MMA: UFC 153: Silva vs. Bonnar - Antevisão + Pesagens
Facto impensado há alguns anos, o UFC fará o terceiro evento do ano em solo brasileiro, o segundo na HSBC Arena, no Rio de Janeiro. Para coroar o casamento entre a organização e o berço do MMA, o UFC 153, também chamado de UFC Rio 3 traz alguns desafios importantes. Na luta principal, o campeão dos médios Anderson Silva fará sua terceira incursão na categoria de cima. Desta vez ele enfrentará o vice-campeão do TUF 1, o americano Stephan Bonnar.....
No outro combate de fundo do evento, Rodrigo Minotauro volta depois de se recuperar de fratura no braço contra o instável e talentoso americano Dave Herman.
Em duelo de potencial bombástico, a nova sensação dos meio-pesados Glover Teixeira vai medir forças com o trocador Fabio Maldonado. Falando em novas sensações, Erick Silva terá em Jon Fitch seu mais perigoso adversário rumo ao topo da divisão dos meio-médios.
O card principal, que terá transmissão ao vivo do canal Combate a partir das 23:00h (horário de Brasília), será ainda completado por mais duas lutas não menos interessantes. Phil Davis e Wagner Caldeirão terão a oportunidade de terminar o combate que acabou em no contest em agosto enquanto o clássico jiu-jítsu vs wrestling estará representado no duelo entre Demian Maia e Rick Story.
No card preliminar do evento serão seis lutas, com oito atletas brasileiros entre os doze que pisarão na famosa jaula. Dois confrontos serão caseiros: os participantes do “The Ultimate Fighter: Brasil” Sérgio Moraes e Renée Forte descem para a categoria dos meio-médios para travar um duelo que pode ser de vida ou morte na organização. Já o experiente peso leve Gleison Tibau enfrenta o popular Francisco Drinaldo “Massaranduba”, que provavelmente terá o apoio da torcida na Barra da Tijuca. Pela mesma divisão, Cristiano Marcello defende seu emprego contra o iraniano naturalizado sueco Reza Madadi.
Campeão do TUF Brasil entre os penas, Rony Jason tem um duro desafio contra Sam Sicilia na sua primeira luta contra um atleta estrangeiro. Outro peso pena vencedor de TUF, Diego Brandão, que levou a 14ª edição americana do programa, busca a recuperação contra Joey Gambino. Outro que tenta reencontrar a vitória é Luiz Banha, derrotado na mesma arena no primeiro UFC Rio, que faz sua estreia como peso médio contra o americano Chris Camozzi.
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Anderson Silva x Stephan Bonnar
Peso-pesado (até 120,7kg*): Rodrigo Minotauro x Dave Herman
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Glover Teixeira x Fábio Maldonado
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Jon Fitch x Erick Silva
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Wagner Caldeirão x Phil Davis
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Demian Maia x Rick Story
CARD PRELIMINAR
Peso-pena (até 66,2kg*): Rony Jason x Sam Sicilia
Peso-leve (até 70,8kg*): Gleison Tibau x Francisco Massaranduba
Peso-pena (até 66,2kg*): Diego Brandão x Joey Gambino
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Serginho Moraes x Renée Forte
Peso-médio (até 84,4kg*): Luiz "Banha" Cané x Chris Camozzi
Peso-leve (até 70,8kg*): Cristiano Marcello x Reza Madadi
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:45 horas do Brasil e 23:45 horas de Portugal
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:45 horas do Brasil e 23:45 horas de Portugal
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-------------------------------------------Antevisão -------------------------------------------
Card Preliminar
Rony Mariano Bezerra (BRA) vs Sam Sicilia (EUA)
Gleison Tibau (BRA) vs Francisco Drinaldo (BRA)
Diego Brandão (BRA) vs Joey Gambino (EUA)
Sérgio Moraes (BRA) Renée Forte (BRA)
Luiz Cané (BRA) vs Chris Camozzi (EUA)
Cristiano Marcello (BRA) vs Reza Madadi (SUE)
Rony Mariano Bezerra (BRA) vs Sam Sicilia (EUA)
Rony “Jason” é cearense de Quixadá e passou a se dedicar ao MMA quando morava em Mossoró (RN), em pequenos (porém de óptimos níveis) eventos nordestinos. Antes de chegar ao UFC, Jason conquistou o cinturão do Max Fight, venceu Felipe Sertanejo (hoje lutador do UFC), Jurandir Sardinha e sofreu derrotas para o campeão interino peso galo do UFC Renan Barão (em decisão difícil e contestada) e Júnior PQD, do Bellator, em interrupção médica.
Após esta trajectória, fez parte do TUF Brasil, entrando como favorito por estar em sua categoria ideal, além da sua qualidade e grande equipe que representa, a Team Nogueira, liderada por seu ídolo Rodrigo Minotauro. Passou sérios apuros na luta eliminatória contra Dileno Lopes, quando quase foi nocauteado e o nocauteou antes da metade do primeiro round. Entrou na casa, finalizou o amigo Anistávio Gasparzinho rapidamente e travou uma guerra contra Hugo Wolverine, conquistando via decisão uma vaga na final. Na decisão do programa, no UFC 147 em Belo Horizonte, fez uma luta criticada contra Godofredo Pepey pela pouca falta de acção, mas conquistou o título do TUF e o contrato com o UFC.
Sua arte marcial de base é o jiu-jítsu, onde é bastante perigoso, tanto caindo por cima, quanto fazendo guarda. Tem os punhos pesados, com alto poder de nocaute para a categoria e desenvolveu uma boa técnica de chutes. Precisa melhorar sua movimentação e condicionamento físico, pois em mais de uma oportunidade apresentou cansaço cedo demais para um peso pena. Evoluiu na luta olímpica com os treinos com o americano Eric Albarracin. Tem 28 anos, 1,73m de altura, com 1,83m de envergadura, um cartel de 11-3. Jason não perde desde 2009, com seis vitórias consecutivas (nove, se contarmos as não oficiais do TUF).
O adversário de Rony será o americano Sam Sicilia, um atleta de mãos muito pesadas e com base no boxe, o que o torna um trocador muito perigoso. Revelado pelo TUF 15, Sicilia estreou no programa com um cartão de visitas animador: nocauteou Erin Beach em apenas oito segundos de luta com um violentíssimo gancho de direita. Na luta seguinte, foi derrotado por Chris Saunders em uma decisão dividida muito contestada, inclusive por Dana White. No dia da final do evento, Sicilia enfrentou Cristiano Marcello e controlou o brasileiro na trocação, correndo alguns riscos, mas culminando com um nocaute próximo à metade do segundo round. Aos 26 anos, Sicilia tem 1,73m de altura e um cartel profissional de 11-1, com seis nocautes e quatro submissões.
