Slobber Knocker #40: TNA goes old school?
4 dezenas de Slobber Knockers. E parece que ainda ontem
comecei com isto. Tenho-me divertido imenso e tenho gostado bastante de
escrever para este local. No entanto, não há grande especialidade no número 40
para eu fazer uma reflexão ou um artigo especial, é um número redondo que aparece
de 10 em 10 edições, nada de mais....
Daí que o assunto seja muito simples: TNA e o seu novo
sistema de PPV. Se são dos que preferem quando apresento artigos de listas
divertidas e/ou curiosas, espero que este não vos desiluda, mas vou tentar
fazer um artigo bom e diferente na mesma. De forma muito breve, pretendo falar
do sistema, os seus prós, os seus contras, as boas jogadas, os erros e, fazendo
jus ao título, comparando um pouco com situações antigas.
Espero, pelo menos, que seja uma boa leitura para fãs da
TNA.
Inovações na TNA
Apenas com 10 anos de vida, é uma companhia muito recente e
já apareceu muito tarde. E apareceu numa altura em que o wrestling já tinha
apresentado quase tudo que havia para apresentar, já não havia quase nada para
inventar. Daí que, desde o início, fosse uma companhia que tivesse logo que
pensar em algo diferente para não ser só mais uma… Senão nem tinha grande
interesse…
Logo ao início apresentaram coisas interessantes que,
infelizmente, largaram: o ringue de seis lados era das minhas coisas favoritas
e de facto mostrava que pensavam diferente. Infelizmente abandonaram-no em
troca do ringue comum. A soberania da X Division também era algo que despertava
a atenção dos fãs e, com os talentos lá presentes, davam espectáculos de alto
nível difíceis de se ver noutro lado. Agora, infelizmente também, é reduzida
para uma divisão de midcard mais discreta.
Porquê tanta mudança? Pelas razões que já disse: uma
companhia “novata” a querer estabelecer-se no mundo do wrestling, sem ser como
mais uma Indy. A procura pelas inovações, pelas ideias novas, por uma
identidade reciclável para que não se torne uma “one trick pony”.
E por aí ainda andam, apresentando conceitos como o Gut
Check, o Open Fight Night, até o Championship Thursday, pequenas coisas
diferentes, visto que no constante mundo reciclado que é o wrestling, é difícil
apresentar algo novo de dimensão muito grande.
E chega agora o novo sistema de PPV, que pode ser mais um
passo para a tentativa de inovação… Mas é novo?
O paralelismo com o passado
Vou dar um exemplo concreto: WWF em 1993. Porquê em ’93?
Porque tenho acompanhado esse ano ultimamente… E foi o ano em que eu fui
apresentado ao mundo, também.
A WWF baseava-se apenas em 5 PPV’s: 4 que ainda se mantêm
hoje como os “4 grandes” e mais um que fora apresentado pela primeira vez em
televisão nesse mesmo ano. A ordem seria esta: Royal Rumble, Wrestlemania – em
’93 foi a IX que, deixem-me que vos diga, não valeu nadinha – King of the Ring,
SummerSlam e Survivor Series.
Damos o salto ao presente e vemos que agora a TNA apenas
terá 4, os seus 3 grandes e o primeiro do ano, vá. Por ordem, Genesis,
Lockdown, Slammiversary e Bound for Glory.
Podemos assemelhar uma situação à outra a partir de um
simples ponto: mais tempo de build-up. Num mês, nem sempre dá para construir
tantas rivalidades para se encher um card, e por vezes tem que se colocar
alguns combates de “feud encima do joelho” ou combates “bónus” adicionados na
hora.
Na TNA isso nota-se e temos que nos lembrar que eles apenas
têm 2 horas por semana para construir as histórias a culminar no seu PPV.
Comparando antigamente com a WWF, eles tinham vários programas mas os
principais seriam o Monday Night Raw e o WWF Superstars, acabando
progressivamente por ser o Raw a tornar-se cada vez mais o principal. Vendo
dessa forma, até tinham uma hora por semana.
