Slobber Knocker #50: Rescaldo da Wrestlemania XXIX
E dou-vos as boas-vindas a mais num Slobber Knocker! Como
prometido, é da Wrestlemania XXIX que venho falar, que tenho a certeza absoluta
que ainda não se falou o suficiente. Portanto aqui fica a minha revisão.
Até vou começar de forma muito geral. O evento foi bom, só
não foi nada de extraordinário. Aliás, a ressaca deste fim-de-semana é mais do
Raw do dia seguinte do que da própria Wrestlemania. Mas fazendo as devidas
análises, foi um evento acima do satisfatório, pelo menos a nível pessoal. Até
porque eu nem sou daqueles que cria hypes gigantes antes das coisas. Mas
vejamos cada combate:
The Miz derrota Wade Barrett no pré-show pelo título
Intercontinental e ganha o título
Nada de especial mas dentro do esperado. Um combate para
aquecer, para testar o chão do ringue. E saiu o suficiente, podia ter
acontecido noutro palco qualquer mas quiseram que fosse um “Wrestlemania
moment” para o Miz. Confesso que não estava, de todo, à espera e tinha apostado
na vitória de Barrett. Enganei-me e quiseram mesmo encurtar o reinado do
Inglês. Um bom spot final, para quem se vê à rasca para atinar com a execução
do Figure Four, como é o caso de Miz, até arranjou uma maneira interessante de
o sacar do nada e tê-lo preso quase como deve ser – ele já o fez pior. Serviu
para abrir o apetite do que viria a seguir.
No futuro: O futuro foi logo no dia seguinte. Novo reinado
para o Miz? Um dia chega! Wade Barrett já recuperou o seu título no fantástico
Raw do dia seguinte, num combate ligeiramente superior, tornando-se assim
Campeão Intercontinental por 3 vezes. Miz mal saboreou o seu segundo reinado. A
feud deve prosseguir quiçá, até ao Extreme Rules, onde fecharão a rivalidade de
uma forma mais agressiva. Já agora, que siga o título em Barrett, que não há
necessidade de andar aos saltinhos…
The Shield
derrotam Randy Orton, Sheamus e Big Show
Não foi a heel turn de Randy Orton, mas parecia. Aliás,
vendo a entrevista de Big Show no Pós-Show… Ele tem razão. Logo foi algo
confusa a forma como trabalharam o “Big Show retorna a heel como sempre foi”.
Ao longo do combate era ignorado pelos seus parceiros e teve que ser ele mesmo
a inserir-se no combate, quando afinal de contas ele era a tal arma secreta, a
bomba que poderia finalmente destruir os Shield. O momento heel de Randy dá-se
quando este também se insere no combate num “chega para lá” autêntico a Big
Show, acabando em derrota. Portanto até acho que o Big Show tinha razão – e ele
ainda falou daquele spot de sacrifício que até gostei, o arremesso, o “triple
spear”. Mas o combate em si foi de qualidade. Nem os Shield conseguem
apresentar algo abaixo disso. Um pequeno susto quando vimos Seth Rollins a ir
de cabeça contra a barreira, mas o gajo é rijo, é como se nada se tivesse
passado. Bem desenvolvido e bem concluído. Como os “RKO outta nowhere” são
sempre apreciados pelos fãs, deu para haver um sem que definisse o resultado e
ganhou quem devia ganhar. Que continuem a crescer que as coisas gigantes que o
futuro guarda para estes moços começa já aqui!
No futuro: Pelo que deu a entender no Raw, a equipa heróica
já implodiu e é capaz de haver turras, todos contra todos e não Big Show contra
os outros. Até se vai formando um ambiente para a tal Heel turn de Orton que
tanto ele como nós esperamos. Uma Triple Threat com algum prémio no Extreme
Rules se calhar até encaixava. Já os Shield parecem estar de olhos voltados
para os títulos de Tag Team, algo que lhes ficaria bem: ouro à volta das cintas
– ou latão ou chapa ou lá o que aqueles cintos parecem. Confio na sua conquista
dos cintos no Extreme Rules e quem sabe depois disso as desavenças se resolvam
com… Undertaker!
