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MMA: UFC on FX 5: Browne vs. Silva - Antevisão + Pesagens


Enquanto aumenta a expectativa pelo terceiro evento no ano em território brasileiro, o UFC pela segunda vez em sua história vai a Mineápolis, no estado de Minnesota e no Target Center, apresenta o UFC On FX 5. O evento traz apenas atletas brasileiros e americanos em combates que passarão da categoria dos moscas até a dos pesados. No duelo principal da noite, o brasileiro Antonio Pezão tenta se recuperar da sangrenta derrota para Cain Velasquez e enfrenta o invicto havaiano Travis Browne, que visa alcançar o top 5 da categoria....

O card principal contará também com o retorno de Jay Hieron, que enfrentará Jake Ellenberger em luta inicialmente prevista para o cancelado UFC 151. Num aguardado confronto de moscas, o brasileiro Jussier Formiga estreia na maior organização do mundo já disputando um title eliminator contra John Dodson. O desafio entre os meio-médios Josh Neer e Justin Edwards completam o card.

No card preliminar, a categoria dos pesos leves – apontada por muitos como a mais equilibrada do UFC – predomina, com cinco dos oito combates programados. Carlo Prater busca a recuperação contra Marcus LeVesseur. Os veteranos Jeremy Stephens e Yves Edwards entram em rota de colisão, assim como os wrestlers Jacob Volkmann e Shane Roller. Fechando o festival dos 70 quilos, Michael Johnson e Danny Castillo trocarão umas pancadas para decidir quem mantém a boa fase.

Pela divisão dos penas, dois atletas que eram possíveis desafiantes há pouco tempo se enfrentam para voltar à parte de cima da divisão: o gaúcho Diego Nunes e o polonês Bart Palaszewski. O americano Darren Uyenoyama e o inglês Phil Harris são duas novidades na caçula categoria mosca, o primeiro vindo da divisão dos galos do próprio UFC e o segundo, ex-peso mosca do Cage Warriors. Abrindo a noite de lutas no ginásio do Minnesota Timberwolves da NBA, os americanos Aaron Simpson e Mike Pierce, nomes sempre sólidos entre os meio-médios.

O card completo do UFC On FX 5 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado (até 120,7kg): Travis Browne x Antônio Pezão
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Jake Ellenberger x Jay Hieron
Peso-mosca (até 57,2kg): John Dodson x Jussier Formiga
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Justin Edwards  x Josh Neer

 CARD PRELIMINAR

Peso-leve (70,8kg): Jeremy Stephens x Yves Edwards
Peso-leve (70,8kg): Michael Johnson x Danny Castillo
Peso-leve (70,8kg): Jacob Volkmann x Shane Roller
Peso-pena (até 66,2kg): Bart Palaszewski x Diego Nunes
Peso-mosca (até 57,2kg): Darren Uyenoyama (x Phil Harris
Peso-leve (70,8kg): Carlo Prater (x Marcus LeVesseur
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Mike Pierce  x Aaron Simpson 

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Card Preliminar

Jeremy Stephens (EUA) vs Yves Edwards (BAH)

Jeremy Stephens, aos 26 anos, é um veterano do UFC e já lutou com alguns dos melhores atletas da categoria. “Lil’ Heathen” (Pequeno Pagão) venceu Sam Stout, Marcus Davis e Rafael dos Anjos – os dois últimos com a bomba em formato de upper que aparece de vez em quando para salvá-lo de possíveis derrotas – e foi derrotado por Anthony Pettis, Donald Cerrone, Melvin Guillard, Gleison Tibau e Joe Lauzon. Começou no mundo das lutas praticando luta olímpica nos tempos de colégio e faculdade e acrescentou o boxe como sua base na trocação. Atleta perigoso, Stephens está se firmando como porteiro da divisão, perdendo para os tops e vencendo a turma da parte de baixo da tabela. Possui cartel de 20-8, com 14 nocautes e três submissões.

Yves Edwards é um dos camaradas mais rodados no plantel actual do UFC. Cascudo de eventos como WEC, PRIDE, EliteXC, Bellator, além de diversas passagens pelo próprio UFC, Yves é profissional de MMA desde 1997. Possui qualidades interessantes na trocação, com socos e chutes imprevisíveis, além de certa qualidade no clinch e na luta de solo. Seu ponto fraco está no jogo defensivo, com problemas de defesa de submissões e pouco resistente a pancadas, o que pode ser fatal contra um nocauteador como Stephens. Aos 36 anos, o bahamense possui cartel de 41-18-1, com 15 nocautes e 17 submissões. Suas vitórias mais importantes foram sobre Hermes França, Josh Thomson e Cody McKenzie, quando levou os bônus de luta e submissão da noite.

