Slobber Knocker #18: E já la foram 1000!
E cumprimentos a todos que junto a um pedido de desculpas
pela minha breve ausência de duas semanas. Espero que não tenha causado grande
transtorno - nem sei se este meu espaço era de alguma importância e notoriedade
excepcional – mas cá estou eu de novo e para discutir o que já aconteceu na
semana anterior: o episódio 1000 do Raw.
Já foi para o 1001 e até vou falar dele para que não pareça
um trabalho aldrabado a fazer de conta que o episódio 1000 ainda está fresco e
ainda se espera o que vem a seguir. Ainda para mais quando esse milionésimo
primeiro episódio até é bastante importante para esta minha análise. Começo por
dar a minha apreciação e dizer que o episódio me agradou imenso. Teve poucos
combates e os que teve nem foram assim tão famosos. Mas era um episódio
especial mais virado para a comemoração, logo ia ser mais um expelir de
diversão e nostalgia enquanto se fechavam os aloquetes de umas histórias e se
abriam os de outras.
Muito brevemente aponto aquilo que mais gostei de ver:
- A reunião dos DX, apesar de achar que poderiam ter havido
mais momentos no backstage onde se soltaria a infantilidade dos membros do
grupo que às vezes até sérios se não estão todos juntos, especialmente Shawn
Michaels que fica uma criança autêntica. Chamem a reunião de Triple H e Shawn
Michaels em 2006 uma versão “washed up” dos DX, mas eram eles uma das
principais razões para eu ver o Raw. Gostei também bastante da participação de
Damien Sandow, visto que tenho vindo a gostar deste tipo cada vez mais. Mesmo que
tenha sido para levar na tromba, não deixa de ficar notável com esta prestação…
- The Miz a vencer o título. O combate foi OK – o rematch
que tiveram no Smackdown, esse sim foi estupendo – mas com a entrega deste
título a Miz, já me dá a impressão que querem apostar de novo nele em vez de o
atirar para a choça e, se possível, culpá-lo de fracas vendas. É que, apesar de
nem muitos acharem o mesmo, eu até gosto bastante do tipo. Também admiro imenso
o Christian e aplaudo o seu trabalho de veterano em colocar Miz over. Que saia
um bom reinado daqui.
- A Stephanie McMahon. Porque, raios me caiam encima se eu
estiver errado, mas aquela mulher não está cada vez melhor? Ainda para mais
depois de já ter quatro filhos? Mas pronto, lá está, é sempre bom vê-la mas aqui
nem era só isso que havia de se aclamar. Também tínhamos Paul Heyman e um
microfone, logo iríamos ter ouro televisivo. Excelente prestação deste senhor
como sempre, e mesmo que seguisse a habitual estrutura de “nega primeiro até
ser provocado e obrigado a aceitar” que acontece em qualquer desafio, não
deixou de ser um bom segmento e já temos um combate entre Triple H e Brock
Lesnar marcado para o SummerSlam, que esperemos que seja bom e memorável.
- A Lita! Situação semelhante à da senhora mencionada acima.
Mas começo por dizer que até ando a ficar fã do Heath Slater. Com esta
brincadeira de levar porrada de toda a gente, anda a ficar um personagem cómico
em que isso se torna um traço da personagem. E às custas disso deve ser dos
jobbers mais over dos últimos tempos. E esse jobber acabou por trabalhar com
todas as lendas que certamente admirava quando era miúdo e ainda teve o seu
combate a ser anunciado pelo Howard Finkel… E ainda levou com a Lita encima,
logo só o vejo a ganhar nisto! Quanto ao combate/segmento, o aparecimento da
Lita originou um dos meus maiores ataques de mark de todo o evento e ainda mais
se acentuou quando os APA se juntaram à festa. Até deu para o Slater vender a
Clothesline From Hell que nem um lorde. Acabou com todas as figuras lendárias
em celebração no meio do ringue para que no backstage fossem congratular e
felicitar o desgraçado do Slater que se deve ter divertido mais com isto que o
que as pessoas pensam. É possível que até tenha sido o meu momento favorito da
noite…
- Undertaker. Já era de se esperar ainda para mais com
aquela premissa? Até era mas não quero saber. Desde o momento em que soa aquele
sino, é para um gajo ficar tolo e preparar-se para os arrepios da entrada.
Mesmo que o capuz não lhe saia à primeira. Eterna lenda, entre os melhores de
sempre, já não está activo a full-time o que apenas significa que a cada
aparição sua é para o telhado sair disparado. Muito bom o seu momento de
reunião com Kane e até perdoei e esqueci que foram gajos que gosto bastante e
que estão no fundo do poço a levar a tareia. Taunt arrepiante para concluir
mais um belo segmento.