Luta difícil para o vencedor do programa da Rede Globo. Jason não pode se movimentar tão pouco como nas últimas lutas ou poderá ser um alvo fixo para os torpedos de Sicilia. O ideal é que se movimente muito, busque os chutes e consiga uma brecha para levar a luta para o chão e tentar uma submissão. Sicilia vai tentar criar uma armadilha para a sua patada garantir mais um nocaute. Neste duelo muito interessante, arrisco uma submissão do cearense.
Gleison Tibau (BRA) vs Francisco Drinaldo (BRA)
Gleison Tibau iniciou no jiu-jítsu ainda adolescente, aprimorando sua técnica na equipe Kimura, no Rio Grande do Norte, seu estado natal. Enfrentou Thiago Pitbull quando ambos tinham 18 anos recém-completados e submeteu o futuro desafiante do UFC. Após sólida carreira no MMA nacional, com vitórias sobre os duros Adriano Martins e Fabrício Morango, e uma passagem relâmpago pelo japonês DEEP, Gleison assinou com UFC e estreou sendo nocauteado por Nick Diaz, como meio-médio. Logo mudou para peso leve e construiu uma boa trajectória, com vitórias sobre nomes importantes como Terry Etim, Rich Clementi, Jeremy Stephens, Josh Neer, Caol Uno, Kurt Pellegrino e Rafael dos Anjos. Contando apenas as lutas no UFC, Tibau tem dez vitórias e seis derrotas – além do citado Diaz, perdeu para Tyson Griffin, Joe Stevenson, Melvin Guillard, Jim Miller e Khabib Nurmagomedov.
O potiguar desenvolveu um jogo de quedas bastante eficiente e raro entre atletas brasileiros, mesclando wrestling e jiu-jítsu com grande eficiência. Aliado a esta técnica, o brasileiro é fisicamente o que se costuma chamar de “vaca premiada”, um monstro de forte, com capacidade de perda e recuperação de peso assustadora – seus treinadores garantem que, após alcançar 70 quilos na véspera das lutas, o bravo Janigleison chega a lutar com mais de 86 quilos. Na trocação, costuma utilizar técnicas de boxe e apresentou evolução em suas últimas lutas contra Rafael e Nurmagomedov. Está com 29 anos, 1,78m e cartel de 25-8, com onze submissões e três nocautes.
Francisco Drinaldo, sob a alcunha de Massaranduba, foi o lutador que mais fez sucesso junto ao público no TUF Brasil, mesmo sem ter passado sequer das quartas-de-final. É carismático e tem uma mistura de humildade e – por que não dizer? – uma ingenuidade espontânea que conquistou o público de todas as idades no reality show repleto de brutamontes. E Massaranduba, como o apelido supõe, é um dos mais brutamontes da turma. Dono de um poder de nocaute indigesto para a divisão dos leves, o piauiense iniciou a carreira na cidade de Brasília, onde integra a equipe Constrictor Team junto com Paulo Thiago e Rani Yahya. Em onze lutas antes do TUF, perdeu apenas para Iuri Marajó quando este carimbou o passaporte para o UFC, em luta válida pelo Jungle Fight. Deu a volta por cima, conquistando o cinturão interino do evento de Wallid Ismail contra Derrick Burnsed, em seguida unificando-o contra Adriano Martins.
“Massa” integrou a equipe dos médios no TUF, duas categorias acima do que está acostumado a lutar. Conseguiu um nocaute avassalador contra Charles Maicon nas eliminatórias e, já pelo programa, fazia uma luta equilibrada contra Thiago Bodão, atleta acostumado a lutar de meio-pesado. Porém, totalmente esgotado, Drinaldo não conseguiu forças para voltar à luta no round de desempate e desistiu, sendo eliminado do programa. No dia da final, aproveitou a chance de atuar no octógono montado no Mineirinho e nocauteou o talentoso Delson Pé-de-Chumbo ainda no round inicial. Optou por dar sequência em sua carreira no UFC pela categoria dos leves e recebe uma pedreira nas boas-vindas da divisão. Tem cartel de 11-1, 34 anos e 1,73m de altura.
Luta das mais aguardadas da noite devido a um provável equilíbrio e por reunir dois dos atletas mais fortes fisicamente da divisão. Enquanto Massaranduba deve focar na trocação, preparando espaço para um de seus famosos canhões acharem o queixo do compatriota, Gleison deve tentar repetir a táctica que Bodão implantou no TUF, com quedas, pesar o corpo, cansar o adversário, minando sua resistência e seu psicológico para ganhar na decisão. Acredito em uma vitória de Tibau.
Diego Brandão (BRA) vs Joey Gambino (EUA)
Diego Brandão luta em eventos estadunidenses desde 2008, mas ganhou fama através do TUF 14, em uma das melhores safras reveladas pelo reality show da Zuffa. Mesmo com um cartel irregular de 13-7 na época, Diego não sentiu a pressão e nocauteou dois adversários talentosos dentro do programa, Steven Siler e Bryan Caraway, além da luta de estreia contra o desconhecido Jesse Newell, também nocauteado, todos no round inicial. Na final do programa, Brandão travou uma batalha insana em um dos melhores rounds do ano passado contra Dennis Bermudez. Após algumas reviravoltas e knockdowns a granel, o cearense encaixou um belíssimo armlock que definiu a luta e garantiu-lhe o contrato de seis dígitos. Com moral, o “Ceará” foi escalado contra Darren Elkins no UFC 146, um adversário acessível para o brasileiro escalar a divisão não muito profunda dos penas. Mas faltou gás, e o brasileiro acabou dominado por dois rounds, perdendo a luta.
Brandão, integrante da famosa Jackson’s MMA, tem um estilo agressivo e impiedoso, tanto na trocação, quanto nas tentativas de submissão. Tem poder de nocaute considerável para um peso pena e um volume de jogo muito grande, que inclui socos, chutes e joelhadas. Agora, para este jovem de 25 anos, 1,70m de altura e cartel de 14-8, a caminhada terá que ser longa e o primeiro passo, neste sábado.
O adversário de Diego Brandão é mais duro do que parece. Joey Gambino é um talentoso companheiro de Georges St-Pierre na Tristar Gym, foi campeão do Cage Fury e é apontado pela mídia especializada americana como um dos maiores prospectos da categoria. Tinha um cartel perfeito de nove vitórias até estrear no UFC em junho, contra o mesmo Steven Siler do TUF 14. Siler usou sua experiência para submeter o novato na metade do primeiro round, tirando-lhe a invencibilidade. Atleta completo, daqueles que já começaram no MMA sem uma arte marcial de base, Gambino tem 23 anos, 1,70m e um cartel de 9-1, com três nocautes e cinco submissões.