Stephens tem se mostrado um lutador menos impetuoso e mais calculista em seus últimos combates. Esta pode ser a chave para dominar Yves e garantir a vitória. Por outro lado, Edwards deve querer fazer da luta uma batalha na trocação, onde pode correr riscos com a bomba de direita do americano, mas tem mais chances de estabelecer sua boa técnica. A aposta é em uma vitória de Stephens na decisão.

Michael Johnson (EUA) vs Danny Castillo (EUA)

Michael Johnson foi a primeira escolha do treinador Georges St-Pierre no TUF 12 e pintava como o favorito da temporada, mas decepcionou após vencer o primeiro round, levar a virada de Jonathan Brookins na final do programa e ficar com o vice-campeonato. Parecia pequeno para a divisão quando venceu o fraco Eddie Faaloloto e perdeu para Paul Sass com uma chave de calcanhar, mas fez um bom trabalho de fortalecimento, ganhando músculos, e isso se viu nas óptimas vitórias que se sucederam em performances surpreendentes e dominantes sobre Shane Roller e Tony Ferguson. Michael tem óptima base de luta olímpica e vem aprimorando seu boxe, cada vez mais afiado, mas costuma sofrer com uma queda de rendimento na segunda metade da luta. Foi assim que ele quase levou outras viradas como a da final do TUF contra Roller e Ferguson. “The Menace” (“A ameaça”) tem 26 anos, 1,78m e cartel de 11-6.

Danny Castillo é um peso leve que constrói sua carreira à sombra, sem chamar muita atenção, mas que está sempre enfrentando desafios duros e entregando boas lutas e muita vontade. No WEC venceu Rafael Dias, Ricardo Lamas e Dustin Poirier, perdendo apenas para os tops Donald Cerrone, Shane Roller e Anthony Pettis. Com a incorporação da divisão dos leves pelo UFC, venceu Joe Stevenson, Shamar Bailey, Anthony Njokuani e John Cholish, perdendo apenas para Jacob Volkmann. Misturando o wrestling que pratica desde os tempos de colégio, com um jiu-jítsu de ótimo nível aprimorado com o mestre Fábio Pateta na Team Alpha Male, Castillo acumula seis vitórias nas últimas sete lutas e pode dar um passo decisivo a caminho da elite da divisão neste combate. Mesmo sendo um especialista na luta agarrada, se for preciso, Danny não corre de uma boa pancadaria. O atleta de 33 anos apresenta um cartel de 14-4 com cinco nocautes e quatro submissões.

Caso parta para a trocação, Castillo pode ter problemas com as mãos rápidas e precisas de Johnson; para ele pode ser importante conseguir grudar, quedar e tentar uma submissão, aproveitando-se da deficiência de Michael em defendê-las. Para Johnson, o caminho é manter a distância com combinações eficientes e criativas, como as que mostrou contra Ferguson. Acredito que, após alguma insistência, Castillo conseguirá uma submissão no terceiro round.

Jacob Volkmann (EUA) vs Shane Roller (EUA)

Jacob Volkmann foi um excelente atleta de luta olímpica na universidade, ficando três vezes como All-American pela Divisão I da NCAA, pelo estado de Minnesota. Ou seja, o “Christmas” lutará em casa nesta sexta-feira. Ao vencer nove lutas consecutivas no início da carreira, foi convidado a entrar para o UFC na categoria meio-médio. Sofreu duas derrotas contra os sólidos Paulo Thiago e Martin Kampmann e resolveu descer para peso leve, onde se recuperou com louvor. Venceu cinco combates consecutivos, inclusive contra nomes perigosos como Ronnys Torres, Danny Castillo e Efrain Escudero. Todas as suas vitórias são conquistadas através do pacote “quedas, controle de solo e vitória na decisão”. Teve sua escalada rumo ao topo da divisão freada quando sucumbiu dentro do eficiente triângulo de Paul Sass. Parceiro de treinos do ex-campeão da divisão Sean Sherk, Jacob tem 32 anos e um cartel de 14-3.

Shane Roller, assim como seu adversário, foi três vezes All-American na luta olímpica, por sua vez, pelo estado de Oklahoma. Após quatro lutas profissionais com vitórias, foi contratado pelo WEC, onde foi um dos tops entre os leves. Venceu Danny Castillo, Anthony Njokuani e Jamie Varner; foi derrotado pelo actual campeão do UFC Ben Henderson e pelo último campeão do extinto evento Anthony Pettis. Chegou ao UFC com moral e, na estreia, conquistou o nocaute da noite sobre Thiago Tavares numa luta em que era dominado. A sorte então o abandonou e ele emendou três derrotas para Melvin Guillard, TJ Grant e Michael Johnson. O matchmaker foi bonzinho e lhe ofereceu o fraco John Alessio, mas a fase está tão ruim que Roller conseguiu se complicar e quase perder para o canadense. Em comum a todas as suas últimas lutas, sempre tem um péssimo início e busca algum tipo de recuperação, muitas vezes tarde demais. Aos 33 anos, tem um cartel de 11-6, com três nocautes e seis submissões.