- Heel Turn
de CM Punk. Apesar de terem ficado incertezas quando à viragem se seria
completa ou apenas uma revolta, se é para ficar Heel ou ainda um Face mais
virado para Tweener ou se é simplesmente Punk a ser Punk. O certo é que adorei
a sua acção e parece ter representado na sua perfeição a revolta que se sentia
entre vários fãs: mas porque é que o Campeão da WWE não era a figura principal
da companhia? Afinal ter aquele título é o segundo feito mais prestigioso, logo
a seguir a… ser o John Cena? Porque é que este ano ainda não houve um PPV que
fechasse com o combate pelo título da WWE? Ainda para mais quando Punk volta a
ficar ofuscado no meio duma confusão que ao início até era sobre ele e o seu
título. Ao fim, a luz da ribalta já estava em toda a gente menos ele. Logo que
quando o vi a atacar Rock, saltasse do sofá e ficasse a “markar” até ao dia
seguinte. Sendo assim e com Rock a ter um combate pelo título garantido no
Royal Rumble – a questão do chegar, pedir e ter já depende de cada um, uns
podem achar que o seu estatuto dá-lhe esse direito, outros não vêem
absolutamente nada que ele tenha feito recentemente para tirar oportunidades a
outros que lá estão sempre – agora quero que Punk mantenha o título até lá.
Face ou Heel, CM Punk é bom de qualquer maneira, é dos mais bem dotados em
ringue e até nem é daqueles que é bom no ringue mas falta-lhe o resto, é mesmo
o pacote completo. Tem tido um reinado bom e longo e se uma mudança de atitude
dá asas para mais excelência com aquele cinto, então que venha daí.
São estes os que posso dizer que tenham sido os meus
momentos favoritos. Quanto ao casamento de AJ e Daniel Bryan, apercebi-me e
compreendo que muitos não tenham gostado do segmento, mas eu até me diverti.
Principalmente com o Slick. O desfecho também não me desagradou e até gosto da
ideia da AJ a General Manager. A única coisa que não gostei foi do Charlie
Sheen. Realmente um exemplo a seguir a fazer parte dum evento comemorativo de
uma companhia que apresenta uma programação familiar. O convidado ideal para
uma companhia que tanto cuidado com drogas tem tido recentemente. Foi lá fazer
não sei bem o quê e a sua troca de galhardetes com Daniel Bryan neste momento
só me assusta.
Um extra: o parto da mão por parte de Mae Young fica na
história como um dos piores momentos na história da WWE. Mas quando aparece já
“crescida”, desatei à gargalhada e faço vénia à WWE por ser capaz de gozar
consigo mesma.
E o que mais podíamos ter visto?
- Stone Cold Steve Austin: Ouviu-se à volta do globo um
resmungar em uníssono de povo desiludido pela ausência do Rattlesnake,
crucificando dessa forma todo o evento. É compreensível que alguém fique
desapontado, se há alguém que se pode considerar como um inigualável marco na
história do Raw, esse alguém é Steve Austin. Mas ponhamos os nossos modos
compreensivos ao activo – ou ponham, visto que o meu tenho-o sempre. Era certo
que Stone Cold iria integrar o espectáculo, mas não pôde devido a cirurgia no
joelho. Queriam mesmo um Stone Cold de muletas? Infelizmente teve que ser, para
a próximo ocasião já poderão voar corpos com Stunners – olha que por acaso até
gostava de ver o Ziggler a levar um, ia ser qualquer coisa de espectacular…
- Edge: Parece que ainda não há grande acordo entre o Rated
R Superstar e a WWE para o manter e ainda não há um contrato de lendas que o
assegure. Ainda com mais pena fiquei quando soube de notícias que garantiam e
confirmavam a sua presença. Mas ainda não foi desta que ouvimos a épica
“Metalingus” a tocar de novo na arena…
- Mais de Dolph Ziggler e Chris Jericho: Apesar de ser um
programa com muitas referências ao passado, também podiam desenvolver algumas
das histórias do presente – para além daquelas maiores que tinham a sua
culminação aqui marcadas já. Ainda para mais quando esperava maravilhas desta
rivalidade envolvendo um dos melhores actualmente e um dos melhores de sempre
que ainda não perdeu o jeito – foi esse o factor que ateou a rivalidade até.
Então quando ambos prometeram antes do show que iriam dar espectáculo, ficou a
saber a pouco e só um murro que carimbe e assine o contrato de “estamos
oficialmente em feud” foi relativamente pouco quando poderia ter havido muita
mais grandeza – para além de que podiam ter feito um combate ainda mais
excitante…
- Apesar de não ser uma Diva muito marcante no tempo e as
suas habilidades no ringue são das mais duvidosas em todo o plantel feminino,
já que tivemos algumas aparições agradáveis de mulheres já mais maduras – a Stephanie
tem que ser a definição derradeira de MILF – é possível que quem estivesse à
espera da Kelly Kelly só como presente aos olhos tenha ficado um pouco
desiludido… Eu por acaso, com o que tive, até me esqueci!
