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Slobber Knocker #51: A noite dos campeões falhados!


Bem-vindos a todos a mais um Slobber Knocker! Dois feitos temporais que já consegui com este espaço. Há cerca de um mês atrás, mais coisa menos coisa, completei um ano a trabalhar nesta rubrica. E agora começo a segunda metade da primeira centena de artigos, veremos se a chegarei a completar. Como um rápido rescaldo dos primeiros 50 artigos, só posso estar grato pela atenção e feedback que tenho recebido da vossa parte. É gratificante saber que tenho onde expor algumas ideias e algum trabalho escrito e ter reacções maioritariamente positivas. Obrigado a todos e que venham 50 mais se vocês assim permitirem.....

Agora então avanço para o assunto pretendido. Foi possível notar uma coisa neste último Monday Night Raw. Aquilo foi um pandemónio de derrotas de Campeões. Uma com o título em jogo. Outras com um sabor a retiradas do chapéu à pressa. Apenas me lembro de ver os Campeões de Tag Team a singrar com sucesso e até o Campeão da WWE que não competiu, concluiu o episódio deitado no chão a olhar para o ar.

Mas afinal o quão correcto está isso? Analisando os casos, um a um, pretendo expor algumas ideias que talvez possam debater.

Kofi Kingston a novo Campeão dos Estados Unidos


Talvez o que dê mais pano para mangas e não propriamente por ser o melhor pensado. Logo o principal, sem necessitar de me debruçar muito no assunto, é que isto foi muito apressado. Não se sentiu grande tensão entre os dois, pouca razão para além de “bati-te na Sexta-Feira passada”, pouco build-up, nenhum fio condutor em história porque nem história houve sequer. Parece mesmo um combate só para manter o Campeão quente. Mas perde o título. Já por aí será um pouco agridoce.

O que mais diferença me faz: Kofi Kingston não é, nem de longe, o lutador ideal para ser Campeão actualmente. O desgraçado andou a jobbar pura e duramente nos últimos meses. Apenas era um jobber mais glorificado por ter alguma reacção dos fãs e por já ter alguns títulos no currículo. Um lutador com dificuldade em encontrar-se concretamente no meio do plantel. E isto já não vem dos últimos meses, já vem de há muito tempo. E após andar a perder durante meses, uma vitória coloca-o de imediato na caça a um título. Não é, a meu ver, a mais ideal construção de um candidato a um título.

Outro pormenor que não favorece Kofi é a pouca evolução. Este já é o seu terceiro reinado como Campeão dos Estados Unidos mas este cinto parece trazer gravado em letras miúdas a mensagem “mais um título do midcard porque ainda não sabemos o que raio fazer contigo”. Porque dá a sensação de ser isso. Nota-se que a companhia gosta dele porque continua a fazer disto para o manter notável e não haja dúvida de que ele é muito bom e é um atleta extraordinário – só não dá cartas noutras áreas necessárias como ao microfone – mas não ata nem desata, anda ali a vaguear. E este título parece mais um “pega lá, até sabermos o que fazer contigo”. Aquela heel turn que chegaram a discutir até era capaz de ter algum efeito… Experimentem…

Agora a outra parte que me incomoda: Antonio Cesaro. Algo que eu sempre repetia a mim mesmo quando via o Cesaro em acção: “Don’t drop the ball with this guy”. Era a minha mensagem telepática para a WWE a pedir-lhes para que não façam asneiras com o Suíço. O tipo é bom demais para ser desperdiçado. Infelizmente comecei a vê-lo a somar derrotas. Comecei a vê-lo a não ser incluído em angles relevantes. Comecei a vê-lo a ser deixado de fora, inclusive da Wrestlemania. E o que repetia na minha cabeça ainda era “Please don’t drop the ball with this guy” mas lá no fundo já estava a admitir “Dammit, you dropped the ball!”. Demasiado talento em Cesaro para que se deixe cair e este reinado devia ser um degrau para prosseguir atrás do título Mundial a seguir. E não retirar-lhe o título porque já vai em queda galopante.

O que fazer a seguir com Cesaro? É certo que ele é suficientemente bom para recuperar a passada, afinal de contas a sua ascensão foi bastante rápida. Mas por esta altura ele já devia era ter planos maiores em vez de ter que “fazer tudo outra vez”. Não há sítio para ele na cena do título Mundial? Colocava-se a aquecer com um “upper midcarder” até ter lugar. E um Cena vs Cesaro pelo título da WWE ia soar precipitado mas ia ser lindo – que o Cena quando emparelhado com um worker 5 estrelas também fica 5 estrelas ou lá perto – mas também não era o ideal ainda.

