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Slobber Knocker #11: Falhanços de estreias


Cumprimentos a todos quando já se sente cheiros de Verão no ar. Volto esta semana com uma nova edição do Slobber Knocker. E para esta semana trago um novo assunto que se constrói à base da curiosidade e por vezes até do cómico. A melhor parte disto foi a inspiração: uma resposta por parte de um leitor, comentando um outro artigo meu.....

Falava eu sobre John Cena num artigo que esperaria que viesse a causar reacções divergentes. Os louvores, claro, não foram unânimes e alguém em minha defesa menciona a liberdade de se poder falar sobre quem quiser e como se quiser, apresentando um exemplo mais absurdo: o Shockmaster!Acende-se uma lâmpada sobre a minha cabeça, dando-me já uma nova ideia para um assunto a abordar – o que é óptimo, visto que já me encontrei encurralado em termos criativos anteriormente. E não, não é um artigo biográfico do Shockmaster, ou de Fred Ottman, o homem por trás da máscara e estatelado no chão. Bloopers? Seria divertido, mas para isso já temos a Botchamania. Que ideia obteria daí então?

Simples: Shockmaster é a melhor representação explicativa deu ma estreia totalmente falhada. Tanto que hoje em dia nem é possível igualar tais níveis, ficou para a história por motivos humorísticos, mas nem sempre é assim tão engraçado quando alguém estreia e a coisa não corre bem. Existem várias maneiras de falhar, seja por trapalhada, por desaparecer pouco depois,por mau aproveitamento ou até mesmo podendo haver um seguimento mas que não tenha a mesma força pretendida. Analisemos então uma meia dúzia de casos,começando então com o que encabeça:

The Shockmaster


Corriam os velhos dias da WCW e fazia-se o build-up para um combate Tag Team de oito homens. A equipa Heel constituída por Sid Vicious, BigVan Vader, Booker T e Stevie Ray andava às turras com a equipa Face de Sting,Dustin Rhodes e Davey Boy Smith. Os bons da fita necessitavam de mais um para completar a sua equipa e antecipava-se a sua revelação. O palco escolhido para este episódio foi o “A Flair for the Gold”, o segmento de entrevista com Ric Flair como anfitrião. Sting instalava os alicerces para uma apresentação dramática do seu parceiro: o estreante demolidor de seu nome “Shockmaster”!

Não havia como não resultar. A entrada dramática com o irromper por uma parede por entre fumos poderia ser um bom início de uma personagem obscura e catártica - mesmo que andasse a chafurdar na foleirice, mas o negócio do wrestling permite coisas assim - e o dramatismo da sua estreia certamente criaria fogo para a feud entre as equipas. Isto se Fred Ottman não tropeçasse antes e caísse que nem um tordo, perdendo a máscara e mostrando o rosto brevemente. Isto tudo a acompanhar à figura de tanso que já estava irremediável. Tentou prosseguir mas não havia mais maneira de levar aquilo a sério. Comentários apimentados por palavrões da parte de Booker T e Davey Smith foram captados. Os integrantes no segmento travaram um dos maiores combates das suas carreiras:contra o riso. Ficou estragada para sempre a ideia, Shockmaster hoje é lembrado mas não por aquilo que pretendiam.

Desde então tentaram dar a volta por cima, disfarçando Ottman de “Super Shockmaster”, suposto sobrinho do Shockmaster inicial, que carregava a gimmick de trapalhão que se deu em seguimento do incidente. A personagem acabou por ser abandonada, mas Shockmaster terá sempre um lugar muito especial nos corações dos fãs de wrestling, mas não pelas razões inicialmente pretendidas.


Isto é um exemplo mais cómico. Também há aqueles casos em que temos alguém com potencial mas que vê a sua estreia cortada. A personagem não é retirada do plantel mas a potência com que ia para se estrear ficou esmorecida. Principal exemplo:

Kharma


Como seria possível não gostar disto? A devastadora e talentosa Kia Stevens conhecida como Awesome Kong e uma das principais faces da divisão feminina da TNA. Na WWE. Na companhia onde a divisão feminina é encarada como inútil e de onde se retiram os combates mais desinteressantes,por falta de empenho e investimento. Essa divisão ia finalmente arrebitar com uma competidora destas e salivava-se pela sua estreia para que tivéssemos um pouco de wrestling feminino de qualidade. Após vinhetas assustadoras, vem aparte mais assustadora ainda: o aparecimento de Kharma propriamente dito. Como começar? Dirigindo-se ao ringue para destruir umas quantas Divas. Não há melhor maneira de transmitir uma mensagem que essa.

