam isto como guia para escrever os guiões.
Havia basicamente um monte de processamento de palavras. Todas as semanas, para escrever os programas, tínhamos de escrever do número 1 ao 11 num quadro (que correspondiam aos segmentos) e simplesmente discutir as histórias e onde pôr certas e determinadas coisas. Depois, eu ou outro assistente criávamos uma espécie de “placa única”, como uma espécie de “best of” das outras placas. Basicamente, listávamos cada segmento e alguns pontos-chave sobre em que é que consistiam. Os escritores depois usavam isto como guia para escrever os guiões.
A equipa de escritores é dividida entre a equipa de casa – que fica em Stamford – e uma equipa de estrada – que vai a todos os programas. Infelizmente, eu fazia parte da que ficava em casa. A minha única experiência foi no Survivor Series, o que foi bastante sonolento.”
A quem ele respondia:
“Provavelmente ao Brian Gewirtz, que era o meu verdadeiro patrão. Se os escritores me dissessem alguma coisa e o Brian outra, a palavra dele é que contava. Sempre.”
Sobre escrever promos e as mudanças “na hora”:
“O Cena é conhecido por ignorar o guião e fazer a sua própria ‘cena’. Tenho a certeza que o Punk faz isso de vez em quando. O Ziggler fez isso uma ou duas vezes e sofreu uma reprimenda. É-me difícil dizer, porque o processo criativo é uma espécie de linha de assembleia. Ou seja, escrevíamos as primeiras pitadas em Stamford depois da aprovação do Vince, depois essas pitadas iam para os escritores principais e passava sempre por, pelo menos, mais três “revisões”. De seguida, havia outra reunião com o Vince na arena de todos os espectáculos. E mais mudanças aconteciam. E depois há aquelas mudanças tão repentinas que nem sequer chegavam a ir para o papel. Depois, claro, alguém podia ir lá para fora e olvidar-se de algumas partes, ou tinha de improvisar por qualquer motivo. Porém, isso acontecia um pouco longe da minha vista. Portanto, na maioria das vezes, o Raw que passava na segunda-feira era muito diferente daquela que tinha “saído” dos escritórios na semana anterior. Nem sempre sabia onde tinham ocorrido mudanças.”
Sobre ‘forças’ de backstage:
“O que se está à espera. O Orton, o Punk e especialmente o Cena têm muito a dizer no que diz respeito às suas histórias, creio eu. Depois do Survivor Series, o Cena sentiu que não deveria perder de forma limpa novamente (ou preferencialmente nunca perder, ponto) até à WrestleMania, e foi isso que aconteceu. Quando o Jericho estava em conversações para retornar, isso aconteceu dentro de condições: ele trabalharia com o Punk e sairia derrotado na WrestleMania – obrigações do próprio Jericho, não da WWE. Foi também ele quem deu a ideia do casaco e pagou do seu próprio bolso (fala-se em 10 mil dólares pelo primeiro). O Cody Rhodes, numa entrevista recente, afirmou que tinha pedido para lhe fazerem o sobretudo de couro e foi ele quem pagou por isso. Portanto, creio que até um certo ponto os wrestlers são responsáveis pelas suas próprias personagens. Mas por outro lado, o Daniel Bryan protestou bastante pela história com a AJ, porque a história da sua última “namorada” – Gail Kim – foi muito má. Mas ele não podia realmente fazer nada para mudar isso. Vai variando.”
Sobre as divisões feminina e de tag team:
“O que acontece com o Vince é que ele passa por fases, que são estranhas e aparentemente aleatórias. Durante uns tempos, ele vai estar concentrado na divisão de tag team; depois não quer saber. Ele vai querer fazer histórias de divas, depois nem quer saber se elas entram nos programas ou não. Ele contrata alguém como a Tamina e não faz nada com ela durante anos. Um dia lembra-se e pergunta o motivo de não estarem a fazer nada com ela, visto que é uma Snuka. E ganha um push do nada. Neste momento, parece que está a dar atenção às equipas.”
Sobre Triple H e Stephanie:
“O Triple H é muito porreiro. Por acaso, conheci-o na casa-de-banho dos homens. Ele estava a lavar as mãos e eu, todo nervoso, apresentei-me. Ele virou-se, olhou-me nos olhos e disse que era um gosto conhecer-me e certificou-se que apanhava o meu nome correctamente. Depois, daquilo que percebo, ele era a voz da razão que ia, digamos, apaziguar algumas das ideias mais malucas do Vince nas reuniões.