Não sou nenhum profissional e não passo de mais um espectador assíduo, logo não me vou armar em esperto e dizer como é que as coisas deviam ser feitas. Até porque neste caso também não tenho a certeza, eles mesmo se encurralaram no que toca à criatividade neste título. Mas veremos o que fica em aberto para ser feito agora.

Potenciais adversários para Kofi Kingston pelo título:


- Fandango
- Big E Langston
- Cody Rhodes
- Damien Sandow (algum destes dois no caso de separação da equipa)
- Michael McGillicutty (faltava era um push visível antes)
- Ted DiBiase (talvez com um novo heel turn e um refresh se quiserem fazer alguma coisa dele, senão este está aqui está na rua)
- Zack Ryder (situação semelhante/igual ao anterior)
- Christian (sugiro esta para um Kofi heel)
- Jack Swagger (só por razões de personagem e por ter pretexto para criar uma história, porque passar do título Mundial para este tão seguido não ia ficar muito bem)


Potenciais adversários para Antonio Cesaro no upper midcard:

- Alberto Del Rio
- Chris Jericho (precisa-se alguém para colocar alguém over?)
- Christian (quero é que ele venha!)
- Randy Orton (a não ser que o virem Heel, acto do qual sou totalmente a favor)
- Sheamus


Só uns palpites que, para já, ainda não aleijam ninguém. Passemos a um outro caso:

A derrota do Campeão Intercontinental para R-Truth


Eu a pensar que ainda era Miz que andava de volta disto e agora já nem sei se querem meter algo pelo meio. Se for para continuar com Miz e ter aqui esta derrota do Campeão pelo meio só porque sim, está incrivelmente mal feito. Se for para fazer R-Truth avançar para a caça ao título, muito bem feito também não está. Por razões muito simples. Primeiro, é outro caso apressado, nem deixa haver grande bife entre os dois. A feud entre Wade e Miz, por exemplo, tinha já muito heat entre eles. Aqui seria outro “bati-te, agora quero um campeonato”. Ou seja a mesma situação que Kofi. E não é só aí que está na mesma situação que Kofi. R-Truth é um bom exemplo de alguém que está tão perdido no plantel como Kofi. Aliás, para confirmar as suas semelhanças em termos de falta de consistência, os dois chegaram a ser juntos numa tag team que chegou a conquistar os títulos. Junção sem grande razão, mas sempre há quem também veja factores raciais na origem desta aliança e, quem sabe, também o poderá ser.

Para além de tudo isso, também não me parece que R-Truth esteja ao nível do título Intercontinental, pelo menos por enquanto. E lembro-me perfeitamente de ele ter sido candidato ao título da WWE mas isso aí apanhou a sua melhor fase, o seu melhor “reboot”, a sua melhor gimmick, os seus melhores momentos. Esse R-Truth já via melhor numa caça ao título. Mas após a sua Face Turn – não imediatamente, ele ainda mantinha alguma piada ao início – foi perdendo impacto e até a piada. E deixaram que se perdesse. Daí que não veja este R-Truth que descuidaram como um potencial candidato ao título Intercontinental. Por essas razões apenas, não lhe tiro absolutamente nada no que diz respeito aos seus dotes atléticos.

Acredito que apenas quisessem usufruir do factor surpresa, ninguém esperava que ele sacasse dali uma vitória. Porque afinal, que outros candidatos para este título eu veria como mais adequados?

- The Miz (afinal está a valer ainda ou não?)
- Christian (eu já disse, eu quero é que ele venha!)
- Chris Jericho (já lá andou na caça mas pouco tempo)
- William Regal (ler Slobber Knocker #48, mas é claro que este é mais fantasia)
- Daniel Bryan (mais para a frente, se perder os títulos de equipas para os The Shield e regressar ao percurso a solo, vejo isto como mais que legítimo)


Outro caso que passou mais despercebido por ser uma divisão despercebida.

A derrota da Campeã das Divas para Nikki/Brie Bella


Em primeiro lugar, fico contente pelas mulheres estarem de volta ao Raw. A Campeã, coitada, para quem tem um cinto em sua posse, parecia que tinha que comprar tempo de antena em TV. Bem-vindas de volta.
Prosseguindo com o assunto, esta(s) lutadora(s) saindo como vencedora não me causa grande confusão. Aliás, listando potenciais contenders como fiz nos dois casos anteriores, iria incluí-las. Elas regressaram há pouco tempo, muito bem recebidas, normal que as queiram aproveitar. Que foi um bocadinho depressa e que parecem estar a ser pintadas como as salvadoras da divisão… Não é propriamente nelas que eu penso primeiro no que toca a esse assunto. Mas lá está, pormenores, não é por aí que vejo problema.