Gambino vai procurar seguir a receita experimentada por Elkins, de levar a luta para o solo e controlar o brasileiro por cima, buscando uma brecha para uma finalização. Já Diego, inflamado pela torcida, deve buscar uma guerra na trocação, caçando o adversário e talvez deixando brechas. Esta luta, que promete ser emocionante, deve terminar com uma vitória do brasileiro por nocaute.
Sérgio Moraes (BRA) Renée Forte (BRA)
Duelo de participantes do TUF Brasil que deveria ter ocorrido no UFC 147, em Belo Horizonte, mas foi cancelado devido à contusão de Daniel Sarafian, que levou Serginho para a decisão do programa contra Cezar Mutante.
Sergio Moraes, o “Orgulho da COHAB”, é uma fera da arte suave ainda buscando seu espaço no MMA. Duas vezes campeão e uma vice no mundial de jiu-jítsu em competições de quimono, este carismático atleta ainda tem uma carreira curta no MMA, mas com experiência em eventos como o Bellator, Jungle Fight e – via TUF – o UFC. No programa, finalizou os faixas pretas Thiago Rela e Delson Pé-de-Chumbo no primeiro round, mas acabou nocauteado na semifinal pelo mesmo Sarafian a quem substituiu na final.
O paulista fez uma luta absolutamente empolgante e surpreendente contra Cezar Mutante na decisão, quando demonstrou enorme coração e uma evolução na trocação (após o fim do TUF, passou a treinar também na Universidade da Luta, de Maurício Shogun, além da sua equipe de base, a Alliance). Perdeu na decisão, mas saiu aplaudido pela torcida e com moral com a organização. Serginho tem 30 anos, 1,80m e cartel profissional de 6-2, com cinco submissões.
Renée Forte também é faixa preta de jiu-jítsu, porém sem o mesmo pedigree na arte suave de seu adversário. O cearense de Fortaleza já lutou em importantes eventos nacionais como Jungle Fight, Shooto, IFC e Amazon Fight, mas não se fixou em nenhum deles – cada uma das suas oito lutas como profissional de MMA foi por um evento diferente. Aprovado nas seletivas do TUF Brasil, Renée disputou uma vaga na casa contra Fábio Bolinho da Kimura/Nova União. Em uma boa luta, com bastante trocação, Forte levou a melhor na decisão dos juízes e participou do programa. Visivelmente acima de sua categoria ideal, perdeu para Daniel Sarafian (que, mesmo não sendo muito maior, parecia mais bem adaptado ao peso médio), na primeira quarta-de-final, com um mata-leão no início do segundo round. Renée mostrou uma trocação e chão apenas decentes, mas insuficientes para fazer parte do elenco do UFC. A esperança é que, com o fim do programa, Forte passou a se preparar na Team Nogueira e pode ter melhorado seu cárdio e técnica, com a probabilidade maior de ter ficado mais veloz como meio-médio. Tem 25 anos, cartel profissional de 7-1 e 1,72m de altura.
A chance de Renée neste combate reside no controle da distância, mantendo Serginho ocupado na trocação, e no abuso dos chutes no corpo e nas pernas, buscando vencer na decisão. Já o paulista deve tentar a queda e uma submissão o mais rápido possível, fazendo prevalecer seu maior talento na luta agarrada. A aposta é que Sérgio Moraes consiga o seu objetivo.
Luiz Cané (BRA) vs Chris Camozzi (EUA)
Quem viu apenas as últimas lutas de Luiz Banha pode não ter a exata noção que se trata de um atleta com muito talento, autor de lutas empolgantes e ótimas vitórias. Após sete vitórias seguidas em eventos paulistas e outra em um pequeno evento americano, estreou no UFC 79, quando acabou desclassificado ao aplicar uma joelhada com James Irwin de joelhos. Conseguiu três lindos nocautes contra Jason Lambert, Rameau Sokoudjou e Eliot Marshall, e sofreu outros três igualmente bonitos contra Rogério Minotouro, Cyrille Diabaté e Stanislav Nedkov (quando foi o único brasileiro a perder para um estrangeiro no primeiro UFC Rio).
Banha é faixa preta de jiu-jítsu de Ryan Gracie, mas em nenhum segundo alguma de suas lutas no UFC foi travada no solo. Se o jogo de chão é uma incógnita, é no muay thai agressivo e violento que o paulista baseia seu jogo e traz perigo aos adversários. O que precisa ser corrigido é o seu sistema defensivo, que deixa muitos espaços para adversários, principalmente em ganchos de esquerda, que abriram caminho para os três nocautes que sofreu no octógono. Luiz fará sua estreia entre os médios do UFC aos 31 anos. Ele tem 1,88m de altura e um cartel de 12-4 (com uma luta sem resultado), com dez vitórias por nocaute e uma submissão conquistada através de chutes.
Chris Camozzi é mais um atleta deste card revelado pelo “The Ultimate Fighter”, no seu caso, a 11ª edição. Camozzi é daqueles lutadores que se viram em todas as áreas do jogo, mas o que seria uma virtude do americano acaba virando uma banalidade, à medida que, sem se especializar em nenhuma área, mostra-se um lutador mediano, capaz de fazer lutas decentes e alternar vitórias e derrotas sem trazer nenhuma marca especial para sua carreira. Após o fim do TUF, de onde saiu por contusão, Camozzi venceu James Hammortree no evento final e Dongi Yang em luta monótona no UFC 121. Foi cortado na primeira derrota, ao ser submetido em pouco mais de um minuto por Kyle Noke. Venceu o duro Joey Villaseñor e voltou ao UFC, onde perdeu para Francis Carmont e emendou duas boas vitórias sobre Dustin Jacoby e Nick Catone. Com 25 anos e 1,91m, Chris apresenta um cartel de 17-5, com as vitórias bem divididas entre cinco nocautes, seis submissões e seis decisões.
Luta onde a estratégia é previsível. Na trocação, Banha é mais técnico e tem mais poder de nocaute, enquanto Camozzi pode fazer um jogo conservador e levar a luta para o solo. O brasileiro sempre teve ótima defesa de quedas, mas pode ter alguma dificuldade após a longa inatividade e a mudança de categoria. Imagino que Cané irá se recuperar com uma vitória por nocaute ainda no round inicial.
