Slobber Knocker #60: 5 minutos de fama
Bem-vindos a este quente Verão e bem-vindos a mais um Slobber Knocker. Para esta semana trago um assunto curioso e veremos se é tema que dê que falar.
Muitas vezes no mundo do wrestling fomos surpreendidos com momentos em que pensamos que temos uma estrela a nascer. Um jovem vem lá de baixo e parece encaminhado para levar um bom push até ao topo. Mas falta-lhe qualquer coisa. Muitas vezes até lhe falta tudo. E para o fundo ele volta e ficamos a recordar "lembras-te quando aquele gajo andou meio lá encima?" E nem sempre a resposta é tão positiva....
Como o título "5 minutos de fama" indica, neste artigo vou-me debruçar sobre casos de pushes interrompidos. Recentes, antigos, alguns. Não dá para ter cá tudo, porque isto aconteceu... Mesmo muitas vezes. Mas alguns exemplos - todos diferentes - para ter algo a desenvolver e no caso de mais... Vocês acrescentam ou pedem que eu faça isto outra vez.
Primeiro exemplo tem que ser um bem recente e logo o primeiro que me vem à cabeça quando pensei no assunto:
Bo Dallas
Até é o que dá a ideia ao artigo, mas é um pouco excepção. O artigo debruçar-se-á mais sobre casos de "foi e já não volta" onde já não se vê remédio ou casos do passado em que já não há maneira nenhuma de voltar, de facto. Dallas ainda é muito novo e as oportunidades ainda estão a ser semeadas, agora é que ele tem tempo até à colheita. Mas foi um caso bastante caricato de alguém que ia lançado pelas escadas acima mas tropeçou e rebolou por elas abaixo.
O jovem Rotunda começou por ter uma oportunidade na Royal Rumble, onde teve um grande momento em que eliminou o Campeão Intercontinental Wade Barrett. O lutador Inglês obviamente que ia querer a desforra e tentou-a no dia seguinte. Bem que se lixou que Dallas roubou uma vitória num instante. E foi tudo o que ela escreveu, basicamente. Dallas falhou em ficar over perante os fãs e o que quer que ia ser feito com ele parece ter sido cancelado. Porque se era para fazer só isso... Mais valia nunca ter aparecido.
Pode existir alguma dúvida sobre o quão oficial era Bo Dallas no roster principal. Dias depois de ele já ter desaparecido, consultei o plantel da WWE e lá constava ele entre os "miúdos grandes", como um membro oficial já promovido. Já lá não vou faz um tempo portanto não sei se ainda lá está. No entanto, nada está perdido para o jovem filho do IRS. Aliás, só tem a ganhar.
Se não tem push na liga grande, vai tendo nas pequenas e actualmente até é Campeão do NXT e retirou o título logo a um bisonte como Big E. Langston que já é regular na nossa TV. Para já tem andado bem lançado no território de desenvolvimento, mesmo que com algum heat que não dá para perceber se é suposto estar lá ou não. A palavra chave até está aí. "Desenvolvimento". Que é o que ele precisa. Nada de errado a apontar-lhe no ringue mas ainda é a definição de "verde" em tudo. O seu irmão já está muito mais desenvolvido que ele e espera-se que comece em breve a lucrar após a sua estreia. Mas ele ainda precisa de muito tempo pelo NXT e não ser trazido repentinamente e a tentar ser atafulhado e com uma tentativa de fazerem muito com o pouco que têm dele. "5 minutos de fama" mas este pode ver a sua fama de volta.
Agora passemos para o actual "butt monkey" da companhia:
Zack Ryder
Coitado, onde este já vai. Líder da "job squad", Ryder já teve arenas inteiras a cantar o seu nome. Jobber era ele e tentou o push pelos seus meios, atingindo popularidade por si mesmo. O seu programa "Z! True Long Island Story" no YouTube mostrou que o tipo até tinha piada. E nunca houve assim grande pecado a apontar-lhe em ringue. Porque não dar-lhe uma oportunidade? "We want Ryder" começou a ecoar.
E houve Ryder. Começou a aparecer em TV, começou a ganhar combates. Começou a tornar-se notável e a ter reacções tremendas. Não tardava nada e o gajo que fazia trocadilhos nos seus vídeos por não ter oportunidades já estava a ter campeonatos. Assim que vence o título dos Estados Unidos, tal é a festa que parecia que tinha vencido um título Mundial. Estava em alta... Até perder o título, ser inserido numa storyline que o arrastou para o fundo do Inferno - meio que literalmente - e ser totalmente enterrado. As suas reacções começaram a descer... O seu programa tinha perdido a piada toda. E quando demos por tal, o desgraçado já andava a jobbar que nem lorde e nem sequer era para os grandes.