A única questão que aqui faz diferença é a de assuntos interrompidos. Tanta coisa que parecia que estava para acontecer e que não teve seguimento. Afinal… A questão com AJ que parecia estar encaminhada para a Wrestlemania ficou resolvida? É que não me lembro. Logo, fica aqui exposto o estado de desorientação e completamente sem pista no que diz respeito a bookar as raparigas – porque ainda não tínhamos percebido isso, lá está. E por falar em assuntos por resolver, eu acho que a Tamina é um assunto por resolver andante. Quando parece que vai finalmente andar para a frente, que é feito dela outra vez? O único problema aqui é o de assuntos pendentes. E que só mostra o quanto querem saber desta divisão, pelo menos na época pré-Wrestlemania. Concluindo: sim, as Bellas até têm lugar na caça ao título e faz sentido que lá se insiram. Só convinha que fosse depois de se arrumar outras coisas…

E acrescentando: Da maneira que foi feito, foi mais uma questão de “campeão sai derrotado esta noite”, neste caso campeã, o que se tornou em demasia neste episódio. Podiam trabalhar a rivalidade primeiro no backstage e começar a criar ali conflito entre elas. Parecendo que não, até é mais fácil fazer-se isso com mulheres. E até já tinham com quê, basta lembrarmo-nos daquele angle constrangedor com Cody e Kaitlyn… Lá está… Mais uma coisa que nunca se desembrulhou dali…

E quantas possíveis candidatas ao título afinal?:

- AJ Lee
- Layla (andava a fazer um tease para virar Heel, mas… Mais uma que não arrancou… São mesmo muitos os casos)
- Tamina Snuka (ler acima)
- The Bella Twins (lá está, não lhes tiro o lugar)
- Natalya (sem ser preciso virá-la Heel outra vez senão ela vira porco no espeto. Mas qualquer coisa que a tire da beira daquele cepo)
- Naomi (esta sim podia virar e emancipar-se daquele grupo. Qualquer coisa desde que se veja mais dela…)
- Paige (e nem duvido que ela quando estrear seja logo para facturar… ela ainda nem lá chegou e já está mais over que elas todas…)



E o outro caso que muito desagrado também causou:

A derrota do Campeão Mundial por Jack Swagger


Então ainda estamos todos a ressacar daquela fantástica conquista que decorreu no Raw pós-Wrestlemania, um dos mais históricos cash-ins só pela reacção… E o desgraçado já soma uma derrota. Mal deixaram passar uma semana completa. Um tipo que é suposto ser das maiores apostas no futuro da companhia, não devia estar a ser vendido como alguém cuja conquista do cinto foi apenas um golpe astuto, sem aquela mala, nada seria. Pelo menos para mim não me parece o mais bem feito.

Já li por aí de leitores – mais especificamente em comentários do “Mac in Touch” que tocou num assunto semelhante a este – que isto consiste num booking de um Campeão vulnerável. Não é mal pensado, não é descabido e vejo perfeitamente de onde a ideia vem. Afinal de contas, vejo a companhia a fazê-lo, logo não pode ser de todo ilógico. Apenas acho que não seja muito preciso haver Campeões vulneráveis actualmente. Principalmente neste Raw em que qualquer um que possuísse um cinto, nem que fosse só para segurar as calças, já estava vulnerável. Compreendo que seja para preparar o Triple Threat no Extreme Rules, mas, vou eu voltar-me a armar em esperto e apresentar uma forma alternativa de se preparar o Triple Threat – aqui não adianta listar vários possíveis contenders, ainda há assuntos grandes por resolver:

