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MMA: UFC on Fuel TV 10 - Nogueira vs.Werdum - Antevisão + Pesagens


Não chegou a dar tempo para os fãs brasileiros ficarem com saudade do UFC. Três semanas após fazer a primeira edição na Região Sul, a organização estreia em solo nordestino, quando o Ginásio Paulo Sarasate, em Fortaleza, receberá o TUF Brasil 2 Finale, chamado lá fora de UFC On FUEL TV 10....

O reality show que se encerrou no último domingo será tema dos dois principais combates da noite. No mais importante, os treinadores da temporada Rodrigo Minotauro e Fabricio Werdum lutam para ver quem fica mais perto de um title shot entre os pesos pesados. Já a luta coprincipal será a decisão do TUF entre os lutadores do Time Nogueira William Patolino e Leo Santos.

O card principal do TUF Brasil 2 Finale terá ainda outros importantes confrontos. Voltando de punições por doping, Thiago Silva e Rafael Feijão se encontram em duelo de imenso potencial explosivo na categoria meio-pesado. Já na meio-médio, Erick Silva tenta voltar ao caminho das vitórias contra o americano Jason High. Na divisão imediatamente acima, Daniel Sarafian dará as boas-vindas a Eddie Mendez. Abrindo esta porção do evento, o vencedor do TUF Brasil 1 entre os penas Rony Jason busca a terceira vitória no UFC contra o inglês Mike Wilkinson.

O card preliminar mais uma vez apresenta uma legião de atletas nacionais, com dois duelos entre brasileiros e cinco lutas com a tônica “Brasil x Resto do Mundo”.  Entre estes cinco combates destacam-se dois atletas com boas sequências de vitórias: o peso galo Raphael Assunção, que recebe o inglês Vaughan Lee, e Ronny Markes, que enfrenta o estadunidense Derek Brunson pela divisão dos médios. Na mesma categoria de Ronny, Caio Monstro duela contra o tcheco Karlos Vemola e Antônio Braga Neto faz sua primeira luta no UFC contra o também estreante Anthony Smith.

Integrante do primeiro TUF Brasil, Rodrigo Damm luta pela recuperação contra o japonês Mizuto Hirota e o vice-campeão da mesma edição, Godofredo Pepey, encara o compatriota Felipe Sertanejo, em duas lutas pela divisão dos penas. Após o bom resultado da estreia, Ildemar Marajó desce duas categorias de peso e enfrenta o estreante Leandro Buscapé pela divisão meio-médio.

O card completo do UFC On FUEL TV 10 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Rodrigo Minotauro x Fabricio Werdum
William Patolino x Léo Santos
Thiago Silva x Rafael Feijão
Daniel Sarafian x Eddie Mendez
Erick Silva x Jason High
Rony Jason x Mike Wilkinson

CARD PRELIMINAR

Raphael Assunção x Vaughan Lee
Ronny Markes x Derek Brunson
Godofredo Pepey x Felipe Arantes
Ildemar Marajó x Leandro Buscapé
Rodrigo Damm x Mizuto Hirota
Caio Magalhães x Karlos Vemola
Antônio Braga Neto x Anthony Smith


O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 17:45 horas do Brasil e 21:45 horas de Portugal 

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Antônio Rodrigo Nogueira (BRA) vs Fabricio Werdum (BRA)

Desde que se recuperou das cirurgias no quadril e joelho entre 2010 e 2011, Minotauro poderia estar numa sequência de três vitórias que ele não vê desde 2007-2008. O peso pesado baiano nocauteou Brendan Schaub e finalizou Dave Herman nas edições 1 e 3 do UFC Rio, respectivamente. No meio dos triunfos, sofreu sua única derrota por finalização na carreira, quando esteve a um soco de nocautear Frank Mir e acabou sofrendo uma virada antológica.

A despeito da gangorra atual, Minotauro deve ser verbete de destaque em qualquer enciclopédia de MMA como um dos lutadores mais consagrados da história do esporte. Faixa preta de judô e jiu-jítsu, ele é um dos melhores grapplers que a categoria já viu – a arte suave já lhe tirou de incontáveis roubadas.

