Mac in Touch #51 - "Ganda Chouriço"
Caríssimos leitores do WN, as minhas desculpas pela demora na publicação do texto. Houve outras prioridades que se alevantaram e que me impediram de cumprir a pontualidade com que tenho pautado as minhas crónicas.
Agradeço a aderência aos comentários na última crónica que, para meu gáudio, dividiu os leitores. É sempre bom quando isso acontece, ainda para mais se se conseguir tirar de vocês comentários longos como foi o caso. Espero que esta semana isso torne a acontecer, embora considere que venha a haver unanimidade neste assunto.....
... já que trago um tema que, infelizmente, tem como fundo um problema do wrestling profissional atual - falta de lógica -, condicionado pelas horas a mais de programação da WWE... e logo na storyline mais "mainstream" da atualidade.
“Ganda Chouriço!”
A rivalidade que alimenta a WWE nos dias de hoje é de um homem a batalhar contra uma força maior
que ele, uma força que coloca os seus próprios amigos contra ele, no sentido em
que tem de os batalhar. Ainda por cima tem amigos grandes e largos como
armários, o que lhe torna a tarefa mais complicada e dolorosa!
Falo, obviamente, de Daniel Bryan estar contra os poderes instalados dentro da WWE, encabeçados por HHH e que lhe custaram o título. Esses poderes colocam-no, semana após semana, em posição de “levar tareia” da parte dos The Shield e, como no último Monday Night Raw, do seu próprio amigo, Big Show.
O gigante, aparentemente contrariado, teve que testemunhar,
impotente (não podia fazer nada), dois ataques seguidos dos The Shield a Daniel
Bryan. Como se isso não bastasse, foi forçado a enfrentar o seu amigo num
combate. Show não o queria fazer, mas Stéphanie presuadiu-o. E aqui já estamos
com vários problemas de raciocíonio e lógica em mãos.
Na promo onde a filha de Vince McMahon tenta convencer Big Show a lutar contra Bryan, ela põe sobre a mesa a carta emocional do guia/mentor que a menina e moça, nos seus 12 anos, via no gigante, o que não deixa de ser estranho e... estúpido! Steph tem 36 anos, Paul Wight/Big Show tem 41. 5 anos separam-nos. É frequente saber-se de jovens que seguem o exemplo de irmãos, primos ou amigos mais velhos, mas convém não esquecer que Steph mencionou o facto de ter estado com ele no backstage quando tinha a tal dúzia de anos. Ora, se eram 12 anos, estaríamos em 1988... a sete anos de distância de Big Show entrar no panorama do wrestling profissional! Ou seja, o tal gigante que Stephanie referia nunca poderia ser Big Show, tendo a própria Stephanie e quem lhe escreveu a promo confundido Big Show com... Andre The Giant. É a única explicação possível nesta promo ridícula levada a cabo por ela, e que retirou qualquer sentido lógico em relação ao que esta deveria ter, chegando mesmo a ser insultuoso.
O espetáculo continuou e já se sabia que o contrato que Big
Show não poderia ser invocado neste caso. Isto é, o tal contrato que dava
imunidade a Big Show, assinado o ano passado com o aval de John Laurinatis, de
fazer o que lhe bem apetecesse sem que o gigante tivesse o problema do
despedimento... não era válido para esta situação. Portanto, a explicação que
melhor coube aos “writers” da WWE para que Big show nada pudesse fazer perante
os ataques a Daniel Bryan era que afinal, a tal imunidade era inexistente!
Mas mais grave que isso foi Triple H ter explicado isto depois de ter “picado” Daniel Bryan dizendo que ele deveria estar furioso com Big Show por este não fazer uso do seu contrato de imunidade. Ou seja, contradisse-se e colocou um autêntico buraco no guião, usando algo para lançar contra o seu “inimigo” que, afinal, não existia!
A coisa não terminou aqui. Houve um combate entre Big Show e
Daniel Bryan que roçou o ridículo no Main Event do Monday Night RAW. Poderia achar-se que Big Show sairia do ringue
ou faria algo para que o combate acabasse depressa, mas não. Deixou-se atacar
por Bryan (afinal, não tão amigo do gigante), e, levando pancada do seu “amigo”,
só lhe pedia para parar até que reagiu, colocando o ex-campeão da WWE (penso
que lhe podemos chamar assim) deitado no chão... e só aí decide sair do ringue!
Não deveria, isto, ter acontecido antes, logo no início do combate?! Pelos vistos
não, houve, presumivelmente, imperativos como o encher chouriço/tempo numa
programação de 3 horas que impediram a lógica de entrar nas palavras dos guiões
dos “writers” da WWE. Resultado prático? Público completamente alheio ao
combate e não fosse a presença de Daniel Bryan, teríamos um autêntico desastre
no que à entrega do público diz respeito.
Tudo isto é consentido pelo casal McMahon-Helmsley porque o
par entrou em todo e qualquer segmento que compôs a introdução de Big Show
nesta storyline que, até ao momento, era algo que encarava com seriedade,
principalmente tendo no Iron Claw contract /contrato de imunidade de Big Show o
facto de Bryan não reconquistar o título no Night of Champions – eventual heel
turn que explicaria a passividade do gigante perante os ataques dos Shield.
Valia mesmo a pena arrastar Big Show para esta storyline? Creio que só o imperativo do tempo pode explicar isto, que, por usa vez, ajuda à tese da ineficiência das 3 horas de Monday Night Raw. Ou não serão (no mínimo) 20 horas mensais de programação um chouriço demasiado grande para encher?!