Jack Swagger não precisava de perder para Del Rio duas vezes. O plano consistiria em Swagger perder para Del Rio na Wrestlemania mas não no Raw seguinte. E agora vocês davam-me um calduço a dizer-me “então está errado que o Ziggler a Campeão perca mas se for o Del Rio já não?”. Não é bem assim, porque Del Rio não cairia assim às boas nem necessitava de perder. O combate com o Raw era o tal Handicap com Zeb Coulter e Del Rio já se via de mãos cheias ao ter que lidar com dois e apenas com uma perna. O combate eventualmente acabaria numa desqualificação ou num no contest assim que Coulter acabasse por interferir. Após o combate, Swagger procederia em prender o Patriot Lock em Del Rio sem largar, quase a partir-lhe o tornozelo a exigir um rematch. Assim que se via impossível que Swagger largasse, cabia a Teddy Long vir ao ringue e pedir a Swagger que largasse, que ele teria a sua segunda oportunidade no Extreme Rules. Swagger sairia satisfeito e orgulhoso. E Del Rio ficaria tão ou mais manco que o que já ficou na realidade. Deixa para Ziggler entrar e fazer o que já vimos a fazer. Ainda sentem que Del Rio fica por baixo nesta situação? Poça, nem que dê mais luta ainda que a que realmente deu no combate do cash-in. Ziggler sairia Campeão e tínhamos esse impasse: Del Rio tinha um rematch, a Swagger tinha sido prometido uma segunda chance.


A chance oferecida por Teddy Long seria sem o consentimento de Booker T e a ideia deste seria a de punir Swagger pela sua acção em vez de o recompensar. Logo as turras entre Teddy e Booker para dar na tal Heel Turn de Teddy Long também se podiam dar na mesma. E era neste calor do momento que Booker marcava a Triple Threat. A partir daí teríamos a troca de ataques e galhardetes que vimos até agora. O Ziggler vs Swagger podia acontecer na mesma mas Ziggler já não precisava de perder porque Swagger já tinha o seu lugar no combate do Extreme Rules. E pronto, nem que se amanhasse outro no contest, eles não têm medo de abusar desse final, não era agora que ia parecer mal. Swagger poderia tentar fazer a Ziggler o mesmo que fizera a Del Rio mas simplesmente não dava porque neste caso havia Big E Langston. Ziggler sairia abalado mas não derrotado esta semana e acabaria por recuperar “momentum” mais facilmente ao longo das seguintes… Enquanto se encontra de mãos cheias com dois adversários. Muito mais vulnerável que isso não deve dar para ficar…

Repito mais uma vez, isto sou apenas eu a falar. Em nenhum momento me estou a queixar que as coisas deviam ser assim ou assado, apenas despejo umas ideias. O profissional não sou eu.

Resta o último plano:

Ryback e/ou The Shield chegam a roupa ao pêlo a John Cena


OK, este é o único com o qual estou de acordo. Agora antes que venham atacar-me com “só porque é o Cena já está bem” eu vou fazer o que fiz com os outros casos todos, ou seja, explicar-me.

Para haver agora um candidato credível ao título de John Cena… Sim, convém que ele seja a “bitch” do mesmo por algumas semanas seguidas. Não, não é por ser o Cena, volto a dizer, nem é para fazer paralelismo ao ano de falhanços para Cena que foi o ano anterior. É exactamente o contrário. Este é o ano de redenção de Cena, ele acaba de derrotar The Rock! Ele já concretizou dois dos seus impossíveis… Cena está fortíssimo, qualquer candidato novo que lhe apareça vai parecer uma mera pedrinha no seu caminho que ele pode chutar para o lado. Para além de que a fasquia daquele título aumentou imenso, ele veio das mãos de um líder de uma era, um que consta entre os melhores de sempre. Antes disso, estivera nas mesmas mãos durante mais de um ano. Não seria qualquer um que iria parecer credível para exigir aquele cinto, Ryback não ia ter o suficiente. Portanto convém que ele se faça valer. E a melhor maneira é mostrando-se como uma verdadeira ameaça a Cena. The Rock não está disponível para o rematch para já e não deu tempo de construir um lutador verdadeiramente ameaçador? Faz-se agora. Nem que saia por cima de Cena através do factor surpresa. Primeira semana foi Ryback quem tratou do assunto. Na segunda foram os The Shield – o que também é aceitável pois eles são 3 e são a força mais imparável actualmente – enquanto Ryback assistia e deixava acontecer, sendo o superior e ganhando nos jogos mentais. Neste caso isto já dava jeito.


E é isto que tenho para vos apresentar esta semana. Espero que tenham gostado do tema e espero que dê pano para debate saudável. Cabe a vós agora concluir este assunto com as vossas visões no assunto, se acham que está correcto deixar tantos Campeões perder na mesma noite, se essas mesmas derrotas eram necessárias ou se estão bem feitas, se as minhas sugestões são lógicas ou nem por isso, o que é que vocês faziam nessas circunstâncias, etc. É ao vosso dispor. Para a semana a ver se cá estou de novo.

Cumprimentos,
Chris JRM
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