Mark Henry derrota Ryback
“Boring!” foi o que se ouviu a ecoar pela arena fora. E
realmente não utilizaram a melhor forma de desenvolver o combate. O que se
esperava era força bruta, destruição, caos. Coreografaram mais à volta de holds
lentos e bear hugs intermináveis. Logo os cantos não eram de se admirar nem de
se questionar. Foram poucos os momentos em que se deu asas à parte mais caótica
e só ao fim é que se deu a tal prova de força com mais um final em que me
enganei. Afinal Ryback deitou-se para Mark Henry, só não foi às boas, teve que
ser de uma maneira extrema – foi praticamente o peso do Mark Henry sobre a
cabeça e ombros, não é brincadeira nenhuma – e seguido de uma recuperação
rápida em que consegue então o tal Shellshock que todos esperávamos neste
palco. Mas às custas da tentativa de tentar desenvolver o combate de uma forma
que outros conseguiriam mas este não eram os indicados… Saiu daqui o combate
mais fraco da noite…
No futuro: Ainda está no ar. Na mira parece estar o título
da WWE. Não sabemos se as desavenças entre os dois são para continuar… E ainda
mal se sabe se o Ryback virou Heel definitivamente ou não – atacar o Cena hoje
em dia não é a melhor maneira de obter heat. Mas no caso de ausência de The
Rock no Extreme Rules já andavam aí a correr cheirinhos de Cena vs Henry vs
Ryback. Há potencial aí?
Team Hell No derrotam Dolph Ziggler e Big E Langston pelos
Tag Team Championships e retêm os títulos
Mais uma aposta minha que saiu ao lado. Mas esta é a que
menos me faz diferença. A ideia de Ziggler ser um duplo Campeão era mais um “e
se fosse?” do que um “é capaz de acontecer”. E já sou fã dos Team Hell No desde
o início e mantém-se. Desenvolveram o combate de forma normal sem se esticar
muito e foram dando uso aos talentos de cada um. Bom uso dos dotes de Bryan e
Ziggler – mas podia ter havido muito mais, claro – da ameaça que podia ser Big
E. Langston – romper pins com um splash é de homem – e do bom trabalho em
equipa de Kane e Bryan após muito tempo como disfuncionais. Só é pena que AJ
tenha feito pouco. Bom mas podia ter sido melhor, claro. Satisfeito com o
resultado e como foi obtido.
No futuro: Acho que o Ziggler agora tem mais com que se
preocupar… Digo eu… E aquela plateia eufórica do Raw com um dos maiores pops
que eu já vi em muito tempo assim que a sua música toca a avizinhar um cash-in
– e quando ele ganhou, então… Quanto aos Team Hell No, já falei neles
anteriormente e são capazes de estar de mãos cheias com os The Shield… E às
tantas ainda lhes vai correr mal…
Fandango derrota Chris Jericho
IT’S FAAAAAHN… DAAAAHN…. GOOOOOOOO! Este tipo agora é a
loucura. E eu já era fã dele ainda desde as vinhetas e sou cada vez mais. Jericho
também deve ser pois não esteve com meias medidas e foi logo colocá-lo over no
grande palco que é a Wrestlemania – a estreia de Fandango. Gostei do combate e
da forma como foi desenvolvido e vendido – é certo que não foi aquele “show
stealer” para o qual tinha potencial. Fandango fartou-se de levar porrada por
uma razão muito simples… Estava a estrear e contra um lendário veterano como
Jericho. Numa situação mais realista se calhar até estava arrumado em 2
minutos. Mas venderam Fandango como persistente, teve os seus momentos a
mostrar que de amador só em contagem de dias… E a enorme “surpresa” que foi
conseguir roubar uma vitória. Antes cantava-se “You can’t wrestle”, o que era
absolutamente ilógico, já todos sabíamos que ele sabe lutar – e quem cantava
isso não eram os mesmos que votaram nele para ganhar a 4ª season do NXT? – e
agora canta-se o seu tema de entrada… Algo que se tornou um fenómeno do qual
não parece haver memória de já ter acontecido semelhante na história da WWE.
