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Mac in Touch #34 - Extreme Rules – análise combate-a-combate (parte II)

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Mais um Mac in Touch, este a dar seguimento ao do "extra!" publicado na passada segunda-feira, estendendo a análise do Extreme Rules para os combates da segunda parte do evento e também uma avaliação do PPV em geral. 

Agradeço a receptividade à primeira crónica em termos de comentários, espero ler-vos mais reacções à segunda. ....

Extreme Rules – análise combate-a-combate (parte II)
Nota prévia: podem ler a primeira parte da crónica aqui.


Team Hell No vs Roman Reigns e Seth Rollins (Shield)

Já se esperava um combate frenético entre ambas as equipas e o início comprovou-o. Ambas descarregaram nos adversários toda a carga emocional acumulada desde há algum tempo (TLC, Dezembro 2012) para cá logo no início do embate e ainda bem que assim foi. A calmaria que se sucedeu justificou-se já que pouco tempo depois houve a explosão do público reagindo aos pontapés de Daniel Bryan com “YES” e “NO” característicos... que deram o mote para um final cheio de intensidade, assinalando uma psicologia de ringue notável.

A história dentro do combate não destoou muito da lógica e do bom senso, já que apesar de haver 2x2 em circunstâncias anormais, houve uma boa gestão do selling e do timing das manobras inseridas. Os únicos defeitos que se encontram estão: no excesso de “fita” mostrado por Roman Reigns ao DDT sofrido por Kane logo no início do combate; no arremesso de Kane aos dois lutadores adversários para fora do ringue quando os tinha agarrados pelo pescoço e podia executar perfeitamente o seu finisher. Este último acaba por ser um erro um bocado grave pois poderia sentenciar o combate e revelou-se ilógico, para as intenções de Kane, não o fazer.

O entrosamento é, naturalmente (para quem já luta há algum tempo junto e dada a qualidade dos intervenientes), muito bom.







Total: ***


Big Show vs Randy Orton

O build era consistente em termos lógicos, os dois lutadores são bem recebidos entre o público pelo tempo que levam “no ecrã”, mas a aparente falta de vontade de ambos por se tratar de mais uma rivalidade e apenas mais um combate parece ter reduzido um pouco a antecipação do mesmo. Isso, e também a sensação de que o que estávamos a ver não fugia à vulgaridade e, mais grave, chegava perto do repetitismo.
Esses antecedentes condicionaram o combate em si para quem via de casa, mas não quem estava dentro da arena... afinal, Randy era o menino da casa e tinha o público por trás dele.

A psicologia de ringue inserida nos combates por Randy Orton (e pode-se dizer que foi ele que o guiou) não é aquela que mais aprecio – ele começa com intensidade bruta, chamando o público ao mesmo, mas depois acaba por entrar num momento de menor energia, gerando-se o ascendente que termina com o RKO final. Este não fugiu à regra, e durante o momento em que tirou o pé do acelerador acabou mesmo por parar. O domínio de Big Show não foi intenso e não contribuiu para que se mantivesse uma energia que “obrigasse” ao acompanhamento do combate.

Quanto à lógica, nada a dizer. São dois lutadores experimentados, que sabem o que fazem, é normal que a linha do que é credível não lhes fuja... embora não houvesse “swerves” que contirbuissem para um storytelling superior à normalidade.

No geral, o combate beneficiou do facto de o público ter aderido em massa ao mesmo.







Total: **1/4


John Cena vs Ryback

O tal “big fight feel” de que Michael Cole falou não foi dito por acaso (venda do próprio combate), mas também não constitui qualquer tipo de mentira. O combate foi construído para sê-lo e o público aderiu muito bem ao mesmo. Antes deste acontecer já havia esse sentimento e a “vitória” deste combate começou aí mesmo.

É suposto vermos Ryback como um monstro implacável, um poço de força... e isso foi muito bem evidenciado desde o início do combate com demonstrações da superioridade física do “esfomeado” sobre Cena. Foi mostrando isso mesmo com shoulder block’s que deixavam Cena no chão e as respostas do seu adversário, apesar de fazerem algum efeito, não eram suficientes para o abater. Foi assim que se foi elevando o combate para um fantástico despique de situações extremas, como o Fall Away Slam de Ryback que fez Cena atravessar uma mesa, um Attitude Adjustment que fez o mesmo, e ainda um Spear que atravessou a barreira de protecção, tal como o uso de um painel publicitário, a flying elbow a atravessar a mesa e , claro, o spot final. Enfim, uma sequência de spots antecedida por uma construção lógica. A inserção dos mesmos no combate aconteceram em períodos lógicos e não há dedo a apontar aos mesmos, nem justificação para se abordar este combate como um spotfest sem sentido. Tratou-se de um lutador com história na WWE a querer mandar abaixo uma força como nunca antes encontrara e da raiva desta pelo que esta lhe causou no passado. Tudo lógico e justificado, tal como os spots.