Roller tem decepcionado quem ainda aposta algum tostão furado nele, com derrotas para azarões como Grant e Johnson mas, dessa vez, é ele o azarão. Volkmann deve conseguir manter o combate em um ritmo mais cadenciado e levar a vitória na decisão.

Bart Palaszewski (POL) vs Diego Nunes (BRA)

Bart Palaszewski é mais um atleta que ensaia uma chegada aos tops da divisão, mas que falha naquela luta decisiva contra um adversário de mais talento. Emendou quatro vitórias consecutivas em sua época de leve no WEC, incluindo uma sobre o futuro campeão Anthony Pettis, mas sucumbiu diante do wrestling de Kamal Shalorus. Migrou para o UFC directamente para o peso pena e nocauteou o experiente Tyson Griffin na estreia. Foi escalado para enfrentar Hatsu Hioki no Japão, e foi novamente dominado no grappling, sendo enviado de volta ao final da fila. Striker perigoso e faixa preta de jiu-jítsu, Palaszewski demonstra evolução no seu jogo, além de ser um funcionário cascudo do MMA: com apenas 29 anos, já fez 51 lutas, com 36 vitórias (sendo 17 nocautes e 11 submissões) e 15 derrotas.

Diego “The Gun” Nunes é também um striker ofensivo, porém com uma técnica mais elaborada que a do polonês. Capaz de mesclar bonitas e eficientes combinações com socos e chutes, Diego é também faixa roxa de jiu-jítsu, formado por André Pederneiras na Nova União. Aliás, uma polémica envolvendo a equipe com o atleta gaúcho ganhou notoriedade quando Nunes (desnecessariamente) afirmou que lutaria contra o companheiro de equipe José Aldo em uma eventual disputa de título, quando ainda não estava nem perto de conseguir um title shot. A repercussão do caso culminou com a saída de Diego da equipe de Pederneiras. Coincidência ou não, Diego teve uma queda de rendimento nos últimos combates, com atuações frias na vitória sobre Manny Gamburyan e na derrota para Dennis Siver. Treinando atualmente na Black House e na X-Gym, eventualmente tendo como companheiros Lyoto Machida e Anderson Silva, Nunes busca reeditar as boas atuações que teve na vitória sobre Mike Brown e na derrota em ótima luta contra Kenny Florian. Tem a mesma idade de Bart e apresenta um cartel de 17-3, com cinco nocautes e seis submissões. Entretanto, depois que foi lutar nos EUA, seus combates sempre terminaram na leitura das papeletas.

Dificilmente este duelo não será travado em pé, sendo o brasileiro o cara mais habilidoso e inteligente, e o polonês o mais agressivo e dono de maior poder de nocaute. Caso Diego consiga recuperar a boa forma, é provável que leve a vitória na decisão.

Darren Uyenoyama (EUA) vs Phil Harris (ING)

O americano Darren Uyenoyama tem uma carreira inconstante, com algumas lesões que deixaram grandes intervalos entre suas lutas. Estreou no UFC em Novembro do ano passado, como peso galo, com uma boa vitória sobre o ídolo japonês Norifumi “Kid” Yamamoto. Aos 32 anos, de estilo basicamente finalizador, o grappler tem cartel de 7-3.

Mais um atleta inglês revelado pelo BAMMA, Phil Harris passou a lutar de peso mosca no também importante evento britânico Cage Warriors. Oriundo do jiu-jítsu, Phil tem 28 anos, cartel de 21-9 (um no contest), com 13 vitórias por submissão.

Como qualquer combate entre atletas desta divisão, devemos ter muita velocidade. Como aditivo, provavelmente veremos uma guerra na luta de solo, com tentativas de finalização de lado a lado. Com a boa impressão deixada contra Kid Yamamoto, o americano detém o favoritismo do duelo.

Carlo Prater (BRA) vs Marcus LeVesseur (EUA)

Veterano com 42 lutas no MMA, Carlo Prater é um grappler convicto, faixa preta de jiu-jítsu, de luta livre esportiva e faixa marrom de judô. Com extensa carreira flutuando entre os meio-médios e os leves, chegou ao UFC com uma missão espinhosa contra o astro em ascensão Erick Silva. Foi atropelado em menos de 30 segundos, mas beneficiado com uma decisão absurda polêmica de Mario Yamasaki, que desclassificou Erick alegando golpes na nuca de Prater. Em maio deste ano, foi derrotado por TJ Grant e já se encontra na corda bamba, precisando com urgência de uma vitória para garantir a permanência no evento.