Na luta em pé, Rodrigo mal chuta, mas usa bem o boxe a seu favor no ponto de vista ofensivo. No defensivo, a guarda mal posicionada costuma fazer com que ele acabe sendo atingido em excesso, mas é quando seu lendário queixo entra em ação. Nos últimos dois anos, um belo trabalho de preparação física deu a Minotauro uma mobilidade impensável para um sujeito de seu tamanho, idade e com o histórico cirúrgico que ele tem.

Único peso pesado a ter conquistado os cinturões dos dois mais importantes eventos da história do MMA, o PRIDE e o UFC (este de modo interino), Minotauro completou 37 anos há cinco dias. Ele tem 1,91m de altura e e 1,96m de envergadura, um armário de 110 quilos. Ele subirá ao octógono no sábado carregando cartel de 34-7-1 (e uma luta sem resultado), com 5-3 no UFC. No total foram 21 vitórias por finalização e três por nocaute. Apenas a elite do esporte (Dan Henderson, Fedor Emelianenko, Josh Barnett, Frank Mir e Cain Velasquez) o derrotou.

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Se Minotauro segue em gangorra de resultados, o mesmo não se pode dizer de Werdum. Somando as passagens no Strikeforce e o retorno ao UFC, em 2012, o gaúcho venceu cinco de seis combates. A campanha só não foi perfeita porque Fabricio respeitou Alistair Overeem demasiadamente e desperdiçou uma chance de ouro com uma atuação bisonha. Fora isso, vitórias sobre Roy Nelson, Antonio Pezão e, claro, a inesquecível chave de braço dentro do triângulo que derrubou o mito Fedor Emelianenko.

Assim como o oponente, Werdum também se notabilizou pelo jiu-jítsu. No caso do gaúcho, a herança das competições na arte suave englobam quatro títulos mundiais e outros dois do ADCC, dentre outros. O problema é que Fabricio sempre foi considerado um grappler de elite (dos melhores da história da divisão), mas unilateral. Bem, quem tem acompanhado suas últimas atuações sabe que uma revolução no jogo do gaúcho vem acontecendo. Já na derrota para Overeem, Werdum ameaçou mostrar que tinha condição de encarar o holandês na troca de golpes. No retorno ao UFC, verdadeiras clínicas de thai clinch reduziram a pó Nelson e Mike Russow.

Um ano mais novo que o oponente, Werdum tem dois centímetros a mais na altura e a mesma envergadura que Minotauro, além de costumar lutar dois quilos mais pesado. O cartel, muito menos expressivo que o de Minotauro, mostra 16-5-1, sendo 4-2 no UFC. Metade dos triunfos do gaúcho foram obtidos em finalizações e cinco oponentes foram nocauteados. O devastador uppercut de Junior Cigano causou a única derrota por nocaute do “Vai Cavalo” e ninguém conseguiu finalizá-lo até hoje.

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A passagem do tempo foi muito mais inclemente com Rodrigo do que com Fabricio, apesar da diferença de apenas um ano de idade entre ambos. Desde que o baiano venceu o gaúcho em 2006, no PRIDE, Minotauro sofreu com contusões graves e pouco evoluiu seu jogo. Já Werdum manteve-se fora de risco físico e adicionou o muay thai de Rafael Cordeiro ao seu jiu-jítsu de elite.

Werdum terá que usar seus chutes, principalmente os baixos, para reduzir o fluxo do boxe de Minotauro e conseguir pegar o rival num clinch e maltratá-lo com joelhadas antes de tentar levar o combate para o solo. Fabricio é tecnicamente capaz de reduzir o perigo que é trocar posições com Rodrigo no solo. Com isso, o líder da Team Nogueira terá mais do que nunca que mostrar muita mobilidade em pé e apostar no boxe.

Dificilmente este combate chegará até o final. Se chegar, o mais provável é que Werdum seja declarado vencedor pelos juízes. Mesmo se Fortaleza vir uma interrupção, Fabricio é o favorito tanto em caso de nocaute quanto em submissão. Ainda que não se possa jamais menosprezar alguém como Minotauro.

