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MMA: UFC 164: Henderson vs. Pettis - Antevisão + Pesagens


Três dias depois da última edição, a maratona da maior organização do MMA mundial segue com o UFC 164, evento que faz parte das comemorações dos 110 anos da Harley-Davidson. No BMO Harris Bradley Center em Milwaukee, Ben Henderson defende o cinturão dos leves contra o local Anthony Pettis num rematch de um dos mais espetaculares confrontos da história do desporto....

Na luta coprincipal da parte do card que conta apenas com lutadores americanos, dois ex-campeões dos pesos pesados se enfrentam em duelo de grapplers de elite quando Frank Mir receberá o retorno de Josh Barnett ao UFC.

Os grandalhões sucederão duas importantes lutas pela categoria dos penas. Na primeira, Chad Mendes encara Clay Guida, enquanto os jovens prospectos Erik Koch e Dustin Poirier medem forças. O card principal abre com o retorno de Brandon Vera à categoria dos pesados enfrentando Ben Rothwell.

Pelo card preliminar, na mesma divisão da luta principal, um duelo encardido entre o ex-campeão do WEC Jamie Varner e o brasileiro Gleison Tibau. Ainda em 70 quilos, o vice-campeão do TUF 15 Al Iaquinta finalmente faz sua primeira luta após o fim do programa. Ele vai enfrentar Ryan Couture. Na divisão mais jovem da organização, Louis Gaudinot enfrenta Tim Elliott para decidir quem se habilita a ser um possível desafiante no futuro próximo.

Dois sul-coreanos fazem seu primeiro UFC em terras estadunidenses: o peso galo Kyung Ho Kang é recepcionado por Chico Camus, enquanto o meio-médio Hyun Gyu Lim encara o alemão Pascal Krauss. Outros dois europeus estarão em ação neste evento: o sueco Magnus Cedenblad visita o americano Jared Hamman pelo peso médio, enquanto o peso pesado ucraniano Nikita Krylov duela com o australiano Soa Palelei, que retorna ao UFC quase seis anos depois de sua única luta no octógono.

O card completo do UFC 164 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Ben Henderson x Anthony Pettis
Frank Mir x Josh Barnett
Chad Mendes x Clay Guida
Ben Rothwell x Brandon Vera
Erik Koch x Dustin Poirier

CARD PRELIMINAR

Jamie Varner x Gleison Tibau
Louis Gaudinot x Tim Elliott
Pascal Krauss x Hyun Gyu Lim
Chico Camus x Kyung Ho Kang
Soa Palelei x Nikita Krylov
Ryan Couture x Al Iaquinta
Jared Hamman x Magnus Cedenblad

------------------------------------------- Countdown-------------------------------------------



O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 19:30 horas do Brasil e 23:30 horas de Portugal 

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Benson Henderson (EUA) vs Anthony Pettis (EUA)

Quando enfrentou Pettis pela primeira vez, Ben era campeão do WEC e uma máquina finalizadora, com três vitórias por guilhotina, um nocaute técnico e a decisão sobre Donald Cerrone, na melhor luta de 2009. Agora no UFC, novamente Henderson é o campeão, mas não conseguiu finalizar nenhuma das sete lutas que disputou. Nas três mais recentes, controvérsia na revanche contra Frank Edgar e na unificação com o campeão do Strikeforce Gilbert Melendez. No meio, um vareio aplicado em Nate Diaz.

Além dos resultados, há outras diferenças entre o Henderson do WEC e o atual: o campeão do UFC se tornou um dos pesos leves mais fortes fisicamente e hoje pode-se dizer que é tecnicamente ainda melhor que a versão do extinto evento. Sua intimidade com a troca de golpes vem de criança, quando começou a praticar taekwondo, mas ela tem sido muito bem aprimorada pelo multicampeão de kickboxing Rick Roufus, por acaso o irmão mais velho de Jeff “Duke” Roufus, técnico principal de Pettis.

