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MMA: World Series of Fighting 2: Arlovski vs. Johnson - Antevisão + Pesagens


A segunda edição do World Series Of Fighting, evento que nasceu para competir com os melhores do mundo, desembarca na segunda capital americana da jogatina. Neste sábado, no Revel Casino de Atlantic City, New Jersey, o WSOF 2 traz um card principal repleto de nomes conhecidos dos fãs de MMA.

Na luta principal da noite, o ex-campeão dos pesados do UFC Andrei Arlovski dá as boas-vindas à categoria ao ex-meio-médio Anthony Johnson, também famoso por fazer carreira no maior evento do mundo. No combate coprincipal, o prospecto Tyson Nam encara o brasileiro Marlon Moraes pela divisão dos galos...

Dois ídolos brasileiros de um passado recente estarão em ação no tentando reerguer suas carreiras. O ex-campeão do WEC Paulão Filho enfrenta seus demónios e o americano Dave Branch pela categoria dos médios, enquanto o ex-campeão dos leves do K-1 Hero’s Gesias Cavalcante pega o americano Justin Gaethje. Completando o card principal, um duelo de ex-UFCs na categoria dos meios-médios: Aaron Simpson contra Josh Burkman.



Andrei Arlovski (BIE) vs Anthony Johnson (EUA)

Desde que se livrou das quatro derrotas seguidas, três por nocautes brutais, Arlovski teria vencido as cinco lutas que fez não fosse o no contest contra o também ex-campeão do UFC Tim Sylvia. O combate teve resultado alterado por conta de dois tiros de meta ilegais de Arlovski, que não havia esperado a sinalização do árbitro para executar os chutes de acordo com as esquisitas regras do ONE FC.

O “Pit Bull” um dia foi considerado um dos três melhores pesos pesados do mundo. Enquanto a nata da categoria estava no PRIDE, ele foi campeão do UFC em duas oportunidades. Foi o único homem a nocautear Roy Nelson, com um sensacional chute alto, mas praticamente colocou a carreira em xeque ao ser nocauteado por Fedor Emelianenko, que iniciou a série de derrotas supracitadas. Mas o hype criado sobre o bielorrusso era justificado, tamanho o talento ofensivo deste vice-campeão mundial de sambo que evoluiu bastante no kickboxing e no boxe, este em treinos com Freddie Roach. Porém, o queixo de vidro e a mentalidade fraca fazem com que Arlovski tenha dificuldade de retornar ao UFC.

Integrante da Jackson’s MMA, Andrei tem 34 anos e é um lutador fisicamente privilegiado, com 1,93m de altura, 1,96m de envergadura, 112 quilos e muita agilidade para o tamanho. Além da luta sem decisão contra Sylvia, Arlovski tem cartel de 19-9, com excelente taxa de finalização de 14 nocautes e 3 submissões. Jamais deu os três tapinhas, mas foi nocauteado em sete oportunidades.

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Desde que quase teve um treco para bater o peso no UFC Rio 2, Johnson foi demitido, mas encontrou seu caminho numa subida de peso condizente com seu porte físico. Lutando como meio-pesado, aplicou três nocautes violentos sobre concorrência mediana, inclusive na primeira edição do WSOF, mas mostrou que os tempos de sofrimento físico ficaram para trás.

All-american na luta universitária quando competia na NJCAA, o americano se notabilizou no MMA pelo gigantesco poder de nocaute explorado por um bem desenvolvido kickboxing. Mas, apesar da origem, a luta olímpica acabou trazendo complicações para o lutador: como ele não impede muitas quedas dos oponentes e defende-se muito mal no chão, foi finalizado em todas as suas derrotas por vias normais.

Na época de lutador do UFC, “Rumble” cortava ridículos 23 quilos para atingir o limite de 77 dos meios-médios. Obviamente, nem sempre ele conseguiu bater o peso. Com 1,88m de altura e 1,98m de envergadura, além de uma grande estrutura muscular, estava claro que meio-médio era exagero. Johnson tem cartel oficial de 14-4, com notáveis dez triunfos por nocaute, sejam por caneladas na cabeça ou socos. Tirando uma luta em que não conseguiu voltar depois de um dedo no olho (e Steve Mazzagatti toscamente decretou nocaute técnico a favor do adversário faltoso), foi submetido por Josh Koscheck, Rich Clementi e Vitor Belfort, este como peso médio (na verdade quase meio-pesado, depois de ter falhado miseravelmente na pesagem).