William Macário (BRA) vs Leonardo Santos (BRA)

Patolino foi o falso-bobo da segunda temporada do TUF Brasil. Fora dos momentos de treinos e lutas, promoveu as mais diversas brincadeiras. Porém, no octógono, mostrou um instinto assassino e muita concentração na execução dos planos de jogo. Ele abriu um rombo no rosto de Roberto Corvo na eliminatória, dominou Thiago Marreta na primeira fase e destruiu Tiago Alves e Viscardi Andrade nos combates finais do confinamento.

Companheiro de equipe do campeão do Bitetti Combat Pedro Silveira na Pejor, Patolino está invicto em toda sorte de lutas que disputou. Ele começou no boxe e no kickboxing, onde somou treze vitórias, dez delas por nocaute. O afã de deitar corpos no chão mostrado na fase pré-MMA e no TUF também aparece em suas lutas de MMA antes do confinamento, nocauteando cinco de seis oponentes (o outro, o pupilo de Anderson Silva Paulo Bananada, acabou finalizado).

Aos 21 anos, Patolino tem muito a evoluir, o que mostra o potencial de crescimento deste garoto. Com esta idade ele já tem noção de mesclar ataques furiosos com abordagens cautelosas que acabam em thai clinches onde as joelhadas comem duras. Ele sabe se virar no chão, principalmente quando tem o controle por cima, mas esta não deverá ser uma opção para sábado.

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Mesmo sendo peso leve de origem, Leo fez um belo papel no TUF. Ele conseguiu vaga na casa ao nocautear Luciano Contini, depois chegou à semifinal deixando Juliano Ninja e Thiago Santos para trás. Na disputa que valia a vaga na decisão, fez o melhor combate da temporada contra Santiago Ponzinibbio. O argentino venceu por decisão unânime, mas quebrou o braço e cedeu a vaga para Santos.

O irmão de Wagnney Fabiano tem um estilo bem distinto do oponente e ex-companheiro de Time Nogueira no TUF. Leo tem origem no jiu-jítsu, modalidade em que conquistou diversos títulos, inclusive Copas do Mundo e medalhas em mundiais na faixa-preta. Mas, se antes era considerado um bom, porém unidimensional, lutador, Leo passou a confiar mais no muay thai desenvolvido na Nova União e nos treinos com Vitor Miranda e Sheymon Moraes no TUF.

Aos 33 anos, Leonardo chega à decisão com cartel de 11-3, com sete vitórias por finalização e uma por nocaute. Ele passou pelo Shooto japonês (onde estreou na carreira contra a lenda Takanori Gomi) e brasileiro, pelo Sengoku, BAMMA e Cage Warriors, os dois melhores eventos europeus na atualidade.

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A final do TUF Brasil 2 vai confrontar a sabedoria da experiência com o ímpeto e a agressividade da juventude.

Leo terá um bom desafio para mostrar a evolução de sua luta em pé, pois ele será implacavelmente perseguido por Patolino. Por outro lado, a boa defesa de quedas de William serão fortemente testadas contra o ás do jiu-jítsu.

Neste cenário, Leo terá grandes chances de vencer por finalização se deixar o rival com as costas no chão, principalmente no terceiro round, ou então se conseguir se livrar do ímpeto inicial de William. Porém, caso isto não aconteça, Patolino pode sair com o contrato na mão depois de ter aplicado os golpes mais contundentes do encontro.

Se a luta tivesse acontecido durante o programa, a aposta seria na vitória do mais jovem por decisão. Porém, com um camp inteiramente feito na Nova União, será Leo quem deverá sair com o contrato na mão.

Thiago Silva (BRA) vs Rafael Cavalcante (BRA)

Até fazer o duelo de invictos contra Lyoto Machida, em 2009, Thiago era considerado um dos mais violentos prospectos da divisão dos meios-pesados. Porém, após ser nocauteado pelo Dragão, o paulista entrou em má fase e mesclou contusões com derrotas e suspensões por doping em duas vitórias que viraram lutas sem resultado.