Que não pare de crescer este Fandango…
No futuro: Jericho quer-se vingar, obviamente. Vai das
sortes ainda há algum dance-off. Mas não me parece. E que se faça festa ao som
do tema do Fandango que eu apoio a “Fandango Revolution” com toda a força. E de
forma muito simples… Duh duh… Duh-duh du-duh-duh Duh duh… Duh duh-duh-duh-duh….
Alberto Del
Rio derrota Jack Swagger pelo World Heavyweight Championship e retém o título
WE THE PEOPLE! Um dos combates que eu mais esperava também.
Não ia ser dos combates da noite e estava bem posicionado. Depois dos combates “menores”
de midcard e antes das rivalidades épicas – a construção lógica de um card mas
eles nem sempre fazem isso. Também é capaz de ter ficado a saber a pouco para
alguns, mas não vejo o que tenha ficado a faltar. Mais tempo para mais falsos
falls? Tempo não parecia haver algo que tivessem muito e souberam aproveitar o
que tinham. O Zeb Coulter até se vestiu para a ocasião e tudo. Mas foi um bom
combate equilibrado, vimos o seguimento lógico de trabalho em áreas específicas
– para o finisher de cada um – e não creio que Swagger tenha ficado a parecer
fraco. Não tinha uma junção de nomes tremenda mas tinha um título importante e
fizeram-no valer mais do que no ano passado. Também não era suposto ser o
combate da noite.
No futuro: Já parece estar arrumado. E porquê? Porque o
cinto está à volta de uma cintura merecidíssima! Ziggler e Del Rio vão andar a
tratar dos seus problemas ao longo dos próximos dois meses, talvez. Já Swagger…
Não sei para onde se quererá virar… Para o título dos Estados Unidos na posse
de um Suíço? Teriam que virar Cesaro face, logo não me parece…
The Undertaker derrota CM Punk e mantém a streak
Não devem haver grandes dúvidas. Combate da noite aqui
mesmo. E era o esperado. Tanto o resultado como a qualidade do combate. Muito
bem trabalhada também a possibilidade de CM Punk conseguir suceder e tínhamos
momentos em que Punk prosseguia com os seus jogos mentais para entrar na cabeça
de Taker ou até mostrar-se fisicamente dominante ao ponto de conseguir
incapacitar o Dead Man o suficiente. Isto apenas uma porção deste combate
repleto de psicologia, emoção, expressão e bom timing. Combate de nos colocar
na beira da cadeira e de causar um salto de vez em quando. Já sabia à
Wrestlemania. O resultado era o que se esperava e foi um 21-0 que deu gosto…
No futuro: Undertaker não tem condições para ser lutador
full-time mas parece estar em melhor forma este ano e é capaz de aparecer mais algumas
vezes. Já teve um angle com os The Shield e talvez o resolva. Já Punk, fala-se
numas curtas férias que até são merecidas. Poucos ali dentro trabalham tanto
como ele. Assim que regresse é para continuar a ser brutal… Fica por saber com
quem…
Triple H derrota Brock Lesnar num No Holds Barred e mantém a
sua carreira activa
Outro combate que esperávamos que fosse de elevada qualidade
era este. Mas para ser sincero, pessoalmente superou as expectativas, superou o
combate do SummerSlam e até ficou próximo do embate entre Punk e Undertaker.
Talvez pela estipulação “No Holds Barred”, talvez pela história mais intensa
entre os dois que já se formou recentemente, talvez porque estava lá Shawn
Michaels ou talvez simplesmente porque eles fizeram ainda melhor desta vez. Mas
o certo é que entre o Punk vs Undertaker e este houve pouco tempo para ficar
confortável na cadeira, porque este já foi de causar ressaltos outra vez.
Características semelhantes às do combate anterior que eu não quero voltar a
enumerar para não me repetir, um bom uso de tempo, Lesnar doentio como sempre,
equilíbrio suficiente para deixar ambos a parecer fortes e um inteligente uso do
Kimura por parte de Triple H que deu origem a uma boa secção psicológica e
emocional do combate. O vencedor era outro que também já sabíamos desde o
início e não era aqui que ia haver muito espaço para imprevisibilidade. Siga a
carreira de Triple H então!