Por mais talentoso que Henderson seja trocando – e ele é –, enfrentar Pettis neste ramo é sempre perigoso. Mas ninguém é campeão do UFC por acaso e Henderson sempre terá ao seu lado o wrestling que lhe rendeu status de all-american na Divisão I da NAIA e que o conduziu à maioria de suas vitórias. Uma vez no solo, Benson está a cada dia melhor no jiu-jítsu, modalidade em que conquistou medalha de prata no último Mundial na faixa marrom. Neste ponto, defensivamente o “Smooth” é praticamente “infinalizável” – basta lembrar que o próprio Pettis gastou uns bons minutos mochilado, num mata-leão justo, além da guilhotina profunda aplicada por Edgar e nenhuma finalização sofrida por especialistas na arte suave no Mundial.

Benson é companheiro de equipe dos notáveis Jamie Varner e John Moraga na MMA Lab Elite Fight Team. Ele está na plenitude da forma física e técnica aos 29 anos, com 1,75m de altura, três centímetros a mais de envergadura e massa muscular digna de meio-médio. Seu cartel profissional é de 19-2, com um excelente 7-0 no UFC. Henderson fez as lutas dos anos de 2009 e 2010 (contra Pettis), além de ter sido considerado o melhor lutador do ano de 2012 pela maioria das premiações mundiais.

* * *

Quando enfrentou Henderson pela primeira vez, Anthony era uma máquina finalizadora, com três vitórias por triângulo, um nocaute sensacional sobre Danny Castillo e uma dura derrota (controversa) para Bart Palaszewski. Agora no UFC, começou se complicando com o wrestling de Clay Guida, mas recuperou o posto de desafiante dando a Jeremy Stephens o que Guida lhe apresentou e com nocautes monstruosos sobre Joe Lauzon e Cerrone.

Num esporte com craques da estirpe de Anderson Silva e Lyoto Machida, não é exagero algum dizer que Anthony Pettis é o trocador mais criativo do MMA mundial. Para ele, a grade torna-se extensão do tatame, por onde ele caminha e pega impulso para atingir atordoados oponentes. Ainda que digam que estes golpes têm mais plasticidade do que contundência, cabe lembrar que o Showtime Kick decidiu a primeira luta contra Ben Henderson e a estrela em Donald Cerrone fez o lutador se retrair, abrindo um rombo em seu sistema defensivo, por onde entrou a canelada certeira no abdômen que encerrou a contenda (Cerrone ainda levou uma joelhada escalada na grade).

Ninguém torna-se desafiante da categoria mais embolada do UFC por acaso. Além de um trocador genial, Pettis mostra a mesma audácia, versatilidade e agressividade também quando está no chão, mesmo por baixo. Ainda que não tenha as conquistas de Henderson no jiu-jítsu, Showtime é muito forte no triângulo e não costuma dar trégua na busca por uma finalização. Até mesmo a luta olímpíca evoluiu depois da derrota para Guida, às custas de treinos com Ben Askren, possivelmente um dos três melhores wrestlers no MMA.

Pettis também tem uma grande equipe por trás. Só neste UFC 164, Erik Koch, Pascal Krauss e Chico Camus treinam com Anthony na Roufusport. O desafiante tem 26 anos, 1,78m de altura e 1,83m de envergadura. Ele hoje ostenta recorde profissional de 16-2, sendo 3-1 no UFC, mostrando que é tão bom em pé quanto no chão com seus sete nocautes e seis submissões. A derrota para Guida foi a única em três anos e meio. Em compensação, ele foi o único a derrotar o atual campeão nos últimos seis e meio.

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Não é que Pettis seja melhor que Edgar ou Melendez, mas ele tem mais capacidade de tirar uma surpresa do fundo da cartola do que qualquer outro lutador da categoria em qualquer parte do mundo. Afinal, nunca se sabe quando ele vai andar na grade, escalá-la ou dar uma cambalhota, sempre visando o ataque. As combinações versáteis de Pettis podem agir como um antídoto perfeito aos chutes baixos de Henderson.

Exatamente por este motivo, uma previsão para este combate é tão difícil. Pode-se dizer que o campeão deva entrar ainda mais focado que o normal nas quedas e na tática de sufocar o desafiante no chão. Com seu condicionamento cardiorrespiratório e força física acima da média, ele não tomou conhecimento da guarda ativa de Nate Diaz e deverá tentar o mesmo caminho contra Pettis.