Cristiano Marcello é um dos treinadores mais importantes do MMA brasileiro, uma figura conhecida desde os tempos em que integrava a famosa equipe Chute Boxe, de onde saiu para fundar a sua CM System, onde o faixa preta 4º dan de jiu jitsu, aluno de Rickson e Royler Gracie, treina e compartilha seu conhecimento com nomes fortes do MMA.
Como atleta, Cristiano, logicamente, focou o jogo no jiu-jítsu e, se isso o deixa perigosíssimo na luta de solo, também o torna previsível e unidimensional. Tenta evoluir na trocação e mostrou melhoras na luta contra Sam Sicilia, acertando bons golpes no americano. Participou da 15ª edição do TUF americano, onde venceu a luta inicial e foi nocauteado por Justin Lawrence durante o programa e por Sicilia no dia do evento final. Tem 34 anos de idade, 1,77m de altura e um cartel de 12-4, com nove submissões e dois nocautes.
O adversário de Cristiano nesta luta decisiva para o futuro do brasileiro no UFC será o encardido iraniano naturalizado sueco Reza Madadi. Campeão sueco de luta olímpica nos estilos livre e greco-romano, Madadi fez carreira no evento europeu Superior Challenge, onde venceu três atletas experientes e com passagens pelo UFC, o brasileiro Carlo Prater, o mala-sem-alça Junie Browning e Rich Clementi, quando alcançou o cinturão da organização e recebeu o convite para lutar no UFC em seu país natal. Na estreia, catou o pescoço do cubano Yoislandy Izquierdo em uma guilhotina no início do segundo round. Tem uma postura diferente na trocação, usando quase sempre fintas para entradas em tentativas de quedas, visando praticar sua arma predileta, o ground and pound. O “Mad Dog” tem 32 anos, 1,80m e cartel de 12-2, com dois nocautes e sete submissões.
Cristiano terá algumas dificuldades nessa luta, já que o sueco dificilmente cederá uma queda ou aceitará o jogo no solo com o brasileiro. Na trocação, Marcello mostra alguma melhora, mas talvez lhe falte confiança, o que, mesmo com técnica rudimentar, Madadi tem de sobra. Provavelmente o Brasil começará a noite com uma derrota na decisão.
Card Principal
Anderson Silva (BRA) vs Stephan Bonnar (EUA)
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A não ser que o americano encaixe um golpe no botão “liga-desliga”, seu fim deverá ser duro. Minotauro certamente aprendeu a lição de não ter nocauteado Mir quando teve a oportunidade e não vai querer repetir o erro diante de seus compatriotas. Ainda que Herman consiga levar Rodrigo a knockdown, é bastante provável que caia numa das armadilhas do brasileiro no chão. Seja por nocaute ou com uma guilhotina, Minotauro deve mais uma vez experimentar o êxtase de vencer em casa no primeiro round.
Glover Teixeira (BRA) vs Fabio Maldonado (BRA)
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Erick Silva (BRA) vs Jon Fitch (EUA)
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Phil Davis (EUA) vs Wagner Prado (BRA)
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Demian Maia (BRA) vs Rick Story (EUA)
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Anderson Silva (BRA) vs Stephan Bonnar (EUA)
Desde a heróica virada sobre Chael Sonnen no combate realizado há pouco mais de dois anos, Anderson colecciona actuações memoráveis no octógono do UFC. Vitor Belfort foi batido com o hoje lendário chute no queixo. Yushin Okami foi dizimado na primeira edição do UFC Rio e Chael Sonnen voltou a dar trabalho, mas acabou brilhantemente nocauteado no segundo round. Foram pouco menos de 17 minutos e meio de acção que só fizeram crescer o mito em torno do campeão dos médios do UFC.
Indivíduo mais criativo e habilidoso que já pisou numa arena de MMA em todos os tempos, Anderson é um exterminador de recordes e de oponentes. Os números e feitos são garantidos por uma soma única de talento e físico. Junte a agilidade com poucos precedentes em qualquer desporto a força física, queixo de aço, condicionamento cardiorrespiratório e uma das maiores fortalezas mentais que o mundo esportivo já viu. Isto tudo serve de base para o lado técnico que soma faixas pretas de taekwondo, muay thai e jiu-jítsu. O resultado é o maior striker da história do MMA e um lutador capaz de encarar qualquer oposição no chão. A deficiência na defesa de quedas parece ser o único ponto fraco de alguém quase indestrutível.
Anderson tem 37 anos e fisicamente se parece muito com o sujeito que chegou ao UFC em 2006. Ele mede 1,88m de altura, tem 1,98m de envergadura e possui cartel profissional de 32-4, com incríveis 15-0 no UFC. O lutador da Team Nogueira/X-Gym fará sua terceira luta como meio-pesado na maior organização do mundo. Nas duas anteriores, Spider precisou de apenas 4min24s para dar cabo de James Irvin e Forrest Griffin, esta em uma das maiores actuações individuais da história do MMA.
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Pela primeira vez desde 2006, Bonnar entrará numa luta carregando sequência positiva de três vitórias. Após a contestada derrota para Krzysztof Soszynski, em combate realizado no UFC 110 e interrompido pelo médico, o Psicopata Americano vingou-se do polaco-canadense no UFC 116 e dominou Igor Pokrajac (TUF 12 Finale) e Kyle Kingsbury (UFC 139).
O faixa preta de Carlson Gracie e Sergio Penha ficou mundialmente famoso pela pancadaria protagonizada com Forrest Griffin na final do TUF 1, luta considerada como a mais importante da história do UFC por Dana White. Desde então, Bonnar especializou-se em dar aos fãs espectáculos sangrentos, nem sempre bem dotados de técnica, mas sempre com muita vontade e sua capacidade ímpar de absorver punição.
Vendo a aposentadoria chegar a passos largos, o americano resolveu voltar às origens nos últimos combates. Contra Pokrajac e Kingsbury, o jiu-jítsu formado no exército do saudoso mestre Carlson deu as caras. Foram seis rounds de domínio no grappling e no uso do ground and pound. Kingsbury tomou tanto giro e teve a guarda passada tantas vezes que, estivesse numa competição de submission, teria levado uma goleada histórica.
Aos 35 anos, Stephan tem 1,90m de altura e dez centímetros a mais de envergadura. Também faixa preta de taekwondo, ele tem retrospecto profissional de 15-7, com sete triunfos por nocaute. Já enfrentou cinco campeões do UFC (Lyoto Machida no Jungle 1, Rashad Evans, Mark Coleman, Jon Jones e Forrest Griffin, estes já no UFC) sem jamais ter ido a nocaute ou ser finalizado em toda a carreira (as duas derrotas por nocaute foram causadas por interrupção médica, sempre contra a vontade de Bonnar).