No futuro: Supostamente Brock Lesnar ia-se meter em
problemas com The Rock. Depois do pandemónio antes do último Raw deve ter
ficado em banho-maria. Triple H… Veremos se vai ser assíduo em TV ou se vamos
sentir o seu efeito mais no backstage… Entre estes dois já deve estar tudo
resolvido…
John Cena derrota The Rock pelo WWE Championship e ganha o
título
E aí está, o astrológico combate… Que foi o que mais
desiludiu. Eu mesmo não fiquei totalmente agradado com o combate e não foi pelo
resultado. Ganhou quem eu esperava. Foi mesmo o combate em si. Primeiro ponto:
foi inferior ao do ano passado. E nem se deram ao trabalho de mudar alguma
coisa na estrutura, foi o mesmo combate. Ou seja, fizeram praticamente a mesma
coisa mas mais fraca. Segundo ponto: a forma como acabou foi insossa. Não, não
venho com a história de Heel turns e isto e mais aquilo, foi mesmo uma vitória
tão simples que até tirou o hype todo que as falsas falls anteriores tiveram. “Meu
Deus, eles já fizeram tudo o que havia para fazer e resistiram! O que resta
fazer? Ah OK, continua a insistir e afinal dá.” Não deixou grande sensação no “paladar”.
Terceiro ponto: se alguém estiver bem empenhado em mostrar que ambos são
limitados na sua habilidade em ringue, bastava colocar este combate a dar.
Chegou a um ponto que era apenas uma troca de finishers e perdi a conta da
quantidade de Rock Bottoms que houve. Fazer kick out a um finisher é algo que
nos apanha de surpresa, que nos faz dar um salto e que deixa no ar a questão “Então
o que é necessário?”. Aqui já não se estava a fazer outra coisa e começou a
cair no ridículo, quase que se estava a tornar numa paródia de si mesmo. Muitos
factores negativos a apontar a um combate com a responsabilidade de fechar o
maior evento do ano.
É claro que também teve os seus momentos, havia ali uma boa
química entre eles para criar uma atmosfera com emoção e teve spots bem
pensados como o paralelismo com o final do ano passado a revelar-se como uma
armadilha de John Cena que até lhe ficou bem – não lhe tivessem as coisas
corrido mal e originado por aí o 29º Rock Bottom da noite. Mas pronto, parece
ter exposto um pouco as suas limitações ao trabalhar um com o outro, o que
parece não combinar muito bem – e dou um exemplo em comum, ambos trabalharam
mais que um combate com CM Punk de fantástica qualidade e diferentes… Apenas os
dois juntos não resulta assim tão bem.
O final, optaram pelo final com classe, com o respeito entre
ambos, a celebração mútua, um subtil passar de tocha – tardio para caramba –
que Rock negou fortemente uns dias antes. Uns preferiam algo mais agressivo,
houve isto. Não foi este pós-combate o pior a extrair deste main event.
No futuro: Vamos lá a ver se The Rock recupera a tempo do
Extreme Rules, para o “Once in a Lifetime, Best out of 3” – achei piada a essa,
sim. Depois disso, veremos onde as suas aparições esporádicas o levam. O tal
conflito com Lesnar já mencionado está como já disse. Já Cena, parece que é
para continuar igual, mas… O raio do gajo até estava divertido no Raw seguinte.
Prova de que ele nem precisa de virar Heel para ser entretido, se for um
pouquinho diferente do Superman infantil que é normalmente ele consegue ser
engraçado. O Cena “troll” com umas piadas mais espontâneas – e com ajuda de uma
boa plateia – foi capaz de me puxar umas risadas sinceras. Mas veremos onde é
que dá.
E é isto que tenho a dizer acerca da Wrestlemania. Para a
semana este assunto já deve ter arrefecido e já não devo ter mais nada para
dizer acerca dele. Até lá, este espaço pertence a vós e às vossas opiniões,
acerca dos combates, acerca do que eu acho de cada combate. O costume. Até lá
desfrutem!
Cumprimentos,
Chris JRM