A verdade é que Henderson não pode errar. Uma entrada de queda fora de tempo ou uma raspagem podem significar um nocaute ou uma finalização a favor do desafiante. Mas provavelmente a combinação wrestling + força + ritmo conduzirá o campeão ao oitavo triunfo consecutivo no UFC.

Francisco Miranda III (EUA) vs Joshua Barnett (EUA)

Chico vinha de três atuações lamentáveis quando perdeu para Shane Carwin e bateu Mirko Cro Cop e Roy Nelson. Seguia pelo mesmo caminho contra Rodrigo Minotauro, mas aproveitou-se de uma falha do ídolo brasileiro para se tornar o primeiro a finalizá-lo. Nos dois combates seguintes, novas atuações decepcionantes nas derrotas para Junior Cigano, quando foi duramente nocauteado, e Daniel Cormier, que fez o que quis no clinch.

Apesar da fase lamentável, é sempre um prazer ver Mir em ação quando ele consegue levar seus combates para o solo, guiado por um mais do que decente e subestimado wrestling. Faixa preta de jiu-jítsu pelas mãos de Ricardo Pires em apenas cinco anos, Frank estreou no UFC há 12 finalizando o então campeão absoluto do ADCC Roberto Traven e causou a única derrota por submissão das carreiras de Rodrigo Minotauro, Brock Lesnar e Cheick Kongo. Além de um estilo plástico e limpo, Mir é muito agressivo no chão – Minotauro e Tim Sylvia não bateram e acabaram com seus braços quebrados (Sylvia o teve em quatro pontos diferentes).

Nos últimos tempos, Mir também andou mostrando evolução no kickboxing, especialmente no thai clinch e em curtas combinações que mandaram Minotauro e Kongo a knockdown, além de ter nocauteado o brasileiro. Mas o que têm custado caro a ele são o preparo físico lamentável e a velocidade de lesma desde que decidiu igualar Lesnar no peso. Porém, cerca de dez quilos mais leve, espera-se que este problema esteja contornado.

Aos 34 anos, 1,91m de altura e 2,01m de envergadura, Mir pesou 112 quilos nesta sexta. Seu cartel, praticamente todo desenvolvido na atual organização (é o peso pesado que mais lutou no UFC), é de 16-7, com 14-7 no UFC (é também quem mais venceu nesta categoria do UFC). Francisco conquistou nove vitórias por submissão (outro recorde dos pesados da organização) e nocauteou três oponentes. Ele passou a treinar na Jackson’s MMA desde que ajudou Jon Jones no TUF.

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Diferentemente de Mir, Barnett fazia a festa em seu retorno ao MMA americano. No torneio dos pesados do Strikeforce, fez Brett Rogers e Sergei Kharitonov parecerem bonecos de pano antes de pegá-los em katagatames. Na decisão, foi atropelado por Cormier, mas mostrou coração de disputar quase todo o combate com uma mão quebrada. Em seguida, pegou o inexpressivo Nandor Guelmino em outro katagatame.

Assim como Mir, o “Mestre da Guerra” é um dos melhores grapplers da história da categoria dos pesados – já foi campeão mundial de jiu-jítsu sem quimono. Originado no catch wrestling, estilo criado no século XIX no Reino Unido, e faixa preta na arte suave por Erik Paulson, Barnett também se notabilizou por arremessar a concorrência no chão e finalizá-la com o mais variado repertório de posições e uma agilidade incomum para um sujeito de seu tamanho.

Apesar de ser grandalhão e forte fisicamente, a trocação de Barnett só serve para encurtar a distância e alcançar o clinch (em que pese o nocautaço aplicado em Pedro Rizzo há cinco anos). Por outro lado, o queixo resistente que aguentou pressão de pegadores como Kharitonov, Semmy Schilt e Mirko Cro Cop é a ferramenta ideal para um approach estilo Chael Sonnen.

