Mac in Touch #45 - Análise ao Bully Ray vs Chris Sabin e Promo CM Punk/Paul Heyman
Mais uma semana, mais um Mac in Touch para vocês, caros leitores e/ou visitantes do Wrestling Notícias. Desde já o meu muito obrigado pelo número de comentários à análise ao Money in the Bank e o reforço motivacional que cada um deles me proporcionou para continuar a fazer esse tipo de textos....
Aliás, vocês foram tão longe que acedi a um pedido vosso, e aqui ficará a análise ao Bully Ray vs Chris Sabin do passado Impact e que proporcionou, segundo dados a mim transmitido pelo meu caríssimo colega e amigo Fabinho, um rating fantástico para as hostes da empresa comandada por Dixie Carter.
Para além disto, terei de falar de um tema que não consegui abordar na semana passada mas que não pode escapar à minha análise pela importância que o "timming" tem no wrestling. Heyman e Punk protagonizaram uma promo fantástica no RAW de dia 15 e merece ser aplaudido, como o faço neste Mac in Touch.
Análise ao Bully Ray vs Chris Sabin e Promo CM Punk/Paul Heyman
Bully Ray vs Chris Sabin
Toda a polémica gerada à volta do título da X Division (com
a conquista de Austin Aries disfarçado de Suicide e a reconquista do título por
parte de Chris Sabin) ajudou a que este combate ganhasse exposição mediática
suficiente para que fosse visto por mais pessoas e sentido com maior
intensidade do que o normal por quem esteve presente em Louisville, Kentucky.
Uma coisa que, acrescida ao fato de se tratar de um underdog, ainda por cima de
menor estatura que o favorito, apelava ao sentimento do público e à sua
atenção, o que significava melhor e maior psicologia de ringue.
Bully Ray também terá contribuído para isto, dada a sua própria personagem e todo o ódio que arrasta com ela, assim como aquilo que executa no ringue, adaptando-se às circunstâncias. Não foi necessário vermos aquele lutador agressivo, o brawler a que nos habituámos a ver, mas foi preciso vermos alguém a assumir o domínio do combate, vincar essa superioridade e ser surpreendido pela resistência e ousadia do adversário. Um típico mau da fita, e Mark tornou-se nisso mesmo de forma sublime e fez de Sabin o herói temporário num combate clássico, simples e objetivo que ilustra que não é preciso complicar para se chegar a boas performances.
Este duelo entre o bem e o mal foi ótimo para chamar a atenção do público, mas também acabou por beneficiar no que ao storytelling diz respeito – o mau da fita, maior e teoricamente favorito, ganhou o domínio sobre o “underdog”, o elo mais fraco, aquele que não era suposto vencer, ainda por cima explorando-lhe o ponto fraco, atacando os joelhos (aos quais foi operado como vincaram, e muito bem, Mike Tenay e JB nos comentários) de forma sucessiva até ser insuportável a dor, até sermos nós, enquanto público, a sentir as dores de Sabin naquele joelho perante toda e qualquer manobra aplicada e perante qualquer tentativa do “miúdo” em sair daquele calvário... até surgir a garra, a determinação, tudo em conivência com o que a história que se tinha contado e que apontava para um verdadeiro lutador que conseguia ultrapassar qualquer obstáculo, e assim foi! Sabin ganhou vantagem e venceu...
... o problema no storytelling teve no final, e no caminho percorrido até lá chegar sempre com Sabin como protagonista. Creio que se levantou demasiado cedo, e o uso das pernas (apesar de se poder justificar pelo arsenal de manobras – que utiliza bastante aquela parte do corpo) para ganhar domínio foi um pouco contraditório e ilógico, tal como o facto de usar um martelo para atingir Bully Ray e sair vencedor - uma atitude contraditória com um personagem babyface.
Ou seja, se houvesse mais tempo e um pouco de mais lógica no final, teríamos um combate candidato a melhor do ano.
Total: *** 3/4
Promo de Paul Heyman e CM Punk na RAW de 15.7.2013
Penso que qualquer coisa na vida só é devidamente valorizada
aos olhos humanos e apreciada se fôr
mostrada (com exceção de... mamas femininas) ou acontecer num período em que
há carência da mesma... ou não existindo isso, se verifica que se trata de algo
original, uma novidade.
Por exemplo, se o FC Arouca se sagrasse campeão nacional de futebol (como um dos seus novos jogadores traçou como objetivo) seria algo fantástico, acolhido com enorme simpatia entre todos os adeptos de todos os clubes (à exceção dos benfiquistas, pelo período de jejum que levam em relação aos objetivos que querem cumprir). Não só era um novo clube a romper a hegemonia dos grandes como fizeram Boavista e Belenenses no passado, como seria a primeira vez, na Liga Nacional, que um clube subia de divisão e se sagrava campeão. Era um feito fantástico e extremamente admirado por todos os que estão por dentro do futebol e não só.
Pegando num exemplo mais aproximado ao que eu quero chegar: se um de nós estivesse a ver televisão, e o programa tivesse cariz noticioso regular (Jornais da Noite, da Tarde, Telejornais...), ficaríamos espantados se o pivô soltasse uma calinada e certamente que minutos depois já teríamos o vídeo no youtube, visualizado por milhares de pessoas.
Assim aconteceu na terça-feira da semana passada, quando CM Punk e Paul Heyman se cruzaram para esclarecer o ataque do ex-manager do “Best in the World” que lhe custou a oportunidade de lutar pelo título da WWE + 13 pontos para suturar a ferida que o seu (ex-) melhor amigo lhe causou na cabeça. Heyman teve primeiro a palavra e justificou as suas acções, Punk revelou a sua ira e usou um palavrão muito pouco em voga no wrestling, especialmente na WWE, nos últimos anos... aliás, os palavrões não têm lugar na programação nesta empresa de entretenimento familiar, quanto mais aquele que Punk usou – “son of a bi*ch”.
Foi apenas um pormenor, uma parte da grandeza da promo que Punk e Heyman protagonizaram antes de Lesnar entrar em cena e justificava-se plenamente a sua inserção dada a raiva que o Straight Edge tem para com o seu antigo manager – não só o traiu como lhe custou aquilo que Punk mais deseja obter (conforme foi fantasticamente explicado por Heyman durante a promo, começando por falar na ausência de pessoas/família na vida de Punk, e que o público era substituto e como tal, a importância de ser campeão da WWE). Ou seja, era preciso algo mais para elevar a promo e mostrar a raiva de um dos seus intervenientes, e o objetivo foi conseguido.
Tratou-se de uma das melhores promos de sempre para pessoas
que vêm wrestling há mais de 30 anos (Bruce Mitchell do PWTorch é uma delas),
graças a esta“subtileza”.