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Devido ao pouco tempo de preparação, este combate será realizado em três rounds, diferentemente do padrão actual, que estabelece confrontos em cinco assaltos para as lutas principais dos eventos.
O ideal para o americano será seguir no trilho das últimas vitórias, derrubando e pressionando por cima com uma mistura de ground and pound e jiu-jítsu. E, ainda que ele consiga este intento, é difícil imaginar que possa finalizar Anderson Silva, por mais que Bonnar seja mais talentoso na arte suave. Quer dizer, para protagonizar a maior zebra da história do UFC (e porque não dizer do MMA?), Bonnar terá que controlar Anderson por quinze minutos sem dar brecha para ser finalizado. “Bom, Chael Sonnen conseguiu, muitos conseguiram derrubar Anderson…”, deve pensar Stephan. Not so easy, dude. Para tanto, Bonnar terá que ser explosivo nas quedas para não correr o risco de parar no clinch. Caso a luta pare nesta posição, Bonnar terá caído nas teias da Aranha e será jantado no thai clinch.
Voltando ao planeta Terra, Bonnar está na velha situação de “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”. o americano meteu-se em um mato sem cachorro. Caso resolva fazer a alegria do público transformando a luta num de seus quebra-paus, juntará sua péssima defesa de trocação (normalmente ele bloqueia os golpes com o rosto) com o mais preciso trocador de todos os tempos. Ou seja, Bonnar tomará uma sova antológica e brigará com o eterno rival Griffin pelo título de maior papelão feito diante de Anderson.
A expectativa real é que Bonnar conheça sua primeira derrota por nocaute sem a participação de um médico. E isto deve acontecer no primeiro round ou no máximo na primeira metade do segundo.
Antônio Rodrigo Nogueira (BRA) vs David John Herman (EUA)
O ídolo dos ídolos do MMA brasileiro vem tendo um percurso difícil no UFC. Brigando com seguidas contusões e cirurgias, Minotauro não tem lutado com a frequência de outrora. Desde 2008 não consegue vencer pelo menos duas lutas seguidas, mas jamais deixou de entusiasmar os fãs mundo afora. Neste intervalo, o brasileiro foi nocauteado e finalizado pela primeira vez na carreira, ambos contra Frank Mir. Ainda tombou diante de Cain Velasquez. Por outro lado, venceu a luta do ano de 2009 contra Randy Couture e conseguiu um nocaute que emocionou a HSBC Arena contra Brendan Schaub.
A história de Rodrigo no mundo das lutas vem de longo tempo. Ele é faixa preta de judo e jiu-jítsu, além de praticar boxe desde a adolescência. Esta combinação explica exatamente o que Minotauro é dentro de um ringue ou octógono, um lutador que sabe jogar o boxe ofensivamente e um finalizador nato no chão, perigosíssimo principalmente por baixo. Para completar, tem um dos queixos mais resistentes que o mundo do MMA já viu, o que lhe ajuda a tapar os buracos deixados pela guarda que muitas vezes fica aberta ou baixa demais. Ele é o único peso pesado a ter conquistado os cinturões dos dois mais importantes eventos da história do MMA, o PRIDE e o UFC (este de modo interino).
Minotauro completou 36 anos em Junho. Ele tem 1,91m de altura e 1,96m de envergadura, um armário de 110 quilos. Em seus trabalhos recentes na Team Nogueira com os preparadores físicos Claudio Pavanelli e Rodrigo Babi, adquiriu mobilidade que há muito tempo não demostrava mais. Isto ficou claro na segunda luta contra Mir, quando Rodrigo dava show na trocação e quase nocauteou o oponente antes de ser pego numa kimura. O brasileiro subirá ao octógono no Rio carregando cartel de 33-7-1 (e uma luta sem resultado), com 4-3 no UFC. Em vinte oportunidades, seus oponentes viram-se obrigados a desistir do combate por conta de alguma submissão. Só foi derrotado pela nata da nata (Fedor Emelianenko, Dan Henderson e Josh Barnett no PRIDE; Mir e Velasquez no UFC).
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“Pee-Wee” Herman chegou ao UFC cercado de expectativas pelo retrospecto de dizimar seus oponentes. No maior evento do mundo, venceu Jon-Olav Einemo em luta tão emocionante quanto cheia de erros técnicos e acabou nocauteado de modo brutal por Roy Nelson e Stefan Struve.
Analogamente, Herman é uma versão do MMA de vários craques do futebol, talentoso e chegado a uma farra. A primeira qualificação lhe rendeu boas vitórias que o levaram ao UFC. A segunda mina seu condicionamento físico e acaba lhe custando derrotas dolorosas, como contra Struve, quando começou num ritmo forte e acabou sucumbindo no segundo round. Levou uma chamada da Team Quest e parece finalmente ter colocado as coisas nos eixos (na verdade não é a primeira vez que ele promete isso). No ramo ofensivo, Herman sabe impor sua força física – foram quinze oponentes nocauteados no round inicial. Defensivamente apresenta buracos grosseiros, o que espera-se ter sido corrigido, ou ao menos minimizado, pela sequência de treinos com o mestre de muay thai Daniel Woirin.
O americano tem 28 anos, 1,95m de altura e as mesmas dimensões na envergadura. Seu cartel profissional é de 21-4, com 1-2 pelo UFC. Apenas uma de suas lutas acabou por decisão. De resto foram 18 nocautes (15 vitórias e 3 derrotas) e cinco finalizações. Ele ainda perdeu para Thierry Sokoudjou por desclassificação ao aplicar joelhada ilegal no oponente.
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Duvidar de Minotauro normalmente é o combustível que o leva às grandes vitórias. Ele parece sentir-se bem quando posto em xeque. Cansou de tirar vitórias da cartola quando ninguém mais imaginava.
Motivado pelo apoio da torcida, podemos esperar o mesmo Minotauro das lutas contra Schaub e Mir, tentando impor o ritmo na trocação em busca de um nocaute. Como isto também é o que se espera de Herman, provavelmente teremos um começo de luta bastante movimentado, com violentos golpes disparados de ambas as partes.
A não ser que o americano encaixe um golpe no botão “liga-desliga”, seu fim deverá ser duro. Minotauro certamente aprendeu a lição de não ter nocauteado Mir quando teve a oportunidade e não vai querer repetir o erro diante de seus compatriotas. Ainda que Herman consiga levar Rodrigo a knockdown, é bastante provável que caia numa das armadilhas do brasileiro no chão. Seja por nocaute ou com uma guilhotina, Minotauro deve mais uma vez experimentar o êxtase de vencer em casa no primeiro round.