Um dos maiores wrestlers em nível colegial e universitário da história nos Estados Unidos. Foi com essas credenciais que Marcus LeVesseur migrou para o MMA, para copiar o caminho de sucesso que o contemporâneo Ben Askren, derrotado por Marcus no colegial, trilhou até o cinturão do Bellator. Mas LeVesseur ainda não emplacou no novo esporte. Em 27 lutas, venceu 21, perdeu seis, e faz o estilo que no automobilismo é conhecido como “win or wall” (vitória ou muro): quase sempre finaliza a luta ou dá brechas para ser finalizado. Assim foi em sua estreia no UFC, quando foi pego pela famosa guilhotina de Cody McKenzie.

Luta muito difícil para Prater, uma vez que será quase impossível levar LeVesseur ao chão e correrá riscos com a mão pesada do americano se a luta transcorrer em pé. O jeito será torcer para dar outro apagão mental no adversário e ele levar a luta para o chão, dando uma brecha para o brasileiro catar um braço ou o pescoço. LeVesseur deve levar o combate na decisão.

Aaron Simpson (EUA) vs Mike Pierce (EUA)

Aaron Simpson é mais um premiado wrestler nos tempos de ensino médio e universidade que migrou para o MMA mas não obteve o mesmo sucesso no novo desporto. Dono de um histórico incrível de 142-1, com 110 vitórias consecutivas entre 1996 e 1998 pela Universidade do Arizona, Simpson foi All-American na Divisão I da NCAA por duas vezes e quatro vezes campeão estadual. Já lutou como meio-pesado e como médio, e resolveu descer para meio-médio após sofrer com a diferença de tamanho na luta contra Ronny Markes, quando perdeu por decisão. Na estreia na nova divisão, “A-Train” venceu o inexpressivo Kenny Robertson em combate seguro. Tem um boxe eficiente e uma mão muito pesada, que lhe rendeu metade de suas vitórias por nocaute, mas isso, em muitos momentos de sua carreira, o fez se esquecer de sua força na luta olímpica, que deveria ser a pedra fundamental de seu jogo. Aos 38 anos, Simpson tem um cartel de 12-3, 1,83m de altura e 1,90m na envergadura.

Mike Pierce também lutou wrestling nos tempos de faculdade, onde foi um pouco mais discreto que seu adversário. Porém o desporto lhe deu uma base suficiente para se defender de quedas de wrestlers poderosos como Jon Fitch, Johny Hendricks e Josh Koscheck. Os três o derrotaram, entretanto passaram por maus momentos na luta e tiveram um enorme trabalho. Pierce venceu as demais seis lutas que fez no UFC, sempre mesclando um jogo sólido de quedas e uma trocação pesada, baseada em um boxe eficiente e muita vontade. Apresenta grande resistência e jamais foi nocauteado ou finalizado em sua carreira, mas tem um estilo que não agrada à maioria dos fãs, buscando trocação no clinch, quedas, controle de posições e evitando o jogo em longas distâncias. Mike está com 32 anos, tem dez centímetros a menos de altura e envergadura que Simpson e um cartel de 14-5, com seis nocautes e uma submissão.

É provável que o velho roteiro de lutas entre wrestlers se repita, com a luta passando a maior parte do tempo em pé, com muito clinch e dirty boxing. Com uma técnica melhor e mais tarimba no MMA, Mike deve conquistar a vitória por decisão.

Card Principal

Travis Browne (EUA) vs Antonio Silva (BRA)

Apesar de invicto, o havaiano desembarcou no UFC sem maiores expectativas e sempre sua próxima luta seria “o teste”. Cinco combates depois, Browne segue invicto, apesar dos altos e baixos. Depois de ser prejudicado pelos juízes laterais no chatíssimo empate contra Cheick Kongo, “Hapa” fez o gigante Stefan Struve dobrar noventa graus para trás com um superman punch, complicou-se fisicamente contra o limitado Rob Broughton e passeou no chão contra o pegador Chad Griggs depois de abalá-lo com uma joelhada voadora.

A despeito de seus 115 quilos armazenados em 2,01m de altura, Browne é um camarada bastante ágil. Ele era jogador de basquete antes de se dedicar às lutas, iniciando no muay thai, há menos de cinco anos. Integrante da Jackson’s MMA, ele actualmente ostenta faixa roxa de jiu-jítsu e vem apresentando evolução neste ramo, o que ficou claro na vitória sobre Griggs.