Apesar de ser faixa preta de jiu-jítsu, Silva ficou famoso no MMA pelo poder de nocaute enorme, beneficiado pelo estilo furioso de trocar golpes e pelo clinch que suga boa parte da barra de energia dos adversários. Fora o brasileiro Claudio Godoy, derrotado por decisão em sua quarta luta, e o holandês Dave Dalgliesh, finalizado no combate seguinte, todas as demais vitórias de Thiago aconteceram através da via rápida dolorosa – e apenas três adversários resistiram ao primeiro round.

Aos 30 anos, Thiago tem no sábado o que pode ser a última chance de recuperar a reputação seriamente abalada por dopings e más atuações. O lutador que trocou a American Top Team pela Blackzilians tem 1,85m de altura e seis centímetros a mais de alcance. Seu cartel oficial é de 14-3, com 5-3 no UFC e dois no contest no maior evento do mundo. Além do nocaute para Lyoto, Thiago saiu derrotado por decisão contra Rashad Evans e Alexander Gustafsson, em lutas que se arrastou no octógono, mas mostrou boa capacidade de absorver castigo, característica repetida na vitória que virou no contest contra Stanislav Nedkov e que será útil contra Feijão.

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Feijão tem alguns traços em comum com o rival de sábado. O perigoso prospecto que se tornou campeão do Strikeforce acabou perdendo o cinturão num nocaute violento contra Dan Henderson e também caiu em um antidoping, quando teve a vitória sobre Mike Kyle revertida para no contest. Neste sábado, faz sua primeira luta após a suspensão, assim como o oponente.

Outro ponto de intersecção entre Feijão e Thiago Silva é a origem no jiu-jítsu e o prazer por socar rostos de terceiros em detrimento de usar a arte suave. Se Thiago conquistou duas vitórias por finalização e uma por decisão, Feijão não sabe o que é terminar vencedor por um modo diferente do nocaute. Rafael também já experimentou lutas com condicionamento físico sofrido e também precisou contar com o queixo, especialmente contra Mo Lawal, Yoel Romero e Antwain Britt, que chegaram a pegar o paulista radicado em Cuiabá e depois no Rio com violentas pancadas antes de acabarem estirados no piso.

Principal sparring de Anderson Silva, Feijão estreia no UFC aos 32 anos e ostentando cartel profissional de 11-3, com 4-2 e um no contest no Strikeforce. Fora uma desclassificação por conta de uma pedalada ilegal sobre Marcio Pé de Pano, em 2007, todos os combates de Feijão com resultados oficiais terminaram em nocaute, a favor ou contra.

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Com tantas semelhanças desta luta sensacionalmente bem casada, uma diferença entre Thiago e Rafael pode pender a balança a favor do primeiro. O natural de São Carlos consegue lidar melhor com o cansaço, ou melhor, com as alterações bruscas de ritmo.

Uma coisa é certa: pelo menos no primeiro round, podemos esperar algo próximo à Terceira Guerra Mundial, com uma selvagem troca de violentas pancadas. Neste cenário, qualquer um pode ser enviado para a vala mais próxima e acordar com a lanterninha do médico no olho. Caso a tunda se estenda ao segundo round, as chances de Thiago aumentam. Será hora de derrubar o natural da Ilha Solteira e começar a trabalhar o ground and pound até o nocaute técnico.

Erick Silva (BRA) vs Jason High (EUA)

Com dois nocautes a jato em menos de um minuto (ainda que um deles tenha sido revertido para uma derrota por desclassificação) contra os compatriotas Luis Beição e Carlo Prater, Erick abalou a categoria dos meios-médios como um dos mais empolgantes prospectos. O hype aumentou depois da bela finalização aplicada em Charlie Brenneman. Porém os ânimos serenaram depois que o capixaba foi jonfitchzado no UFC Rio 3.

O que tanto atrai o público em Erick é a combinação letal de muay thai com jiu-jítsu, mistura típica do MMA brasileiro. O capixaba de Vila Velha leva a junção de um modo altamente ofensivo e, na medida do possível, pouco ortodoxa, confundindo os rivais com trocas intensas de base, chutes, joelhadas voadoras e tudo mais. Mesmo quando perdeu para Fitch, forçou o americano a superar uma batalha e um mata-leão que teria feito muita gente se render. O “mata-cobra teleguiado” acabou se tornando a principal arma, mas nunca é seguro conduzir Erick para o chão.