Por onde anda Zack Ryder agora? Nem ele sabe. Até ele se deve esquecer que está empregado. Neste momento a coisa mais divertida nele é o seu sentido de humor crítico e as suas constantes queixas humorísticas. Ainda lhe restam alguns fãs mas o Ryder da Ryder Revolution já queimou completamente. Os seus minutos de fama passaram e, por acaso, o Dolph Ziggler até o tinha avisado. Vai dar muito trabalho reerguê-lo de novo e tenho muitas dúvidas que volte a acontecer. Não ponho a mão no fogo mas talvez já seja possível dizer que os seus 5 minutos de fama foram e já não vêm mais. Mas ainda me podem surpreender, estou sempre aberto a isso - a mudança de gimmick é urgente, nunca se pode basear alguém numa moda, a longo prazo.
Este é o caso presente mais memorável de alguém enterrado tão fundo que já nem lhe chega luz. Agora passemos para um caso em que o potencial estava lá, mas as pernas foram cortadas e os minutos de fama foram curtos porque não deixaram que houvessem mais.
Kaval
Na altura em que o NXT era um concurso para apurar novas Superstars - e com isto refiro-me às duas primeiras temporadas, daí para a frente foi sempre a descer - apareciam alguns que tinham vantagem pela sua familiaridade com o público. Se por um lado, Bryan Danielson foi dos primeiros a ser eliminados quando apareceu com o seu nome alterado, Low-Ki já parece ter cativado mais e conseguiu vencer com "ajuda" das LayCool.
Naquele tempo ainda havia uma recompensa - quem é que ainda está à espera de um campeonato Tag Team para a equipa do R-Truth e do Fandango? - e Kaval foi catapultado para o main roster para fazer "cash in" da sua recompensa, um campeonato Intercontinental. Partiu o nariz de Dolph Ziggler à patada, foi fazendo um combate giro por aqui e por ali. E em seguida foi embora, não em termos muito aparentemente bons, afinal até o apagaram da lista de alumnis do NXT na altura.
Foi a infelizmente curta carreira de Low-Ki na WWE, como Kaval e com potencial para muito mais. Foi quando o viram a desaparecer que pensaram que a divisão Cruiserweight fazia ainda mais jeito que o que parecia. E ainda foi notável, pois ainda conseguiu um campeonato com um adversário de alto nível. Mas não deu para mais e actualmente ficamos a pensar nas possibilidades de se reerguer uma divisão Cruiserweight e de o trazer de volta. Não se concretizando... Lá se vai a curta fama de um grande talento...
Olhemos a um caso algo semelhante mas mais antigo e com tempo e cortes diferentes:
Ludvig Borga
Lutador Finlandês bastante intenso que constou no plantel da WWF durante o ano de 1993. O seu estilo agressivo com influências de MMA - também praticado pelo atleta - e a sua gimmick Anti-Americana vinham a formar um intimidador wrestler que viria a influenciar tipos no futuro como Vladimir Kozlov na luta - um gajo que até podia também incluir nesta rubrica - e Antonio Cesaro na gimmick.
Tinha o potencial para ser um daqueles monstruosos Heels a longo prazo mas lesões interromperam-lhe o momentum e a carreira na WWF. Começou como começam todos, a squashar jobbers. Mas não tardaria e já estava no topo, acabaria com a streak de Tatanka e num instante saltaria ao main event para rivalizar com o patriota Lex Luger. Constou no main event do Survivor Series como integrante da equipa dos estrangeiros. Mesmo perdendo, não ficou enterrado e o lutador continuou a desvastar até conseguir lugar na luta pelo título Intercontinental contra Razor Ramon. Até chegou a ganhar o título mas não foi oficializado e, em vez disso, desencadeou a feud entre Razor Ramon e Shawn Michaels, que originou aquele grande combate que tiveram na Wrestlemania X.
Grandes planos haviam para Ludvig Borga para a Royal Rumble de 1994 e para a Wrestlemania X, possivelmente num embate de powerhouses contra Earthquake. Ludvig Borga poderia ter sido muito mais bem lembrado nos dias de hoje, muito além de um tipo que dava promos meias apatetadas a falar da poluição nos Estados Unidos. Mas batalhas com lesões obrigaram-no a afastar-se do ringue e da WWF. Todos os seus planos para 1994 foram cancelados e Earthquake teve que se contentar em squashar Adam Bomb em segundos. E, devido às tão traiçoeiras lesões, Borga viu a sua carreira reduzida aos tais "5 minutos de fama" quando tinha potencial para muito mais. Infelizmente, faleceu em 2010, vítima da sua própria loucura ainda mais descontrolada pelo uso de álcool e drogas que o levaram a tomar a sua própria vida a tiro.