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Sem o corte abissal de peso para lhe dizimar o condicionamento físico, talvez Johnson encare o desafio com alguma condição de triunfo. Ainda mais se ele conseguir testar o queixo de Arlovski, que costuma confessar sempre que é atingido com muita força.

Para evitar acordar com a lanterninha do médico no olho, Andrei deve usar sua movimentação, cortando em ângulos, para punir o oponente. Na luta agarrada, a vantagem será do bielorrusso, que é um dos lutadores com a melhor defesa de quedas no MMA, além de ser talentoso neste ramo no lado ofensivo. Será mais complicado para Anthony derrubar e trabalhar no ground and pound, como ele fazia com a concorrência fisicamente menor de outrora. O resultado mais provável é uma vitória de Arlovski por nocaute técnico na segunda metade do combate.



Tyson Nam (EUA) vs Marlon Moraes (BRA)

Ilustre desconhecido com um contrato de substituto no Bellator, Nam foi chamado para encarar Eduardo Dantas no Shooto Brasil 33, em luta que deveria apenas manter o brasileiro em atividade. Pois, para surpresa de muitos, o havaiano pegou o campeão do Bellator num contragolpe com um gancho de direita violentíssimo, mandando Dudu brutalmente nocauteado ao solo.

A inesperada vitória não só colocou Tyson no mapa como o catapultou para o top 10 dos galos de rankings conceituados como o do Sherdog. Depois de sair da ilha do Pacífico, ele passou um tempo na Team Quest e de lá foi levado por Mike Pierce para a Sports Lab, onde treina com o leve do UFC Pat Healy e o finalista do torneio dos leves do Bellator Dave Jensen. Sua base é na luta em pé, onde apresenta incrível poder de nocaute para a categoria e óptimo senso de contra-ataque.

Aos 29 anos, Nam é um peso galo grande, com 1,70m de altura. Ele apresenta cartel profissional de 12-4, com metade de suas vitórias acontecidas por nocaute, assim como metade das derrotas, ainda que não seja nocauteado há cinco anos. seu técnico principal é Phil Claud, ex-treinador da selecção olímpica americana de ciclismo.

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Assim como o adversário deste sábado, Moraes também era pouco conhecido da grande massa dos fãs de MMA. Isso até estrear no WSOF contra o ex-campeão do WEC e ex-top 10 peso-por-peso Miguel Torres. Com um belo arsenal de golpes na luta em pé, Marlon superou difícil luta e mostrou ao mundo que é mais um talentoso peso galo a surgir no MMA.

Duas vezes campeão brasileiro de muay thai, modalidade que treina desde os 9 anos com Anderson França, Marlon é amigo, parceiro de treino na The Armory e conterrâneo de Edson Barboza. Começou a treinar jiu-jítsu aos 15, ainda no Brasil, com Marcelo Motta e Flavio Serafim, e chegou à faixa marrom na arte suave nas mãos do lendário Pablo Popovitch, moldando o típico estilo brasileiro de lutar MMA. Inteligente e veloz, passou um tempo treinando com Frank Edgar e Ricardo Cachorrão, desenvolvendo ainda mais o seu jogo, principalmente na luta agarrada e nas defesas de quedas.

O “mini-Edson Barboza” tem 24 anos e três centímetros a menos que o oponente. Deixando para trás um cartel de 30-1 no muay thai, “Marlinho” ostenta retrospecto de 9-4-1 no MMA, com vitórias igualmente divididas em nocautes, submissões e decisões. Nunca perdeu por decisão, tendo sido nocauteado duas vezes no Shooto Brasil, uma delas aceitando a luta mesmo doente, e finalizado duas, já nos Estados Unidos, a última pelo celeiro de talentos Ring Of Combat.

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Este combate tem um cenário prévio parecido com a luta principal, com um lutador de forte pegada (Nam) contra um striker versátil e talentoso (Moraes). O nocaute é um fim bastante possível, mas não deve ser o que acontecerá em Atlantic City.

Dificilmente Marlon vai se expor como Dantas fez contra Nam. Até mesmo por ser mais técnico na troca de golpes, o brasileiro deve usar combinações com chutes baixos para definir a distância, minar a movimentação do rival e impedir sua aproximação para um contragolpe violento. O brasileiro tem poder de nocaute, mas a aposta é numa vitória por decisão unânime.



Paulo Fernando Filho (BRA) vs David Branch (EUA)

O fã mais recente pode não acreditar, mas um dia Paulada foi um dos melhores pesos médios do mundo, considerado inclusive uma ameaça a Anderson Silva. Porém, para infelicidade do carioca e do próprio MMA, depressão e vício em remédios minaram a carreira promissora de um dos mais talentosos grapplers que o MMA já viu.