Parceiro constante de treinos de Ronaldo Jacaré na X-Gym, Erick fará 29 anos no fim deste mês. Ele tem 1,80m de altura e dez centímetros a mais de uma envergadura bem explorada. Seu cartel é de 14-3, com 2-2 no UFC. “Índio” nunca foi nocauteado ou finalizado, mas já fez oito oponentes se renderem e deixou outros três nocauteados.

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Quando perdeu a final do GP do DREAM para o lituano Marius Žaromskis e em seguida foi derrotado por Charlie Brenneman em sua única luta no UFC, muitos (inclusive este que vos escreve) pensaram que High era fogo de palha. Pois o sujeito então emendou sete vitórias em sete lutas, incluindo adversários como Jordan Mein e Quinn Mulhern, que fazem parte do plantel atual do UFC.

O “Bandido de Kansas City” fundamenta seu jogo fortemente no wrestling, abusando das quedas e do ground and pound. Ele disputou a Divisão I da NCAA pela University of Nebraska-Lincoln e passou a treinar jiu-jítsu quando um professor lhe propôs uma permuta de aulas de luta olímpica e arte suave. Jason hoje ostenta faixa roxa da modalidade desenvolvida pelos brasileiros. Na troca de golpes, ele não mostra nada de excepcional, mas faz bem a transição para a luta agarrada.

Jason retorna ao UFC com 31 anos e cartel de 16-3, sendo 0-1 na principal organização do mundo. O lutador da ATT é cinco centímetros mais baixo que o brasileiro e conquistou sete de suas vitórias por submissão, além de mais três por nocaute. Além da derrota por decisão para Brenneman e o violento nocaute para Žaromskis, High também sucumbiu ao duro punho de Jay Hieron.

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A penúltima derrota de High mostra um bom caminho para Erick. Enquanto buscava um meio de levar Žaromskis ao solo, o americano levou uma senhora canelada no pé do ouvido e desabou nocauteado. Neste sábado, qualquer hesitação que Jason demonstrar pode lhe custar caro, visto que Erick é capaz de causar danos em qualquer circunstância de um combate.

Não há dúvida que High tentará jonfitchzar Erick, mas High não é Jon Fitch. Isto posto, o brasileiro deve vencer em duas possibilidades: capitalizar um momento de aproximação nocauteando o americano ou encontrando uma brecha no solo para encaixar uma finalização, no caso de High conseguir derrubá-lo.

Daniel Sarafian (BRA) vs Eddie Mendez (EUA)

Depois de deixar ótima impressão no TUF Brasil 1, quando finalizou Renée Forte e nocauteou violentamente Serginho Moraes, Sarafian acabou machucando o braço e não conseguiu fazer a final contra Cezar Mutante. Ele só retornou em janeiro deste ano, no UFC São Paulo, quando começou muito bem a luta contra CB Dollaway, mas acabou sentindo o gás e viu o americano voltar para casa com uma vitória por decisão dividida.

Daniel chamou atenção durante o TUF pela habilidade mostrada no muay thai, característica que também ficou destacada no duelo contra Dollaway. Mas o que carregou o paulista descendente de armênios para o UFC foi o jiu-jítsu. Aluno do grande Demian Maia, Sarafian é um lutador que sabe fazer bem a transição de posições no solo e tem um bom arsenal de finalizações, principalmente no pescoço. Para aumentar ainda mais o nível do seu grappling, ele andou treinando também com o ex-campeão mundial Claudio Calasans.

Muito baixo para a categoria, com apenas 1,75m, Daniel compensa a desvantagem com movimentação e longos braços (ele tem 1,84m de envergadura). Aos 30 anos, ele chega a Fortaleza com cartel profissional de 7-3, sendo 0-1 pelo UFC. Sarafian conquistou seis vitórias por submissão e tem apenas uma decisão (jamais nocauteou ninguém fora do TUF). De suas derrotas, uma aconteceu por nocaute, numa preliminar do primeiro Bellator, e duas por decisão.