Aos 35 anos, profissional desde os 19, mesma altura de Mir e três centímetros a menos de alcance, o atleta da Combat Submission Wrestling tem uma carreira notável. Em 38 lutas de MMA profissional, só saiu derrotado em seis delas, três vezes por Cro Cop (único oponente da carreira que Barnett jamais venceu), uma vez por Minotauro e outra por Rizzo, único que o nocauteou, no longínquo UFC 30. Ex-campeão do UFC e do Pancrase, Barnett tem cartel de 32-6, sendo 4-1 no octógono mais famoso do mundo.

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Se Wallid Ismail diz que “jiu-jítsu é um xadrez de corpo para pessoas inteligentes”, só há motivo para torcer que este combate chegue logo ao chão.

É bem provável que Barnett encurte a distância, mine um pouco o condicionamento físico de Mir na grade e o derrube, sufocando-o em um trabalho forte de controle posicional. Ainda que a guarda de Frank seja de elite, a consciência tática e inteligência de Josh devem garantir um retorno triunfal ao UFC depois que Bruce Buffer disser que ele venceu nas papeletas dos juízes.

Chad Mendes (EUA) vs Clayton Guida (EUA)

A derrota para José Aldo e a chegada de Duane Ludwig como head coach transformaram Mendes. Nos três combates seguintes, o lutador precisou de pouco mais de três minutos e meio somados para exterminar Cody McKenzie, Yaotzin Meza e Darren Elkins, quebrando a sequência de cinco vitórias deste último.

Integrante da Team Alpha Male de Urijah Faber, “Money” Mendes tem algumas características semelhantes às de seus parceiros, mas com sutis diferenças. Suas entradas de queda são mais explosivas e velozes que as do California Kid, algo que será útil contra um cara que não para como Guida. Isto é fruto da base adquirida quando foi vice-campeão nacional na Divisão I da NCAA na luta unversitária e depois na especialização no estilo livre. Na troca de golpes em pé, Mendes vem desenvolvendo combinações que variam ataques na cabeça e no corpo dos oponentes (McKenzie sentiu na pele, ou melhor, no abdômen), além de ter um instinto assassino aflorado por Ludwig.

Chad está com 28 anos e tem 1,68m de altura e envergadura. Seu cartel profissional é de 14-1, com 5-1 no UFC, cinco vitórias por nocaute (três seguidas) e duas por submissão. Apesar do alto índice de decisões, normalmente Mendes vence com autoridade nestes casos.

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Houve um tempo em que os fãs paravam para assistir a Guida lutar. Porém, o lutador empolgante não dá as caras desde a derrota na batalha contra Ben Henderson. Na verdade, ele até voltou nos dois primeiros rounds contra Gray Maynard, mas se perdeu nas firulas inúteis no restante da luta, deixando até o técnico Greg Jackson furioso. Já como pena, estreou contra o astro japonês Hatsu Hioki e venceu com o mesmo jogo de quedas e ineficiência por cima que tiraram o primeiro title shot de Pettis.

Fora a vergonhosa atuação contra Maynard, Guida é um osso duro para qualquer oponente roer. Ele é um camarada incansável, com forte base num wrestling implacável de quedas e controle posicional sufocante que costumam enganar os juízes laterais. Na troca de golpes, Clayton simplesmente não dá a mínima quando é socado no meio da cara. Na verdade ele costuma se empolgar e acelerar ainda mais quando está comendo couro sob banho de sangue.

O “Capitão Caverna” (oficialmente apelidado de “Carpinteiro”, sua profissão antes de se tornar lutador em tempo integral) tem 31 anos, 1,70m de altura e 1,75m de alcance. Seu cartel profissional é de 30-13, 10-7 UFC, com quinze vitórias por submissão e quatro por nocaute.

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Como Guida é um dos caras mais resilientes do MMA mundial, dificilmente Mendes esticará sua série de nocautes no primeiro round. Porém, seu jogo de quedas pode não surtir efeito contra um adversário que jamais foi posto para baixo em sua carreira na Zuffa.