A Stephanie é muito simpática, também, mas tem uma tendência de te olhar de uma maneira quase psicótica. Porém, é amigável, brinca e tenta saber o nome de toda a gente. São pessoas normais, sinceramente.”
A Stephanie é muito simpática, também, mas tem uma tendência de te olhar de uma maneira quase psicótica. Porém, é amigável, brinca e tenta saber o nome de toda a gente. São pessoas normais, sinceramente.”
Sobre o GM Anónimo:
“Haviam algumas direcções que eles estavam a considerar. A óbvia era que seria o Vince; contudo, também estavam a considerar seriamente o JBL. Mas o Vince matou a história. De facto, a uma dada altura, quando os escritores principais tentaram fazer com que pelo menos a coisa tivesse um fim, o Vince sugeriu revelar que afinal era o Laurinaitis, isto tudo dito numa “linha solta” num segmento de backstage. A coisa toda foi “largada”. Quando o Vince deixa de se importar com qualquer coisa, acabou.”
Sobre a FCW:
“Havia um caderno que tinha as biografias dos talentos de topo da FCW. Semanalmente, recebíamos DVDs com o programa mais recente, e isso ficaria disponível para quem tivesse tempo para os ver; porém, qualquer decisão, em relação a novos talentos, em termos de estreias e isso, passavam pelo departamento de talentos, que está a cargo do HHH com o Matt Martlaro, antigo announcer da FCW.
Mas ocasionalmente teríamos tarefas. Do género: “Precisamos de uma lista com o Top 5 de nomes para o Donny Marlow.” Aí, discutíamos como um grupo e colocávamos os nossos favoritos no quadro. Eles tinham de ser inspeccionados pela equipa legal, de maneira a que a empresa os pudesse registar. O Marlow e o Hunico gostaram mais de Camacho, e foi o que ficou.
Lembro-me de ver uns papéis sobre a estreia do Ryback. Incluía o design da roupa de ringue, bem como algumas indicações para as vignettes, mas parece que não foram por aí.
É isso que define aquele lugar, ou a televisão em geral talvez: é tudo muitíssimo fluído. As coisas mudam constantemente, muitas vezes à última da hora, e tu só tens é de aprender a passar por isso.”
Lembro-me de ver uns papéis sobre a estreia do Ryback. Incluía o design da roupa de ringue, bem como algumas indicações para as vignettes, mas parece que não foram por aí.
É isso que define aquele lugar, ou a televisão em geral talvez: é tudo muitíssimo fluído. As coisas mudam constantemente, muitas vezes à última da hora, e tu só tens é de aprender a passar por isso.”
Sobre o CM Punk na Survivor Series:
“Posso contar uma história do CM Punk do SS. Ele estava a preparar-se, porque o combate dele era a seguir. Estava a fazer jogging no backstage, a pôr-se pronto. O Madison Square Garden é uma arena pequena, de modos que as coisas estavam a monte. A uns 6/7 metros, estavam o Miz e o R-Truth prestes a gravarem a entrevista com o Matt Striker – que, de propósito, estica para os lados as pernas de modo a que, em televisão, pareça mais pequeno que os entrevistados.
O produtor pediu silêncio a toda a gente, de modo a que o Miz e o Truth gravassem aquilo. E é neste momento que o Punk começa a fazer saltos de caixas (está aqui um exemplo). Estavam todos calados e ele saltava, de forma ruidosa, numa caixa de armazenamento. O produtor chega ao pé dele e diz-lhe algo como “Desculpa, Punk, mas estamos a tentar gravar isto. Podes fazer isso sem tanto barulho?”. O Punk não diz nada, continua a correr, vira-se para eles os dois e passa por eles como uma tempestade. Eu acho que ele estava a brincar, mas mostrou ser um pouco imbecil.”
Sobre o Kane, a máscara e a feud com Cena em vez de Mark Henry:
“Daquilo que me lembro, embora o Kane tenha sido atacado pelo Mark Henry, o homem que faz de Kane, o Glenn Jacobs, não queria regressar e ter uma feud com ele, por qualquer motivo. Por isso, eles fizeram-no regressar no Raw atacando o Cena, embora eu pense que eles já tinham isso planeado quando o ‘cortaram’ da televisão com o tornozelo partido (sobre fazer retornar com a máscara). Contudo, o design da roupa, bem como o look e a filmagem das vignettes, foi feito por outros departamentos. Não tinha nada a ver com os escritores. Nós estávamos ansiosos por ver como é que ele estava – assim como toda a gente estava.”