Faixa preta do exército do mestre Carlson Gracie, Paulão não é só um monstro das quedas e verdadeiro carrapato na luta agarrada, estilo que é muito ajudado pela baixa estatura (1,72m) e muita força física. Seu queixo de titânio e o coração gigante permitem que ele se aproxime e encurte a distância de qualquer jeito, até mesmo contra um pegador da estirpe de Melvin Manhoef, o lutador com a maior taxa de vitórias por nocaute da história do MMA. E, acreditem, ninguém em sã consciência quer alguém como Paulão cinturado.

Campeão do WEC, invicto em 16 lutas, Paulão viu seu mundo começar a desmoronar quando concedeu revanche a Chael Sonnen e, irreconhecível, foi dominado e derrotado depois de não bater o peso. Não migrou para o UFC e fez o nome de Ronny Markes e Marcos Rogério Pezão, além de ter sido massacrado pelo fraco Norman Paraisy e beneficiado por um erro grotesco de julgamento contra Satoshi Ishii. Desde a derrota para Sonnen, o cartel de Paulão virou 23-4-2. Catador de braços de elite, ele finalizou dez oponentes e ganhou de outros dez por decisão.

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Entre suas duas vitórias em fracas lutas no UFC, Branch conheceu duas derrotas duras. Na estreia, contra Gerald Harris, foi violentamente cravado no chão e nocauteado com um slam. Três lutas depois, virou estatística ao sucumbir a uma chave de joelho de Toquinho. Foi cortado e, desde então, venceu três em quatro, derrotado por Anthony Johnson no Titan FC 22.

Faixa preta de Renzo Gracie, com quem treina há mais de dez anos, Branch é bom de guarda e já conquistou alguns títulos de jiu-jítsu em seu país, mas não tem jogo para assustar os grandes nomes. Na luta em pé, é limitado e pouco agressivo, usando mais os golpes em linha reta, mas apresenta relativamente boa defesa de quedas.

Branch é fisicamente muito maior que Paulão, com 1,85m de altura e longos braços. Porém, sua estrutura muscular é menor e pode ter problemas caso o brasileiro incorpore o trem expresso. O americano tem cartel profissional no MMA de 11-3, com 1-0 no WSOF, contra o também ex-UFC Dustin Jacoby. Dave tem quatro vitórias por nocaute e três por submissão, mas não força os tapinhas de um oponente há três anos.

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Nos velhos tempos seria até piada um confronto como este. Paulão não levaria mais de três minutos para levar outro braço para casa. Mas os tempos são outros, mais sombrios para o brasileiro, que chegou inclusive a ter a chegada a Atlantic City atrasada por mais uma crise de pânico.

Nestes termos, é impossível imaginar qual Paulão estará em ação. Se estiver em condições decentes, deve conseguir finalizar o oponente. Mas o mais provável é que ele seja controlado por Branch, que deve levar por decisão.

Aaron Simpson (EUA) vs Joshua Burkman (EUA)

Vindo de duas derrotas nas últimas três lutas, as duas mais recentes já como meio-médio, Simpson viu seu contrato com o UFC acabar. Ele não chegou a ser demitido, tampouco recebeu nova proposta de renovação.

Integrante da prestigiosa Arizona State University, onde conheceu os amigos Ryan Bader e CB Dollaway quando assistente técnico, “A-Train” foi duas vezes all-american na luta olímpica, conquistando mais de cem vitórias na Divisão I da NCAA. Apesar da óptima credencial, Simpson é um daqueles que pegou gosto pelo nocaute e, por conta disso, passou a lutar mais na troca de golpes, o que se mostrou um erro em diversas ocasiões. Ainda assim tem óptimo poder de nocaute, haja vista o belo knockdown que aplicou no gigantesco Ronny Markes.

Veterano de 38 anos, Aaron tem 1,83m de altura e 1,90m de envergadura, mudando de um pequeno peso médio para um grande meio-médio. Ele fundou a Power MMA Team com Bader e Dollaway. Seu histórico profissional no MMA conta com doze vitórias e quatro derrotas. Metade das vitórias aconteceram por nocaute e apenas o primeiro oponente da carreira foi finalizado. Simpson sentiu o peso dos punhos de Mike Pierce e Chris Leben, além de ter sido derrotado por decisão pelos grapplers Ronny Markes e Mark Muñoz.

