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Mac in Touch #4 - Reflexão sobre o TNA Turning Point

Sejam bem-vindos a mais uma edição de Mac in Touch. A quarta aqui no Wrestling Notícias. Quero agradecer a todos os que comentaram na edição passada, e espero repetir ou aumentar o número de comentários conseguido.

Fui capaz de encontrar uma brecha de desacordo, e é excelente, para um cronista, isso acontecer. Assim, agradeço principalmente ao primeiro anónimo que deixou o seu comentário (e que estranhamente não respondeu outra vez)......

O meu apelo vai para que leiam o artigo do início ao fim, incluindo esta nota introdutória. Assim poderá haver uma discussão saudável sem qualquer tipo de precipitações quanto à minha “filiação” (sinto-me ridículo a escrever isto, como se eu tivesse algum tipo de quotas pagas, como se eu fosse adepto específico de uma companhia… como se eu fosse um comentador de futebol que está apenas de um dos lados da barricada).

Bem, o tema desta 4ª edição do MiT será o último PPV da TNA, e farei uma análise “clássica” ao evento. Não falarei de todos os combates por achar que o artigo se iria tornar maçudo se assim fosse.

TNA's TURNING POINT 2012

Tinha boas expectativas em relação ao evento, e fiquei satisfeito no fim. Foi um PPV com bom wrestling, o Main Event foi bem vendido, a sequência de combates foi bem feita, houve variedade no estilo usado. Enfim todos os ingredientes que um bom PPV precisa. E assim foi o Turning Point.

Aqui fica a análise, solta, do evento:

Antes demais, um elogio fortíssimo aos vídeos com que a TNA nos brinda em todos os PPV’s. Antigamente estes costumavam pouco sentido apesar de bem executados, não vendiam o “peixe”. Agora juntam o útil ao agradável, com um bom trabalho audiovisual a vender o seu produto.

Joe vs Magnus

Acho que o combate No DQ foi marcado com alguma antecedência e terá sido precoce. A storyline poderia ter sido mais bem desenvolvida. São dois workers excelentes. Magnus é a personificação do wrestler inteligente – nunca deixa ninguém indiferente, e quando abre a boca faz-se ouvir acompanhado de bons facials. Joe é… Joe! Intensidade máxima no ringue, brutalidade nas manobras que executa… um dos melhores, sem dúvida.

Quanto ao combate em si, foi quase perfeito! Adorei este embate e tive muitíssima pena que não tivesse sido mais elevado no card, embora não se pudesse fazer muito mais em relação à hierarquia estabelecida no que aos combates que houve diz respeito (A&8’s, Jeff-Aires e o Combate de No1Contenders).  Há só uma pequena falha a apontar- o conceito No DQ não foi muito explorado. Sim, houve uma cadeirada aqui e ali, mas… podia haver mais.

Houve alguma dessincronização entre o combate e os comentadores, mas aí não se pode apontar o dedo a ninguém se não a Todd Kennely: uma no final e outra no meio do combate. No meio, transmitiu-nos um rope break num No DQ Match e no final, quando disse que se o braço de Magnus caísse no chão três vezes ele perdia e…bastou uma.

De resto, excelente combate.

Joseph Park vs DOC

Mais do que um advogado, Park é um homem. Foi com este desígnio que partimos para um dos combates da noite entre Aces & Eights e TNA.

Foi um combate que me entreteve, mas não consigo ficar vendido ao facto de, de um momento para o outro um gajo que a TNA quer vender como advogado saber, de um momento para o outro fazer Double Leg Takedown’s e Spinning Side Slam’s!! Para ser honesto, acho isso ridículo… e talvez por estar a partilhar o ringue com a pessoa que estava, lembrei-me do momento em que a WWE cometeu estupidez de nível semelhante ao criar uma personagem com o agora DOC em que consistia no facto de este, com o soar da campainha se transformar num monstro que levava tudo à frente (algo tão doloroso de lembrar que achei melhor ser partilhado para que não haja recalcamentos).


Devon vs Angle

Boa psicologia de gente experiente que sabe o que faz. Gostei deste combate, foi guiado à old fashion way e tudo o que aconteceu dentro do ringue não merece qualquer reprovação…antes pelo contrário. No entanto, acho negativo o facto de Devon ter sido batido de forma limpa por Angle. Desde logo porque pode vir a retirar momentum aos Aces and Eights, depois porque com eles no “ringside”, e ainda porque, posso estar enganado, mas creio que este foi o primeiro combate (de início ao fim) que Devon teve desde que foi “desmascarado”.

Já agora, quero apontar o dedo ao facto de a TNA poder não maximizar a inevitável feud Ray-Devon ao patamar histórico que merece:

- Acho que a partir do momento em que Devon foi desmascarado e reconhecido como membro dos Aces and Eight’s e, consequentemente, Bully Ray ficou em choque e revoltado com a referida revelação que ambos deveriam começar a criar frisson sem haver qualquer tipo de desvios na storyline pessoal de ambos. Até porque Devon apontou o facto de Ray ter atirado o seu filho mais novo contra uma mesa como justificação para essa revolução pessoal!