Sobre a Natalya:
“Nós costumávamos fazer troça dela, principalmente porque tinha uma personalidade excêntrica. Foi uma brincadeira positiva, não maliciosa, mas a dada altura a piada dela se peidar apareceu. Nós rimos ao falar de mudar certas coisas, como o nome do Sharpshooter. Semanas depois – já eu tinha sido despedido – a história apareceu na televisão. O meu queixo caiu, ri-me imenso. Ficariam surpreendidos com a quantidade de coisas que são feitas somente para “pegar” com outras pessoas.”
Sobre o Daniel Bryan:
“Toda a gente sabia que ele não manteria a mala até à ‘Mania. Não sei por que razão isso fez parte da história, mas talvez tenha sido como uma promessa que podia quebrar e, com isso, facilitar o turn. Eu ouvi que a decisão de o pôr a vencer a mala foi tomada à última da hora, nesse mesmo dia. Daquilo que me recordo, ninguém tinha fé que ele ‘vendesse’ como babyface.
O Bryan quase que teve de fazer o turn, visto que ele não era muito bom em promos de babyface. Quando ele conquistou o título e começou a fazer promos, ainda enquanto babyface, ele dava ênfase a partes erradas ou diria certas coisas num tom incorrecto. Soava muito irritante e bastante heel, o que provavelmente deu um empurrão para a decisão de passá-lo para heel. E isso, obviamente, resultou maravilhosamente. Eu acho que eles se divertiram com isso. Lembro-me de ver algumas notas e, eventualmente, uma dizia algo como: “Daqui em diante, quando o Daniel Bryan ganhar qualquer combate, deve celebrar como se fosse a maior vitória da sua vida.” Isto foi quando ele estava exactamente na fase do turn gradual. Foi aí que nasceu o “YES!”".
Sobre Kevin Nash/CM Punk/Triple H:
“Foi o facto do Nash não estar clinicamente pronto para competir naquela altura que ia enfrentar o Punk. Os escritores tiveram de se amanhar e arranjar uma razão para emperrar a história, e portanto tornou-se em Nash vs. HHH. Novamente: a história ganhou vida e tinham de avançar com isso, embora fosse evidente que o Nash não tinha nada para dar. Em vez do Big Daddy Cool, ele estava a gritar nas promos. As suas habilidades no ringue estavam fraquinhas. Como tal, ficou decidido que eles os dois iam ter um combate para acabar com aquilo e estaríamos resolvidos com o Nash. O combate entre ele e o Punk quase que aconteceu num Raw diversas vezes, apenas para dar um fim à coisa; todavia, eles não lhe queriam dar um combate importante antes de enfrentar o HHH, por isso nunca aconteceu.”
Sobre a gimmick de Brodus Clay:
“A equipa toda tinha ideia que o Brodus regressaria como um monstro heel que mostrava nas vignettes. Foi o Vince quem viu as coisas de maneira diferente. Quando as vignettes já estavam no ar e a equipa criativa perguntou quando é que ele ia estrear, o Vince disse algo como, “Qual é a personagem dele? Não temos nada para ele. Não percebo quem é o Brodus Clay. Vamos adiar a estreia até termos uma ideia melhor.”
No backstage, era bem sabido que o Brodus tem muito carisma, adora crianças e fala bem. O Vince decidiu que queria que o Brodus fosse babyface, e, por uma razão qualquer, embora ele não tivesse qualquer tipo de habilidades para tal, o Vince queria-o a dançar.
Trabalharam na gimmick durante semanas, principalmente na FCW – penso que em dark matches e segmentos -, por isso, foi tudo tirado das mãos dos escritores e dado ao departamento de talento. A razão para a sua estreia ter sido tão “provocada” foi porque, ao início, pensávamos que estava pronto, depois o Vince decidiria que não estava. O seu trabalho em ringue não estava ao mesmo nível, ou a coreografia não era suficientemente boa, ou a roupa precisava de ser trabalhada, ou a produção toda precisava de mais tempo, ou não era a altura certa. Todo o tipo de coisas como essas.
Quando ele estreou, os escritores apareceram no trabalho no dia a seguir e a reacção foi como a da comunidade de wrestling na Internet: mista. Uns gostaram, outros não. No fim de contas, foi uma maneira mais engraçada e original pô-lo como Funkasaurus, do que pô-lo como monstro heel número 622978.