O que provavelmente os fãs verão será um Guida quicando como um louco e soltando socos que fazem mais bagunça do que contundem. Como é muito mais preciso e mais forte, Mendes pode usar seus chutes baixos para cortar a movimentação amalucada do oponente e machucá-lo com precisas pancadas, abrindo caminho para as quedas e trabalho violento no ground and pound, resultando no quarto triunfo consecutivo de Chad, provavelmente na leitura das papeletas.

Erik Koch (EUA) vs Dustin Poirier (EUA)

Koch chegou a vir ao Rio promover a disputa do cinturão com José Aldo, mas se machucou e foi substituído. A merecida vaga havia sido conquistada com quatro vitórias seguidas entre WEC e UFC, incluindo violentos nocautes sobre Raphael Assunção e Cisco Rivera. Após a contusão, disputou um combate que poderia recolocá-lo no caminho de Aldo, mas o ground and pound brutal de Ricardo Lamas empurrou o jovem para trás.

Como tem curta experiência no UFC, Koch é pouco conhecido dos fãs. Ele começou no taekwondo ainda criança e passou a treinar MMA aos 15, estreando profissionalmente aos 19. Seu jogo de combinações agressivas, mortais em longa distância, encontra complemento em tentativas de submissões no solo e bom nível no wrestling, principalmente o defensivo, evoluído desde a derrota para Chad Mendes na antiga organização.

Com apenas 24 anos, o ex-peso leve tem 1,78m de altura e dois centímetros a mais na envergadura. Koch tem um belo cartel profissional de 13-2, com 2-1 no UFC. Apesar de só ter aplicado três nocautes na carreira, dois deles (sobre Assunção e Rivera) foram bonificados como o melhor da noite. Apesar da origem na principal arte marcial coreana, os estrangulamentos proporcionaram a maioria de suas vitórias.

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Dos jovens talentos da divisão, nenhum teve mais hype do que Poirier até o ano passado. Com quatro vitórias seguidas, ele se colocou na porta do title shot quando enfrentou o Korean Zombie. Na melhor luta de 2012, acabou finalizado por Jung. A recuperação veio no triângulo de mão invertido sobre Jonathan Brookins, mesmo estrangulamento que o coreano lhe aplicara sete meses antes. Já em 2013, Poirier não conseguiu superar o boxe de Cub Swanson e também ficou para trás na fila.

O ex-catador de latinhas tornou-se um dos mais interessantes lutadores da divisão agrupando um sólido jogo de quedas e arsenal variado de finalizações (ele é faixa marrom de jiu-jítsu). Costuma levar maior perigo aos oponentes no clinch, mas também é muito bom na trocação, o que ficou provado mesmo quando perdeu para Swanson, que teve trabalho durante todo o combate. Poirier tem ainda um condicionamento físico privilegiado que o ajuda a determinar onde as lutas transcorrerão.

Aos 24 anos, lutador da American Top Team, Poirier também tem dimensões de peso leve, com 1,75m de altura e 1,85m de envergadura. Seu retrospecto profissional é bem parecido com o do rival (13-3), mas a experiência no UFC (5-2) é maior. O “Diamante” nocauteou cinco oponentes e finalizou seis, incluindo a linda chave de braço no triângulo da montada no talentoso Max Holloway. Jamais foi nocauteado e só o Zumbi Coreano o finalizou.

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Koch tem capacidade técnica para repetir o ataque ao corpo de Poirier como fez Swanson na última luta do “Diamante”. Mesmo tendo ligeira vantagem na envergadura, o melhor caminho para Dustin é encurtar a distância e não deixar Erik se sentir confortável trocando, porque uma hora a madeira pode descer com vontade.

A ótima defesa de quedas de Koch pode ajudá-lo a manter o combate onde lhe interessa, mas a tenacidade de Poirier no corpo a corpo pode abrir caminho para uma queda e uma finalização. E isto deve acontecer na segunda metade do combate.

Ben Rothwell (EUA) vs Brandon Vera (EUA)

Talvez o fato de ainda não ter perdido duas vezes consecutivas mantenha o emprego de Rothwell. Desde a estreia, quando foi feito de saco de batata por Cain Velasquez, em 2009, gangorra de vitórias e derrotas: vitória sem brilho sobre Gilbert Yvel, uma derrota vergonhosa para Mark Hunt, quase bateu num armlock para o cansado neozelandês, um espetacular one-punch knockout contra Brendan Schaub, um passeio guilhotinado nas mãos de Gabriel Napão.