Aos 30 anos, Browne tem retrospecto no MMA profissional de 13-0-1, com nove vitórias por nocaute (sete no round inicial, mesmo fim das duas lutas amadoras que realizou) e duas por submissão. Chegou ao UFC vindo de três nocautes em 52 segundos combinados, dois deles em 8 e 9 segundos, o primeiro com um acrobático chute na cabeça.

* * *

Houve um momento em que Pezão foi considerado um sopro de vida na divisão dos pesados, tão carente de talentos. Afinal ele acabara de anular Andrei Arlovski, ex-campeão do UFC, de suportar uma pressão incrível de Mike Kyle antes de atropelá-lo no segundo round e de impor o primeiro – e único – massacre da carreira de Fedor Emelianenko. O paraibano encheu-se de brios e partiu para pegar Alistair Overeem. O holandês se machucou, foi demitido do Strikeforce e acabou substituído por Daniel Cormier, que não precisou de mais de três minutos para espancar o brasileiro. Na migração para o UFC, a repetição de um erro comum de Antonio permitiu que Cain Velasquez o tivesse rapidamente de costas para o chão. Dali para frente foi um festival de socos e cotoveladas num ritmo implacável que quase afogou Pezão em seu próprio sangue.

Este retrospecto recente serviu para mostrar que, se não é tão fora de série como os triunfos sobre Arlovski e Fedor deixaram parecer, tampouco é tão limitado quanto as duas derrotas-atropelamento supunham. Pezão é faixa preta de judô e jiu-jítsu, bom de quedas, de clinch e na luta de solo, que faz óptimo uso de suas dimensões físicas avantajadas. Também faixa preta de karatê, evoluiu no muay thai, onde consegue tirar proveito de seus pés tamanho 48 e mãos igualmente descomunais, e tornou-se um lutador capaz de render em qualquer área do jogo. Apesar da versatilidade, possui alguns defeitos crónicos como a mania de chutar baixo sem fintar e sem se proteger, o que lhe causou as derrotas para Velasquez e Cormier.

O boa-praça de Campina Grande-PB tem 33 anos, 1,93m de altura, 2,08m de envergadura e sobe ao octógono com cerca de 10 quilos a mais do que o limite de 120 da categoria. Depois de deixar a American Top Team, Pezão passou a integrar conjuntamente a Team Nogueira no Brasil e a Blackzilians nos Estados Unidos, tendo feito o camp na Flórida. Seu cartel profissional é de 16-4, onze desses triunfos obtidos por submissão e quatro pela via do nocaute.

Ter um monstro do porte de Pezão por cima no ground and pound é um potencial pesadelo para qualquer ser humano. Por este motivo, trabalhar com a possibilidade de cair na guarda não pode sequer passar pela cabeça de Browne, que não tem as credenciais do brasileiro na arte suave para sair desta arapuca. Raspá-lo seria tarefa para um guindaste.

O melhor caminho para o americano, favorito nas casas de apostas, é usar seu condicionamento atlético superior para manter o combate de pé, movimentando-se com agilidade, chutando as pernas de Pezão e o induzindo a cometer um erro. Caso tenha êxito neste plano, Browne será capaz de conquistar um nocaute técnico na segunda metade da luta.

Por outro lado, Silva deverá adoptar a “táctica do cobertor”: jogar seu corpanzil sobre o havaiano na grade e dali enviá-lo ao solo, visando sufocá-lo com muito giro no jiu-jítsu e um ground and pound implacável. Como o brasileiro tende a cansar mais rápido que o americano, ele precisa apertar o ritmo para decidir o combate nos primeiros quinze minutos, seja por nocaute técnico ou submissão. Mas o mais provável é que Travis consiga seu intuito.

Jake Ellenberger (EUA) vs James Hieronymus (EUA)

Assim como Pezão, Ellenberger também esteve como esperança de futuro para sua divisão. Após estrear perdendo para Carlos Condit (depois de espancá-lo no primeiro round), Jake emendou seis vitórias consecutivas, em que pesem as enormes dificuldades enfrentadas contra Carlos Eduardo Tá Danado e Diego Sanchez. Foi escalado para encarar Martin Kampmann numa luta que poderia deixá-lo a um passo do title shot. Novamente começou a milhão, mas acabou duramente nocauteado no começo do segundo round e viu sua escalada ser brecada na dura categoria dos meio-médios.