- Iron Sheik. Só porque sim, mesmo. Ter o Iron Sheik
presente só a falar e a disparatar já era diversão garantida. Mas o nervoso
homem não esteve presente. Mas lá conseguimos desfrutar de alguns tweets pouco
compreensíveis que lidos na sua voz são ouro de comédia… (Mais alguém acha que
um segmento entre o Iron Sheik, o Ultimate Warrior e o Scott Steiner ia ser um
clássico intemporal?)
Felizmente, não tenho muito a apontar no que diz respeito ao
que não devíamos ver, mas há sempre algo:
- Charlie Sheen. Volto a dizê-lo. Deixem lá o homem e o seu
“winning!” que ele na programação da WWE simplesmente não faz sentido. A
reacção do público que misturava indiferença e heat demonstram que ele não se
integra lá muito bem. Agora só peço que não desperdicem o Daniel Bryan com este
espécime…
- Swagger a conseguir ir mais fundo ainda. E eu que tinha
esperanças ao vê-lo a dar uma carga de lenha ao Ryback… Mas o desgraçado…
Ex-World Champion foi destruído pelo já gasto e cansativo Brodus Clay num
pestanejar de olhos… Salvou o Dude Love que por muito parvo que seja… Foley é
sempre Foley…
Pós-1000
Passou o tão antecipado espectáculo e chega a parte difícil
que nem no seio da empresa parece haver muita confiança… Os episódios de 3
horas! 3 horas como quem diz, fora os anúncios temos cerca de duas horas e um
quarto de acção enquanto que na arena é que têm o pacote completo. Mais uma
hora que muitos vêem como sendo uma nuvem negra a pairar sobre o Raw, porque se
já haviam dificuldades em manter um programa com duas, com três então ia haver
mais enchimento de chouriço que sabe-se lá o quê.
Sigo então para uma apreciação do Raw 1001 para ver como é
que as coisas estão a correr… E não é que gostei da coisa? Conseguiram
apresentar-nos mais que um combate de qualidade e não fomos submetidos a nenhum
“squash-fest”. Gostei da AJ como General Manager… apesar de ser suspeito, visto
que eu simplesmente adoro a AJ, no entanto noto em navegações internautas que o
gosto pelo trabalho dela não é unânime. CM Punk fez excelência simplesmente ao
limitar-se a ser CM Punk. E os segmentos de Daniel Bryan a ser “analisado”
tiveram um feeling à antiga, pelo menos para mim. Será que lhe estão a dar bem?
Quando aos combates mais especificamente, volto a repetir
que não fomos submetidos a mais um squash-fest. Aliás, Brodus Clay até levou
uma carga de lenha de Damien Sandow que para ganhar heat interrompeu um
segmento parvo – de certeza que é assim que viram o público contra ele? Sheamus
contra Daniel Bryan apenas teve aquela piada da votação pelas estipulações que
eram praticamente iguais, ou seja, só se deram ao trabalho de ter um guião e
trabalhar um combate que desse para todos. Fora isso, foi um combate que gostei
imenso e noto que o Sheamus anda a ter melhores combates em TV do que em PPV.
Fiquei também bastante agradado com o combate Tag Team de Jericho e Christian
contra Dolph e Miz apesar de não ser surpresa, tendo em conta os integrantes.
Perdoa-se ali aquele botch constrangedor em que deu a impressão que Christian
se esqueceu de algo, mas os atletas rapidamente emendaram como os bons profissionais
treinados que são. Até mesmo Cena contra Show cuja premissa já soa aborrecida e
gasta conseguiu elevar um pouco a fasquia mais perto do fim, apesar de se
iniciar a passo muito lento. Ainda mais suportável foi com CM Punk na mesa de
comentários.
De modo geral e para concluir, posso dizer que até fiquei
satisfeito com o episódio 1000 do Raw e com o Raw que o seguiu. Não digo que
esteja encantado e exaltadíssimo a ver aqui uma nova era de grandeza, mas gente
a queixar-se é o que não falta na Internet e não adianta haver mais um ainda
para mais quando nem tenho razão de queixa. É questão de melhorar alguns
bookings, algumas histórias, resgatar alguns títulos do lodo – Sandow para
Campeão US era brutal – e aproveitar o tempo para reconhecer algumas divisões
mais empobrecidas – fico contente por ver acção da divisão de Tag Teams, mas
nada de Divas – porque muitas vezes vimos o fogo antes do espectáculo e o
recontar do segmento com Heyman e Stephanie McMahon – por muito que eu goste de
a ver, como já deu a entender.
E assim concluo mais uma edição deste Slobber Knocker e a
palavra fica como sempre em quem dá vida a este site/blog, todos vós. O que
acharam do Raw 1000? E do episódio que se seguiu? Acham que têm as condições
para uma melhoria ou exactamente o contrário? O que é necessário para melhorar
a programação agora com este formato de 3 horas? Tudo e muito mais que fica ao
vosso dispor discutir.
Despeço-me com mais um desejo de melhoria ao nosso
administrador e mais uma palavra congratulatória a quem se tem esforçado para
manter a qualidade deste espaço com a ausência do seu comandante.
Cumprimentos e até à próxima,
Chris JRM