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Desde sua demissão do UFC, em 2008, Burkman venceu seis das sete lutas que disputou, tendo sido derrotado apenas pelo talentoso prospecto Jordan Mein, que estreou no UFC no último sábado. Na primeira edição do WSOF, mesclou boas combinações com quedas e venceu Gerald Harris por decisão.

Ex-participante do TUF 2, onde venceu Melvin Guillard, mas não conseguiu seguir na competição, Burkman começou no wrestling escolar, onde dividia o tempo com o beisebol e o futebol americano. Quando decidiu se dedicar ao MMA, integrou a Team Quest de Portland, onde treina com Chael Sonnen. Desde a demissão do UFC, mudou o esquema de treinamento e passou a dar maior ênfase ao kickboxing, colhendo os frutos em suas apresentações posteriores.

Josh tem o apelido de “Guerreiro do Povo” e mede 1,78m de altura, com dois centímetros a mais no alcance. Seu cartel profissional é de 24-9, com 1-0 no WSOF. O lutador oriundo de Utah conseguiu nove triunfos por submissão e cinco por nocaute. Refletindo bem a sua equipe, foi finalizado em cinco lutas, mas jamais foi nocauteado.

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Para controlar o agressivo Harris, Burkman usou bem os chutes baixos. Esta ferramenta será muito útil contra Simpson, um wrestler mais gabaritado.

Caso Josh não consiga impor a distância (longa, de preferência), terá sérios problemas com o clinch do oponente. Além do dirty boxing, Simpson gosta de derrubar e trabalhar no ground and pound e pressão por cima. Dependendo de qual lado a balança penda, o vencedor por decisão será determinado. Mas o mais provável é que Aaron tenha o braço levantado ao fim do combate.

Gesias Cavalcante (BRA) vs Justin Gaethje (EUA)

Assim como Paulão, JZ um dia foi um dos melhores do mundo de sua categoria, chegando a ficar quatorze lutas invicto. Diferentemente de Paulão, foram seguidas contusões que o tiraram da elite da divisão mais embolada do MMA mundial.

Na época em que conquistou dois torneios no K-1 Hero’s, Gesias dividia com BJ Penn e Shinya Aoki o posto de melhores do mundo da divisão. Faixa marrom de jiu-jítsu, com origem no judô, o brasileiro é dono de boas quedas, mas desenvolveu um belo poder de nocaute através do boxe.

Gesias ainda nem completou 30 anos, mas as seguidas contusões e longas inatividades o deram um ar de veterano em fim de carreira. Apesar de os resultados recentes mostrarem isso (são apenas três vitórias nas últimas dez lutas), o integrante da Blackzilians tem talento para reverter a situação. Seu cartel actual é de 17-6-1, com 1-0 no WSOF (uma finalização como nos velhos tempos, em pouco mais de um minuto, contra o ex-UFC TJ O’Brien). JZ finalizou oito lutas e nocauteou em cinco delas. No meio da má fase, sofreu sua única derrota por nocaute para o peruano Luis Palomino, em luta de resultado difícil de acreditar.

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Praticante de wrestling desde os quatro anos de idade, primeiro all-american da University of Northern Colorado na Divisão I da NCAA, Gaethje estreou no MMA amador sem jamais ter treinado outra modalidade, aceitando o convite apenas por ser fã do novo desporto. Venceu a luta, gostou do que fez e passou a se dedicar ao MMA.

O movimento que lhe rendeu a vitória na estreia como amador acabou virando sua marca registrada. Em praticamente todas as lutas, Gaethje tenta cravar os oponentes no solo, normalmente começando o movimento como se fosse encaixar uma guilhotina. Ele é integrante da Grudge Training Center, equipe liderada por Shane Carwin.

Aos 24 anos, Gaethje tem 1,80m de altura e já lutou na categoria de cima, quando conquistou o cinturão dos meios-médios no Rage in the Cage. Ele está invicto em sete lutas profissionais (depois das seis vitórias como amador), tendo nocauteado cinco oponentes, inclusive o ex-UFC Drew Fickett em apenas 12 segundos, com duas pancadas no queixo.

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A impetuosidade e a marra (no bom sentido) de Gaethje podem fazer com que ele derrube JZ e o aperte contra o solo. Mas o mais provável é que isto só ocorra se o brasileiro continuar com os pés encravados na lama da má sorte. Em condições normais, a experiência de Gesias fará com que ele use seu boxe para controlar a distância e conquistar a vitória.

Antevisão original de MMA-Brasil 
http://www.mmabrasil.com.br/

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