Mac in Touch #48 (extra!) - Summerslam 2013 - Análise combate-a-combate (parte I)

Como qualquer verão desde há 26 anos para cá, o Summerslam faz parte obrigatória de um Domingo à noite de qualquer fã de wrestling.
Como qualquer período de ressaca pós-PPV, o Mac in Touch de análise ao mesmo está presente no Wrestling Notícias.....
Como qualquer período de ressaca pós-PPV, o Mac in Touch de análise ao mesmo está presente no Wrestling Notícias.....
Reconheço alguma exigência aos combates que avaliei, e não menosprezo a influência que tenho tido dos combates fantásticos que tenho visto no NJPW G1 Climax. Contudo, tentei ser o mais justo possível, e aqui ficam as avaliações (desta vez sem o pre-show*):
Summerslam 2013 - Análise combate-a-combate
Combate Ring of Fire
Kane vs Bray Wyatt
A estreia da Waytt Family foi bem calculada, cuidadosamente
preparada. Assim, conseguiu existir o impacto desejado nas promos
protagonizadas por Bray Wyatt e a
familiaridade com a personagem que, juntamente com o afeto que Kane tem com os
fãs da WWE e com o facto de haver fogo à volta do ringue, ajudaram a que
houvesse uma atenção extra ao combate. O problema está em transformar Kane num
monstro depois da viagem que teve através da Team Hell No. Não creio que tenha
sido levado a sério como uma besta inconsolável para quem acompanha
regularmente WWE, nem mesmo com os sucessivos ataques que foram feitos ao Big
Red Monster e isso esteve em evidência com a fraca reacção à entrada dos
restantes membros da família Wyatt no ringue e ao final do mesmo. Não houve o
impacto desejado em termos de reacção/psicologia de ringue.
O storytelling foi o possível dentro de um gimmick match muito específico e que limita muito os seus intervenientes. De qualquer das formas, a reacção a três Chokeslam’s, considerado Signature Move, ou mesmo finisher de Kane, foi demasiado prematura e a queda do Big Red Monster também não se justifica acontecer tão prematuramente.
Em termos de atleticismo também não se podia pedir mais- Kane é demasiado limitado, por natureza, e a estipulação do combate não ajudava a que houvesse um wrestling mais elaborado/complexo por parte de Bray Wyatt. Seria ilógico.
Total: * 1/2
Cody Rhodes vs Damien Sandow
É uma rivalidade que vem de longe, e que tem origem no tempo
em que ambos se davam bem. Dois antigos melhores amigos que agora são rivais.
São fórmulas simples mas eficazes na maior parte dos casos e neste não é
exceção. A preparação do combate foi bem conseguida, na minha opinião,
valorizou os dois lutadores e familiarizou-os com os fãs da WWE,
popularizou-os. Isto, aliado à já habitual promo de Sandow a anteceder combates
onde participa, ajudou a construir uma boa psicologia de ringue alicerçada na
atenção do público para um combate digno da mesma.
Em termos de storytelling, creio que foi um combate satisfatório. A forma agressiva como ambos se atacaram logo no início do combate foi vistosa e, mais importante, lógica! O passado entre ambos assim exigia essa abordagem. Talvez por ter sido mais massacrado durante a rivalidade (pela perda do Money in the Bank), Cody Rhodes deixou-se escorregar e permitir o domínio de Sandow que atacou as pernas do adversário. Aqui, seria de esperar uma exploração do joelho de Rhodes mas isso não aconteceu e creio que o combate ganharia com isso. O facto de não se ter feito não é nada de grave, mas poderia ter tornado o combate mais lógico, mais “real”. O Ghetto Buster que devolveu o domínio a Cody foi bem aplicado e acho que as trocas na supremacia no combate foram feitas de forma fluída e bem vincadas.
O entrosamento entre ambos foi positivo apesar de, na antecipação de uma ou noutra manobra, se ter denunciado a mesma o que retira previsibilidade (lembro-me de um murro de Cody, para o qual Sandow já tinha começado a executar o bump antes deste acontecer).
O final aconteceu de forma abrupta e não creio que beneficiou a lógica do combate pelo que vinha acontecendo nem a história pela vontade de Sandow, que não escapou ao Cross Rhodes. É certo que é o finisher do adversário mas ganhar-se-ia credibilidade esperando-se mais tempo até este acontecer.
Alberto Del Rio (c) vs Christian
A história falava do regresso de um ícone às elites do
wrestling profissional. Uma história de redenção, uma última oportunidade de
alcançar o topo... mas acabou por ser mal vendido, um pouco à semelhança do que
se fez com Christian ao longo da sua carreira. O adversário seria o típico mau
da fita, mas em termos de pré-match houve pouca envolvência e pouca coisa a
beneficar o combate... até porque já se tinham visto confrontos entre os dois
lutadores na programação que antecedeu o Summerslam.
A determinação com que ambos os lutadores encararam o combate foi notável e credível pelo que estava em jogo – de um lado a última oportunidade de um ícone, do outro a defesa de um título por parte de um campeão que tem o seu título acima de tudo o resto. Tudo isto mais o primeiro parágrafo desta análise proporcionou uma psicologia de ringue bastante satisfatória.
Em termos de storytelling o combate também foi bem conseguido, com trocas fluídas de domínio. Faltou explorar, talvez, o ombro de Christian numa fase inicial do combate e não terminar o combate de forma tão abrupta, mas aceita-se perfeitamente que a linha da história dentro do combate tenha acontecido da maneira que decorreu.
O entrosamento foi notável - quando nos dão a sensação de que o combate que está a acontecer é real, ficamos sempre mais ligados ao mesmo. Foi o que aconteceu entre Christian e Del Rio, que mostraram que a psicologia de ringue pode andar mais aliada ao entrosamento/química do que propriamente à história que antecede o combate.
O final, como já disse, acabou por ser abrupto, mas teve umas pinceladas de emoção, com cada Signature Move de Christian a ser contra-atacado por uma manobra que o paralisava da parte de Del Rio, e o exemplo disso é o final que acontece através de um Cross Arm Breaker após um Spear.
Total: *** 1/4
Brie Bella vs Nathalya
É um claro combate de promoção ao show “Total Divas”. Tem
história através do RAW, é certo, mas acaba por ser uma luta com a chancela de
marketing, o que não costuma resultar muito bem em termos de wrestling
praticado e na atenção ao combate por parte do público. Prova disso está nos
cânticos entoados aos comentadores e os gritos audiveis por parte das divas que
participaram no combate sobre o silêncio do público.
Em termos de Storytelling, o domínio começou com alguma matreirice por parte de Brie Bella, que soube capitalizá-lo neutralizando Natalya com Headlocks e afins que foram sucedidos por um contra-ataque da menina Hart que até foi condizente com o que já tinha sofrido até então.
Aceita-se o domínio de Brie pela perspetiva da Psicologia de Ringue e pela continuidade de supremacia da parte da má da fita sobre Nathie de forma a proporcionar familiaridade e afeto pela babyface... mas isso não valida uma resposta súbita (Sharpshooter) que origina a vitória.
Nathalie soube dar credibilidade ao combate através do wrestling praticado e das expressões corporais utilizadas. Brie beneficiou da presença de uma lutadora ... a sério.
Total: *
* Se quiserem ver o Pré-Show avaliado, digam nos comentários para incluir a análise do combate na 2ª parte do artigo.