Ellenberger é mais um exemplar típico do MMA americano, que junta wrestling (duas vezes campeão nacional da Divisão II pela equipe da Universidade de Nebraska em Omaha), boxe, disposição e força física. Ele tem a péssima mania de não conseguir dosar suas energias, perdendo quase metade dos combates que chegaram ao final. Contra Condit, ele conseguiu perder uma luta de três rounds depois de aplicar um 10-8 na primeira parcial. Contra Sanchez, foi beneficiado por ter feito a última luta principal do UFC em três rounds – durasse cinco e provavelmente ele teria sido derrotado.

Integrante da Reign Training Center de Mark Muñoz e também da Kings MMA, onde treina com Rafael Cordeiro, o Juggernaut tem 27 anos, 1,77m de altura e 1,85m de envergadura. Desde que se profissionalizou no MMA, em 2005, Ellenberger venceu 27 lutas (6 no UFC), 17 delas por nocaute e outras 5 por submissão, saindo derrotado em outras seis oportunidades, quatro delas por decisão. Só foi finalizado pelo faixa preta Delson Pé de Chumbo, na extinta IFL, e só foi nocauteado por Kampmann. Ex-fuzileiro naval, ex-Team Quest, ele recebeu de Rodrigo Vaghi a faixa roxa de jiu-jítsu no ano passado.

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Com duas passagens relâmpagos pelo UFC, Hieron fez seu nome na IFL, onde conquistou o cinturão dos meio-médios e venceu inclusive o próprio Ellenberger. Passou por Affliction e chegou ao Strikeforce, onde disputaria de cara o cinturão inaugural, mas viu a luta cair pelo adversário não ter passado nos pré-testes contra drogas. Quem era? Nick Diaz. Sua luta então passou a uma casada contra Jesse Taylor. Hieron venceu e desembarcou no Bellator, conquistando o torneio da quarta temporada e vendo sua série invicta atingir dez lutas. Na disputa do cinturão, deu enorme trabalho a Ben Askren mas acabou derrotado em decisão apertada e controversa. Transtornado, saiu da organização, fez uma luta no Legacy FC e acabou retornando ao UFC.

A base de Hieron é semelhante à de Ellenberger, porém ainda mais aguçada. Campeão nacional na NJCAA de luta olímpica, foi expulso da Hofstra University depois de ser flagrado no antidoping por uso de maconha. Entrou no boxe para canalizar sua agressividade e assim montou sua estrutura de quedas, controle posicional na grade e no chão e punhos pesados. Mudou-se em 2006 para Vegas onde ajudou o amigo Randy Couture, seu sócio, a fundar a Xtreme Couture, equipe em que chegou a ocupar o posto de treinador principal antes de se dedicar apenas à vida de lutador em tempo integral.

Apelidado de Thoroughbred, um Puro Sangue inglês de corridas, Hieron está com 36 anos e possui recorde profissional de 23-5, com 0-2 no UFC, seis nocautes e sete submissões, incluindo uma no ground and pound. Ele tem 1,83m de altura, sete centímetros a mais de envergadura e é fisicamente muito forte.

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Clinch, dirty boxing, quedas, ground and pound. O que vimos durante anos em Couture pode ser visto em seu parceiro. E esta inclusive é a melhor pedida para Hieron conter a volúpia de Ellenberger. Apesar de ambos serem capazes de nocautear com um só soco, os quase dez anos de diferença deixam Jake em melhores condições de sair vitorioso caso a luta descambe para a pancadaria. Provavelmente o lutador mais jovem conseguirá mais um nocaute na primeira metade do combate.

John Dodson (EUA) vs Jussier da Silva (BRA)

Primeiro campeão do TUF na categoria dos galos, Dodson chamou atenção na 14ª temporada do reality show do UFC, conquistando os bónus de nocaute da temporada (sobre Johnny Bedford) e do evento da final, ao bater TJ Dillashaw. Em sua primeira luta após o programa, voltou aos moscas, sua divisão natural, e teve certa dificuldade para lidar com o estreante Tim Elliott.

A empolgação em cima do “Mágico” tem razão de ser. Ele dá a impressão que coloca o dedo molhado na tomada antes de entrar no octógono. Com um ritmo alucinado, combina quedas com violentos e variados golpes na trocação. Ele se movimenta tanto que parece ter a capacidade de estar em dois lugares diferentes do cage ao mesmo tempo. Ou seja, não importa para onde o oponente se desloque, Dodson estará diante dele. Seu wrestling defensivo é poderoso, capaz de ter segurado as tentativas de quedas de pesos galos que mais pareciam penas no TUF.

Aos 28 anos, John representa a Jackson’s MMA. Ele tem 1,60m de altura e 1,68m de envergadura. Seu cartel no MMA profissional é de 13-5, com 2-0 no UFC. Nenhum dos cinco lutadores que o venceram conseguiram pará-lo – na verdade, a maioria venceu em decisões apertadas. Em suas vitórias constam cinco nocautes e duas submissões.

