Mac in Touch #36 (extra) - Slammiversary 2013 - Análise combate-a-combate - parte I
Conforme os apelos e a minha vontade, aqui fica mais um artigo com uma análise extensiva a cada combate de um PPV. Pela primeira vez, a TNA entra neste campo, com o Slammiversary 2013. Aqui fica:
Slammiversary 2013 - Análise combate-a-combate (parte I)

Combate Ultimate X pelo título da X Division
Kenny King (c) vs Chris Sabin vs Suicide
O panorama, em termos de história, que antecedia este
combate, arrastava-lhe uma certa dose de ódio entre Kenny King e Chris Sabin.
Por isso, apesar da explicação ser fácil de encontrar (venceu um combate para
apurar candidatos principais) relativamente à entrada de Suicide, a verdade é
que surgiu um pouco como um corpo estranho neste aspecto, ou seja, à priori...
... porque durante o combate isso não foi tão evidente, o
que acaba por ilustrar mal a história que lhe antecedia e que joga contra o
mesmo.
Mas a história que antecede o combate ou o que ela traz ao
mesmo não é tudo, e aquilo que cada um dos lutadores consegue fazer em termos
atléticos é qualquer coisa de extraordinário... provavelmente ímpar a nível
mainstream (isto é, excluindo promoções independentes). Isso traz logo uma boa
dose de adesão por parte do público, uma atenção especial às habilidades
especiais destes lutadores e que se reflete, portanto, positivamente no fator
da psicologia de ringue (apesar de também aqui se ter cometido um erro quando
Kenny King [um heel] executou um Boston Crab em Boston)...
... contudo, precisa de se conjugar em termos práticos com a
realidade/credibilidade e a X Division tem tido esse tipo de problemas de há
algum tempo a esta parte – preocupa-se demasiado com os spots e a
espetacularidade, deixando de fora a credibilidade da execução dos mesmos
(exemplo: um lutador pode não estar “legitimamente” ferido para se conseguir
aplicar uma manobra que exige que ele assim esteja; o desgaste sofrido até
então pelas manobras dos adversários podem anular, em termos “reais”, a
capacidade do lutador executar uma manobra que exiga mais de si....). Este não
foi dos piores combates nesse aspecto, sendo dotado de um storytelling
sofrível. Os erros estiveram lá, como exemplicou o underselling de Suicide na
sequência de spots final (levantou-se demasiado cedo de um spot que deveria ter
marcado mais impacto, mas não foram tão gritantes no que toca à credibilidade
do combate.
Para além desse erro, foi notória a desorientação de Kenny
King e, pior que isso, a emenda que fez para se posicionar no lugar em que
deveria estar para se executar um spot em que Suicide usa dois pontapés,
sequencialmente, em ambos os adversários, assim como alguns períodos de menor
fulgôr que se evidenciam ainda mais num combate com o ritmo frenético como foi
este.
A duração foi a ideal, sem tirar nem pôr, e o final
aceita-se em termos lógicos por termos pouca... visibilidade. A câmara não
filma bem o que leva King a cair e deixa o espetador um pouco confuso, para
além disto, Sabin demora a segurar o título e garantir a vitória, pelo que perdeu-se
um pouco o impacto desejado e que ilustra na perfeição o problema da divisão: a
espetacularidade não pode estar acima do pragmatismo e da credibilidade.
Total: ** 1/2

Jeff Hardy, Magnus e Samoa Joe vs Aces and Eights (Garett Bischoff, Wes Briscoe e Mr. Anderson)
A presença das figuras que perfilavam em ambas as equipas
fazem do espectáulo mais atrativo do que se tratasse de alguém menos conhecido,
contudo, creio que a TNA não esteve bem ao anunciar a presença de Jeff Hardy no
PPV e neste combate em específico. Foi algo que, aliado à alteração de última
hora (Ken Anderson substituiu DOC), não prejudicando o combate propriamente
dito, falhou no que toca à exploração
máxima daquilo que ele pode ser em termos de psicologia de ringue auxiliada por
história prévia.
O início do combate foi bem trabalhado, com um ataque dos
Aces and Eights nas “costas” dos adversários, que evidenciava qual o papel que
ambas as equipas representavam no contexto bom/mau da fita. Logo aí, o
storytelling ganhou pontos, assim como quando a equipa da TNA dominou e ainda
quando começaram os Aces and Eights a ter a vantagem. Geriram-na bem e os
momentos em que o lutador “activo” estava adversário desesperado pelo “tag”, o
que conferiu suspense à contenda... contudo, o momento do “hot tag”, em que
entra Jeff Hardy, poderia ser melhor trabalhado, e ter mais impato do que
aquele que obteve. A sequência final foi deliciosamente fluída e só faltou
mesmo Wes Briscoe não fazer o pin no homem que não estava “ativo” (Magnus) para
roçar a perfeição no que diz respeito ao contexto de psciologia de
ringue/storytelling.
Destaque também para a entrega colocada em jogo pelos
membros da equipa da TNA, nomeadamente Samoa Joe que foi ainda mais agressivo
do que aquilo que costuma ser. Algo lógico e justificável por meses e meses a
fio sobre o abuso dos rivais.
A duração poderia ter sido alargada, mas aceita-se o tempo
de combate que houve para aquilo que foi feito dentro do ringue.
Total: ** 3/4