Mais depressa que o que nós imaginamos, passam dois ou três
meses e num instante tinham outro card para fazer. Mas sempre é mais do que um
mês para preparar oito combates no mínimo, oito razões para um indivíduo
comprar o PPV – apesar que tanto agora como antes, em qualquer companhia,
faz-se 2 ou 3 razões para se querer ver, mais o resto que também lá está a
preencher.
E aí temos o segundo ponto…
A TNA não vai apresentar só esses quatro eventos. Entre
eles, teremos outros especiais também apresentados em pay-per-view. Assim já
não dá para fazer o paralelismo com o passado… Ou será que não?
Avancemos 2 anos.
Em 1995, a WCW apresentou-nos o seu programa do bloco de
Segunda-Feira à noite, o Monday Nitro que competia directamente com o Monday
Night Raw da WWF. Quando surgiu e nos seus primeiros anos, podia-se considerar
que a WCW tinha descoberto a careca da WWF e andava a conseguir passar-lhe a
perna. A WWF teve que responder com uma mudança na programação que hoje
conhecemos como a “Attitude Era” que conseguiu sair por cima nas Monday Night
Wars – mas que não vejo como a razão para o fim da WCW, ali nos anos finais, a
companhia destruiu-se sozinha.
Mas não era só aí que a WWF tinha respostas para dar. A WCW
andava a apresentar um sistema de PPV’s mensal, difícil mas possível de se
trabalhar. Já para não dizer lucrativo, se todos os meses tinham o povo a
comprar-lhes os eventos, era dinheiro que entrava com mais frequência. Vince
McMahon também quis experimentar mas de forma mais segura, PPV’s mais pequenos,
não tão especiais mas que dessem para oferecer um pouco de competição. E saem
os PPV temáticos “In Your House”.
Apesar de ainda não estar certo, estes especiais da TNA “One
Night Only” parecem assemelhar-se mais a esses “In Your House”, claro, à sua
própria maneira. Darão estes eventos continuidade às histórias ou serão
espectáculos não canónicos? Logo se verá… Ou já se sabe como vai funcionar e eu
é que sou parvo e ainda não sei?
De qualquer forma, vejo este sistema como sendo vantajoso.
Mais tempo para construção, dá um feeling mais especial aos PPV’s grandes e
distingue-se da competição nesse factor – mesmo que seja reciclando um processo
antigo, isso faz-se constantemente e em todo o lado, nem é só no wrestling.
Mas não quer dizer que não tenha os seus erros…
Os erros
Vejo um grande problema nisto: as gravações desses mesmos
eventos com antecedência.
Não quero tentar passar como totalmente parcial e fechado
nesse aspecto, mas tentando fazer um “prós e contras” sobre esta situação, não
consigo sequer encontrar os prós. Nem é por mal, é apenas por não encontrar
mesmo vantagens. Mas estou suficientemente aberto para receber os argumentos de
alguém a dizer-me o contrário, até o queria. Se me aparecer alguém nos comentários
a dizer “Resulta e é bom porque isto, isto e isto”, óptimo, fico a saber algo
novo… Mas se for para apresentar os contras…
Com a facilidade que temos actualmente em obter os
resultados das gravações na Internet, um PPV ser gravado parece-me uma péssima
ideia. E muito diferente de a de um programa de televisão.
O Impact Wrestling agora também é em directo, mas tomemos o
exemplo do Smackdown. Terça-Feira é gravado, dia seguinte já cá para fora
saltou a informação toda, Sexta-Feira nem sempre há a necessidade de ver, para
alguns. Mas está disponível na televisão, alguém pode pensar “já agora vejo” e
é só mudar de canal.