Deu-se o inesperado e sucedeu-se um caso em que realmente não dá para culpar ninguém. Kia não fez nenhuma asneira. A equipa criativa não a desperdiçou. Mas a outrora conhecida como Kong engravidara. Não se pode realmente culpar a mulher por esse facto. Podia prevenir-se? Talvez pudesse,mas quem é qualquer um de nós para dizer o que seja sobre isso. E a companhia ia colocá-la a trabalhar enquanto grávida? Nem pensar. Foi um acaso que veio em má altura, com mau timing, porque acabaram por se cortar as pernas a esta antecipada estreia e teve que se desengonçar ali uma saída com um ataque de choro, seguido de promo explicativa para retirá-la de TV por quanto tempo necessário. Hoje ainda se espera o seu regresso, mas o impacto inicial que se construía foi substituído pela espera pelo regresso. No entanto não deixa de ser uma boa surpresa, se trabalharem bem um regresso repentino…

Outro caso diferente pode ser de alguém que se encontre também no plantel até então, mas mesmo competindo. Apenas ficando muito aquém das expectativas e com uns quantos factores a manchar-lhe o crédito de estreia cheia de hype. De quem mais se poderia falar?

Sin Cara


Luis Urive já era bem conhecido como Místico, um impressionante luchador Mexicano. A antecipação para a sua estreia foi qualquer coisa de monumental e a WWE vestia o fardo de orgulho de terem contratado uma estrela internacional notável. Quase se ouvia o esfregar de mãos no backstage enquanto assistíamos às vinhetas que antecipavam a sua estreia. Era algo enorme que tinham em mãos.

Mas chegam-se os combates. E a conta dos botches acabou por se perder. O aceleramento do seu push, ainda para mais sem o colocar no território de desenvolvimento acabou por se tornar o obstáculo. Um estilo de luta demasiado diferente dos restantes que trabalhavam com ele. Desconhecimento linguístico que dificultava ou impossibilitava a comunicação com os seus parceiros antes ou durante um combate. Saíam desastres e existe registo da necessidade de ter que gravar o mesmo combate uma segunda vez. E os botches continuavam a contar-se. Essa sua inadaptação em conjunto com uma feud desinteressante… consigo mesmo, quase se diga assim, foi o que mais baixou Sin Cara para uma Superstar menos importante sujeita a recepções mornas ou quase silenciosas ao entrar na arena. O seu regresso já está aí – até creio que pela altura de este texto estar publicado, já se deu o seu regresso à TV – e veremos como ele vem. Mas o Sin Cara que eles queriam vender ao início certamente que não é o mesmo Sin Cara que vimos a lesionar-se durante um combate e que ficámos a conhecer nos meses anteriores…

E há mais casos. Há aqueles frustrantes. Alguém com uma tonelada de potencial e que acaba por ser atirado de qualquer maneira e desperdiçado. Quem é que teve esse infeliz destino?

Scotty Goldman


Para alguns menos entendidos e com uma memória mais viva talvez se lembrem deste Scotty Goldman. Para os mais bem formados no assunto olham para aqui e rangem os dentes ao ver que se trata de Colt Cabana. Não é um tipo qualquer, é Colt Cabana, grande amigo de CM Punk ou Daniel Bryan e como tal, tem a mesma formação. O seu circuito em independentes é bem conhecido e adorado. O seu talento é conhecido e inegável.O seu carisma também é exorbitante. Se repararmos, é o pacote completo. Chegou à WWE e estreou-se como Scotty Goldman. E estreou-se a perder. E agora que penso, acho que ele não ganhou nenhuma vez no seu punhado de combates no Smackdown.