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Desde que o UFC criou a categoria dos moscas, o pensamento geral era que a divisão só estaria realmente preenchida quando a contratação de Formiga fosse anunciada. Por muito tempo o potiguar foi considerado o número um do mundo da categoria. Campeão sul-americano do Shooto, ele desembarcou nos Estados Unidos para buscar o cinturão do Tachi Palace Fights mas acabou surpreendido por Ian McCall, sua única derrota profissional, no começo do ano passado. Após o tropeço, marcou mais cinco vitórias e finalmente chega ao maior evento do mundo.

O respeito que toda divisão tem por Formiga é decorrente de seu jogo de alto volume no chão. A dificuldade que sempre teve para finalizar suas lutas acabou virando combustível para a arrancada final rumo ao UFC, quando emplacou quatro submissões consecutivas. Faixa preta de judô e jiu-jítsu, Formiga deixou a vida de motoboy para se tornar lutador em tempo integral.

Pupilo de Jair Lourenço na Kimura/Nova União, Formiga tem 27 anos e cartel cadastrado no Sherdog de 14-1 (na verdade ele tem mais vitórias ainda sem registro), com os triunfos igualmente divididos entre submissões e decisões. O potiguar de Natal tem 1,65m de altura e ocupa o top-3 da maioria dos rankings internacionais.

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A não ser que o brasileiro tenha preparado alguma surpresa para sua estreia no UFC, o desenrolar deste combate não é dos mais difíceis de imaginar. Dodson precisará estar com a defesa de quedas em dia para evitar ao máximo ir para o chão em posição de desvantagem. Caso isso aconteça, provavelmente Formiga só sairá de cima ao soar o gongo. Com uma trocação suficiente para encurtar a distância e chegar à luta agarrada, não há muita dúvida que este será o plano de Jussier.

Para evitar isto, Dodson deve implementar seu ritmo neurótico. Preciso ao disparar golpes, a ideia é que o americano pontue na média para a longa distância até chegar o momento de pegar Formiga num soco ou chute definitivo. Ainda que o Mágico não consiga finalizar a luta antes de seu final, ele é o favorito a levar o duelo por decisão e se tornar o primeiro desafiante do cinturão de Demetrious Johnson.

Josh Neer (EUA) vs Justin Edwards (EUA)

Entre idas e vindas, Neer está em sua quarta passagem no UFC. Recontratado há um ano, fez três lutas movimentadas. Aplicou uma clínica de cotoveladas em Keith Wisniewski, forçando o médico a interromper a luta no fim do segundo round. Em seguida, apagou Duane Ludwig mas não sem antes receber várias pancadas. O panorama se inverteu contra Mike Pyle, quando Neer começou bem e acabou nocauteado com uma violentíssima direita no apagar das luzes do primeiro round.

Apesar da irregularidade, é exatamente esta emoção que Neer insere em suas lutas, para o bem e para o mal, que o faz estar no card principal num evento cheio de candidatos nas preliminares. Faixa roxa de jiu-jítsu, moldado pelo sistema de treinamento do lendário Pat Miletich, o “Dentista” tem 29 anos, 1,80m de altura e envergadura. Seu cartel profissional é de 33-11-1, com 6-7 no UFC. Não sabe o que é chegar ao terceiro round desde 2009, quando perdeu para Gleison Tibau e foi demitido pela terceira vez do UFC. De lá para cá foram oito vitórias (cinco nocautes e três submissões) e duas derrotas (a outra para Eddie Alvarez no Bellator).

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É difícil explicar o que faz Edwards no UFC até hoje (na verdade vou explicar mais adiante). Ele chegou através do TUF 13 como substituto de um lutador que pediu para sair do programa. Invicto em seis lutas, estreou contra Tony Ferguson e conseguiu ser nocauteado com uma pedalada. No TUF 13 Finale, cometeu a proeza de ser derrotado pelo fraco Clay Harvison, que já foi demitido. Bateu Jorge Lopez, que chegou ao UFC com mais fama do que talento, e voltou a ser superado, desta vez para John Maguire. Ou seja, em quatro lutas (contando com a da casa do TUF), três derrotas.

Muita gente boa foi cortada do UFC por menos do que isso. O negócio é que Edwards, apesar da falta de técnica, costuma “sair para o pau” em seus combates. Por este motivo, nada melhor do que escalá-lo contra Neer e demiti-lo em caso de derrota. Sua base vem do folk wrestling nos tempos de escola e da greco-romana, que ele treinava em paralelo. Passou depois a praticar sanshou e hoje é graduado também como faixa roxa de jiu-jítsu. Edwards tem a mesma idade e envergadura de seu adversário, com dois centímetros a menos na altura.