Com um PPV já não é bem assim. Vaza a informação do
sucedido… Não é tão fácil alguém pensar “já agora, gasto um pouco de dinheiro e
vejo isto”. É claro que acontece sempre, e muitas das vezes queremos ver tudo
porque um texto descritivo não nos dá suficiente, mas não é muito lógico ou
habitual alguém gastar dinheiro para ver algo em que já sabe o que acontece. E
por muito importantes que sejam as audiências, creio que vendas de PPV se façam
sentir um pouquinho mais…
Mas não é tudo…
Anda já por aí informação de um especial já gravado agora em
Janeiro… Para Maio? Corrijam-me se estiver enganado mas creio que assim seja. E
nesse caso, ainda pior.
Se para nós já é nos parece um espaço de tempo gigante, de
Terça para Sexta, sabendo, por exemplo, que Del Rio é o novo Campeão Mundial –
a dar um exemplo recente – quanto mais entre Janeiro e Maio. Nesse longo espaço
de tempo, já a informação vazou e espalhou-se e repassou e já estamos fartos de
a saber: vai ser muito difícil vender um PPV no qual já se sabe o que acontece.
Isto leva-me a outra questão:
Suponho que estes especiais não sejam canónicos, nem dêem
seguimentos a storylines. Demasiado improvável que trabalhem com antecedência
culminações de coisas que ainda não aconteceram. Logo, isso coloco
imediatamente de parte. Mas continua a ser um risco, lesões podem acontecer,
despedimentos podem acontecer… É algo que me parece pouco pensado. Ou por serem
“especiais” mal recorrem ao que se decorre em TV e é visto como algo
completamente à parte?
Mas relembro, os “contras” que apresento são apenas para o
facto de estes eventos serem gravados. É o único que vejo como algo que não
resulte. Porque o novo sistema de PPV para mim é óptimo, não lhe vejo qualquer
impasse, parece-me algo que possa ir para a frente com sucesso… Mas talvez
mantendo as coisas ao vivo.
Mas já sabem, não só não tenho a informação completa, como
também já disse, estou a aberto a contra-argumentos sobre o sucesso dessa
ideia. Portanto, estou a contar convosco.
De forma conclusiva, como disse que este ia ser um artigo
breve, posso afirmar que se nota que a TNA é uma empresa activa, sempre à
procura de formas para inovar e tentar-se diferenciar de outras. Muitas das
vezes espalha-se ao comprido, mas todas elas o fazem eventualmente e é com
erros que se aprende. Ainda só lá vão 10 anos, só o futuro sabe o que está
guardado para Dixie Carter.
Uma companhia que, para mim, nem é competição ou uma
alternativa sequer à WWE, mas sim mais uma a juntar ao grande aglomerado de
wrestling que gosto de apreciar, que é isso que gosto de ver. Não a coloco
acima nem abaixo, nem a comparo, para mim faz tudo parte do mesmo e a que eu
prefiro é a que eu estiver a ver no momento, daí que eu não seja o mais
indicado para integrar alguma discussão de WWE vs TNA – há um anito e meio
atrás talvez sim, via muita asneira na TNA que não me agradava, mas já melhorou
bastante. É como Metallica vs Megadeth, é possível gostar-se de ambos
simplesmente.
Concluo então finalmente com a passagem da palavra a vós: O
que acham deste novo sistema de PPV? Preferem o antigo? Acham o sistema das
gravações antecipadas o mais correcto? Vêem um bom futuro para a TNA e vêem
potencial nas suas ideias? Tudo a vosso cargo comentar.
Outra coisa: Estava a pensar fazer uma edição do “Slobber
Knocker” dedicada a respostas a perguntas dos leitores, num “Q & A”, sobre
qualquer coisa de wrestling que queiram saber a minha opinião. Vou ver se tenho
boa adesão ao longo das próximas edições para juntar perguntas para o fazer,
portanto se quiserem saber alguma coisa… Deixem as vossas perguntas!
Até à próxima semana, cumprimentos
Chris JRM