Combate final de apuramento para a Bound for Glory Series
Sam Shaw vs Jay Bradley
O star power de ambos os lutadores não é o maior e o combate
sofreu muito com isso. Eu sei que é óptimo para ambos se desenvolverem e
ganharem visibilidade entre os fãs da TNA, mas no que toca ao combate (e é só
isso que analiso aqui), essa falta de familiaridade entre o público pode ser
prejudicial na adesão do mesmo, algo que se confirmou... inclusivé com cânticos
de “Boring” que, no entanto, me pareceram exagerados.
O combate não foi péssimo. É notório que Sam Shaw está verde
e ainda consegue emanar o brilho característico para que lhe prestam atenção,
mas acabou por trabalhar bem... na sombra. Isto é, ao dar brilho ao seu
adversário. Assim foi, com Bradley a ser evidenciado como um lutador possante,
e credibilizado como tal.
O storytelling não foi o ideal, mas também não se podia
pedir mais. É injusto avaliar este combate dentro dos parâmetros dos do resto
do card pelas condicionantes óbvias da falta de experiência e familiaridade com
o público, mas não o poderei fazer se quiser manter a credibilidade destas
análises, porque esta contenda será sempre mais uma a somar e a comparar às
outras que já avaliei.
Total: * 1/4

Combate pelo título de TV da TNA
Devon (c) vs Abyss
Quando é esperada uma coisa, e sai outra diferente, as
pessoas tendem a reagir de forma menos “viva” porque não é dado o que lhes é
proposto... contudo, houve uma melhoria no que toca às personagens em jogo e
isso pôde muito bem ter beneficiado este combate.
Foi exactamente o oposto do combate pelo título da X
Division em termos de ritmo imposto. Se o opener da noite decorreu a um ritmo
frenético, este desenrolou-se a uma velocidade mais lenta, como seria de
esperar pela idade, peso e altura dos intervenientes, que fizeram valer a
experiência para contornar esse tipo de adversidades não conseguindo ir além de
um combate mediano no que ao impacto que passa para o público/psicologia de
ringue diz respeito.
Em termos lógicos e de credibilidade, não há nada a apontar,
até porque as trocas de domínio foram muito bem justificadas (a energia incial
de Abyss, a intervenção de Knox que deu
o mote para o domínio de Devon e a recuperação do monstro).
Tratou-se de um simples combate de TV, a meu ver, mas não
desiludiu.
Total: * 3/4
Combate de eliminação pelos títulos de tag team da TNA
Chavo Guerrero e Hernandez (c) vs Bad Influence (Christopher Daniels e Frankie Kazarian) vs Bobby Roode e Austin Aries vs James Storm e Gunner
O que antecedia este combate ajudava-o em todos os aspectos,
desde as rivalidades que este trazia ao “encontro” Aries/Roode vs
Chavo/Hernandez, Chavo/Hernandez vs Bad Influence, Storm vs Roode ... enfim,
tudo isso beneficiava a expectativa para este combate, já para não falar do “amontoar”
de star power que a contenda teve, com 7 dos 8 lutadores a ter praticamente uma
década de wrestling ao mais alto nível.
O combate desenrolou-se com fluidez, como se lhe pedia, e as
contribuições esperadas de Daniels como comic relief ajudaram ao
desenvolvimento de uma boa adesão por parte do público... os homens da força
também não desiludiram quando chamados à acção num combate com maioria de
lutadores menos... fortes. Também o spot fest que entretanto aconteceu foi
muito bem inserido em termos de timming, tal como as eliminações, que surgiram
numa boa altura. A sequência final também foi notável.
Em termos de psicologia de ringue, este combate foi de facto
muito bom, e só faltou os “hot tags” terem mais impacto para haver algo do
nível da excelência.
Em termos de storytelling, acho
que há pouco a apontar mas o que há é significativo pelo significado que tem no
combate. Desde logo com a confusão sob qual seria o homem legal no ringue e
aquele que não era (algo normal num combate com tanta gente, é certo, mas o
mesmo não deveria ter sido marcado se não houvesse preparação!), e na situação
da eliminação dos ex-campeões. Roode salvou Kazarian de ser eliminado por
Chavo, permitindo a entrada de Daniels, que atingiu Chavo com o cinto, sendo
desqualificado. Aceitar isto como algo planificado com toda a clareza e em tão
pouco tempo, no calor do momento, é difícil.
De resto, só coisas boas a dizer
e o melhor elogio nesse aspecto é dizer que pareceu termos em mãos um combate “real”.
A duração era a esperada e o
final não desapontou em termos de impacto, apesar da previsibilidade do mesmo
pelo castigo aplicado a Austin Aries... mas claro que isso não entra na
equação.
Em suma, um bom combate.
P.S.: A parte 2 chega amanhã / quarta-feira com a publicação regular do Mac in touch! Comentem e digam de vossa justiça, entretanto!
Total: ***
P.S.: A parte 2 chega amanhã / quarta-feira com a publicação regular do Mac in touch! Comentem e digam de vossa justiça, entretanto!