Sendo praticamente um jobber para nomes como The Great Khali ou até mesmo The Brian Kendrick e umas aparições em battle royals, ficamos ligeiramente aparvalhados ao vermos que foi isto que fizeram com Colt Cabana na WWE. Pensem só se o tivessem aproveitado bem desde a sua estreia e ele hoje andava nos mesmos níveis dos seus amigos CM Punk e Daniel Bryan. Pensem até que ele se envolvia na feud actual destes dois. Imaginem um Triple Threat com esses três. Pensem só. Infelizmente a fraca estreia para já ainda parece irremediável, mesmo que há quase um ano atrás o nome dele andasse de novo nas bocas do povo, após sair de forma polémica da boca de Punk. Pensávamos nos que poderíamos ter Colt de volta como deve ser, mas nunca aconteceu e o seu registo na WWE ainda é como Scotty Goldman…

E da mesma forma que existem assim umas passagens não notórias de gente já bem consagrada, o que não falta são lutadores que um tipo já mal se lembra. Estreiam-se, andam lá a passear e vão-se embora. Quando se fala deles de novo após as suas saídas as reacções variam entre o “Aaahh, olha esse…” ou o “Quem?”. Existem muitos, mas utilizando apenas um exemplo, retiro um qualquer do saco:

DJ Gabriel


Estreou-se na ECW como Face, por altura em que a brand já não dava grande pica. Vinha com Alicia Fox como manager. Estreou-se e começou o seu percurso como já é tradição na WWE e como tem vindo a acontecer recentemente: ganhando a jobbers e locais. Uma feud ali meia amanhada com Paul Burchill e passado um tempo já andava a perder para nomes como Mark Henry ou Tyson Kidd. Separou-se de Alicia Fox, que seguiu para o Smackdown, ficou sozinho, foi despromovido para o território de desenvolvimento e acabou despedido em 2010.

A sua manager acabou por ficar mais notável e a sua gimmick de festa e dança não parece ter deixado muitas saudades. Lembram-se de DJ Gabriel? Sente-se a falta dele? Uma estreia das boas?

E para concluir, mais um caso cómico. Mas não ao estilo trapalhão do Shockmaster. Apenas um caso de alguém que tão depressa apareceu como desapareceu e originou incontáveis piadas quanto à sua ilustre carreira.Refiro-me ao inigualável e inconfundível:

Braden Walker


Chris Harris é um nome que consta facilmente na história da TNA. America’s Most Wanted é o nome de uma notável Tag Team com James Storm e com Gail Kim a manager. Que há de excepcionalmente mau a apontar? Assinado pela WWE, talvez seja promissor. Lá veio ele com o seu nome Braden Walker na ECW e estreia-se a derrotar Armando Estrada. E o melhor de tudo é que ele apenas é lembrado por isso, pela hilariante piada “knock-knock”, por um momento no backstage com Matt Hardy e por vencer um último combate com James Curtis, outro que também tem um currículo de ouro. E foi isso. A carreira de Braden Walkerfoi essa na WWE e desde então podemos lembrar-nos da aparição de uma noite de Harris na TNA enfrentando o seu ex-parceiro, no momento nos Beer Money.

A parte realmente engraçada foi o que o que se aproveitou para fazer na Internet com a sua gloriosa e longa carreira. Sempre muito criativos e hilariantes, espalharam-se vídeos com trailers de DVD’s fictícios contando a carreira de Braden Walker – com mais de 15 minutos de acção! – ou até mesmo imagens a mostrar uma introdução no Hall of Fame. São piadas bem pensadas como esta que realmente fizeram Braden Walker perdurar, porque a sua estreia foi, de facto… Indescritível.


Concluo assim este meu artigo após apresentar um curto conjunto de nomes, que espero que tenham tido uma dose suficiente de entretenimento.

Agora passo, como sempre, a razão a vós para comentarem como quiserem, quer seja sobre os casos apresentados e claro, apresentando vós os casos que vocês se lembrem de estreias que, ou parecia que iam longe mas caíram com mais força que o Shockmaster, ou que apareceram e tão depressa se escafederam.

Cumprimentos e desejos de um excelente Verão que aí se avizinha e se sente – pelo meio de algumas chuvas e trovoadas como acontece aqui de onde escrevo.
Chris JRM
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