Glover Teixeira (BRA) vs Fabio Maldonado (BRA)
Problemas com o visto americano fizeram com que o público fosse privado por muito tempo de ver Glover em acção no UFC. Vindo de quinze vitórias consecutivas, já com dificuldade de arrumar adversários no Brasil, finalmente o mineiro de Sobrália chegou ao principal evento do mundo. Ele estreou contra o perigoso Kyle Kingsbury e o fez de bobo em menos de dois minutos de luta, acertando o americano com pedradas em pé antes de mandá-lo a knockdown, fechando o caixão com um belo katagatame. Desde então viu ex-campeões como Maurício Shogun e Rashad Evans negarem enfrentá-lo.
Todo o hype sobre Teixeira tem razão de ser. Parceiro de treino da lenda Chuck Liddell há mais de dez anos, ele é faixa-preta de jiu-jítsu, campeão brasileiro de luta olímpica, dono de punhos pesados e muito forte fisicamente. É capaz de vencer na trocação, no clinch ou no jogo de solo – um lutador completo.
Com 1,88m de altura e 1,93m de envergadura, o atleta de 32 anos tem ótimas companhias para treinos. Quando está no Brasil trabalha com Pedro Rizzo. Nos Estados Unidos, onde fez todo o camp (ele primeiro enfrentaria Quinton Jackson), treina na The Pit de Liddell ou na Black House com Lyoto Machida e Roger Gracie, entre outros. Ele tem um respeitável recorde de 18-2, com 1-0 no UFC. São onze triunfos por nocaute, cinco por submissão e dezesseis vitórias seguidas. Glover não sabe o que é perder desde 2005, quando precisou lidar com um começo de carreira claudicante de duas vitórias e duas derrotas.
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Maldonado também chegou ao UFC com um cartel parecido com o de Glover, carregando dez lutas de invencibilidade, mas sem a mesma empolgação da crítica e do público. Porém, no principal evento do mundo, fez três combates que levantaram a torcida e empolgaram os chefes. Ele estreou vencendo James McSweeney e depois saiu derrotado em decisões tão apertadas quanto controversas contra Kingsbury e Igor Pokrajac.
Em todas as ocasiões, Fabio deu verdadeiros shows de sua principal característica, a luta na curta distância e os violentos ataques contra os corpos dos oponentes. Invicto em 22 lutas de boxe profissional (21 nocautes), Maldonado tem boa condição cardiorrespiratória, é bastante habilidoso na trocação e não só tem capacidade irreal de encaixar golpes como motiva-se quando é atingido. Apesar de ser faixa marrom de jiu-jítsu, seu principal ponto fraco é a luta de solo, onde vem trabalhando arduamente com Everaldo Penco no Rio de Janeiro, Felipe Micheletti em Sorocaba e Thiago Tavares em Florianópolis.
Com a mesma idade de Glover, Maldonado é três centímetros mais baixo e tem 2 a menos na envergadura. Seu retrospecto profissional no MMA é de 18-5, com 1-2 no UFC. Mandou treze oponentes para a vala através de nocautes dolorosos (Jessie Gibbs foi forçado a desistir, no Bitetti Combat 7, debaixo de um ground and pound violento).
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Pelo menos na teoria, Glover pode decidir como levará o combate. Ele pode optar pela via mais fácil, derrubando Maldonado e o pegando em alguma submissão. Mas também pode escolher sofrer um pouco e fazer a alegria do público.
Caso Glover resolva encarar Fabio na trocação – algo muito possível de acontecer, diga-se – deveremos testemunhar alguns momentos emocionantes. Conforme a distância encurtar, Maldonado ficará mais em casa, podendo agredir o corpo e a cabeça do adversário com combinações rápidas e violentas. Por outro lado, Glover é tão capaz quanto ele de atacar neste ramo, além de ter ainda a seu lado a capacidade de dominar o clinch e levar a luta para o chão caso o negócio aperte.
Sendo assim, o mineiro deve dar mais um passo rumo ao topo da divisão dos meio-pesados tornando-se o primeiro a finalizar Maldonado depois de cinco anos.
Erick Silva (BRA) vs Jon Fitch (EUA)
Assim como Glover, Erick é outro prospecto que vem dando o que falar. Depois de conquistar o cinturão do Jungle Fight, ele desembarcou no UFC e experimentou ascensão meteórica. Levou quarenta segundos para implodir Luis Beição no primeiro UFC Rio. No UFC Rio 2, precisou de onze segundos a menos (e nenhum golpe sofrido) para atropelar Carlo Prater, apesar de Mario Yamasaki erroneamente tê-lo desclassificado por socos ilegais. O terceiro passo foi dado na primeira luta no exterior, quando finalizou Charlie Brenneman em pouco mais de quatro minutos.
Erick é um faixa preta de judô e jiu-jítsu, bom de quedas e eficiente no solo, que desenvolveu na X-Gym, em treinos com Anderson, um muay thai muito ofensivo e agressivo, ancorado em muita força física e explosão muscular. Inteligente, consegue usar a versatilidade de sua base para confundir os adversários. “Índio” tem ainda um confiável sistema de defesa de quedas, algo que será de enorme utilidade neste sábado.
O talentoso lutador tem 28 anos, 1,80m de altura e braços compridos que lhe conferem 1,90m de envergadura. Natural de Vila Velha, no Espírito Santo, ele é mais um integrante do exército da Team Nogueira em ação no UFC 153. Seu cartel prifissional conta com 14-2 e uma luta sem resultado. Oito oponentes acabaram submetidos e outros três saíram nocauteados.
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Fitch entrou em 2011 carregando um notável retrospecto de só ter sido derrotado uma vez como meio-médio na surra levada contra Georges St-Pierre (suas demais derrotas haviam sido como meio-pesado). A partir de então, contusões, um empate contra BJ Penn (injusto, pois Fitch deveria ter vencido) e um nocaute-relâmpago contra Johny Hendricks.
O criticado estilo de Fitch é tão burocrático quanto eficiente. Pupilo do guerrilla jiu-jitsu de Dave Camarillo, ele é mestre na arte de derrubar os oponentes e fazer a transição do wrestling para o jiu-jítsu ou para um implacável ground and pound. Normalmente quando estão por baixo de Jon, os adversários só conseguem escapar ao final do round. Nem mesmo BJ, talentosíssimo faixa preta, não foi capaz de raspar ou tirar Fitch de cima.