Talvez nem todos gostem deste lutador mas ele apresentava um estilo de luta bastante intenso que conseguiria originar bons combates. O suficiente para compensar a sua falta de skills ao microfone, que poderiam ser resolvidas com um manager ou uma gimmick de poucas palavras - o que não era o caso porque ele muito tinha para reclamar quanto ao solo Americano, a sua poluição, o seu sistema educacional, etc etc. Nada chegou a acontecer.
Um caso mais infeliz, mas também há casos cómicos que, de alguma forma, conseguem dar a volta e vir a tornar-se muito mais tempo de fama precisamente pela mesma razão:
Braden Walker
Lenda! Um caso de alguém que na altura nem chegou a ter fama, a tal vinha a chegar depois, a partir de um meme. Chris Harris teve uma fama como deve ser na TNA, foi após ser transferido para a WWE que se deu um caso bizarro... Braden Walker!
Um combate contra Alejandro Estrada, um segmento com Matt Hardy, uma piada "knock knock" com Estrada, um combate com James Curtis e a pose na entrada. É basicamente isso que se pode lembrar da carreira de Braden Walker na WWE, na sua estadia na ECW. Basicamente? Foi tudo isso que ele fez. Isto nem a 5 minutos de fama chega, este está bem para ser daqueles que ninguém se lembra. Mas alguém gostou desta preenchida carreira e fez um dos mais hilariantes vídeos retratando a sua carreira de Hall of Fame.
Não são cinco minutos de fama... São mesmo "over 15 minutes of action" num estupendo DVD! Nunca foi a lado nenhum, mas a posteriori, tornou-se o lutador mais famoso a estar na companhia durante pouco mais que 5 minutos. É o mesmo termo mas um pouco mais distorcido. Apenas um caso engraçado e, sabendo das suas batalhas com a saúde, resta-nos desejar as fortes melhoras a este caricato lutador. Afinal de contas... He's Braden Walker and he's gonna knock your brains out...
Mas há outros casos mais caricatos ainda. Casos de alguém que mal chegaria a ter cinco minutos de fama ou talvez tivesse uma longa carreira à procura disso mesmo. No entanto, viria a ter uma recompensa tremenda mais tarde. Falo de...
Koko B. Ware
Tenho as minhas dúvidas quanto à sua inserção neste tema, sinceramente. Porque não sei se alguma vez ele chegou mesmo a ter sequer os 5 minutos de fama. Talvez na sua tag team com Owen Hart? Obviamente que ele era a estrela dessa equipa. Mas o "Birdman" Koko B. Ware que ia para o ringue a bater as asas não passava de um jobber.
Ainda teve uma carreira longa, foram vários anos que Koko constou no plantel da WWF. E o que fazia era colocar as estrelas over, perder para eles de modo a deixá-los bem vistos. Nem mais, a definição de um jobber. No entanto, ainda tem algumas honras nesse percurso como jobber. Foi o primeiro a provar um Perfectplex de Mr. Perfect e também foi com ele que se inaugurou o Tombstone Piledriver de Undertaker. Digam o que quiserem, para mim isso é honra. Deitou-se para outro e ficou a dormir, como acontecia maior parte das vezes, mas não importa, é honra.
Em seguida veio a tal tag team com Owen Hart e talvez fosse aí que se dessem os tais 5 minutos de fama, mas nem aí tenho a certeza. Não deixava de ser a equipa do Owen Hart e do jobber que cantava e batia as asas. E que até nem tinha assim tantas vitórias também. Então que tal recompensa enorme teve este senhor com uma carreira tão pouco notável? Vai-se lá saber por alma de que santo popular, já que estamos no tempo deles, é que em 2009, Koko B. Ware foi introduzido no Hall of Fame, por Honky Tonk Man.
Afinal há esperanças. Mesmo com 5 minutos de fama e algo duvidosos - sempre chegou a haver essa fama mesmo? - não há nada que impeça tal de ser um Hall of Famer. Bob Backlund e Bruno Sammartino só quatro anos depois, mas não importa. Às tantas até vemos lá o Zack Ryder um dia mais tarde - apesar que eu markava muito mais para os 3MB e defendia com toda a força.
Apenas meia dúzia de casos, todos diferentes. Uns ainda com esperança, outros perdidos, uns desperdiçados, outros interrompidos, uns cómicos, outros um autêntico enigma. E agora é que faltam casos. Fica a vosso critério, se acham que isto é assunto que possa ser trazido à baila outra vez no futuro e recuperar alguns Superstars de pouca dura. Se não for necessário, podem sempre abordar casos vocês mesmos. Esta é a parte do artigo em que o poder é todo vosso, afinal.
Espero que tenham gostado e tentarei cá estar de novo, na próxima semana.
Cumprimentos,
Chris JRM