O olho cínico só poderá apanhar três situações que não elevaram este combate ao patamar a um dos combates do ano:  a corrida de Cena para os braços de Ryback para uma submissão... estranha; a falta de impacto que teve o Shell Sock (e consequente diminuição na consideração dada à psicologia de ringue); e o spot do extintor (para mim, foi um downer relativamente ao que antes acontecera e prejudicou claramente o final).

Enfim, uma grande disputa entre dois lutadores que têm a preserverança dentro de si. Não vou questionar o vencedor ou não vencedor e o futuro que isso traz porque não é por aí que tenho que analisar, mas digamos que o “empate” que se registou acabou por ser credível face à história das personagens e ao combate em si.







Total: ***3/4


Brock Lesnar vs Triple H

O build era grande e a rivalidade destes dois justificava um lugar no Main Event, ou na falta disso, o carisma deles era suficiente para se merecer um lugar de destaque. Provaram isso mesmo durante este combate.

O início, contudo, vai contra isto mesmo. Foi lógico ver Triple H atacar Lesnar de início, colocá-lo no ringue e massacrá-lo... mas aplicar um Pedigree não ficaria bem porque é o seu finisher (como tal poderia colocar um ponto final no combate) e a sensação que passaria com mais credibilidade seria a de arrastar o embate com o seu adversário no tempo de forma a que este se tornasse mais penoso para ele. A simulação desse Pedigree não ficou bem enquadrada no storytelling, apesar de ser benéfico para o desenvolvimento da relação com o público (psicologia de ringue)...

... algo que não faltou durante o combate, fosse pelo carisma dos dois lutadores, fosse pela rivalidade, fosse pelo mérito de agarrarem o público e darem significado a cada manobra que efectuavam, este combate teve muito boa aderência, no entanto, nem sempre a esta corresponde um fio condutor lógico.

Já falei da tentativa de Pedigree, que não fez grande sentido dada a história que se queria contar, mas há ainda outros aspectos a apontar, como a exploração do ataque ao joelho de Brock Lesnar – HHH mudava do esquerdo para o direito com frequência -  e ainda a irritante mania de se ficar especado à beira da porta da jaula quando antes se fez um sprint e se conseguiu correr sem dificuldades. Se esta última situação se aplica num heel ou numa personagem “resultadista” (que não quer prolongar o combate para massacrar o adversário mas sim vencê-lo) como foi o caso de Brock Lesnar, então para quê aquela hesitação toda?! É um hábito que se criou nos combates de jaula e que é completamente prejudicial ao cariz lógico do combate.

Mas é injusto falar só disso, porque Lesnar desempenhou um papel excelente no “selling” do joelho – expressões faciais e linguagem corporal irrepreensíveis.

A questão da marreta guardada no topo da jaula é algo que também merece reparo. Estamos a falar do babyface, que por acaso tem um cargo administrativo na empresa onde está a lutar e que presumivelmente se usou disso mesmo para ter uma arma à sua disposição. Se por um lado, era a única maneira de trazer a marreta ao jogo sem que houvesse intreferência com a intenção de Triple H atacar o rival com o tal objecto que ele lhe roubara, por outro acaba por dar razão a quem se queixa do coporativismo e do compadrio como os “heels” do nosso tempo. Ou seja, HHH foi tudo o que um mau da fita é na realidade ao guardar a marreta no topo da jaula.

Em termos lógicos o combate podia ter dado muito mais e ser mais trabalhado. Um Main Event que supostamente se superiorizaria ao combate que Ryback e Cena protagonizaram, assim o merecia, tal como disso era merecedor o encerrar da rivalidade entre Brock Lesnar e Triple H... mas isso ainda não está confirmado e são contas de outro rosário.







Total: ***1/4

Avaliação do PPV: 3,75/5
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