O americano tem 34 anos, 1,83m de altura e 1,88m de envergadura. Seu cartel no MMA profissional é de 23-4-1 (mais um no contest), com 13 vitórias por decisão, 5 por nocaute e outras 5 por submissão. Ele integra a prestigiosa American Kickboxing Academy.
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Esta luta será um interessante duelo de opostos. Estratégia contra imprevisibilidade. Explosão contra obediência tática. Um lutador que empolga a torcida contra outro que a faz dormir. Dois atletas perigosíssimos.
O lugar-comum é imaginar que Fitch irá tentar derrubar, cair por cima e sufocar Erick por quinze minutos em busca de outra vitória por decisão. Por sua vez, o brasileiro vai se movimentar muito, dominar a distância e evitar ir para o solo, procurando uma brecha para testar o queixo do americano.
Na verdade, provavelmente este será mesmo o retrato do combate. Apoiado pela torcida, ancorado pela ótima preparação, Erick deverá impor sua vontade e conquistar uma vitória por nocaute.
Phil Davis (EUA) vs Wagner Prado (BRA)
Davis era, junto com Jon Jones, a principal esperança de renovação da divisão dos meio-pesados. Em cinco lutas no UFC, vencera nomes como Rogério Minotouro e Alexander Gustafsson. Porém Rashad Evans o deu uma lição de wrestling no começo de 2012 e parou o avanço do prospecto.
O mais incrível da derrota de Davis para Evans foi o fato de o garoto ter sido um wrestler mais gabaritado na universidade do que o oponente. Lutando pela Penn State University, Davis foi campeão nacional e all-american da Divisão I da NCAA. Após migrar para o MMA, passou a treinar na LionHeart MMA antes de migrar para a Alliance MMA de Eric Del Fierro e a equipe de Lloyd Irvin, treinador que o graduou com a faixa azul de jiu-jítsu.
Aos 28 anos o “Mr. Wonderful” mede 1,88m e tem óptimos 2,01m de envergadura. Seu histórico no MMA profissional é de 9-1, além do no contest do primeiro confronto com Caldeirão. Dois oponentes foram nocauteados e outros três finalizados, com direito a uma kimura modificada em Tim Boetsch, que Davis apelidou humildemente de Mr. Wonderful.
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Lançado a conhecimento público no programa Caldeirão do Huck, Wagner foi adotado pela Team Nogueira depois de dançar vestido de drag queen para ganhar uma reforma em seu carro velho. Fez carreira meteórica no MMA nacional vencendo todas as oito lutas que fez, sete delas por nocaute no round de abertura, o que lhe acabou conferindo o status de principal nocauteador em atividade no Brasil.
Na equipe de Minotauro, o lutador de muay thai passou a treinar também luta olímpica e jiu-jítsu, modalidade em que ostenta a mesma faixa azul de Davis.
Ainda com 24 anos e em processo de amadurecimento profissional, muitos achavam que ele havia sido entregue como boi de piranha para Davis. Porém o curto duelo travado por eles em agosto, que durou 88 segundos, serviu para mostrar que o americano não lida bem quando é atingido com força no rosto. Como esta é a especialidade de Caldeirão, o campineiro se encheu de confiança para encarar o desafio, desta vez em sua casa. Forte fisicamente, apesar da aparência um tanto cheinha, ele mede 1,83m e tem 1,88m de envergadura.
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Como Davis é um tanto marrento e gosta de se testar, não dá para dizer que ele vai usar o wrestling superior para controlar o rival e buscar finalizá-lo – apesar de esta ser o meio mais sensato para uma vitória do estrangeiro.
Caso Caldeirão tenha razão e Phil não lide bem com o peso de seus golpes, o simpático brasileiro deve apertar o ritmo, manter a luta na longa distância e evitar o clinch e as quedas, buscando o nocaute. Quanto mais o tempo passar, mais rapidamente o gás de Caldeirão se esgotará, facilitando a tarefa de Davis conseguir derrubá-lo e colocar um fim ao combate, seja por via de finalização ou por decisão, do mesmo jeito que Minotouro sofreu.
Demian Maia (BRA) vs Rick Story (EUA)
Depois de ser varrido por Anderson na bizarra disputa de cinturão do UFC 112, Demian venceu Mario Miranda, Kendall Grove e Jorge Santiago em lutas amarradas e perdeu para Mark Muñoz e Chris Weidman. Este último resultado o fez encarar o doloroso processo de corte de peso para os meio-médios, onde estreou voltando a ser o carrapato de sempre e vencendo Dong-Hyun Kim por nocaute técnico (o coreano levou uma queda e machucou a costela em menos de um minuto).
Faixa preta terceiro dan, campeão mundial de jiu-jítsu, campeão do ADCC, Demian é um dos melhores praticantes da arte suave que o MMA já viu. Sua facilidade de derrubar adversários e rapidamente emendar uma posição de finalização já lhe rendeu quatro bônus no UFC. Passou um tempo treinando com Wanderlei Silva e outro com Junior Cigano e Luiz Dorea para melhorar na trocação. Já não é mais tão limitando em pé, chegando até a balançar Munoz, mas deve sempre confiar em seu jogo de chão de elite.
Jornalista formado, Demian tem 34 anos, 1,84m de altura e o mesmo de envergadura. No MMA, possui cartel de 16-4, conseguindo metade dos triunfos por submissão e outros cinco por decisão.
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Derrotado na estreia no UFC por John Hathaway, Story emendou seis vitórias consecutivas, inclusive com zebras sobre Johny Hendricks e Thiago Pitbull. Credenciado como forte candidato a desafiante de GSP, viu o oponente mudar na véspera da luta no UFC On Versus 4. Charlie Brenneman substituiu o demitido Nate Marquardt e acabou com a evolução de Rick, dominando-o no wrestling e ground and pound. Na luta seguinte, Story voltou a sentir o gosto amargo da derrota, desta vez contra Martin Kampmann.
Ex-wrestler universitário pela Southern Oregon University, Story passou a treinar kickboxing, arma que o ajuda a encurtar a distância para alcançar o clinch e as quedas, suas maiores armas. No solo, quando cai por cima, Rick consegue imprimir um forte ritmo no ground and pound, deixando pouco espaço para os oponentes respirarem. Porém mostra problemas quando colocado de costas para o chão, situação que tem enorme potencial de acontecer neste combate no Rio de Janeiro.
Rick tem 28 anos, 1,78m de altura e 1,80m de envergadura. Ele tem cartel profissional de 14-5, com 7-3 no UFC. No total foram oito vitórias por decisão, três por nocaute e outras três por submissão. Story integra a equipe Brave Legion.
