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Mac in Touch #46 - "baba, a criança cresceu."


Tenho de começar a edição desta semana do Mac in Touch com um pedido de desculpas pela minha falha na semana passada. Acontece que há coisas que são mais difíceis de articular quando se está de férias do que quando se está em época de estudos/trabalho e não me foi possível postar a edição regular da minha crónica semanal aqui no Wrestling Notícias.....

Postas de parte as merecidas justificações e os devidos pedidos de desculpa, peço-vos que me sigam para o tema desta semana: AJ Lee. Uma estrela em ascensão da WWE que tem vindo a crescer cada vez mais na cena atual do wrestling profissional, muito pela exposição intensa que tem tido, conseguindo uma omnipresença notável em várias storylines. Ótimo para o wrestling profissional ter uma mulher a crescer desta maneira... mas é preciso ter cuidado com os papéis a que a associam.

"baba, a criança cresceu."

AJ Lee é, provavelmente um dos personagens mais influentes no wrestling profissional hoje em dia. É notável a forma como um ser que não chega a medir 1 metro e 60 centímetros consegue ter, num meio dominado pelo sexo oposto e habitado por tanta gente grande, tamanha transversalidade, chegando a ocupar lugar de destaque em duas storylines que têm nela o ponto comum: Ziggler vs Big E e Kaitlyn vs Layla.

Foi algo que ficou evidente na última RAW (que acabei de ver), já que teve interferência no ajuste de contas entre Kaitlyn e Layla após a segunda tomar uma decisão chocante e ir contra a primeira, uma amiga que vinha a apoiar até então, beneficiando AJ Lee num combate relativo ao título das Divas e ainda esteve presente no embate entre Big E Langston e Dolph Ziggler, colocando-se do lado do seu amigo e oponente do seu ex-namorado.

Esta exposição do pequeno talento feminino pode alegar-se justa ou injusta relativamente àquilo que foi feito com outras Divas no passado, mas AJ, apesar de ter o carisma habitual para uma Diva que não é de exceção (como Trish, Lita, Gail Kim ou Mickie James), tem um certo “je ne sais quoi” que a diferencia de todas as outras e não, não é pelo aspeto colegial, pelo rabo fabuloso ou pela carinha laroca. É algo na maneira como fala, é algo que se encontrará nas suas microexpressões e que atraem o público à sua personagem.

Ainda bem que se confirma, agora, mais um talento e a WWE, neste aspeto, tem todo o direito em levar parte dos méritos porque soube potencializar algo que não se via nela, por exemplo, na Wrestlemania do ano passado.

Até lá foi-lhe dado tempo de antena que ela aproveitou como ninguém, o à vontade foi crescendo e aí está ela, uma das estrelas principais da companhia...

... mas eu não sou de me conformar e acredito que ela pode dar mais, chegar ao patamar de Divas de excelência e não apenas pelos títulos que conquista ou pela espetáculo que dá no ringue (algo a melhorar, claro), mas também pelo entretenimento que proporciona “fora do ringue”, algo que esteve ao alcance de muito poucas mulheres que passaram pela WWE.

Fosse a discriminação sexual a privar dessas oportunidades, ou não, nunca houve uma Diva que se afirmasse mais pelo que fez fora do ringue durante o tempo de TV do que dentro dele (vá, querem vir com a Mae Young? Ou classificar a Stephanie McMahon como Diva?), e AJ arrisca-se a ficar para a história nesse sentido. Contudo, ainda vai a tempo de ser guiada para uma estrada que termina em esquecimento e que a história não tem no seu mapa. Preocupa-me que isso possa acontecer por se tratar de mais um talento da indústria que pode vir a ser subpotencializado e por sentir uma familiaridade inexplicável (ok, é explicável...) por ela. A realidade atual, apesar de lhe dar a tal exposição que referi, não a ajuda. Vejamos:


A rivalidade com Kaitlyn revelou algum talento da parte de AJ, mas também houve momentos constrangedores e vem-me logo à memória aquele segmento horrível em que é revelado o “admirador secreto” de Kaitlyn. Contudo, penso que o que aconteceu nos últimos dois programas da WWE (SmackDown! e RAW) foi ainda mais grave, e chama-se Layla.

O acompanhamento que fazia a Kaitlyn aquando dos seus combates era, desde logo, completamente desprovido de racionalidade. E agora a rivalidade que tem com ela é ainda mais absurda que o acompanhamento. Basta olhar-se para as atitudes de Layla na última “sexta-feira”, impedindo que a amiga atacasse a sua adversária e dando a mão à mesma, saltitando para fora da arena. Depois, a explicação para algo tão parvo é dada por um vídeo de 10 segundos e sem destaque nenhum (foi reproduzido à medida que ela entrava no ringue) onde a mesma Layla explica que estará contra toda a divisão de Divas e que vai fazer valer a sua vontade... bem, mas afinal ela não tinha “acabado de” se aliar com a campeã dessa divisão?! Está agora a dizer uma coisa dessas sabendo que ela está a ver/ouvir?! Não faz sentido nenhum.

Para além disso, criou-se um combate entre ambas na RAW imediatamente a seguir à chocante revelação de que ela estaria contra Kaitlyn. Autêntica subexploração das potencialidades de uma storyline...

... que também é evidente no confronto Ziggler-Big E Langston. Dois amigos, que foram aliados durante quase meio ano estão em lados opostos pela decisão de Ziggler em acabar com AJ. Ou seja, Big E está a ser tratado como a parte agressiva de AJ, aquela que pode ombrear com a força física de Ziggler. Apesar de crescer em termos de exposição mediática, isso não acontece em termos de personalidade e é encaixa-lhe melhor o rótulo de “o amigo da AJ” ou mesmo uma extensão da personalidade da mesma que propriamente um lutador do roster em busca do título maior da companhia ou envolvido numa luta com causa.

Big E está a perder nisto tudo, e a própria WWE também ao marcar combate atrás de combate entre ele e Dolph Ziggler. Como é que vamos conseguir chegar ao Summerslam com renovado interesse neste combate?!

Enfim, AJ Lee cresceu muito e é das coisas que mais me apelam à vista quando vejo a programação da WWE. Senti o seu crescimento desde a Wrestlemania 28 até esta parte, mas tenho alguma preocupação com a estagnação de um talento que pode vir a ser um ativo valiosíssimo para a companhia a longo prazo por estar associada a histórias e rivalidades com pouca fundamentação lógica e facilmente esquecíveis. 
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