Trabalharam na gimmick durante semanas, principalmente na FCW – penso que em dark matches e segmentos -, por isso, foi tudo tirado das mãos dos escritores e dado ao departamento de talento. A razão para a sua estreia ter sido tão “provocada” foi porque, ao início, pensávamos que estava pronto, depois o Vince decidiria que não estava. O seu trabalho em ringue não estava ao mesmo nível, ou a coreografia não era suficientemente boa, ou a roupa precisava de ser trabalhada, ou a produção toda precisava de mais tempo, ou não era a altura certa. Todo o tipo de coisas como essas.
Quando ele estreou, os escritores apareceram no trabalho no dia a seguir e a reacção foi como a da comunidade de wrestling na Internet: mista. Uns gostaram, outros não. No fim de contas, foi uma maneira mais engraçada e original pô-lo como Funkasaurus, do que pô-lo como monstro heel número 622978.
Após um tempo, o Laurinaitis falava da estreia do Brodus só para lhe dar heat. Havia a ideia de ter o Brodus estrear-se como um monstro, mas depois virar-se contra o Big Johnny e passar para a personagem dançarina. Ou que o Laurinaitis teria a impressão que estava a trazer uma “besta”, para ser enganado quando o visse dançar. Haviam algumas possibilidades, mas eventualmente decidiram ignorar a conexão entre os dois.”
Sobre o “depush” de Zack Ryder:
“Não sentia que os escritores tinham alguma coisa contra ele, sinceramente. Acho mesmo que o Gewirtz sentia que ele era um underdog natural, e é por isso que as pessoas gostam dele. A partir do momento em que lhe dão muita exposição ou sucesso, deixa de ser um underdog e torna-se irritante; por isso, eles tentaram-se manter nesse rumo.
Qualquer sentimento mais pessoal para parar alguém de ter mais sucesso provavelmente advém do Vince. Não há nada que aconteça – turns, trocas de título, histórias importantes – que passe sem a sua aprovação.”
Qualquer sentimento mais pessoal para parar alguém de ter mais sucesso provavelmente advém do Vince. Não há nada que aconteça – turns, trocas de título, histórias importantes – que passe sem a sua aprovação.”
Sobre a Royal Rumble:
“O vencedor é determinado com meses de antecedência, normalmente, mas é sempre algo que pode mudar. Eles usualmente marcam os main events para os PPVs desde esta altura até à próxima WM. A partir daí, trabalham “de costas”, entre PPVs, para desenvolver as histórias no Raw e no SmackDown. Há um documento onde se apontam os main events, mas muitas das coisas acabam por ser modificadas. Quando eu passei por este documento, o Sheamus já estava programado para vencer, mas também era suposto enfrentar o Mark Henry, pelo título, na ‘Mania. Mas há coisas que surgem: o Mark Henry lesionou-se e teve de largar o título, o Bryan cobrou a mala e tornou-se no fenómeno, etc.. O Del Rio ia enfrentar o Orton, mas também se lesionou, o mesmo para o Mysterio e o Sin Cara. Por isso, a maior parte das coisas que eles tinham planeado não aconteceu. E até antes da Rumble, havia muitas considerações sobre fazer com que o Jericho ganhasse, uma vez que ele ia enfrentar o Punk na WrestleMania. Acho que foi decidido desta forma porque o Sheamus precisava da vitória mais do que o Jericho, e este até podia ir à ‘Mania usando outros argumentos.
Quanto a especificações, o Michael Hayes faz a maior parte do trabalho com alguns dos agentes. Eles planeiam a lista de participantes, depois trabalham na ordem e alguns dos spots mais importantes. A razão de terem sido 30 em vez de 40, este ano, foi porque o roster era tão magro, também por culpa das lesões. Porra, até com 30 tiveram de usar tipos como o Michael Cole e o Jey Uso.”
Sobre Sheamus ser o próximo Cena e o heel turn deste:
“O Sheamus está a ser construído como o próximo John Cena, o que é bom, visto que liberta o Cena para efectuar outras coisas no futuro, como virar heel. Os miúdos adoram o Sheamus, ele faz o merchandising mover. É bom nas aparições na comunicação social, talk-shows e por aí. É o melhor possível candidato a substituir o Cena como o principal babyface. No que diz respeito ao homem em termos pessoais, não me lembro de ouvir algo pessoal muito interessante. Simplesmente é um homem que trabalha imenso, é leal. Da última vez que ouvi, ele queria adicionar o cloverleaf como outro finisher.