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Como este combate não fará a menor diferença no futuro da divisão dos meio-médios, será uma boa hora para nos acomodarmos no sofá para curtir uma pancadaria. Mas é bom não esperar técnica em demasia. No meio desta possível doideira, Neer deve sair vitorioso com mais um nocaute, mais uma vez antes de chegar ao terceiro round.

Antevisão original de MMA-Brasil e Globo.com

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A edição desta sexta-feira do UFC será disputada em Mineápolis (EUA) e terá um choque de gigantes em sua atracção principal. Na pesagem realizada nesta quinta, o brasileiro Antônio Pezão subiu na balança com 120,7kg, o máximo permitido para os pesados, e pelo menos no peso está em vantagem em relação a Travis Browne, que bateu 111,6kg. Na hora da encarada, tensão no ar. Os dois lutadores não chegaram a se encostar, mas ficaram bem perto disso e tiveram de ser separados por Dana White.

Nas demais lutas programadas, quase todos os atletas conseguiram atingir o limite de suas categorias. O único que não obteve sucesso foi Bart Palaszewsk, que teve uma hora para perder 1 libra (cerca de 455g) e conseguiu, nos bastidores, após uma segunda tentativa.

O UFC: Browne x Pezão tem ainda mais três brasileiros. Jussier Formiga vai fazer sua estreia no Ultimate contra John Dodson e já pode dar um grande salto na carreira. Se vencer, terá a chance de disputar o cinturão do peso-mosca. Para esse combate, Formiga bateu 57,2kg, o mesmo que seu adversário, John Dodson.

Os demais - Diego Nunes e Carlo Prater - também não tiveram problemas para bater o peso e estão aptos para lutar nesta sexta-feira. 

Em relação aos estrangeiros, dois lutadores chamaram a atenção. Adversário de Formiga, John Dodson usou praticamente todas as peças do vestuário tendo Batman como tema - incluindo até cueca. Já Michael Johnson apareceu com uma peruca do Minnesota Vikings, time de futebol americano da cidade.

A luta entre Dennis Hallman e Thiago Tavares foi cancelada pois o americano se apresentou com 3,2kg acima do limite do peso-leve, e o duelo foi desmarcado antes mesmo da pesagem. O americano alegou que está passando por problemas particulares e ainda assim se esforçou para participar do evento. Apesar de uma conversa amistosa com o presidente do Ultimate, Dana White, acabou demitido.

- Estou tendo alguns problemas pessoais em casa, não estou apto a lutar. Eu disse a Dana (White) quais eram os meus problemas. Ele entende questões familiares e foi legal comigo por eu não lutar. Mas eles estão me cortando. Dana me pagou a bolsa de apresentação e também de vitória para me ajudar a lidar com a montanha em minha frente. Agora, tenho que bater o peso algumas vezes no circuito regional. Vou voltar ao UFC - disse o americano ao "MMA Fighting".

Ainda de acordo com o site americano, Dennis Hallman afirmou que Thiago Tavares teria aceito realizar uma luta em um peso combinado até 3 libras (1,4kg) acima do limite do peso-leve (70,8kg), mas que depois o brasileiro teria pedido para perder mais uma libra, o que dava um total de 1,8kg dos 3,2kg a mais que ele estava. Hallman não conseguiu, e o duelo foi cancelado.

Eis os Resultados da pesagem do UFC on FX 5


UFC: Browne x Pezão
5 de outubro de 2012, em Minneapolis (EUA)

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado (até 120,7kg): Travis Browne (111,6kg) x Antônio Pezão (120,7kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Jake Ellenberger (77,1kg) x Jay Hieron (77,1kg)
Peso-mosca (até 57,2kg): John Dodson (57,2kg) x Jussier Formiga (57,2kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Justin Edwards (77,1kg) x Josh Neer (77,6kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-leve (70,8kg): Jeremy Stephens (70,8kg) x Yves Edwards (70,8kg)
Peso-leve (70,8kg): Michael Johnson (70,8kg) x Danny Castillo (70,8kg)
Peso-leve (70,8kg): Jacob Volkmann (70,3kg) x Shane Roller (70,8kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Bart Palaszewski (66,7kg*) x Diego Nunes (66,2kg)
Peso-mosca (até 57,2kg): Darren Uyenoyama (56,7kg) x Phil Harris (56,7kg)
Peso-leve (70,8kg): Carlo Prater (70,8kg) x Marcus LeVesseur (70,8kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Mike Pierce (77,6kg) x Aaron Simpson (77,6kg)

* Não atingiu o limite na hora da pesagem, mas conseguiu, nos bastidores, bater 66,2kg


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