Apesar de ser um wrestler de origem, Rothwell é chegado a colocar seus punhos nos rostos alheios com bastante intensidade, Schaub que o diga. E tem ainda queixo de titânio, posto à prova quando foi massacrado no primeiro round contra Velasquez e quando o próprio Schaub o encurralou na grade antes de acordar com a lanterninha do médico no olho. Ele passou pelas academias de Pat Miletich e Duke Roufus, onde aprimorou seu kickboxing. Apesar de só ter sido finalizado duas vezes, sua maior deficiência é o jiu-jítsu. Mesmo quando os adversários não conseguem a submissão, passar a guarda e pontuar por cima de Rothwell foi trabalho conquistado até mesmo por Hunt.

Big Ben justifica o apelido: ele mede 1,93m e tem 2,03m de envergadura. Apresentou-se em melhor forma física em São Paulo do que em ocasiões anteriores, quando lutava com uma pança saliente e apresentava condicionamento físico de alguém sem um pulmão. Seu cartel profissional é de 32-9, sendo 2-3 em lutas pelo UFC. Rothwell conquistou 18 vitórias por nocaute e fez os adversários desistirem em onze oportunidades. Tombou nocauteado em quatro lutas e foi finalizado há quase oito anos antes de Napão o pegar.

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Quando foi humilhado por Thiago Silva, acabando a luta com o nariz em formato de S e tendo as costas servido de batuque para o brasileiro, Vera recebeu o chamado do RH da Zuffa por causa da terceira derrota seguida. O doping de Thiago acabou o trazendo de volta e uma vitória dominante sobre o limitado Eliot Marshall o manteve empregado. Em seguida, até foi nocauteado por Maurício Shogun, mas o esforço e o trabalho dado ao astro brasileiro o recompensaram mais que o próprio vencedor.

Perdão ser repetitivo e sempre falar disso quando há uma prévia de Vera, mas não há como deixar passar o fato de ele ter dito que um dia seria campeão dos pesados e meios-pesados. Simultaneamente. Oh, lord.

Zoeiras à parte, Vera sempre foi visto como um sujeito de talento grande e coração de galinha. Isto pelo menos até a luta contra Shogun, quando a segunda parte mostrou-se superada. Ofensivamente, o descendente de filipinos é um lutador versátil, com um muay thai técnico, moldado pelo lendário holandês Rob Kaman, um dos melhores kickboxers de todos os tempos, e um wrestling estilo greco-romano, aprimorado com a seleção olímpica dos Estados Unidos, que deu trabalho até a Randy Couture, mestre na modalidade. Porém, defensivamente é um queijo suíço, repleto de buracos.

Aos 34 anos, ele tem 1,91m de altura e sete centímetros a mais de envergadura. Apelidado de “The Truth”, o americano ostenta cartel de 12-5, com um no contest, sete triunfos por nocaute e um por submissão, apesar de só ter um nocaute desde que bateu o depressivo Mir em 2006. No UFC, foram oito vitórias e seis derrotas, com 4-2 como peso pesado.

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Se Rothwell deixar Vera trabalhar na distância, passará vergonha diante de um oponente muito mais técnico e móvel. Por outro lado, o combate encurtado favorece muito a defesa de queda e o violento dirty boxing de Big Ben.

Levará enorme vantagem quem conseguir impor sua vontade na distância. Porém, ainda que Vera consiga momentos de levantar o público, faltará poder de punch para abalar o oponente e conseguir sua primeira vitória por nocaute em mais de quatro anos. Seguindo em sua gangorra, Rothwell deve superar um início ruim e anotar o nocaute técnico no segundo round.

Antevisão original de MMA-Brasil 
http://www.mmabrasil.com.br/

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 Se na coletiva de imprensa a encarada entre Ben Henderson e Anthony Pettis foi calma, após a pesagem oficial do UFC 164, em Milwaukee, as coisas mudaram de figura. Chegando muito próximos um do outro, a ponto de quase se tocarem, os protagonistas da luta principal do evento deste sábado quase tiveram que ser separados por Dana White no palco do Bradley Center.