Daquilo que ouvi, o Cena ADORARIA ser heel. A personagem Thuganomics era muito mais parecida com o seu carácter real. E eu sei que ele se sente limitado ao ser babyface. É a empresa e o Vince quem não pretendem dar esse salto, pelo menos enquanto não tiverem alguém estabelecido para o substituir – que deverá ser o Sheamus. Eles precisam de alguém que faça as coisas do Make-A-Wish, as aparições públicas, as publicidades, etc., que o Cena faz. O JC trabalha imenso pela empresa e ninguém sequer se aproxima dele neste momento. Por isso, há muitas coisas envolvidas no processo do turn.
Sobre o planeamento desde Setembro em diante:
“É uma pergunta difícil. Como disse, eles têm uma ideia muito esquematizada em relação às feuds mais relevantes e aos combates que acontecem no entretanto até à WrestleMania. Eles trabalham sempre para trás, usando o cartaz do PPV para programar os espectáculos semanais. Por isso, eles sabem sempre qual é o objectivo final. No que diz respeito a especificações de combates e promos, normalmente isso é feito semanalmente, com a equipa a planear com uma semana de antecedência em relação à altura real. Algumas feuds envolviam muita história, como o Cena vs. Kane, e isso por vezes exigia uma espécie de esquema com quatro colunas, com cada uma a representar uma semana que faltava até ao PPV. Os escritores eram encorajados a trabalhar nesse estilo básico, mantendo em mente como uma semana se relacionava com a seguinte, em vez de perderem a cabeça todas as semanas.”
Relativamente ao produto TV-PG “higiénico”:
“Muitas das restrições, hoje em dia, não têm tanto a ver com PG vs. Non-PG, mas sim com o mundo, que tem estado mais alerta e crítico em relação a saúde e desporto como um todo. Por exemplo, o sangue era muito visto na Atitude Era; agora, se alguém sangra, o combate praticamente pára e vai um médico ao ringue, com luvas, ver o que se passa. Isto não acontece por culpa do PG, mas sim por preocupações mais “acima” em relação a hepatite e coisas como essa, que estão ligadas a questões legais sobre riscos no local de trabalho. A mesma coisa acontece nas cadeiradas na cabeça. Não tem nada a ver com o sistema PG, mas sim com a sociedade, que se importa com os traumatismos cranianos e com as lesões na cabeça, que são ameaçadoras para a vida, na NFL e noutros lugares.
Mas o PG foi uma espécie de empecilho em algumas ocasiões. Por exemplo, na história entre o Kane e o Cena, disseram-nos que pôr alguém a arder não era PG, logo, não era uma possibilidade. Até pôr qualquer coisa a arder provavelmente não seria aprovado. E, quando estás a lidar com o Kane, essa é uma das coisas que funciona como um murro no estômago.”
Mas o PG foi uma espécie de empecilho em algumas ocasiões. Por exemplo, na história entre o Kane e o Cena, disseram-nos que pôr alguém a arder não era PG, logo, não era uma possibilidade. Até pôr qualquer coisa a arder provavelmente não seria aprovado. E, quando estás a lidar com o Kane, essa é uma das coisas que funciona como um murro no estômago.”
Em relação aos escritores enquanto grupo:
“Os escritores são idênticos à comunidade de wrestling na Internet: eles querem que as histórias sejam divertidas, profundas e que façam sentido. Por vezes, porém, os planos são destruídos por aquilo que o Vince pretende efectuar. Por vezes, eles estão tão ocupados a trabalhar nas principais histórias que os lutadores de midcard, como o Primo e o Epico, ficam perdidos no oceano sem ter nada para trabalhar durante semanas. Eles fazem o melhor que podem, e eu acredito que o Vince foi sempre assim.
Temos de entender que o Vince tem vivido e respirado (n)esta empresa já lá vão 30 anos. Ele só pensa nisto, por isso ele é um tipo pouco usual e muito desconectado do “mundo real”. Ele não tem tempo para ver televisão, não faz ideia do que acontece no mundo da chamada pop culture. Ele nunca viu os maiores filmes dos últimos 40 anos que toda a gente viu. Lembro-me de fazer uma referência a um filme, o The Shining, e o Brian Gewirtz disse-me que o Vince nunca tinha visto tal filme. Ele tem de ter outras pessoas a explicar-lhe esse tipo de coisas, porque tudo que lhe importa é a WWE.”
Tradução e notícia elaborada por Hugo Lira via PTWrestling