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Mendes abriu sua carreira profissional com cinco vitórias e um empate contra concorrência pouco qualificada. Quando bateu de frente pela primeira vez com alguém talentoso, parou diante do prospecto Joe Williams. Eddie venceu mais dois combates, incluindo um contra Fabio Negão, e ganhou a pouco imaginada chance no UFC.

A experiência nos circuitos regionais americanos nem de perto será útil quando Mendez pisar no Paulo Sarasate e der de cara com a multidão alucinada por Sarafian, um dos favoritos dos fãs brasileiros. O americano é um trocador feroz, que gosta de transformar as lutas em pancadarias generalizadas, principalmente quando percebe que o oponente entra em modo defensivo, porém o faz com técnica não muito apurada. Mendez tem também uma base relativamente decente no wrestling, que costuma lhe ajudar a manter as lutas em pé. E isto será útil, pois o faixa-azul não é páreo para Daniel no jiu-jítsu.

O americano possui físico semelhante ao do rival, com vantagem de dois centímetros na altura e muita massa concentrada. Aos 29 anos, Mendez tem cartel de 7-1-1, com 1-0 no Strikeforce e uma luta sem resultado. Ele aplicou três nocautes e um mata-leão no começo da carreira.

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Provavelmente o octógono vai se tornar uma panela de pressão quando o popular Sarafian adentrar. Sem nenhuma experiência em grandes lutas, a chance de Mendez sentir a pressão num terreno extremamente hostil será grande.

Como se trata de um striker agressivo, o americano provavelmente vai buscar a definição rapidamente, mas terá que lidar com um oponente ainda em ótimas condições físicas e tão agressivo quanto. Daniel pode manter o adversário ocupado com mesclas de socos em linha e chutes baixos, procurando uma abertura para ou entrar com uma sequência que inclua uma joelhada ou um soco curvo como um upper ou um gancho, ou levar o duelo para baixo. Neste segundo cenário, o fim do americano ficará no limite. E é exatamente isto que deve acontecer, com Sarafian vencendo por finalização no segundo round.

Rony Mariano Bezerra (BRA) vs Michael Wilkinson (ING)

Outro nome a ter ascendido do TUF Brasil 1 com enorme popularidade, Jason vai cimentando seu caminho no UFC. Ele venceu o reality show com uma vitória dominante, porém pouco inspirada, sobre Godofredo Pepey. A redenção veio em seguida, quando aceitou a pancadaria proposta por Sam Sicilia e nocauteou o americano no UFC Rio 3, chegando à nona vitória nas últimas dez apresentações.

Jason é um peso pena com pegada de peso pesado e queixo de deixar seu mestre Minotauro orgulhoso. Esta segunda característica é fundamental para que o cearense radicado no Rio Grande do Norte mostre sua principal virtude, a agressividade e precisão cirúrgica no jiu-jítsu, mesmo (ou principalmente) quando está de costas para o chão. De uns tempos para cá, o pior defeito de Rony vem sendo consertado. Se antes ele apresentava condicionamento físico de idoso, agora ele mostra ser capaz de lutar em ritmo intenso por quinze minutos, controlando bem as quedas de rendimento normais em um combate.

Faixa-preta de jiu-jítsu do saudoso mestre Bruno Gouveia, Jason está com 29 anos e chega ao seu estado natal ostentando cartel profissional de 12-3, com 2-0 no UFC e o cinturão do Max Fight mais o título do TUF. Sicilia foi o quarto oponente nocauteado por Rony, que finalizou outros sete, incluindo Felipe Sertanejo, no circuito nacional. a vitória sobre Pepey e a derrota (controversa) para Renan Barão foram suas únicas lutas que chegaram ao final.

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O TUF também foi a porta de entrada de Wilkinson no UFC. Pela edição The Smashes, que envolveu disputa entre britânicos e australianos, ele foi o último escolhido por Ross Pearson e se classificou para a semifinal, mas teve que desistir por causa de uma contusão nos treinos. Mike voltou para a edição final do programa, onde passou por Brendan Loughnane em luta complicada e de resultado controverso.