Calma, eu sei que um combate deste calibre tem de ser bem construído e bem preparado e que tal como um bom whisky, leva tempo até se poder atingir o patamar de consumo desejável. Mas isso também poderia ter sido feito, colocando Angle para o combate do No1 Contendership e havendo um combate de tag team neste Turning Point com os dois lados da barricada envolvidos… porque a própria storyline dos Aces&Eights está a jeito disso mesmo!!! Assim, a azia e a raiva cresceriam de forma bem sustentada até um ponto tal que o embate entre ambos no Final Resolution ou mesmo num PPV posterior fosse de tal maneira caótico que se teria de ver esse combate com dois pares de cuecas nas mãos.

Triple Treath Match

Os performers puseram-nos com altas expectativas em relação a este combate e quando assim é, às vezes ficamos com elas furadas. Não foi o caso, porque este combate atingiu-as. Não as superou, mas bateu certo no que toca àquilo que era esperado desta Three Way com o “rebuçado” de apurar o No1 Contender para o título Mundial e com o “recheio” de o lutador “pinado” ficar fora da luta pelo cinto durante um ano.

A estipulação foi relativamente bem trabalhada, houve bons spots e boa alternância de manobras e bons trabalhos de venda para as mesmas. Também gostei muito da gestão feita pelos três envolvidos no combate no que toca à mudança de confrontos 1x1. Quando um saía, saía “bem”, de maneira credível.

Embora seja muito cedo para se fazer, as luzes de um possível regresso da Beer Money Inc. quando Roode e Storm fizeram o suplex em Styles foi algo de muito inteligente feito pela TNA. Vieram-me flashes do regresso dos DX… com as devidas proporções. É só pena o timing, porque isto seria muito mais bem trabalhado se esta manobra fosse guardada para mais tarde, quando a poeira estivesse bem assente e não para agora, depois de um combate… sangrento.

O “pinado” foi o esperado, mas Storm ter vencido deixou-me empolgado para o main event pela imprevisibilidade que um face como challenger pode trazer – as odds de Aries vencer diminuíam a esta altura da noite.


Main Event

História bem construída. Aries é um excelente heel, põe o público na mão, faz uma audiência parar para o ouvir e é adoravelmente odiável,  enquanto que Jeff é a face simpática da companhia… o verdadeiro baby face. Tínhamos aqui um verdadeiro combate de bem contra o mal, algo que lamentavelmente vai desaparecendo gradualmente com a tendência tweener que vão ganhando as “personalidades” de wrestling.

No que toca ao combate, pareceu-me que o Aries assumiu as operações e foi ele a guiá-lo quase de início ao fim, no entanto, por mais que um lutador se esforce pode não conseguir ultrapassar ao fatalismo de más decisões alheias, que acabaram por haver, lamentavelmente, e que acabam por pôr um combate com capacidade para chegar a um dos melhores do ano num patamar um pouco nada abaixo disso mesmo:

- Aires faz um Suicide Divide para fora do ringue, mete Jeff debaixo de uma pilha de objectos. Sobe a escada, e quando está no topo, sai do ringue… porque Jeff desapareceu!! Não deveria o lutador preocupar-se com o facto de estar prestes a reaver um título que se quer tão prestigiado como querido?! Isso deveria sobrepor-se à preocupação de um lutador com o outro se o seu momento está perto de acontecer.

- Jeff leva com um BB, sai do ringue. Aires coloca a escada em posição, sobe… e Jeff surge poucos segundos depois e com energia renovada como se o finisher do seu colega não significasse muito, embora aceite a justificação da paixão do detentor do título por este para tão súbita recuperação, acho que poderia ter havido uma maneira mais simples de se resolver a coisa- ficar no ringue seria uma opção tal como a cerimonia de Aries não devia ser tanta (havia poucas manobras sofridas a vender neste determinado ponto).

- Aries leva com um Twist of Fate… do topo da escada(!!!) e uma Swanton!! Sai do ringue, ficando Jeff sozinho e com via aberta para o título. Põe a escada em posição e sobe. Demora 45 segundos até chegar aos cintos, o tempo que Aries, depois de levar com o as manobras supostamente devastadoras que levou, precisou para passar entre o público e ir manipular o controlador do guindaste que segurava os cintos. Ou seja, “no selling”. Não vou comentar a situação de um dos lutadores mexer no controlador porque para mim está 50/50 no balanço invenção/inovação.

Isto tornou um combate excelente num combate ‘apenas’ muito bom, pela crucialidade destes spots e tudo aquilo que eles significaram ao longo do combate (inclusive, um desfecho da contenda). De resto, e suprimindo os spots referidos, creio que foi um combate fantástico, e teve um finish excelente, diria até épico!!  Pena não ter sido precedido de maior lógica.

Sim, eu queixo-me de barriga cheia porque foi um combate excelente. A brutalidade que ambos trouxeram para o combate foi qualquer coisa de fenomenal, nomeadamente com os highspots feitos. Lembro-me de Hardy falhar um Dive e aterrar numa escada aberta ao contrário (em forma de “V”)… não há como se defender desse tipo de manobra, e mostra muito da paixão com que ambos os lutadores abordaram o combate. E a relação com o gimmick match foi extremamente bem estabelecida por ambos, com o objecto em causa a ser tratado de maneira adequada, com a introdução do mesmo a ser feita de maneira gradual… excelente, exemplar.
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