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Famoso clássico wrestling contra jiu-jítsu deve dar as caras no combate de abertura do card principal. E nada poderia ser melhor para o brasileiro do que isto.
A hipótese de derrubar Demian pode custar o pescoço (ou o braço) de Rick. Seja por cima ou por baixo, o paulista é talentoso o suficiente para atacar com uma submissão qualquer, mesmo se aparentemente estiver em perigo.
Para Story, o melhor será utilizar um plano parecido com o que parou Thiago Pitbull, mesclando golpes de longe com domínio no clinch na grade e, na primeira oportunidade que aparecer, usar seus punhos pesados para nocautear. Mas até a hipótese do clinch pode ser ruim para ele. Como Demian ficou fisicamente muito forte como meio-médio, a chance dele ganhar a guerra de esgrima e lançar Story ao chão é muito grande.
Antevisão original de MMA-Brasil e Globo.com
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CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Anderson Silva (91,6 kg) x Stephan Bonnar (93 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Rodrigo Minotauro (110,2 kg) x Dave Herman (110,7 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Glover Teixeira (92,5 kg) x Fábio Maldonado (92,1 kg)
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Jon Fitch (77,1 kg) x Erick Silva (76,7 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Wagner Caldeirão (92,5 kg) x Phil Davis (93,4 kg)
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Demian Maia (77,1 kg) x Rick Story (77,1 kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-pena (até 66,2kg*): Rony Jason (65,8 kg) x Sam Sicilia (66,2 kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Gleison Tibau (70,3 kg) x Francisco Massaranduba (69,8 kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Diego Brandão (65,3 kg) x Joey Gambino (66,2 kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Serginho Moraes (76,7 kg) x Renée Forte (76,7 kg)
Peso-médio (até 84,4kg*): Luiz "Banha" Cané (83,5 kg) x Chris Camozzi (83,9 kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Cristiano Marcello (70,3 kg) x Reza Madadi (70,3 kg)






Todos os lutadores bateram o peso para o UFC Rio III, na tarde desta sexta-feira, na Arena da Barra. Anderson Silva ficou 1,8kg abaixo do limite da categoria, atingindo 91,6kg e ficando com 1,4kg a menos que o rival Stephan Bonnar. O momento mais tenso do dia foi logo na primeira encarada. Cristiano Marcello e Reza Madadi precisaram da intervenção de Dana White. Já Wagner Caldeirão e Phil Davis protagonizaram cena engraçada, com poses em referência ao primeiro duelo entre eles, que foi declarado "no contest" (sem resultado), após o americano atingir o olho do brasileiro com o dedo.
Da luta principal, Stephan Bonnar foi o primeiro a subir na balança e atingiu a marca de 93kg. Logo depois foi a vez de Anderson Silva entrar com sua equipe e bater o peso com muita facilidade. Diferente da luta contra Chael Sonnen, dessa vez a encarada foi tranquila, em clima amistoso.
- Fiquei devendo isso para vocês. Acho importante retribuir (o apoio dado pelos brasileiros na luta contra Chael Sonnen) e espero fazer uma grande luta para vocês no sábado, tá? - disse Spider, em referência à luta contra Sonnen, que seria no Brasil e passou para os Estados Unidos.
A primeira encarada do dia foi tensa, com Cristiano Marcello e Reza Madadi precisando ser separados por Dana White para não começar a luta antes da hora.
Depois foi a vez de Luiz "Banha" Cané e Chris Camozzi atingirem o peso. Banha bateu 400g a menos do que o rival em sua estreia como peso-médio. No primeiro duelo de brasileiros, Serginho Moraes e Renée Forte pesaram 76,7 kg e fizeram uma encarada sozinha. Serginho foi um dos mais aplaudidos entre os 24 lutadores.
Primeiro brasileiro a ganhar um TUF americano, Diego Brandão pesou 65,3 kg, pelo peso-pena. Seu adversário, Joey Gambino, bateu o limite da categoria, com 66,2kg. Na sequência, Francisco Massaranduba e Gleison Tibau passaram sem problemas pela balança. Pelo último duelo do card preliminar, Rony Jason, que foi muito aplaudido pelos torcedores - muitos deles com a máscara do Jason -, e Sam Sicilia tiveram um encontro amistoso em cima do palco.
Na luta que vai abrir o card principal, Demian Maia e Rick Story pesaram 77,1 kg, e Dana White se antecipou para evitar confusão quando viu o americano se aproximar demais do brasileiro. Pelos meio-pesados, Wagner Caldeirão e Phil Davis protagonizaram uma encarada engraçada, com o brasileiro fingindo evitar que tomasse uma dedada no olho, e o americano fazendo pose como se fosse repetir o que fez na última luta entre eles. Os dois riram e se cumprimentaram.
Erick Silva e Jon Fitch também não tiveram problemas para bater o peso, ficando abaixo do limite da categoria (76,7 kg para o brasileiro, e 77,1 kg para o americano). Os dois deram lugar para Glover Teixeira e Fábio Maldonado, que fizeram uma encarada tensa, mas sem qualquer contato.
Rodrigo Minotauro foi o mais aplaudido ao ser chamado para a pesagem, após Dave Herman atingir 110,7 kg. O brasileiro bateu 110,2 kg e fez uma encarada tranquila com o americano.
Eis os resultados das pesagens
CARD PRINCIPAL
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Anderson Silva (91,6 kg) x Stephan Bonnar (93 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Rodrigo Minotauro (110,2 kg) x Dave Herman (110,7 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Glover Teixeira (92,5 kg) x Fábio Maldonado (92,1 kg)
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Jon Fitch (77,1 kg) x Erick Silva (76,7 kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg*): Wagner Caldeirão (92,5 kg) x Phil Davis (93,4 kg)
Peso-meio-médio (até até 77,6kg*): Demian Maia (77,1 kg) x Rick Story (77,1 kg)
CARD PRELIMINAR
Peso-pena (até 66,2kg*): Rony Jason (65,8 kg) x Sam Sicilia (66,2 kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Gleison Tibau (70,3 kg) x Francisco Massaranduba (69,8 kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Diego Brandão (65,3 kg) x Joey Gambino (66,2 kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Serginho Moraes (76,7 kg) x Renée Forte (76,7 kg)
Peso-médio (até 84,4kg*): Luiz "Banha" Cané (83,5 kg) x Chris Camozzi (83,9 kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Cristiano Marcello (70,3 kg) x Reza Madadi (70,3 kg)
O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:45 horas do Brasil e 23:45 horas de Portugal