- Estou preparado. Todo mundo fala sobre o que quer fazer contra mim, mas eu vou deixar as minhas ações falarem por mim - disse o muito vaiado Ben Henderson após a pesagem, sempre com o tradicional palitinho entre os dentes.

Já Pettis, que é natural da cidade de Milwaukee, foi ovacionado pela torcida e prometeu deixar o duelo com o cinturão de campeão dos pesos-leves do UFC

- Luto aqui desde que sou criança, e essa é uma chance imensa de conquistar o cinturão em casa - disse, para delírio da plateia presente ao evento.

A pesagem do UFC 164 não teve muitos momentos de tensão. Além da encarada dos protagonistas Anthony Pettis e Ben Henderson, apenas mais uma precisou de atenção por parte de Dana White: a dos pesos-penas Erik Koch e Dustin Poirier. Os dois lutadores, conhecidos pela agressividade no octógono, tiveram de ser levemente separados, e ficaram se encarando com olhares fixos e maneios de cabeça durante todo o tempo.

O brasileiro Gleison Tibau também sofreu muito para bater o peso dos pesos-leves. Ele, que aos 30 anos é o atleta mais jovem - e o primeiro brasileiro da história - a completar 20 lutas consecutivas no UFC, teve de perder 8kg nas últimas 24 horas para cravar o peso limite de 70,3kg. Aparentando estar em boas condições, Tibau bateu o peso e ainda fez uma encarada intensa com Jamie Varner, seu adversário no encerramento do card preliminar o UFC 164.

Um momento de descontração aconteceu entre os pesos-penas Clay Guida e Chad Mendes. Guida, o primeiro a subir ao palco, manteve o hábito de pular durante todo o tempo em que tirava as roupas para subir à balança. Apresentando um bronzeado intenso, fruto também da corrida em torno do Bradley Center esta tarde para terminar de perder o excesso de peso que restava, o lutador bateu o peso e ficou esperando Mendes se pesar também pulando muito. Na encarada, Guida brincou com os músculos do braço de Mendes, e depois o encarou fixamente, enquanto o rival, bem mais discreto, apenas mantinha o sorriso após a brincadeira.

Entre os pesados, o destaque foi a postura do veterano Josh Barnett, que volta ao UFC após 11 anos longe do evento. Aparentando muita tranquilidade, e até algum desprezo pelo rival, Frank Mir, Barnett se pesou e depois esperou Mir de braços cruzados, como se mostrasse impaciência com a demora do adversário em ir para a encarada. No fim, eles não se cumprimentaram e foram para os bastidores.

Confira os pesos dos atletas em Milwaukee:

CARD PRINCIPAL

Peso-leve (até 70,3kg): Ben Henderson (70,3 kg) x Anthony Pettis (70,1 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Frank Mir (112,5 kg) x Josh Barnett (115,7 kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Chad Mendes (65,8 kg) x Clay Guida (66,2 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Ben Rothwell (118,8 kg) x Brandon Vera (109,3 kg)
Peso-pena (até 66,2kg*): Erik Koch (65,8 kg) x Dustin Poirier (66 kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-leve (até 70,8kg*): Jamie Varner (70,7 kg) x Gleison Tibau (70,3 kg)
Peso-mosca (até 57,2kg*): Louis Gaudinot (56,7 kg) x Tim Elliott (56,9 kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg*): Pascal Krauss (77,1 kg) x Hyun Gyu Lim (77,5 kg)
Peso-galo (até 61,7kg*): Chico Camus (61,2 kg) x Kyung Ho Kang (61,7 kg)
Peso-pesado (até 120,7kg*): Soa Palelei (120,2 kg) x Nikita Krylov (107 kg)
Peso-leve (até 70,8kg*): Ryan Couture (70,8 kg) x Al Iaquinta (70,8 kg)
Peso-médio (até 84,4kg*): Jared Hamman (84,1 kg) x Magnus Cedenblad (83,9 kg)

 
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