Apesar de estar invicto, Wilkinson é daqueles lutadores cuja presença no UFC é difícil de explicar. É um lutador que usa as quedas e o ground and pound como força principal, mas mostrou contra o limitado Loughnane uma ineficácia incrível em levar a luta para o solo. Em pé ele é um lutador agressivo e de grande volume de golpes, mas com precisão tão ruim quanto suas quedas. Para os juízes que gostam de pontuar soco no vento, ele é ótimo. Para um sujeito de mão pesada como Jason, é um prato feito.

Cria da Atherton Submission Wrestling em seu país natal, Wilkinson tem 25 anos e 1,72m de altura. Ele está invicto em oito lutas profissionais, sendo uma pelo UFC. O “Guerreiro” venceu quatro por submissão e nocauteou dois adversários, fazendo boa parte da carreira no pequeno Olympian MMA Championships.

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Wilkinson se meteu no conhecido “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”. Caso decida trocar pancadas com Jason no centro do octógono, é pule de dez que ele acabará estirado no chão. Se resolver (e conseguir) derrubar o brasileiro, é pule de cem que acaba dentro de um triângulo ou com a articulação do cotovelo envergada.

Seja por nocaute ou finalização, dificilmente Wilkinson sobreviverá ao primeiro round e manterá o emprego.

Antevisão original de MMA-Brasil 
http://www.mmabrasil.com.br/

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Os 24 lutadores que subiram à balança na pesagem do TUF Brasil 2 Finale, nesta sexta-feira, em Fortaleza, mostraram comprometimento com o Ultimate e bateram seus respectivos pesos tranquilamente, sem precisar sequer da famosa toalha que é bastante utilizada nos eventos da organização. O clima também foi tranquilo entre os protagonistas do momento, Rodrigo Minotauro e Fabricio Werdum, que mostraram bastante respeito um pelo outro na hora da encarada. O mesmo fizeram os finalistas do reality show, William Patolino e Léo Santos.

O meio-pesado Thiago Silva mostrou a já habitual "marra" e ficou o tempo todo de óculos escuros. Na encarada com Rafael Feijão, a quem direcionou xingamentos durante a semana, ele o provocou ao ameaçar uma cabeçada de forma irônica, mas não alterou o comportamento do compatriota, que nem se mexeu.

Os momentos de tensão ficaram por conta de três brasileiros e um americano. Godofredo Pepey e Felipe Sertanejo protagonizaram a primeira encarada quente da pesagem. Muito próximos, os dois trocaram olhares pesados e foram separados por Joe Silva, matchmaker do UFC. O clima também ficou estranho entre Daniel Sarafian e Eddie Mendez. O peso-médio ex-TUF Brasil foi para cima e encostou a testa na do rival, também sendo logo afastado por Joe Silva.

Vale lembrar que o evento perdeu uma luta nesta sexta-feira, conforme noticiado pelo Combate.com. O peso-médio brasileiro Ronny Markes sofreu um acidente de carro durante a manhã, a caminho de um motel para perder peso na banheira de água quente, e se machucou a ponto de não poder enfrentar o americano Derek Brunson. O duelo foi cancelado.

CARD PRINCIPAL

Peso-pesado (até 120,7kg): Rodrigo Minotauro (107,5kg) x Fabricio Werdum (109,8kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): William Patolino (77,1kg) x Léo Santos (77,1kg)
Peso-meio-pesado (até 93,4kg): Thiago Silva (93,4kg) x Rafael Feijão (92,5kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Erick Silva (77,1kg) x Jason High (77,1kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Daniel Sarafian (84,4kg) x Eddie Mendez (83,5kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Rony Jason (66,2kg) x Mike Wilkinson (65,7kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-galo (até 61,7kg): Raphael Assunção (61,2kg) x Vaughan Lee (60,8kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Godofredo Pepey (66,2kg) x Felipe Sertanejo (66,2kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Ildemar Marajó (77,6kg) x Leandro Buscapé (76,7kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Rodrigo Damm (66,2kg) x Mizuto Hirota (66,2kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Caio Magalhães (84,4kg) x Karlos Vemola (84,4kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Antônio Braga Neto (83,9kg) x Anthony Smith (83,5kg)

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